O Desafio do Ensino da História do Brasil

OS DESAFIOS NO ENSINO DA HISTÓRIA DO BRASIL
Rafael Alves dos Santos

RESUMO
O ensino da história do Brasil na disciplina de História é fundamental não apenas para preencher o espaço do conteúdo programático de um ano letivo, mas também para instigar os estudantes a terem consciência da história de sua nação. Não importa se a história do país é constituída de corrupção e de desigualdade. A necessidade de estudar a história do Brasil não é apenas elucidar os feitos históricos, as conquistas realizadas, também é identificar os erros, as disparidades sociais; compreender a história da política, da cultura, da sociedade, da economia, enfim, conhecer a identidade e a memória do país.

Os desafios que estão postos aos professores de Histórias são vários. Primeiramente, antes do ensino propriamente dito na sala de aula, o desafio mais difícil de ser enfrentado é o de propor um processo de ensino-aprendizagem em História a partir da concepção do Materialismo Histórico, qual é a concepção epistemológica mais adequada para construir uma aula de História que tenha como tema de discussão as desigualdades e as disparidades sociais, políticas e culturais. Quanto às disparidades culturais, a concepção mais apropriada seria a Pós-Modernista, porém a partir da concepção Materialista também é possível, porém a apreensão a partir do Materialismo Histórico consiste que a construção da cultura é resultante do tipo de economia vigente.
Quando nós tratamos dos desafios postos aos professores de História quando estes ensinam a História do Brasil, é necessário ter certa cautela com a forma como será abordado o tema. Independente do assunto que será ensinado sobre a História do Brasil, é preciso considerar que a turma de uma sala de aula é heterogênea. Cada indivíduo, apesar de ter ideias em comum com os outros colegas de classe, possui um ponto de vista diferente sobre determinado assunto, por isso, o professor de História precisa construir a aula a partir do diálogo, evitando ser o dono da razão, o professor Positivista qual apenas reproduz o seu conhecimento e que não aceita críticas ou questionamentos adversos ao seu ensino. O ensino de História precisa se tornar o momento de reflexão, de cognição do aluno. Obviamente que o estudante tendo em vista que o Brasil é cheio de desigualdades, de disparidades; num primeiro momento ele não se interessará muito pela História do Brasil, por isso é importante o método que o professor irá utilizar para a construção da aula.
Sabe-se que o Brasil é marcado pelas desigualdades e pelas diferenças. Na verdade, a forma como o Brasil trata a diferença, quando não é através da equidade é por meio da indiferença. Por isso, outro dos desafios que o professor precisa enfrentar no ensino da História do Brasil, é construir uma aula que demonstre que a realidade – neste caso a realidade do Brasil – era constituída de interesses, de diferentes pontos de vistas e atualmente ainda é assim. Quando, por exemplo, o assunto da aula for o reinado de Dom Pedro I, é necessário levar em consideração que a aristocracia tinha os seus interesses, que os brasileiros tinham os seus, os portugueses também tinham suas aspirações e que os negros do Brasil almejavam pela sua liberdade. Portanto, a História não deve se tornar uma disciplina que cria heróis e vilões e sim o momento de ensinar as diferenças existentes no país; as relações sociais, políticas e culturais presentes no contexto. Além disso, é importante que o professor de História relacione o assunto abordado sobre a História do Brasil com outros acontecimentos que ocorriam paralelamente no mundo.
A História do Brasil geralmente foi ensinada de forma positivista nas escolas brasileiras. Decorar datas, nome de heróis, principais características de uma civilização e/ou de um acontecimento, enfim, o ensino de História foi utilizado como forma de informação e não de instigação à construção do conhecimento. Portanto, sabe-se que o positivismo já está ultrapassado, que o ensino liberal proporciona um conhecimento autônomo no estudante, porém fantasioso, qual é incompleto por não construir um estudante crítico de sua realidade. O desafio do professor de História de construir estudantes críticos, não remete a ideia de que os estudantes devem confrontar com a realidade se rebelando e sim de propor ao estudante para que ele deixe de ser apenas um indivíduo e que ele se torne um sujeito histórico, que esteja consciente da realidade pela qual ele pertence. Para que o estudante não se sinta desmotivado com a história de seu país, é necessário apresentar que outras nações também tiveram suas desigualdades e disparidades sociais, políticas e culturais. O problema é que a história construída do Brasil foi uma história de sofrimento, de exploração, de heróis que não são brasileiros e sim portugueses, de heróis que não defendiam a classe vulnerável e sim a burguesia ou a nobreza. O errado disso tudo é que a História Geral, isto é, das demais nações que são da Europa, são sempre bem vistas mais que a História do Brasil, tanto é que a História Geral é ensinada com mais ênfase do que a história da nossa própria nação. A imagem do Brasil foi construída como a de um país que foi colonizado, que foi cenário de escravidão, que se tornou um país atrasado comparado aos demais da Europa e os Estados Unidos, e isso acaba desvalorizando na construção da história do país e também influencia na construção na identidade do brasileiro.
Um grande desafio posto aos professores de História é a construção não só da imagem do nosso país como também a construção da cidadania e da identidade dos estudantes. Cabe ao professor de História interligar a construção da cidadania e da identidade com o país, demonstrando como era a aceitação das desigualdades e das disparidades sociais, políticas e culturais no passado e como está no presente. O estudante perceberá qual é o país em que ele vive, por isso, o desafio do professor não se limita apenas a ensinar um estudante a ter conhecimento da história do Brasil, a identificar e relacionar o Brasil no passado e no presente. Além de ensinar ao estudante a história do nosso país, fazer com que ele entenda a sociedade, a economia, a política e a cultura do Brasil, é primordial que o professor de História torne o ensino de História como um vínculo que interligue o estudante com o seu país, para que ele aprenda a História do Brasil não só por aprender e sim para se identificar com a sua nação, para que ele tenha consciência que ele possui uma identidade, que ele é um cidadão brasileiro, independente de quantos significados existem para a palavra cidadão. Neste caso, o professor de História proporcionar ao estudante a oportunidade dele se reconhecer como um cidadão reside na ideia da construção de um cidadão que participe ativamente na política, que faça parte da sociedade, que tenha sua cultura valorizada e que possa interagir com outras culturas, enfim, para que a nacionalidade brasileira do estudante se torne autêntica.