O Descartes de Todos os Dias

October 16, 2017 | Autor: Demanda Deu | Categoria: Filosofía, Reciclagem
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Pensamentos reflexivos me empurram para algumas questões: Será que quem compra um eco artesanato é motivado apenas pela nobreza da causa defendida pela ONG que participo? Será que um mês depois da nobreza (de quem compra) o nosso agulheiro vai parar no lixo? Será que estamos conseguindo tocar realmente em alguém? Mesmo com tanta nobreza junto?

"Se quiser buscar realmente a verdade, é preciso que pelo menos um vez em sua vida você duvide, ao máximo que puder, de todas as coisas."*

(5ª linha – yang)

Agora são mais 54 garrafas recortadas. Pausa para os dedos, para as vistas e para xícara de chá. No último gole ouço um barulho vindo dos fundos, do terreno baldio da rua de trás. Penso rápido: mais um descarregamento de detritos. Da janela vejo meu engano. É um transeunte que resolve examinar os descartes deixados anteontem por um dos amigos do aedis (dengue é muito ruim). O garimpeiro não se incomoda com os olhares nem com que os outros pensam. Revira os escombros com nobreza. Sai sem nada, são apenas resíduos sólidos e sem donos.

"As maiores almas são tanto capazes dos maiores vícios como das maiores virtudes." *

(4ª linha – yin)
O problema não é mais do amigo do aedis (dengue é horrível). Descartou aquilo que o caminhão de lixo não carrega. Penso em denunciar à prefeitura. Não o sujo, mas a sujeira. Decido usar a internet. Posso até enviar uma foto digital, penso eu. No site da prefeitura tento acessar os "serviços on-line" e nada. Volto aos agulheiros. Reflito mais um pouco. Será que o amigo do aedis (dengue é dilacerante) não sabe dos riscos à saúde pública em consequência deste ato? Será que não sabe separar seus resíduos? Não sabe que em pequenas caixas de papelão e sacolas de até 100 litros o lixeiro recolhe o inaproveitável? Constato que além de amigo do aedis (dengue pode matar), é muito preguiçoso.

"Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis."*
(3ª linha – yin)
O Descartes de Todos os Dias

Enquanto recorto uma garrafa PET, para mais um agulheiro, me pego a pensar o quanto é prazeroso empregar tempo, panos e aviamentos em algo útil e nobre. Reflito enquanto trabalho. As mãos já sabem o que fazer. A mente vaga à procura da razão das coisas. Rodeada de descartes e descartáveis me sinto mais viva.

"Penso, logo existo."*
(6ª linha – yin)

Agora todas as garrafas estão recortadas e furadas. Prontas para receberem manta acrílica do edredom velho e os recortes de tecidos e fitas das amigas costureiras. Agulheiro para não deixar agulhas e alfinetes dando "bob", que ainda servem de poltrona para "Barbie". Pausa para mais um chá. Agora examino as bobinas de papelão que ontem consegui no descarte de uma gráfica perto da escola dos meus filhos. Pensamentos criativos fervilham em busca de uma solução racional, apesar de todas as dúvidas.

"Não basta termos um bom espírito, o mais importante é aplicá-lo bem."*

(2ª linha – yang)
* Citações do pensador francês René Descartes criador da geometria analítica e fundador da filosofia moderna.

(As seis linhas sugerem a imagem da água sobre o lago:

" Assim, o homem superior cria número e medida, examina a natureza da virtude e da conduta correta."

Hexagrama 60 Chieh/Limitação
I CHING)



Musica: Hello, Goodbye (The Beatles) na voz de Milton Nascimento
Nota: Nesta crônica a artista Gê Vialli (dengue já lhe pegou) aborda o tema da falta de informação e de responsabilidade universal sobre o nosso lixo de todos os dias. Onde a coleta regular não é suficiente se não for seletiva. Enfatiza que o risco da dengue é agravado pela irracionalidade de alguns cidadãos e omissão do poder público. Além de abusar do trocadilho com o nome do filosofo francês, fazendo também referência aos anos de vida e sua origem nobre, o texto é tecido através da habilidade inata na confecção do eco artesanato, valorizando o papel do sujeito na construção do conhecimento. Intuindo e deduzindo. Reduzindo, reutilizando, reciclando e repensando, entre outros erres de René*.
(1ª linha – yang)
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