O Design na Sociedade

July 26, 2017 | Autor: Cecilia Consolo | Categoria: Design, Culture and Design, Definition
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Texto elaborado para o PLANO SETORIAL DESIGN BRASIL 2024 / Conselho Nacional de Políticas Culturais - MinC

O DESIGN NA SOCIEDADE Bernadete Teixeira Cecilia Consolo

A história do Design se confunde com a própria história da humanidade, desde que o homem de forma consciente se apropriou de materiais disponíveis na natureza para conformar um objeto com uma função específica. Da linguagem dos registros gráficos dos modos de viver e fazer, dos primeiros vasos elaborados para “embalar” água, vinho, ou azeite, até as sofisticadas plataformas tecnológicas de comunicação atuais, o Design tem estimulado a criatividade, a pesquisa de materiais, as técnicas e os processos produtivos. Ao longo de sua evolução assume diferentes conceitos, tomando feições diversas para se adaptar ao desenvolvimento do processo produtivo e às mudanças e exigências da sociedade. Como área, nasce quando as produções artesanais começaram a se organizar como indústria por volta do século XVIII, quando as fronteiras entre manufatura e arte ainda eram pouco definidas. Como profissão, propriamente dita, começa a ser disseminado na segunda metade do século XIX com a força do movimento Arts and Crafts na Inglaterra vitoriana. Historicamente implicado na Revolução Industrial e associado ao século XX, o Design desenvolveu-se como protagonista da sociedade industrial para atender primeiramente às necessidades relacionadas aos aspectos formais e materiais dos objetos. Com as mudanças nas relações do homem com o seu meio e seus objetos, outros aspectos foram incorporados para assumir diferentes representações do contexto social. Se nos primeiros anos da Revolução Industrial os requerimentos do produto eram a produção em quantidade, à medida que a indústria entrou em plena operação, o Design integrou-se aos diferentes estágios do desenvolvimento do produto, introduzindo inovações, envolvendo questões relacionadas ao ambiente social, econômico e cultural, desde a concepção, passando por novas soluções no processo produtivo até a aparência final do produto. Decorrente do processo iniciado na Inglaterra, as experimentações pioneiras da Bauhaus na Alemanha, de 1920 a 1933, contribuíram para disseminação do Design, alinhando-o à arte, à técnica, ao marketing e às tecnologias, conforme as contingências econômicas ou quando a atividade se deslocava de um a outro contexto social, como

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mediadora das outras áreas envolvidas na produção, concentrando todas as especificidades sob um mesmo eixo simbólico. Conduzido por diferentes correntes e direções, a inovação torna-se uma das principais razões para que o Design se integre à estrutura produtiva como vantagem estratégica e competitiva. Junto ao planejamento e à produção, a atividade passou a integrar as medidas e planos econômicos das grandes nações, desde os anos 1940, tornando- se o eixo de competitividade do século XXI. É parte integrante dos planos econômicos e considerado o fator responsável pelo sucesso da indústria de países como Japão, Inglaterra, Alemanha e Itália. A partir dos anos 1960, fica evidente que a dinamização e desenvolvimento das forças produtivas buscam a inovação, nos artefatos industriais aos sistemas complexos de comunicação. O Design se torna uma preocupação de todos que almejam o aumento da competitividade de seus produtos no cenário globalizado. No Brasil, apesar de contar com iniciativas desde os anos 1950, quando Pietro Maria Bardi, abriu as portas da indústria paulista para os designers, os anos 1990 é que marcam a inserção do design no tecido econômico brasileiro, sendo oficialmente reconhecido “como um dos mais importantes instrumentos para o aprimoramento dos bens aqui produzidos”, através do Programa Brasileiro de Design do Ministério da Indústria do Comércio e do Turismo (1995). Integrado por instituições públicas e privadas, o programa se orientou com foco nas exportações e na promoção da Marca Brasil. No programa, a atividade convencionada como Design “é a atividade especializada de caráter técnico – científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais, que equacionem sistematicamente dados ergonômicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam de fato às necessidades humanas”. Nessa perspectiva, desenha-se um conceito da atividade, que emerge do deslocamento da percepção dos valores tradicionais para outros que se relacionam ao bem-estar e qualidade de vida do indivíduo. É um instrumento de facilitação da interação humana com seu meio, seja transformando informações em códigos visuais, ou desenvolvendo ferramentas

e

equipamentos que

ampliam

a

nossa

capacidade

física.

É

o

desenvolvimento consciente do Design em toda sua complexidade, cuja premissa é a sustentabilidade social, cultural, econômica e ambiental, em todos os níveis da cadeia de valor. Desde o uso inteligente dos recursos materiais renováveis, até a gestão de resíduos e reuso dos objetos. Uma das grandes mudanças historicamente observadas em relação ao processo do Design, refere-se a interrelação que deve existir entre os aspectos da concepção, produção e comercialização. Nesse processo abrange as vertentes articuladas do design

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- gráfico, produto, ambientes, web, dentre outras - para estabelecer as características externas e estruturais dos produtos e as suas propriedades comunicacionais e simbólicas. Nos objetos e equipamentos, na interface visual de uma máquina de lavar roupas, na orientação de pessoas dentro das cidades ou no painel do interior de um automóvel, o Design busca atender as expectativas do universo produtivo a partir dos anseios e necessidades da sociedade. Torna- se fator central para a humanização das tecnologias e para a troca econômica e cultural. Design é tanto um processo como um resultado, que traduz a cultura material e imaterial dos diferentes grupos e seus estilos de vida no contexto de um território. Design é cultura e identidade. É estratégia fundamental para agregar valor e conferir identidade a produtos, serviços e empresas. O Design brasileiro que ganha prêmios e tem visibilidade externa é, particularmente, portador de uma essência genuína que o torna distinto no ambiente da mundialização. Grandes empresas investem em Design. As pequenas unidades e comunidades produtivas também podem se beneficiar do Design, se ações forem implementadas para sua inserção. Distribuídas por todo o território brasileiro elas apresentam grande potencial de expansão. Com diferentes demandas, carregam implícitos valores produtivos locais, que podem ser ativados pela ação do Design, melhorando processos e destacando aspectos significativos das suas cadeias de valor e de suas identidades.

Texto elaborado por Bernardete Teixeira e Cecilia Consolo, titulares Colegiado Setorial de Design no Conselho Nacional de Políticas Culturais 2012-2014para compor o Plano Setorial de Design 2024

Diagnóstico Setorial Design Brasil. Brasília/ São Paulo, 2014 Diagnóstico - UNESCO/ Secretaria da Economia Criativa/ Ministério da Cultura/ Colegiado Setorial de Design- Unesco

Secretaria da Economia Criativa Ministério da Cultura

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