O Deus Encarnado (Encarnação)

June 15, 2017 | Autor: Daniel Gonçalves | Categoria: Teologia, Teologia Sistemática, Teologia biblica, Cristologia, Encarnação, Doutrina Cristã
Share Embed


Descrição do Produto

O Deus Encarnado
O Deus encarnado é paradoxal para a mente humana. Como seria possível defender a divindade e humanidade na única pessoa de Cristo sendo que parecem ser antagônicos. O grande J. I. Packer disse "Aqui há dois mistérios pelo preço de um — a pluralidade de pessoas na unidade de Deus e a união da divindade e da humanidade na pessoa de Jesus. (...) Nenhuma ficção é tão fantástica quanto a verdade da encarnação" (PACKER, O Conhecimento de Deus).
A doutrina da encarnação só foi estabelecido na Definição de Calcedônia em 451 d.C.. Até o estabelecimento dessa definição surgiram varias concepções quanto a pessoa de Cristo. O apolinarismo foi um conceito que surgiu em 361 a.C. com o bispo Apolinário, que ensinava que Cristo possuía um corpo humano mas seu espírito e mente eram divina. Em 438 d.C. o imperador Teodósio II apontou Nestório como o Patriarca de Constantinopla. Nestório já havia sido condenado como herético no Primeiro Concílio de Éfeso em 431 d.C. e depois no Concílio de Calcedônia em 451 d.C.. Este ensinava a doutrina que em Cristo havia duas pessoas distintas, a pessoa divina e outra humana. Outro conceito que surgiu foi o monofisismo, ensinado por Êutico contra o nestorianismo. Monofisismo é o conceito de que Cristo tinha somente uma natureza. O docetismo ensinava uma noção gnóstico, de que Jesus não era plenamente encarnado pois a matéria é má. Isso é contra aquilo que aprendemos nas cartas Joaninas. Eutiques ensinava que a natureza divina havia engolido a natureza divina. O ebionismo acreditavam que Jesus não era Deus mas um profeta extraordinário que se identificava com os pobres. No adocionismo acreditava que Deus adotou como Seu Cristo e Salvador Jesus por ser um homem submisso a Deus. Ário (256-336) ensinava que Cristo era uma criatura que era subordinado a Deus mas não Deus. O sabelianismo era a ideia que Deus é uma pessoa que se manifesta de três formas, como Pai, como Filho e como Espirito Santo. Este também se transforma no processo da História. O modalismo é parecido com o sabelianismo. No modalismo Deus se apresenta de três modos, mas esses não são eterno, portanto Deus é somente uma pessoa.
A encarnação de Cristo foi definido no concílio que ocorreu em Calcedônia em 451 baseado nos ensinos bíblicos. Abaixo está a declaração do credo de Calcedônia quanto a encarnação de Cristo:
(...) Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; "em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado", gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos];
Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis; a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu. (BETTENSON, 1998)
Então o que significa Jesus ser plenamente homem? Não há indicações no Novo Testamento que Jesus era algum tipo de super-homem ou Hércules tampouco que ele conhecia tudo e todas as coisas científicos da época até o fim dos tempos (STURZ, 2012, p. 272). Um dos exemplos de sua humanidade é que seu conhecimento limitado demonstra esta humanidade. Em Marcos 5:30-33 Jesus não sabia que haviam o tocado e em Marcos 9:21 Ele pergunta intencionalmente:
Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; (ARA)
Isso é aparente novamente em Marcos 13:32 (e Mt. 24:36):
Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. (ARA)
Podemos observar que essa limitação ou retenção de conhecimento não indica falha, ou pecado mas um autocondicionamento pois os próprios evangelhos demonstram Jesus sem falha ou pecado (Mt. 27:4; Lc. 1:35; 23:41).
Na época de que foi escrita a primeira carta de João, era presente o ensino do docetismo. Esse ensino era de que Jesus não era homem. João enfrenta essa questão diretamente dizendo que era uma doutrina do anticristo:
Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. (1 Jo. 4:2-3; ARA)
João compreendia de que a humanidade de Jesus era uma verdade central do cristianismo. Encontramos no Novo Testamento as razões do porque do auto-esvaziamento (doutrina de κένωσις - Filipenses 2:5-7) do Filho.
Obediência representativa: Naquilo que Adão falhou e desobedeceu, Jesus obedeceu e nos representa. São os paralelos que encontramos na discussão de Paulo entre Adão e Cristo em Romanos 5:18-19. É por isso que que Paula chama Jesus Cristo de "último Adão" em 1 Coríntios 15:45. Cristo se tornou o respresentante de toda a humanidade em Sua união das duas naturezas, assumindo a sentença da morte de toda humanidade e dando a todos que crêem Nele vida eterna.
Sacrifício substitutivo. Hebreus 2:16-17 demonstra isso: "Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo." Para nos salvar, Ele teve que se tornar como nós para nos propiciar, portanto como homem Ele foi tentado em todas as coisas (Hb. 4:15) e experimentou todas as tentações e sofrimentos que nos (Hb. 2:18; 1 Pe. 4:1), e passou até por angustias emocionais (Hb. 5:7).
Mediador entre Deus e os homens. Por causa do nosso pecado ficamos alienados de Deus. Para ser esse mediador, que pudesse nos reconciliar com o Deus e apresentar Deus para nós, somente o próprio Deus para reconciliar eternamente homem. " Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos." (1 Tm. 2:5-6)
Para ser nosso padrão e exemplo. O alvo de Deus é que na salvação sejamos "conformes à imagem de seu Filho" (Rm. 8:29). Em 1 Pe. 2:21 aprendemos que devemos considerar o exemplo de Cristo quando passamos por sofrimentos. Portanto Ele teve que ser Homem para que nós podemos viver conforme seu exemplo, na conformidade com Ele.
Compadecer como sumo sacerdote. " Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados." Cristo vivendo como homem pode expermintar nossas tentações e lutas, e por que viveu nessa condição, é capaz de compadecer plenamente de nós em nossas experiências.
Homem para Sempre. Mesmo após a morte e ressureição Jesus continua com sua natureza humana. Ele se aprescenta como homem aos discípulos em João 20:25-27, possui caren e ossos (Lc. 24:39) e comia (Lc. 24:41-42). Após a ascenção, dois anjos prometem " e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir." (At. 1:11). Estes e outros textos nos mostra que Jesus não teve a natureza humana por apenas um período, mas terá para sempre sua natureza humana.
Em suma, podemos ver com esse pequeno ensaio o quão importante esse assunto é para o Cristianismo.



Referencial Bibliográfico
BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. SP: ASTE/Simpósio, 1998, p. 101.
GRUDEM, W. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2012
LEWIS, G. R. ; DEMAREST, B. A. Integrative Theology. Three Volumes in One Edition, USA: Zondervan, 1996
PACKER, J. I.. O Conhecimento de Deus. Editora: Mundo Cristão, 2a Edição, 2005
STURZ, R. J. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 201

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.