O Encanto das Trovas Tomo II Rio Grande do Norte 1

June 12, 2017 | Autor: Jose Feldman | Categoria: Trovador, Trovadorismo, Poesia trovadoresca, Trovas
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O Encanto das Trovas . . . Tomo 1 – Rio Grande do Norte 1......... Página | 1



SUMÁRIO Benedito de Góis ......................................................................................... 3 Clarindo Batista de Araújo .......................................................................... 6 Joamir Medeiros........................................................................................ 11 Maria Antonieta Bittencourt Dutra de Sousa ............................................. 19 Reinaldo Moreira de Aguiar ....................................................................... 23 Fabiano de Cristo Magalhães Wanderley .................................................... 27 José Lucas de Barros ................................................................................ 32

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1 Ah! Se Deus me desse a graça de ter-te sempre ao meu lado, eu não teria a desgraça de viver tão maltratado… 2 Ave-Maria! Soou lá na capelinha o sino. E só a saudade ficou de um coração peregrino...

3 A vida é como um navio que, na procela do mar, vai indo como Deus quer, até seu porto encontrar. 4 Eu vivo perambulando noite e dia sem cessar. A sorte de um vagabundo que nasceu para penar... 5 Há nos teus olhos ciúmes, no teu corpo sedução. No meu peito, uma saudade nas noites de solidão. 6 Minha mãe, deusa querida, santa que reza por mim, és razão da minha vida, és a flor do meu Jardim!

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7 Minha terra tem salinas, tem rios, tem coqueirais. Também tem moças bonitas, para quem mando os meus ais. 8 Na minha vida o caminho é sempre tão negro e atroz... Nem sequer tenho um carinho, dela já não escuto a voz... 9 No meu silêncio tristonho que teu amor me deixou, minha vida é quase um sonho e tudo, tudo arruinou... 10 No pé daquele arvoredo coloquei o nome dela, para que morra em segredo o amor que tenho por ela.

11 Ó lua branca e formosa, mandai do céu, por favor, um bom presente, uma rosa, como oferta ao meu amor... 12 Ó mundo todo maldade, tu, que me roubas a calma, dá-me um pouco de bondade e alívio para minha alma! 13 Ó! Tu que pisas mansinho e tens um bom coração, dá-me bastante carinho e mata minha paixão! 14 Quando eu a vejo sozinha na escuridão dos meus dias, sinto a dor que me espezinha e as esperanças sombrias...

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15 Saudade, dor que me invade o coração facilmente... Espinho atroz da maldade, que me destrói lentamente... 16 Se ela por mim sentisse um sentimento qualquer, nem que ela apenas fingisse que foi um dia mulher... 17 Se tu soubesses, morena, o gosto que o beijo tem, não me fazias tal cena... me beijarias também. 18 Só entre escolhos vivido, não sei mais o que fazer. Eu já me sinto perdido quando não posso te ver!

19 Tarde sombria de outono, Orion já longe vai… Quisera sempre ter sono na hora em que o pranto cai. 20 Você, ó fada encantada, dona do meu coração, não lembra a vida passada, berço de negra ilusão... 21 Vou sentindo dentro em mim um quê de amor e paixão. Meu viver é tão ruim que até Deus tem compaixão...

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1 A Mãe, por ser indulgente, tudo em seu coração cabe. A mãe é aquilo que a gente quer definir mas não sabe. 2 À mulher do caranguejo, propõe um siri de fama: - Se você me der um beijo, eu tiro você da lama!

3 Ano Novo, nova vida e muita poesia nova, desejo a elite que lida na lapidação da Trova! 4 Aquele que segue os passos da pureza e da virtude, Deus o carrega nos braços na pior vicissitude!… 5 Com a fé de que ora disponho não caminho sobre as águas, mas dou asas ao meu sonho e jazigo às minhas mágoas! 6 Contra o perigo atual já não há quem se previna porque, do gênio do mal, há um clone em cada esquina!

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7 Dá pena essa juventude cheia de vida, que joga o seu futuro e a saúde no antro infernal da droga! 8 Dói fundo vermos a flora, que é vida da nossa terra, sendo devastada, agora, por machado e motosserra! 9 Educar uma criança com um trabalho eficaz, é ter plena confiança de não punir o rapaz! 10 Este teu corpo de misse me deixa o coração tenso, imagina, se eu te visse daquele jeito que eu penso!

11 És uma cruz que carrego por destino ou por castigo, presa com tanto nó cego que desatar não consigo!… 12 Eu suponho que a riqueza que sobra dos poucos nobres, seja o que falta na mesa dos muitos que vivem pobres. 13 Gotinhas d’água na aurora sobre a mata destruída, traduzem pranto que chora a Natureza agredida. 14 Nada tem tanta poesia como este brilho profundo que a natureza irradia do pantanal para o mundo!

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15 Nada trouxe mais lirismo às feiras do interior, que cordel, no dinamismo de seus romances de amor! 16 Negra cinza no chão pobre que resultou da queimada, é o triste manto que cobre a Natureza enlutada!… 17 Neste caminho sem luz que por desdita trafego, tu és um clone da cruz que ao meu calvário carrego! 18 Ninguém ouve mais o canto matinal da passarada... Vê-se agora, a fauna em pranto, carpindo a dor da queimada!

19 Ninguém se julgue, na vida, maior do que o pequenino, pois, na triste despedida, todos têm um só destino… 20 No Potengi me extasio fitando o beijo molhado das águas doces do rio, na boca do mar salgado... 21 Nós cremos no Deus da vida e vemos com nitidez que onde Ele tem acolhida, sortilégio não tem vez! 22 Nos meus olhos divagando, eu vejo um contraste infindo: - meus olhos tristes chorando, minha alma alegre sorrindo!

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23 Nós não podemos julgar erros ou falhas de alguém, sem antes examinar nossa "pureza' também! 24 O contraste que amargura a maioria indefesa é uns, com tanta fartura, e tantos sem pão na mesa! 25 O orvalho que cai agora nos sobejos da queimada, traduz o pranto que chora a Natureza arrasada!… 26 Por tua porta fingida entrou minha alma indefesa em um beco sem saída, onde até hoje está presa.

27 Quando em nosso ninho pobre tu me abraças carinhosa, a tosca palha que o cobre vira pétalas de rosa!... 28 Sem darem trégua um segundo, desmatando em brutal dose, não tarda o pulmão do mundo contrair tuberculose!… 29 Sem trabalho e vomitando sobre um morcego no lixo, diz o ébrio: num tô lembrando de ter comido este bicho! 30 Se todos fossem honestos ninguém veria, na praça, mendigos comendo restos do pão que a miséria amassa!

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31 Sinto a presença divina em tudo que me rodeia: - na vibração matutina, num sabiá que gorjeia! 32 Sou devoto de Santana com tanto amor pela igreja, que, nem a seca tirana, do Seridó me despeja!… 33 Todo castigo atormenta, mas não há nada pior que uma mulher ciumenta resmungando ao seu redor!

35 Tudo sobe!… A carestia na feira já me derruba. Só não sobe todo dia o que eu preciso que suba! 36 Vendo os dotes da Jussara no seu biquíni miúdo, morro de inveja do cara que é dono daquilo tudo!!!

34 Trinos tristes são protestos da passarada que implora a preservação dos restos da fauna e da nossa flora! O Encanto das Trovas . . . Tomo 1 – Rio Grande do Norte 1......... Página | 10

1 A natureza agredida por queimadas criminosas, perde os encantos da vida, perde a beleza das rosas!

2 Ao gerar prosperidade e bem estar social, o trabalho é, na verdade, o maior bem contra o mal. 3 Ao singrar em tuas águas cristalinas ao luar, Potengi! Afogo as mágoas auscultando o teu cantar! 4 Ao ver a planta florida tornar-se um preto-carvão, a Terra, quase sem vida, implora: - Queimadas, não! 5 As coisas boas da vida, que nos dão felicidade passam sempre de corrida, deixando eterna saudade.

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6 - A trova é o Sol que ilumina os sonhos dos trovadores. É também prece divina que alivia nossas dores. 7 A trova – Musa divina, é terna canção de amor… É tão pura e cristalina, que faz santo o trovador! 8 Buscando vencer obstáculos com exemplar persistência, os rios são sustentáculos de nossa sobrevivência. 9 Busque enfrentar desafios, preserve a mãe natureza: - Nossa flora, fauna e rios, fontes de nossa pureza.

10 Carnaval – Festa do povo, dos prazeres, da folia… Foliões buscam de novo reviver sua alforria!… 11 Cartão-postal potiguar, nosso Alberto Maranhão é um TEATRO secular: - Honra e Glória da Nação! 12 Cenário sombrio, esboço da miséria...que tristeza: - Ver famílias sem almoço E sem jantar sobre a mesa! 13 Com saúde e educação, sem drogas, fumo e bebida, teremos livre a nação nos seus direitos à vida.

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14 Com sua fé inaudita, São Francisco, na verdade, fez a prece mais bonita pela Paz da humanidade! 15 Corre lento, sem alarde, Potengi - em seu trovar! E os lábios rubros da tarde com ardor vêm te beijar!… 16 Cumprindo bem cada meta, ao longo de sua história, nosso TEATRO completa um Centenário de Glória. 17 É salutar passatempo, trabalhar com otimismo: - O trabalho ocupa o tempo, dissipando o pessimismo!

18 Este conceito traduz um céu de muito esplendor: – “amor é facho de luz” – “perdão é bênção de amor!” 19 Eu creio em Deus, sou devoto, amo o Brasil com fervor, mas nunca mais dou meu voto a quem não me dá valor. 20 Falar de feira... a saudade pulsa em meu peito, tão forte, que relembro a mocidade das feiras livres do Norte! 21 Família exemplar, unida, que busca honrar seus valores, enaltece a própria vida: - e a vida entoa louvores…

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22 Fonte de sabedoria Que o mundo inteiro conhece, A trova é a luz da poesia… É a mais linda e doce prece! 23 Irmão, não mates a vida usando drogas, maconha! Tu perderás nesta lida: - moral, saúde e vergonha! 24 Jorrando sabedoria iluminando o universo, a trova com maestria é um hino de amor ao verso! 25 Leve a vida sem queixume, plante amor por onde andar: – Seja a fé o seu perfume. – Seja a paz o seu altar!

26 Mesmo vencendo a contenda, e os medos da tenra idade, o lobisomem é a lenda que vive em minha saudade! 27 Minha vida o que seria sem o diploma de esteta, pois sou filho da poesia e a poesia me completa! 28 Mulher, encanto e ternura, lindo poema de amor, que ameniza a desventura do poeta… sonhador! 29 Não há poema mais lindo neste rincão potiguar: – ver o Potengi dormindo abraçado com o mar!

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30 Natal – Cidade Sorriso que ao mundo inteiro seduz, tu és o meu paraíso, meu paraíso de luz!… 31 Natureza... Templo Santo onde Deus fez seu altar... Em tudo há sublime encanto que é preciso preservar!!! 32 O destino insano, ingrato, me roubou você, enfim, mas não roubou seu retrato: - Presença que vive em mim. 33 O imortal desaparece desta vida transitória, mas seu verso permanece nas letras vivas da história!

34 O silêncio, embora mudo, tem poder envolvente de, ao coração, dizer tudo que passa na alma da gente! 35 O sonho em minha existência perdeu seu brilho e valor, ao sentir que tua ausência sepultou o nosso amor! 36 Os sonhos da mocidade, quase ninguém os esquece; deixam fundo uma saudade que nunca desaparece! 37 Padre João Maria, exemplo de Fé, de Amor, Santidade: - Da pobreza fez seu templo em prol da Fraternidade!

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38 Para afastar os abrolhos do meu viver sufocante, bastou-me fitar teus olhos divinais… por um instante! 39 Perdi-te, sim, por ciúme, mas inda guardo com zelo a fragrância do perfume de um fio do teu cabelo. 40 Preserve a Mãe-Natureza! Combata sempre as queimadas... Defenda o verde e a pureza de nossas matas sagradas! 41 Primavera é a natureza se revestindo de cores, multiplicando a beleza nos sonhos dos Trovadores!

42 Quando eu faço a travessia sobre teu leito, risonho, tudo respira poesia, oh! Potengi do meu sonho! 43 Queimada… A verde floresta perdeu no fogo a folhagem… Hoje – só carvão nos resta, e a saudade da paisagem! 44 Quem tem fé, tem esperança num mundo novo, sem guerra, pois com fé e confiança haverá paz sobre a Terra! 45 Que o mais lindo sol desponte sobre o milênio terceiro, e que debaixo da ponte ninguém ponha o travesseiro!

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46 Relembrando a mocidade te vejo a cada momento, no feitiço da saudade que adorna o meu pensamento. 47 Respeito, amor, lealdade, temor a Deus sem medida, eis a família, em verdade, núcleo maior desta vida! 48 Sem passado e sem futuro, a criança abandonada vive num mundo obscuro, sem esperança de nada… 49 Senhor Deus – Rei do Universo, eis a prece que se encerra: – Mandai chuva... ouvi meu verso... - Bani a seca da Terra!

50 Ser sóbrio, filho, é virtude que gera felicidade... Se queres gozar saúde, cultiva a sobriedade. 51 Sertanejo, bravo e forte, enfrenta a seca e os horrores sem temer a própria morte, vencendo os próprios temores!!! 52 Sou trovador, sou poeta, vivo feliz – tenho paz... Esta é a prova mais completa do bem que a Trova me faz! 53 Teatro de belo porte, nosso Alberto Maranhão, no Rio Grande do Norte faz Cem anos de atração…

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54 Teu doce beijo, querida, que me acalma e tira o tédio, é meu sol, é minha vida, é meu sublime remédio! 55 Tua ausência indesejada me causou tão forte dor, que vivo abraçado ao nada, no deserto desse amor.

56 Tua ausência, mãe querida, o bom filho nunca esquece… És o amor de Deus, és vida: – Tu és a mais linda prece! 57 Vai seguindo o seu fadário há milênios, junto ao mar. Potengi, belo cenário, cartão postal potiguar! Joamir Medeiros nasceu em Jardim do Seridó/RN, em 1940.

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1 A poesia é uma emoção viva, pura e palpitante… É o cantar do coração na exaltação de um instante! 2 Após criar o Universo de mistérios infinitos, Deus, em sua luz imerso, fez as mães, seres benditos!

3 Auta de Souza, vibrantes de fé, pureza e magia, teus versos - círios cantantes, brilham no altar da poesia! 4 Como o sol, de luz é fonte, és meu astro de ternuras, a iluminar o horizonte das minhas tardes escuras… 5 Como uma estrela pulsando no Céu azul da amplidão, a Trova segue espalhando o brilho da inspiração! 6 Em nosso canto repousa um brado em louvor imerso: - Viverás, Auta de Souza, na pureza do teu verso!

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7 Esmaguei, em meu rancor, a flor nas mãos do meu bem… Não pensei que junto à flor, fossem meus sonhos também! 8 Esta lágrima sentida, em minha face a rolar, é uma saudade nascida de antigo e doce sonhar… 9 Flutuando no universo dos meus sonhos e desejos, segue o meu singelo verso espalhando os seus arpejos… 10 Ilumina-se o horizonte, o mar doirado é poesia… A brisa, de paz, é fonte, aves cantam… Surge o dia!

11 Não tornes triste o teu canto, olha do Céu o esplendor… Enxuga, em tua alma, o pranto, vive a Vida, crê no Amor! 12 Neste mundo onde a cultura é riqueza meritória, o teatro é arte pura, cenário de excelsa glória! 13 Nós nos amamos um dia, com sentimentos tão belos… Mas a Vida, que ironia, derrubou nossos castelos! 14 O pecado é redimido pela graça do perdão, quando o Amor é refletido na paz de uma boa ação!

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15 Ouve, amigo, esta mensagem de contexto claro e forte: - Larga o cigarro! Coragem! Ele é prenúncio de morte! 16 Padre João Maria, exemplo de humildade e devoção, tua vida foi um templo de santidade e oração! 17 Procura além do Horizonte e em teu próprio coração, a Luz da Fé, clara fonte de Paz, Amor e Perdão! 18 Quando a morte silencia de um poeta, o doce canto, o Céu canta de alegria e do verso jorra um pranto!

19 Quando a saudade embargou, das nossas vozes, o canto, a minha angústia jorrou na quietude de um pranto! 20 Quando um sonho morre e tudo parece pesada Cruz, faço da Fé meu escudo e da Esperança uma luz! 21 Que o Homem, um dia, plante a Alegria no Universo e em claros caminhos, cante somente o Amor em seu verso! 22 Rebentos do coração, gorjeios do meu viver, meus versos são a expressão do meu claro entardecer…

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23 Reverente a Trova canta a pureza e a maestria de Auta de Souza, alma santa, augusta flor da poesia! 24 Saúde: um bem que traduz os sonhos que o homem traz: - é bênção plena de luz, riqueza feita de paz! 25 Se Deus me desse a ventura de bem saber me expressar, diria a frase mais pura para o meu Bem escutar… 26 Sentimentos são luares carregados de emoção… São ternuras ou pesares invadindo um coração!

27 Sentir, da vida, a magia, é o Bem poder repartir, levando, a alguém, alegria, sem recompensa exigir! 28 Se o teatro é entretimento de puro e real valor, a glória é luz e alimento aos sonhos de um bom ator! 29 Tomba a flora envolta em chama, ruge a fauna em brado forte... E o Homem sofre, chora e clama: - a queimada é angústia, é morte! 30 Uma trova elaborada com amor e perfeição. é uma pérola gerada na concha de um coração!

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1 A lágrima, na verdade, por seu poder infinito, traduz com fidelidade o que não pode ser dito… 2 Após longa caminhada de perigos e cansaços, encontrei doce pousada na maciez dos teus braços.

3 Com primoroso carinho, usando formosa teia, as nuvens fazem caminho por onde a lua passeia. 4 Depois de muitas andanças, e tanta ilusão perdida, vejo lindas esperanças orvalhando minha vida. 5 Desgosto grande, profundo, que me entristece e consome, é o de saber que, no mundo, crianças morrem de fome. 6 Em branda calma e sozinho, sou bem feliz em mirar a aurora vir de mansinho colorindo o imenso mar…

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7 Escuto o acalanto antigo com tão pura nitidez, que às vezes penso comigo: - estou na infância outra vez! 8 Eu afirmo, não suponho, e essa certeza me anima: - Toda beleza de um sonho pode caber numa rima! 9 Eu me sinto satisfeito quando, em horas sossegadas, vejo no cais do meu peito as saudades ancoradas. 10 Mágoas... E para esquecê-las, assim sempre faço e fiz: - olho, ansioso, as estrelas, sou novamente feliz!

11 Minha cidade é tão linda! Não há de certo outra igual. - Ostenta beleza infinda no próprio nome: NATAL! 12 No esplendor da lua cheia, vejo, no meu delirar, a saudade que passeia no verde dorso do mar! 13 No pôr-do-sol comovente, que de tristeza me invade, rezo, enternecidamente, uma oração de saudade. 14 Nos percalços desta vida, quando a maldade nos corta, é graça bem recebida se alguém nos abre uma porta.

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15 O Ano Novo sempre faz renovar nossa vontade, de ver a bendita Paz reinando na humanidade. 16 O meu peito é velho cais, onde o barco da saudade descarrega sempre mais lembranças da mocidade. 17 Onda de espuma enfeitada, que nos encanta e deleita, vem de longe e tão cansada, que sobre a areia se deita... 18 Os males do mundo encaro, e pela vida me arrisco, tendo sempre o forte amparo na oração de São Francisco.

19 O tempo, com seu poder, tudo altera sem clemência, mas não me faz esquecer os sonhos da adolescência. 20 Pessoas, casos, andanças, lances de vários matizes... é garimpando lembranças que tenho as horas felizes. 21 Quando o vaqueiro valente se encontra longe de casa, no seu aboio plangente toda a saudade extravasa. 22 Quem atinge longa idade cumpre cruel penitência: - levar a cruz da saudade até o fim da existência.

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23 Se, às vezes, alguma treva a minha estrada domina, a Trova surge e me enleva, e tudo então se ilumina.

24 Sinto-me bem satisfeito, quando, em horas sossegadas, vejo no cais do meu peito as saudades ancoradas.

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Fabiano de Cristo Magalhães Wanderley

1 Ao homem, na sua essência, diante a sua fraqueza, deu-lhe Deus com sapiência, por amparo, a fortaleza!

2 Ao ver, a morte estampada, na face de uma criança, vê-se, ali, riste, ceifada, para sempre, uma esperança, 3 Até mesmo o passarinho, deixa a seca, a região, para formar novo ninho, onde houver fartura em grão. 4 Canta, canta, ó menestrel, ante a lua a te acolher, mais um tango de Gardel que nos faz enternecer… 5 Com frases que vêm do peito, meu coração se declara ao verso, mais que perfeito: — A trova, esta joia rara!

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6 Como que por acalanto, descerra a noite, o seu véu. Cobre a terra com seu manto, expondo estrelas no céu! 7 Com teu verso, solto ao vento, levaste, a trova, aos altares, com poesia e talento, Ó Sebastião Soares! 8 Confirmando as suas lendas, por capricho, o velho mar, cobre as areias de rendas, quando a praia vem beijar... 9 Desista, irmão, dessa guerra, abrace a paz benfazeja, pois a vida, enfim, se encerra, onde o combate, sobeja.

10 Eis a serra majestosa! Na natureza, um painel... — Imponente, imperiosa, altiva, buscando o céu! 11 Ela vem com seu achaque, nossa paz, ela degreda, a sogra é que nem conhaque: - Aos poucos, ela embebeda! 12 Em noite de lua cheia, envolto a tanto esplendor, um poeta galhardeia, versando trovas de amor. 13 Em uma folha vazia, ponho em versos, sentimentos: - Meu prazer, minha alegria, minhas dores, meus tormentos...

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14 Nada detém tanto encanto, nem tanta essência de amor, qual o feito sacrossanto, do desabrochar da flor! 15 Não podia acontecer! Do verbo, qual seu conceito? Diz Juquinha, sem temer: - Preservativo imperfeito! 16 Na roça, o suor do rosto, mostra todo o ardor da lida, e nesse cansaço exposto: - Uma esperança de vida! 17 No grande palco da vida, desse enredo tão atroz, em cada cena exibida, há sempre um pouco de nós.

18 No plenilúnio, na noite, do aconchego dos seus ninhos, vem a lua como açoite, aclarar, os passarinhos! 19 No voo, a linda graúna, com graça e simplicidade, entoa, por sobre a duna, seu canto, de liberdade. 20 O bombeiro, seu Clemente, no boteco, faz seu jogo, já se apaga, na aguardente, combatendo o próprio fogo! 21 O jardim perdeu as cores, todo o belo feneceu; as rosas, sem seus olores, tal qual o destino meu…

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22 Pelos caminhos da lida, quantos castelos ergui.. - E esses sonhos, pela vida, com trabalho, os consegui! 23 Por ser um real tormento, indefinível ao pintor e um sublime sentimento: – A saudade não tem cor! 24 Por volúpia ou por feitiço, todo amor, se faz mister, no encantamento e no viço, dos braços de uma mulher. 25 Quando a lua prateada, resplandece na amplidão, faz da trova uma morada, em forma de inspiração.

26 Quando a queimada ameaça, a vida, sem complacência, a mata, pela fumaça, vai aos céus, pedir clemência. 27 Quando a tarde prenuncia, revoam os passarinhos e levam toda a magia, para o abrigo de seus ninhos. 28 Quando o céu, na lua cheia, expõe os encantos seus, a serra se galhardeia, por estar mais junto a Deus. 29 Quando no espelho me exponho, a velhice me valida, com marcas de um lindo sonho e gratidão pela vida...

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30 Saudade é dor que se sente, por quem, por qual, ou razão. Um vazio que há na gente: — Mistério de um coração!... 31 Se, a tua noiva, não bebe, com ela, nunca te cases, se não bebe, ela percebe, o que fazes e não fazes, 32 Se a vida traz cicatrizes por algo que nos aporte, pelos meus dias felizes, agradeço a Deus, a sorte. 33 Se os bons ventos são bem vindos, por trazer-nos sempre o bem, que levem, após advindos, os nossos males, também...

34 Só a idade evidencia, os rumos da nossa essência, nos dando a sabedoria, consolidando a existência. 35 Tendo a trova como canto, o poeta em oração, põe, em versos, todo encanto, da mais sublime expressão! 36 Tens meiguice e sedução, tens, oh Mãe, tanta bondade, és de Deus, a criação, que concebe, a humanidade. Fabiano Wanderley Natal/RN.

nasceu

em

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Serra Negra do Norte/RN , 1939 Natal/RN, 2015

1 A ciência, sem suspeita, será no mundo aplaudida se a clonagem só for feita em benefício da vida.

2 A esmola às vezes se "enfeita" com tinturas de vaidade, mas a caridade é feita de amor e fraternidade. 3 A liberdade é um tesouro da mais alta qualidade... Nem por gaiola de ouro há quem troque a liberdade! 4 A menina seminua, presa, disse ao detetive: – eu não me queixo da rua, mas do lar que nunca tive! 5 A mulher, rasgando os passos, caminha alegre, vai cedo... Quem leva um filho nos braços enfrenta o mundo sem medo.

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6 A multidão me põe louco entre empurrões e zoada... Sozinho, sou muito pouco; na multidão, não sou nada! 7 Antes de sair de cena, peço tempo aos céus risonhos, pois acho a vida pequena para a vida de meus sonhos. 8 Ao voltar, com muito amor, ao campo que já foi meu, bebi no cálix da flor o mel que a abelha esqueceu. 9 A poesia se ilumina e em trono de amor repousa, pela pureza divina dos versos de Auta de Souza.

10 A preguiça dos ponteiros de meu velho carrilhão mostra os minutos ronceiros das noites de solidão! 11 Aquele singelo enredo de amor, ensaiado a sós, foi o mais belo segredo que a vida pôs entre nós! 12 Auta pôs, com mãos de fada, em versos de encanto e dor, toda a pureza filtrada na luz eterna do amor. 13 Carcará desce do pico, pega a vítima e condena, pois, sendo de pena e bico, bica e mata sem ter pena.

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14 Chove no Sertão, e o rio desce da serra distante; devolve a vida ao baixio e o sorriso ao retirante! 15 Com devotamento ao lar, onde o amor finca raízes, a noite é para sonhar e os dias são mais felizes. 16 Como é belo ver a planta que abre flores nos caminhos, nas horas em que Deus canta pela voz dos passarinhos! 17 Como os demais trovadores, tenho ilusões,toda hora... São lindas, parecem flores, mas, num sopro, vão embora!

18 Corre o viver tão bonito, nesta paz de vento brando, que eu vejo e não acredito que a velhice está chegando! 19 Crianças em doce anelo, fitando, além, o horizonte, sonham que um dia mais belo vai nascer por trás do monte! 20 De alguém que há pouco passou, deixando a porta entreaberta, alguma coisa ficou: - talvez a lembrança incerta! 21 Deus, que viagem florida, em campos tão sedutores! Como é bom trilhar, na vida, pelo caminho das flores!

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22 Duas taças num banquinho, sem ninguém, têm a igualdade do cheiro do mesmo vinho, da dor da mesma saudade! 23 Em louco e brutal delírio pra devastar o que resta, a motosserra é um martírio no calvário da floresta! 24 Em manhã chuvosa, a vida canta no seio da mata e há notas de água caída no piano da cascata. 25 Em minha infância inocente, teu afeto, mãe querida, desenhou-me fielmente o lado belo da vida!

26 Em momentos mais risonhos, sei que já fiz trova linda, mas a trova dos meus sonhos não pude fazer ainda! 27 Em muitas ocasiões, só somos bons elementos porque certas intenções não passam de pensamentos. 28 Enquanto a emoção se alteia sobre as dunas, a rolar, a vida brinca na areia ouvindo a canção do mar. 29 Entre o cãozinho e a criança há tão lindo entendimento, que na estrada da esperança há, para os dois, um assento!

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30 Esta fé que nos norteia para a "terra prometida", mesmo sendo um grão de areia, faz o alicerce da vida! 31 Estas cenas nos comovem, como, na rua, alguém disse: - Juntas, a energia jovem e a lentidão da velhice! 32 Eu sou mais poeta quando, no jogo de altas marés, fico na praia esperando que as ondas lavem meus pés. 33 Feitas de sonhos e flores, as nossas trovas são ninhos, onde os vates trovadores trinam como passarinhos.

34 Felicidade é o lugar indicado pelo amor... Lá, quem consegue chegar é, por certo, um sonhador! 35 Há tempo sem teus afagos, deixa-me lavar as dores nos dois pequeninos lagos de teus olhos sedutores! 36 João Maria, em nenhum canto deixava um mendigo ao léu... Na terra já era um santo; foi ser mais santo no céu. 37 João Maria morreu quando fazia um trabalho lindo. Sua alma subiu cantando; Deus o recebeu sorrindo!

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38 Mais vale da vida o espelho que muitos sermões no templo... Em vez de nos dar conselho, seu padre, nos dê o exemplo! 39 Mesmo enfermo, João Maria, cumprindo a santa missão, a própria dor esquecia pra sanar a dor do irmão! 40 Mesmo que eu mude de estilo, não mudarei, nem de leve, uma vírgula daquilo que a mão do destino escreve. 41 Mesmo que eu renove as trilhas, desviando a caminhada, não escapo às armadilhas que o destino põe na estrada

42 Meu querido Rio Grande, na beleza de teus vales, desfeito em trovas se expande o amor do “Trio Canalles”. 43 Meu rancho, no campo em flor, longe de intriga e maldade, era o meu ninho de amor, hoje é o ninho da saudade! 44 Minha mulher reza tanto aos pés de Nosso Senhor, que eu vou precisar ser santo pra merecer seu amor. 45 Musas divinas!... Ao vê-las, no sonho que me seduz, subo ao ninho das estrelas, seguindo os rastros da luz!

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46 Não há coisa mais bonita neste mundo de pecado, do que a fé que ressuscita um sonho já sepultado! 47 Não me fizeste justiça ao negar-me o teu carinho, e hoje a saudade aterrissa, como sombra, em meu caminho! 48 Não temo a longevidade por esta simples razão: - a flor da felicidade brota em qualquer estação. 49 Na paz da boa atitude não há passada perdida, e a moeda da virtude paga o pedágio da vida.

50 Na paz de um lago deserto, longe da luz da cidade, foi quando estive mais perto da luz da felicidade 51 No doce embalo da rede, um sono bom me enfeitiça e o relógio de parede me acompanha na preguiça. 52 No instante em que o sol se enfada, de tanto aquecer a Terra, deita a cabeça dourada no travesseiro da serra... 53 No meu rancho, pobre teto, o chão era a cama e a mesa, mas fui tão rico de afeto, que nem falava em pobreza.

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54 No trabalho, meus irmãos não buscam prêmio nem glória, e os calos de suas mãos enobrecem nossa História. 55 Numa devoção de monge, o Potengi, sem parar, traz água doce de longe e entrega de graça ao mar. 56 Numa fonte de águas claras, Onde as musas cantam hinos, Bebo as imagens mais raras De meus versos peregrinos. 57 O alpinismo é dura prova que não ficou para mim, mas, no alpinismo da trova, escalo alturas sem fim.

58 O amor e o sonho, querida, são graças que Deus nos deu... Quem não ama não tem vida, quem não sonha já morreu. 59 O beijo, em qualquer instante, estimula o amor e a vida, e, sendo um beijo dançante, faz tudo além da medida. 60 O cego, com dedos certos, tange a sanfona dorida, e eu, com dois olhos abertos, erro nas teclas da vida. 61 O céu azul de meus sonhos e as flores da mocidade lembram-me dias risonhos na aquarela da saudade!

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62 O destino abre-me os braços mas tem seu lado mesquinho: - guia-me todos os passos mas não me ensina o caminho. 63 – Oh! Que demora sem fim para tua decisão! Chegou tão tarde o teu sim, que já parecia um não! 64 Olhando o primor da teia, eu fico aos céus inquirindo: - como é que a aranha, tão feia, traça um desenho tão lindo! 65 Olho o céu de eterno azul, e como fico feliz, vendo o Cruzeiro do Sul, emblema de meu país!

66 O meu destino de amor me pôs no rol dos felizes: - fez-me nascer trovador no mais belo dos países. 67 O perdão é que é o sinal de perfeita lucidez... Quem se vinga faz o mal do jeito que alguém lhe fez. 68 O Potengi deita a luz no seu leito sedutor e, ao tê-la formosa e nua, mergulha em sonhos de amor. 69 Os anos trazem cansaços; nossa vida é sempre assim, e a saudade segue os passos da velhice, até o fim!

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70 O trabalho é luta santa que não vislumbra medalha, e um país só se levanta pelas mãos de quem trabalha. 71 O trabalho me norteia e dele eu não me despeço, pois quero meu grão de areia a construção do progresso. 72 Para abraçar-te, menina, meu anseio é tão profundo, que a distância de uma esquina parece uma volta ao mundo. 73 Pobre casal foi multado sem defesa, na avenida, por beijo estacionado numa faixa proibida!

74 Por mais que a vida me açoite com refinada ironia, depois da prece da noite, esqueço as mágoas do dia! 75 Potengi, corrente amiga que alimenta o manguezal, artéria grossa que irriga o coração de Natal. 76 Qual a fonte de energia Da luz de tantas estrelas? Se não for Deus, quem teria Um facho para acendê-las? 77 Quando a jangada flutua sobre as águas, ao luar, é uma lágrima da lua nos olhos verdes do mar.

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78 Quando a Lua se retrata com seu encanto invulgar, traça um caminho de prata sobre a esmeralda do mar. 79 Quando estou em meu terraço, olhando os astros risonhos, a Lua atravessa o espaço, puxando o carro dos sonhos! 80 Quando eu vejo a morte acesa na fúria de uma queimada, sinto a dor da natureza, impunemente afrontada! 81 Quando o tempo se levanta no sertão, e a seca vem, não morre somente a planta, morre a esperança também!

82 Quanta labuta perdida para a clonagem de gente, quando o amor que traz a vida jorra de infinda vertente! 83 Queimada!... A terra ferida clama por um povo forte que faça brotar a vida onde o fogo impôs a morte! 84 Quem fere, seja onde for, uma simples borboleta, mata um sonho multicor que sobrevoa o planeta! 85 Se a lua beija as areias destas praias de Poti, cantam todas as sereias das noites do Potengi.

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86 Se aos pintores falta tinta que eternize a juventude, feliz quem, na vida, pinta um retrato da virtude! 87 Sei que deste mundo lindo vou sair, só não sei quando, mas quero morrer dormindo para entrar no céu sonhando. 88 Se já não restam viventes sobre a terra calcinada, plantemos novas sementes na cicatriz da queimada! 89 Se meu Potengi não fosse perene, iria esgotar de despejar água doce no fundo amargo do mar.

90 Sem ter o clone a beleza do amor que embala os casais, torce as leis da natureza e engendra seres sem pais! 91 Sem ter da mulher o afeto, não tenho felicidade. Homem nenhum é completo quando lhe falta a metade. 92 Senti o ardor da poesia nos meus primeiros amores, quando a vida parecia uma cascata de flores! 93 Sinal da antiga aliança de Deus com a humanidade, o arco-íris nos traz bonança de paz e felicidade.

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94 Toda a natureza é um plano de vida farta e beleza, mas o lucro desumano põe no bolso a natureza! 95 Tomara que os trovadores batam do verso a poeira, e a trova, assim como as flores, enfeite as bancas da feira. 96 Tua voz, terna e macia, sob o calor dos lençóis, tinha a doce melodia de um canto de rouxinóis. 97 Viram cinza os verdes braços de árvores tão bem formadas e a terra morre aos pedaços por onde vão as queimadas!

98 Volta aos sonhos de criança, em teu recanto singelo, mas nutre a flor da esperança que torna o mundo mais belo! 99 Vou brincar com pirilampos e beijar as flores nuas pra ver se encontro nos campos a paz que fugiu das ruas! 100 Zarpei ao romper do dia, no meu barco, a velejar, para “pescar” a poesia que a Lua escondeu no mar.

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NOTA As trovas foram obtidas em livros, boletins de trovas, jornais, trovas enviadas pelos trovadores e em alguns sites, como www.falandodetrova.com, www.poesiasemtrovas.blogspot.com.br, www.singrandohorizontes.blogspot.com.br Biblioteca J. G. de Araújo Jorge, as Mensagens Poéticas enviadas pelo falecido trovador potiguar Ademar Macedo, etc. Montagem da Capa da Revista sobre imagem obtida na internet, não foi encontrada a autoria. Esta revista não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem autorização de seus autores ou representantes legais. Pode ser copiado, desde que se coloque o autor das trovas, caso contrário pode ser caracterizado como crime e ser enquadrado nas sanções legais. Respeite os direitos do autor. O Encanto das Trovas . . . Tomo 1 – Rio Grande do Norte 1......... Página | 45

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