O ENSINO DE GEOGRAFIA E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM: RELATO DE EXPÊRIENCIA JUNTO AO PIBID

June 5, 2017 | Autor: Gustavo Alcântara | Categoria: Ensino de Geografia, Metodologias Da Investigação Educacional
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O ENSINO DE GEOGRAFIA E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM: RELATO DE EXPÊRIENCIA JUNTO AO PIBID. Gustavo Casteletti de Alcântara Pontifícia Universidade Católica de Campinas [email protected] Agencia Financiadora: Capes

INTRODUÇÃO Segundo a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o Pibid é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da Puc-Campinas está em vigor desde 2010. A área de Geografia passou a integrar as áreas de licenciatura atuantes no programa no mês de junho no ano de 2012 com 10 bolsistas divididos em cinco escolas localizadas predominantemente na região periférica da cidade de Campinas. O Pibid na Puc-Campinas tem como objetivo principal qualificar a atividade docente aproximando-se da realidade escolar como professor atuante, seja na produção dos materiais didáticos, seja no desenvolvimento de ações interdisciplinares. Na Escola Estadual Jardim Rossin, trabalhou-se com alunos do atual ensino fundamental II e do ensino médio. O projeto acontecia uma vez por semana nas escolas participantes e tinha como metodologia geral a divisão das aulas: específicas e interdisciplinares, esta última denominada como “grupão”, do qual, juntamente com outra ciência, se transpunha uma aula com um tema gerador, da forma mais lúdica a ser apreendida pelos alunos. OBJETIVOS: DAS AULAS ESPECÍFICAS

O objetivo geral foi demonstrar aos alunos participantes do projeto, que a Geografia está presente em todo o cotidiano. Para isso, a transposição de uma forma didática dos conceitos básicos na geografia se fez necessária. São exemplos dos conceitos utilizados: paisagem, lugar, espaço geográfico e globalização. Posteriormente, munidos de aparatos teóricos e práticos, diversas atividades eram desenvolvidas em todo o decorrer do módulo para analisar se os alunos apreenderam os conceitos de forma clara para que, possivelmente, houvesse a apreensão desta “geografia cotidiana” nas aulas especificas e, também, usar deste conhecimento a mais nas aulas regulares do ensino fundamental e médio.

OBJETIVOS: DAS AULAS INTERDISCIPLINARES – “GRUPÃO”

De forma geral, buscou-se instigar e qualificar o diálogo entre as áreas presentes na escola. No semestre de atuação, estavam presentes as áreas de Geografia, Biologia, Ciências Sociais, Letras e Artes. Seguindo a ideia de revezamento entre as áreas, foi solicitado que a equipe, sob a orientação e atuação dos supervisores, definisse um tema a ser trabalhado. Semanalmente duas áreas ficavam responsáveis pelo planejamento, articulação e viabilização da atividade proposta. A cooperação de todas as áreas foi solicitada com a socialização prévia da proposta. O fato de duas áreas distintas terem que pensar conjuntamente na proposta provocou uma movimentação diferente nos grupos, qualificando os diálogos e avançando um pouco mais na desconstrução de um ensino fragmentado e com saberes isolado (MORAES, D. P; LEITE, M. B. F. 2013).

METODOLOGIAS

Nas aulas especificas, o desenvolvimento se deu com alunos do atual ensino fundamental II e médio juntos. As reuniões de planejamento com o coordenador de área aconteciam uma semana antes para a realização de determinada atividade. Logo, buscou-se em todo o decorrer do módulo uma explicação geral de como a Geografia pode estudar o mundo e da forma que ela está inserida diretamente no cotidiano de cada aluno, para isso, utilizou-se desenhos e textos escritos criados a partir do pensar de cada um e de toda a discussão ocorrida antes do inicio de cada atividade. Abordamos também a cidade, em seu contexto mais amplo, como Bado (2009) delimita: “Ela expressa um modo de vida, ou seja, o cotidiano territorializado”. Com imagens de satélite, mapas e letras de músicas, a ideia principal foi a de abarcar a própria vivência do aluno participante com o bairro que habita e com a cidade de Campinas. Como exemplo de uma aula elaborada, colocou-se como tema gerador a questão: “O que são os lugares”. Reuniu-se diversas imagens de revistas e jornais e, o intuito principal era identificar o que os alunos entendem pelo conceito de lugar. Neste dia, havia três alunos do ensino fundamental II presentes em nossa oficina específica. Posteriormente, os alunos colavam as imagens selecionadas por eles mesmos em uma cartolina e escreviam o que entenderam por esta questão. A seguir, um quadro das respostas que exemplifica as opiniões obtidas: IMAGEM  Uma cidade que contém diversos

RESPOSTA  “Porque há habitantes”

edificios  Parque Florestal

 “O parque parece um zoológico e o zoológico é um lugar legal pra ir”

 Um recorte de uma área verde no

 “Pode ser uma área de lazer”

centro da cidade de São Paulo  Uma casa antiga

 “Pode ter pessoas morando e o lugar é bonito”

Elaborado pelo autor

De forma sucinta, os alunos tentaram relacionar o que apreenderam e o que sabem a respeito do que pode ser um lugar ou não. Em outra aula, com estes mesmos alunos, se colocou a questão de que se a casa onde o este morava era um lugar. Com respostas diretas, analisou-se um grande elo topofílico em relação à residência e o entorno que os alunos moram: - “Eu gosto de morar lá porque tem uma área de lazer e tem como caminhar, tem algumas lagoas e clubes por perto. Minha rua também é muito calma” T. C. C. 12 anos. Nas aulas interdisciplinares, o tema gerador era determinado pelas supervisoras do projeto na escola em conjunto com a equipe de bolsistas presentes. Atuamos com as outras quatro áreas já citadas ao decorrer de todo o módulo, porém, um dos grupões mais interessantes que aconteceu foi em acordo com a ciências sociais. O tema gerador era “Transformações no Território”, o objetivo era desenvolver com os alunos através de imagens do bairro em que residem, a percepção da transformação, demonstrando nestas imagens o antes, o agora e o depois. Para isso, imprimiram-se três imagens de satélite via Google Earth do bairro no ano de 2002, 2007 e 2013 e juntamente com palitinhos que possuíam uma simbologia que os próprios alunos construíram-na, identificaram-se as transformações que poderia ter acontecido no bairro. Como metodologia de análise posterior, há no anexo 01 um modelo de relatório contendo a descrição da atividade e outros pontos significativos. RESULTADOS PRELIMINARES Este pequeno relato de experiência foi a tentativa de demonstrar o quão significativo o projeto tornou-se satisfatório na escola, na vida dos alunos participantes e em minha vida acadêmica, para depois, transformar-me em um docente que integre diversas formas de transposição no processo de ensino-aprendizagem e também que contemple a característica interdisciplinar que é tão importante para o atual sistema de ensino brasileiro.

O processo do educar é uma forma de contemplar o ensino e a pesquisa, juntamente com a comunidade em que se habita. Atualmente, este “pensar” se faz necessário, como define Maturana (1994): Educar é um processo entre sujeitos, crianças e adultos, que se dá pelo convívio e, ao conviver há transformações recíprocas e espontâneas. O educar ocorre, portanto, todo o tempo. Por sua vez, pesquisar implica em responder questões, responder perguntas. Perguntas que nos instigam. De fato, o vinculo com a pesquisa, ensino e comunidade é evidente. O PIBID tenta trazer à tona estes três pilares para com o aluno participante e com todos os demais envolvidos. Num entendimento geral para as aulas específicas aplicadas, o lugar foi tema central e

gerador para o módulo, que conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, o evidencia também na própria análise da paisagem que o aluno pode realizar no ensino básico, quando delimita que a compreensão geográfica das paisagens significa a construção de imagens vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimento dos alunos, tornando-se parte de sua cultura (PCN, 1997), ou seja, uma apreensão também do conceito de lugar. Para uma análise de forma universitária e elaboração dos relatórios necessários, o lugar, sendo parte do espaço, é ocupado por sociedades que ali habitam e estabelecem laços tanto no âmbito afetivo, como também nas relações de sobrevivência (ARCHELA, R. S; GRATÃO, L. H; TROSTDORF, M. A. S. p. 129, 2004). No quesito de interdisciplinaridade, e para um entendimento da dinâmica denominada “grupão” é concreto tecer que a mesma provoca dúvida. E é, enfim, uma "atitude de abertura frente ao problema do conhecimento" (FAZENDA, 1979, p. 39). Conhecimento este, na maioria das vezes, segregado. Conceituar que uma aula é interdisciplinar não é tarefa fácil. Para o projeto, tecer uma aula ou atividade de forma que o conhecimento geográfico apreendido na universidade, juntamente com ciências sociais por exemplo e, possuindo uma transposição didática de forma clara para os

alunos participantes é fator determinante para uma avaliação satisfatória ou não em todo o processo. BIBLIOGRAFIA ARCHELA, R. S. et al. O lugar dos mapas mentais na representação do lugar. Geografia, Londrina, vol. 13. n. 1, 2004 BADO, S. R. L; Desafios da Geografia: A cidade como conteúdo escolar no Ensino Médio, 2009. Dissertação ( Doutorado em Geografia) – Programa de Pós Graduação em Geografia do Instituto de Geociencias – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. 4a ed. Campinas: Papirus, 1999. MORAES, D. P; LEITE, M. B. F. Pibid: Interdisciplinaridade e Docência. XI Congresso Nacional de Educação. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2013.

ANEXOS Anexo 01 PIBID / PUC-CAMPINAS ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES E. E. Jardim Rossin Nome da atividade: GRUPÃO: TRANSFORMAÇÕES NO TERRITÓRIO (Ciências Sociais; Geografia).

Data: 10/09/2013 Objetivos: Desenvolver com os alunos através de imagens do bairro em que residem a percepção da transformação, demonstrando nestas o antes, o agora e o depois. Descrição da atividade: Primeiramente os alunos foram divididos em três grupos. Cada grupo recebeu uma imagem do bairro, sendo duas atuais e uma do ano de 2002. A dinâmica ocorre no momento que os alunos tiveram que identificar em uma imagem atual as estruturas que o bairro possui. Numa outra imagem atual, os alunos colocaram o que queriam que o bairro tivesse futuramente, e na do passado, identificaram as diferenças que ocorreram através do tempo e o que ainda permeia o lugar. Conteúdos trabalhados: Transformação social, do espaço residencial dos alunos. Materiais Necessários: três Folhas A3, folhas de sulfite, Palitos para a elaboração das plaquinhas, Lápis de cor, Lápis preto, Borracha, Tesoura, Cola simples, etc. Pontos Positivos: A participação e o interesse dos alunos, a colaboração e empenho de todos bolsistas e das supervisoras na execução da atividade. Pontos negativos: No decorrer da atividade houve uma troca de todos os grupos, para que os mesmos tivessem experiências com as outras imagens, porém isso afetou de certo modo a dinâmica, já que o sentido de pertencimento da imagem inicial permeia-os, mas nada que realmente afetasse a atividade, apenas uma observação. Imagens – fotos com legenda incluindo o nome da atividade – máximo 5 Anexos (materiais produzidos, vídeos, etc)

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