O ENSINO DE PERCUSSÃO NO CONTEXTO DO PROGRAMA PARFOR/MÚSICA -UFPR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

May 24, 2017 | Autor: Jean Felipe Pscheidt | Categoria: Music Education, Percussion Pedagogy, Pedagogia Parfor
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O ENSINO DE PERCUSSÃO NO CONTEXTO DO PROGRAMA PARFOR/MÚSICA - UFPR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Jean Felipe Pscheidt1 Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem Resumo Este trabalho tem como objetivo geral apresentar os resultados obtidos na disciplina de percussão do programa de segunda licenciatura PARFOR/música2 da Universidade Federal do Paraná. A importância da percussão como recurso didático em sala de aula é discutida a partir do relato de alunos participantes da disciplina realizada no primeiro semestre de 2016. O perfil de um aluno deste programa apresenta algumas especificidades como a experiência docente confirmada por sua atuação em outra área e, um interesse em capacitar-se em música. Os alunos não apresentam, com raras exceções, conhecimentos formais em música de modo que a disciplina de percussão foi planejada a partir de uma perspectiva pedagógica que não privilegiasse a leitura de partitura e o domínio técnico de qualquer instrumento. Durante um breve período onde cada aluno pode falar a respeito de suas experiências com instrumentos de percussão, foi possível diagnosticar que em grande parte dos casos os alunos demonstravam crenças baixas de autoeficácia com relação ao domínio técnico e possibilidades de utilização da percussão em suas práticas docentes. Nesse sentido, alguns caminhos pedagógicos foram determinados, buscando aproximar as atividades para o contexto do ambiente escolar. Essa perspectiva orientou a decisão de conteúdos e de materiais a serem utilizados de modo que esta disciplina foi dividida em três partes, sendo elas: (a) percussão corporal/instrumentos alternativos, (b) método d’O Passo, (c) pandeiro, surdo e agogô. Esta divisão permitiu orientar a abordagem da percussão para um trabalho com foco na educação musical, explorando conteúdos e técnicas específicas. Para o trabalho com percussão corporal foi utilizado as atividades do grupo Barbatuques (SIMÃO, 2013). Assim, ritmos brasileiros como baião e samba foram explorados, além de composições que estimulavam a interação em grupo e a exploração sonora. A segunda parte teve como objetivo explorar possibilidades de desenvolver noções de pulso e o aprendizado de ritmos utilizando como ferramenta apenas o corpo e voz, assim, a metodologia d’O Passo foi aplicada com os alunos visando reflexões a respeito de conceitos relacionados a própria metodologia bem como sua aplicação no contexto do ensino regular. A metodologia d’O Passo pode ser compreendida como um modelo de regência com os pés, onde o aluno mapeia os diferentes espaços de cada pulso por meio do andar (CIAVATTA, 2009). O Passo é considerado uma pedagogia musical ativa por proporcionar autonomia ao aluno durante o fazer musical e estimular o desenvolvimento de elementos importantes para um trabalho de educação musical inclusivo. A notação utilizada perpassa três tipos, sendo eles a escrita, a notação oral, e corporal, de modo que as crianças que saibam identificar números e letras conseguem participar. Não há dependência de algum tipo de instrumento, 1

Universidade Federal do Paraná, [email protected] Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR). É composto de professores que possuem formação em outra área, mas que trabalham ou desejam trabalhar com o ensino de música em sala de aula. 2

apenas utilizando corpo, palma e voz. Na terceira etapa foi realizado uma aproximação com caráter mais técnico voltado para o aprendizado de alguns instrumentos como o pandeiro, surdo e agogô. Sob a perspectiva da prática em conjunto, o ritmo de samba (BOLÃO, 2010) foi aplicado de modo que os instrumentos eram trocados entre os alunos para que todos pudessem vivenciar a execução da prática instrumental. Diante das três abordagens escolhidas para conduzir as atividades, a perspectiva da aprendizagem informal (GREEN, 2002, 2012) foi escolhida como abordagem teórica. Uma das principais formas de adquirir habilidades no aprendizado informal compreende o “tirar as músicas de ouvido”, ou seja, o processo de escutar e tentar copiar a música. Já em aspectos formais, sabemos da utilização da partitura que ocupa um espaço significativo no processo de aprendizado principalmente daqueles que trilham o caminho erudito (GREEN, 2008). Assim, a abordagem para o aprendizado técnico de cada instrumento não privilegiou a leitura de partitura, mas sim, aspectos aurais da aprendizagem musical. A metodologia utiliza uma abordagem qualitativa, sob a perspectiva de um estudo de caso (YIN, 210), utilizando um questionário aplicado e observação direta como ferramentas para coleta de dados. Os dados apresentados nos questionários e observações foram analisados para posterior categorização. Assim, os resultados apontam o ensino de percussão como elemento essencial para a prática docente na concepção dos alunos, e nesse sentido deve estar presente no ensino superior. A presença da percussão como disciplina garantiu novas experiências de aprendizagem considerando estratégias informais utilizadas neste processo (GREEN. 2002). Quando questionados a respeito da utilização da percussão em suas práticas docentes, os alunos demonstraram confiança em transportar algumas experiências para suas práticas laborais. “Utilizei várias atividades e os alunos gostaram muito” (Questionário 1). Algumas dificuldades técnicas interferiram na utilização de alguns instrumentos e moldaram as escolhas de cada professor em suas práticas. O instrumento pandeiro impôs desafios técnicos e foi menos explorado, ao passo que os instrumentos como copos, clavas e a percussão corporal estiveram mais presentes nos relatos de atividades aplicadas pelos alunos. Ao serem questionados da funcionalidade da utilização da percussão em sala de aula, ambos os alunos consideraram a pluralidade de instrumentos como um aspecto positivo, além da possibilidade da percussão corporal como recurso simples e de fácil acesso. “A melhor coisa é o fato de ser um instrumento acessível. Copos, materiais alternativos, tudo isso chama a atenção dos alunos e serve como base para diferentes trabalhos”. (Questionário 4). Assim, os dados reforçam a perspectiva da utilização da percussão no contexto escolar e ressalta a importância de sua presença na formação daqueles que visam um trabalho de educação musical consciente. Palavras-chave: Percussão, Música/PARFOR-UFPR, Ensino e aprendizagem de música Referências BOLÃO, O. Batuque é um privilégio: percussão na música do Rio de Janeiro para músicos, arranjadores e compositores. Rio de Janeiro: Editora Lumiar, 2003. CIAVATTA, L. O Passo: música e educação. Rio de Janeiro: L. Ciavatta, 2009. GREEN, L. Ensino da música popular em si, para si mesma e para “outra” música: uma pesquisa atual em sala de aula. Revista da Abem, Londrina, v.20, n.28, p. 61-80, 2012.

________. Music, informal learning and the School: a new classroom Pedagogy, Aldershot: Ashgate Publishing Limited, 2008. _________. How popular musicians learn: away a head for music education, Aldershot: Ashgate Publishing Limited, 2002. SIMAO, J. P. Música corporal e o corpo do som: um estudo dos processos de ensino da percussão corporal do barbatuques. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2013. TEIXEIRA, Marcello. A percussão e o ensino superior em música. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2015. YIN, R. K.. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookmann, 2005.

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