O ensino do jornalismo digital no Brasil: página em construção

June 4, 2017 | Autor: Ana Gruszynski | Categoria: Journalism, Online Journalism
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O ENsINO DO jORNAlIsmO DIgItAl NO BRAsIl: PágINA Em CONstRuçãO Aline Strelow, Ana Gruszynski, Bernardete Toneto, Leonardo Cunha, Sandra Machado, Soraya Venegas, Thiago Soares e Vitor Necchi

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O escritor irlandês Oscar Wilde dizia que “um mapa do mundo que não inclua a utopia nem merece ser olhado”. O mesmo vale, talvez, para qualquer tentativa de cartografar o ensino. Os resultados deste Mapeamento do Ensino de Jornalismo Digital no Brasil em 2010 deixam entrever a utopia. Mas ela não pode ser encontrada em uma única instituição, seja pública, seja particular, tampouco se situa especiicamente em um município entre os que abrigam um dos 102 cursos respondentes ao questionário. Está dispersa, fragmentada em iniciativas que se espalham por todo o país. Como veremos a seguir, no detalhamento dos resultados, o que predomina neste mapa é uma profusão de caminhos diferentes, em busca da melhor maneira de apresentar ao aluno o universo digital, de debater com ele seus dilemas, de compartilhar com ele suas práticas. No universo mapeado, variam as disciplinas, suas nomenclaturas e sua natureza teórica ou prática. Variam a formação e a quantidade de professores ligados ao campo. Variam o número e o uso dos laboratórios, de hardware e software. Variam, e muito, a natureza, o peril e a proposta editorial das publicações laboratoriais. Talvez a utopia se encontre na conluência das melhores condições e das melhores práticas. Talvez se encontre num futuro distante. De todo modo, acreditamos que este é um mapa que merece ser olhado. Em busca de maior clareza e aprofundamento, os resultados foram subdivididos em seis tópicos: • Inicialmente apresenta-se o universo estudado: a quantidade, a natureza e o porte das instituições de ensino que responderam ao questionário, analisando tais dados sob a luz dos critérios do MEC. • Em seguida, são apresentadas e analisadas questões relativas às diferentes disciplinas ligadas, direta ou indiretamente, ao ensino do jornalismo digital no país. • A terceira parte traz o peril dos professores que se dedicam ao jornalismo digital e questões correlatas. • Na próxima etapa, apresenta-se a infraestrutura que as instituições disponibilizam para os alunos e professores, em termos de laboratórios, equipamentos e programas. • A quinta parte destrincha o que vem sendo produzido e publicado, nesse cenário, em termos de sites, blogs e outras experiências de jornalismo digital. • Finalmente, em consonância com os objetivos e diretrizes do Rumos Itaú Cultural Jornalismo Cultural – do qual este mapeamento faz parte –, são apontadas e analisadas as pontes entre o ensino do jornalismo digital e o campo do jornalismo cultural. O pERFIL dAs INstItuIçõEs dE ENsINO supERIOR (IEs) Dos 322 cursos de jornalismo das instituições públicas e privadas (universidades, centros universitários e faculdades) cadastradas no site do MEC (http://emec.mec.gov.br), acessado por diversas vezes no período de 23 a 26 de fevereiro de 2010, observa-se a seguinte divisão por região do país:

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Quadro 1 – Cursos por região

Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste total

N° 22 56 153 60 31 322

% 6,8 17,4 47,5 18,6 9,6 100

O questionário foi enviado no período de abril a maio de 2010 aos professores coordenadores dos 322 cursos. Responderam 102, de 23 estados e do Distrito Federal, compondo uma relevante média de 31,68% de retorno. Quadro 2 – Instituições respondentes

Instituições Responderam Não responderam Total

N° 102 220 322

% 31,68 68,32 100

Conforme o Quadro 3, a Região Sudeste aparece com 51,96% das respostas, com a participação de 53 cursos. É seguida pelas regiões Sul (20 cursos, ou 19,61% do total), Nordeste (14 cursos, ou 13,73%), Norte (nove cursos, ou 8,82%) e Centro-Oeste (seis cursos, ou 5,88%). Quadro 3 – Instituições respondentes por região

Região Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul total

N° 6 14 9 53 20 102

% 5,9 13,7 8,8 51,9 19,7 100

Uma leitura do Quadro 4 mostra que são do Sudeste os estados com maior número de retorno: São Paulo (18), Minas Gerais (17) e Rio de Janeiro (15).

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Quadro 4 – Instituições respondentes por estado

Estado Amazonas Amapá Roraima Rondônia Tocantins Pará Acre Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Piauí Pernambuco Rio Grande do Norte Sergipe São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais Espírito Santo Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina Distrito Federal Goiás Mato Grosso do Sul Mato Grosso total

N° 2 0 1 1 1 4 0 2 2 2 1 2 1 1 2 1 18 15 17 3 9 9 2 1 2 3 0 102

% 1,9 0 1 1 1 4 0 1,9 1,9 1,9 1 1,9 1 1 1,9 1 17,7 14,8 16,8 2,9 8,8 8,8 1,9 1 1,9 2,9 0 100

Do universo de 102 instituições pesquisadas, 73 (que perfazem 72%) pertencem à rede particular de ensino, incluindo nessa categoria aquelas com ins lucrativos, fundações (religiosa, moral, cultural ou assistencial) e as associações de utilidade pública. As 28 instituições públicas (universidades, centros universitários e faculdades federais, estaduais e municipais) compõem 28% do total. Apenas a Universidade de Caxias do Sul (UCS/RS) declarou-se comunitária, conforme quadro a seguir:

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Quadro 5 – Natureza jurídica das instituições

Natureza jurídica Instituições públicas Instituições particulares Instituição comunitária total

N° 28 73 1 102

% 28 71 1 100

Estão matriculados 22.606 alunos nos 102 cursos de jornalismo. Desse total, 6.392 (28,3%) estão em instituições públicas e 250 (1,1%) na comunitária, enquanto a expressa maioria – 15.964 alunos, ou 70,6% do total – estuda em instituições particulares. Quadro 6 – Alunos por instituição

Natureza jurídica Instituições públicas Instituições particulares Instituição comunitária total

N° 6.392 15.964 250 22.606

% 28,3 70,6 1,1 100

As dIsCIpLINAs LIGAdAs AO JORNALIsMO dIGItAL Ao responder o questionário, o coordenador do curso ou professor por ele designado deveria listar as disciplinas “relacionadas direta ou indiretamente à de jornalismo digital, assim como os períodos (ou módulos) em que elas são oferecidas”. Deveria também ser especiicado se elas são “teóricas, teórico-práticas ou práticas”. Chama atenção, nos resultados, o baixo número de disciplinas puramente teóricas (13,4%), como mostra o quadro abaixo: Quadro 7 – Natureza das disciplinas

Natureza da disciplina Teórica Teórico-prática Prática Não informada total

N° 52 192 66 77 387

% 13,4 49,6 17,1 19,9 100

Embora um pouco maior, também o número de disciplinas de natureza puramente prática é baixo, correspondendo a apenas 17,1%. Por sua vez, as disciplinas de natureza mista, ou seja, teórico-práticas, são a 34

maioria. A julgar pelo baixo número de disciplinas teóricas, pode-se supor que, a princípio, existe pouco espaço para relexões mais detidas sobre questões conceituais, éticas, sociais, envolvidas com o universo do jornalismo digital. Por outro lado, é possível que esse tipo de questão esteja sendo discutido em outras disciplinas, assim como em outros ambientes acadêmicos (seminários, palestras etc.). Ao reconhecer o peril essencialmente teórico-prático que a maior parte das disciplinas ligadas ao jornalismo digital tem, pode-se inferir sobre como os cursos pedagogicamente não são densamente teóricos, tampouco vorazmente práticos. O ensino do jornalismo tem como alicerce a premissa de oferecimento do conhecimento humanístico aliado a uma disposição pragmática que busca equalizar as demandas para a formação do estudante na área. Olhando para a trajetória do jornalismo como universo de práticas e ambiente acadêmico, é possível reconhecer que a presença tão marcante de disciplinas teórico-práticas, entre aquelas que são ains ao jornalismo digital, parece reforçar o caráter da atividade jornalística como herança do pensamento racionalista, objetivante. Durante anos, ela foi pautada pela busca de objetividade e por tentar apreender uma visão mais racionalizada do real, e, na prática do seu ensino, percebe-se como os projetos pedagógicos estão orientados para a construção dessa visão racionalista. Retomando os resultados do mapeamento, observa-se que, quando os dados são subdivididos segundo a natureza da instituição de ensino (pública, particular ou comunitária), a situação permanece semelhante nos três tipos de instituição, com um maior número de disciplinas teórico-práticas em todas elas, como indica o quadro abaixo: Quadro 8 – Natureza das disciplinas por tipo de instituição

Natureza da disciplina Teórica Teórico-prática Prática Não especiicada total

Instituições públicas N° % 17 15,1 43 38,8 22 19,9 29 26,2 111 100

Instituições particulares N° % 35 12,8 147 53,6 44 16,1 48 17,5 274 100

Instituição comunitária N° % 0 0 2 100 0 0 0 0 2 100

Já se percebe que nas instituições particulares essa tendência é signiicativamente maior, uma vez que as disciplinas teórico-práticas chegam a 53,6%, enquanto nas públicas a porcentagem ica em 38,8%. Há quase um equilíbrio entre as disciplinas puramente práticas e puramente teóricas, que representam, respectivamente, 15,1% e 19,9% nas instituições públicas e 12,8% e 16,1% nas particulares.

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Quando a análise é feita escola por escola, ica evidente a maior diversidade das disciplinas oferecidas nas instituições públicas. Das 28 escolas públicas, 15 (53,6%) oferecem disciplinas teóricas (uma ou mais disciplinas dessa natureza) e 16 das 28 (57,1%) oferecem disciplinas práticas. Já entre as particulares, apenas 20 das 73 escolas (27,3%) oferecem disciplinas teóricas e apenas 21 das 73 (28,8%) oferecem disciplinas práticas. Quadro 9 – diversiicação das disciplinas nas instituições

Natureza da disciplina Teórica Teórico-prática Prática

Instituições públicas N°* %* 15 53,6 24 85,7 16 57,1

Instituições particulares N°* %* 20 27,4 53 72,6 21 28,8

* Obs.: Número e porcentual de instituições que oferecem disciplina nessa categoria. A soma dos porcentuais naturalmente ultrapassa os 100% porque a maioria das instituições oferece mais de um tipo de disciplina.

No grupo focal, os professores defenderam que cada instituição deveria ofertar pelo menos uma disciplina de cada natureza. A julgar pelo Quadro 9, ica evidente que as instituições públicas estão mais próximas desse ideal, pois nelas existe uma melhor distribuição entre os três tipos de disciplina. Em um ponto, porém, as instituições públicas e particulares se assemelham. Em ambos os casos, a maioria das escolas oferece pelo menos uma disciplina teórico-prática. Esse tipo de disciplina está presente em 85,7% das públicas e em 72,6% das particulares. Tomados em conjunto, os Quadros 8 e 9 não conirmam a impressão, comum no meio acadêmico, de que as instituições públicas são mais abertas ao ensino teórico do que as particulares. Mas revelam que disciplinas puramente teóricas são ofertadas em cerca de metade das públicas e em apenas ¼ das particulares. Não se pretende airmar, aqui, que a teoria está ausente nas instituições particulares, mas sim que, como mostram os números, ela quase sempre se faz acompanhada de atividades práticas, nas disciplinas de caráter teórico-prático. Outra questão relevante, levantada pelo mapeamento, diz respeito aos períodos em que as disciplinas são ofertadas. Percebe-se uma ampla distribuição por todas as etapas do curso, o que pode ser explicado pelo fato de que o questionário não se limitou às disciplinas plenas1 de jornalismo digital, incluindo também disciplinas semiplenas (aquelas que trabalham com conteúdos ligados a algum aspecto especíico da comunicação digital, como Fundamentos de Multimídia, Novas Tecnologias na Web, Edição Hipermídia, entre outras) e ainda disciplinas tangenciais (cujas discussões e/ou práticas lidam tangencialmente com o jornalismo digital, como Teorias da Imagem, 1

Disciplinas plenas, semiplenas e tangenciais são uma tipologia criada no Mapeamento do Ensino de Jornalismo Cultural no Brasil em 2008, referente à edição passada do programa Rumos Itaú Cultural Jornalismo Cultural.

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Cultura Visual, História do Jornalismo, Cultura das Mídias, Design Gráico, Infograia, entre outras). A considerar apenas as disciplinas específicas de jornalismo digital (mesmo com outras nomenclaturas como jornalismo on-line, webjornalismo, ciberjornalismo, jornalismo multimídia, ou ainda redação para a web, redação para a internet), verifica-se que elas se concentram na segunda metade do curso (71 disciplinas oferecidas do 5º ao 8º períodos), ao passo que apenas 16 delas estão situadas no 3º ou 4º períodos. Quadro 10 – disciplinas especíicas de jornalismo digital (por período)

período/semestre 3º 4º 5º 6º 7º 8º Não informado total

Nº de disciplinas 8 8 20 27 18 6 19 106

% 7,7 7,7 18,5 25,5 17 5,7 17,9 100

A predominância de disciplinas plenas de jornalismo digital na segunda metade do curso (66,9%) indica a importância de o tema ser apresentado, tratado e exercitado num momento em que o aluno já teve contato com uma série de questões teóricas básicas (que geralmente passam por Sociologia, Antropologia, Política, História do Jornalismo, Ética, entre outras) e também com os fundamentos da teoria e da prática jornalística (em disciplinas como Redação, Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística, Planejamento Visual, Teorias do Jornalismo). O posicionamento das disciplinas ao inal do curso aponta também para a hipótese de que, como se trata de uma nova área de atuação mercadológica, o estudante precisaria passar pelas várias modalidades jornalísticas até chegar ao universo digital. É comum que as disciplinas ligadas diretamente a essas mídias tradicionais (impresso, rádio, televisão etc.) nas instituições pesquisadas aconteçam antes do contato do estudante com o jornalismo digital. Apreende-se desse ordenamento que o jornalismo digital está atrelado aos sistemas de incorporação dos meios de comunicação, ou seja, como ambiente que agrega disposições textuais e fotográicas (características do jornalismo impresso), além de arquivos de áudio (alicerce do radiojornalismo) e de vídeo (instrumento do telejornalismo). Portanto, é preciso que o estudante já tenha se familiarizado com as outras modalidades jornalísticas com a inalidade de aplicá-las, de forma integrada, durante a prática do jornalismo digital.

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Compreende-se que esse ordenamento das disciplinas conectadas ao jornalismo digital, no inal do curso, somente reforça o caráter multimídia que essas matérias devem ter. A prática do ensino do jornalismo digital deve ser incentivada com base nas plataformas multimídia, ou seja, na lógica de que a notícia precisa ser veiculada em suas dimensões textuais, fotográicas, sonoras e audiovisuais. Nesse ponto, cabe discutir em que medida as disciplinas mencionadas no mapeamento estão efetivamente vinculadas ao jornalismo digital. Como mencionado acima, várias instituições indicaram, como ligadas direta ou indiretamente ao ensino do jornalismo digital, disciplinas que provavelmente já existiam antes do surgimento da internet, e que provavelmente independiam dela. Como a lista é muito extensa, citam-se aqui apenas alguns exemplos representativos: •

• • • •

Disciplinas ligadas às técnicas jornalísticas: Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa em Jornalismo, Introdução às Técnicas Jornalísticas, Redação Jornalística, Redação Jornalística Opinativa, Jornalismo Investigativo, Fotojornalismo, Infograia; Disciplinas ligadas ao aspecto gráfico: Técnicas Gráicas em Jornalismo, Planejamento Gráico, Planejamento Visual, Design Gráico, Produção e Artes Gráicas; Disciplinas ligadas à estética: Teorias da Imagem, Cultura Visual, Estética da Comunicação; Disciplinas ligadas a outras mídias: Radiojornalismo, Telejornalismo, Mídia Audiovisual, Edição em Televisão, Produção e Edição em Áudio; Disciplinas ligadas ao aspecto empresarial e/ou mercadológico: Gerenciamento de Empresas Jornalísticas, Conjuntura Internacional.

Pode ser que algumas dessas disciplinas tenham se adaptado à cibercultura, mas é possível também que, em alguns casos, os coordenadores (normalmente os responsáveis por responder ao questionário) estejam considerando que ela estaria ligada ao ensino de jornalismo digital, pelo simples fato de que o domínio do conteúdo dessa disciplina seria útil a esse tipo de jornalismo. Por outro lado, há disciplinas que, ao que tudo indica, foram criadas para responder a questões/desaios/ dilemas/técnicas especíicas do jornalismo digital, como: Jornalismo On-Line, Webjornalismo, Jornalismo Digital, Jornalismo na Internet, Jornalismo Multimídia, Ciberjornalismo, Jornalismo em Mídias Digitais, Reportagem Multimídia. Da mesma forma, há disciplinas que, além de atender às demandas do jornalismo digital, podem se vincular também a outras esferas da comunicação social no âmbito digital (tais como Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Design). É o caso, entre outras, das disciplinas Comunicação Digital, Redação para a Internet, Redação e Produção para a Web, Webdesign, Mídias Digitais, Comunicação Digital, Novas Tecnologias Web, Sociologia da Era Virtual, Cultura Digital e Capitalismo Cognitivo, Informação On-Line, Hipermídia, Funda38

mentos de Multimídia, Multimídia Jornalística, Edição Hipermídia, Planejamento Visual Digital, Produção e Linguagem de Multimeios, Crossmídia. No caso especíico das disciplinas expressamente vinculadas ao jornalismo, salta aos olhos a variedade de nomenclaturas, com um predomínio quantitativo (45,2%) da terminologia jornalismo on-line, usada em 38 das instituições pesquisadas, como demonstra o quadro abaixo: Quadro 11 – Nomenclatura das disciplinas especíicas

Nomenclatura Jornalismo On-Line (ou On-Line) Webjornalismo (ou Web-jornalismo) Jornalismo Digital Jornalismo Multimídia (ou Multimeios) Jornalismo na Internet Ciberjornalismo Jornalismo em Mídias Digitais total

Instituições 38 18 17 5 3 2 1 84

% 45,2 21,4 20,2 6 3,6 2,4 1,2 100

Tal profusão de terminologias para designar a disciplina que prevê a aproximação das práticas do jornalismo no ambiente da internet não está restrita aos próprios cursos. Há um esforço de pesquisadores e estudiosos da área para dar mais precisão aos termos empregados, como pode ser visto nos capítulos 2 e 5 deste livro. O pERFIL dOs pROFEssOREs Para lecionar as disciplinas indicadas no tópico acima, as 102 instituições pesquisadas contam, naturalmente, com uma grande quantidade e variedade de professores responsáveis pela condução do processo pedagógico. Observa-se, a princípio, do número total de 212 professores das instituições de ensino superior, uma média de 2,08 docentes por disciplina relacionada ao jornalismo digital. Esse número não relete a premissa de que há mais de um professor ministrando uma disciplina. É, antes, a equação que permite a visualização de uma divisão entre o número de professores e das instituições avaliadas. Como, em muitos cursos, não há apenas uma disciplina que esteja relacionada ao jornalismo digital, é também perceptível o aumento do número de docentes que tem algum tipo de familiaridade com a área. A média do número de educadores contempla a equação entre o total de professores dividido pelo número de instituições respondentes. Como é possível observar na tabela, há uma predominância de docentes com o grau de mestre lecionando disciplinas na base do jornalismo digital nas instituições (94 proissionais, correspondendo, portanto, a 44,3%).

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Quadro 12 – professores de jornalismo digital (por titulação)

professores Graduados Especialistas Mestres Doutores Não informado total

N° 3 48 94 50 17 212

% 1,4 22,6 44,3 23,7 8 100

O número de professores com especialização ou doutorado encontra-se com bastante equivalência: 48 são especialistas e 50 são doutores, resultando numa porcentagem de 48 (22,6%) para os que têm especialização e 50 (23,7%) para os que possuem o título de doutor. Na pesquisa, é preciso sublinhar, houve instituições que não informaram os nomes dos professores das disciplinas ou que mencionaram os nomes, mas não sua formação. Nas instituições privadas, os doutores representam 12,9%, menos da metade do número de especialistas, que chega a 28,2%, e abaixo de ¼ do número de mestres, 51,5%. Nas instituições públicas, o número de docentes com doutorado é mais presente, com 58,4%, contra 20,8% de mestres e 4,2% de especialistas. Tanto nas públicas quanto nas particulares é irrisória a presença de professores apenas graduados (1,4%): um nas primeiras e dois nas segundas. Os Quadros 12 e 13 consolidam esses dados. Quadro 13 – titulação docente por natureza da instituição

professores Graduados Especialistas Mestres Doutores Não informado total

públicas N° 1 2 10 28 7 48

% 2,1 4,2 20,8 58,4 14,5 100

particulares N° % 2 1,2 46 28,2 84 51,5 21 12,9 10 6,2 163 100

Comunitária N° % 0 0 0 0 0 0 1 100 0 0 1 100

A INFRAEstRutuRA dAs INstItuIçõEs: LABORAtóRIOs E pROGRAMAs O levantamento dos dados relativos à infraestrutura de informática e sua capacidade de atender às atividades de ensino de jornalismo digital revelou a presença de laboratórios em todas as instituições mapeadas. Contudo, há casos em que não existem atividades laboratoriais no programa das disciplinas que prevejam a utilização de tais espaços – dependendo de seu caráter teórico, teórico-prático ou prático – e outros em que não houve retorno quanto à média de alunos por computador. As respostas obtidas nos questionários 40

respondidos não permitem que se avaliem as singularidades nas propostas pedagógicas que dependem de equipamentos, uma vez que não é possível saber se ocorrem presencialmente no período da aula ou se como tarefas a serem realizadas extraclasse. Estruturados segundo diferentes peris, os laboratórios disponíveis para as atividades de jornalismo digital compreendem salas compartilhadas com outras habilitações da comunicação, bem como espaços que atendem vários cursos existentes nos centros educacionais. Variam também em tamanho e distribuição de equipamentos, prevalecendo a presença de um ou dois laboratórios por instituição, conforme o quadro abaixo. Quadro 14 – Laboratórios para atividades de jornalismo digital

Numero de laboratórios 2 1 3 4 5 7 6 15 9 10 12 18 21 Não informado total

N° 30 28 18 6 4 3 2 2 1 1 1 1 1 4 102

% 29,4% 27,4% 17,6% 5,9% 3,9% 2,9% 2% 2% 1% 1% 1% 1% 1% 3,9% 100%

Nas disciplinas relacionadas ao jornalismo digital, a maioria das instituições (59%) possibilita a utilização individual dos equipamentos na realização das atividades curriculares propostas (Quadro 15). Efetuando uma distinção entre tipos de instituição, observa-se que nas particulares (Quadro 16) o porcentual de um aluno por computador é 68%, diante de 32% nas públicas (Quadro 17). Ainda assim, nota-se que, entre as públicas, em 58% das instituições mapeadas há menos de dois alunos por computador. Diante de uma infraestrutura eventualmente reduzida – tanto nas públicas como nas particulares –, há uma provável adequação de distribuição de alunos por turmas e propostas pedagógicas que minimizam o descompasso entre o número total de alunos e o número total de computadores. Esse mapeamento não abordou a questão da manutenção das máquinas, mas, como foi amplamente dis-

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cutido no Grupo Focal (ver capítulo 5.0), é frequente nas instituições a existência de uma grande quantidade de máquinas daniicadas e/ou desatualizadas, o que torna mais críticas, sem dúvida, tanto a quantidade de computadores disponíveis quanto a média de alunos que efetivamente utilizam as máquinas nos laboratórios. Quadro 15 – Média geral de alunos por computador

Média de alunos por computador 1 2 1,5 3 1,25 1,38 1,6 2,5 4,46 Não informado total



%

60 10 7 2 1 1 1 1 1 18 102

58,8% 9,8% 6,8% 2% 1% 1% 1% 1% 1% 17,6% 100%

Quadro 16 – Média de alunos por computador em instituições particulares

Média de alunos por computador 1 2 1,5 3 Não informado total



%

50 8 3 1 11 73

68,5% 11% 4,1% 1,4% 15% 100%

Quadro 17 – Média de alunos por computador em instituições públicas

Média de alunos por computador 1 1,5 2

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%

9 4 2

32,1% 14,2% 7,1%

Média de alunos por computador 3 1,25 1,38 1,6 2,5 4,46 Não informado total



%

1 1 1 1 1 1 7 28

3,6% 3,6% 3,6% 3,6% 3,6% 3,6% 25% 100%

Quadro 17 – Média de alunos por computador na instituição comunitária

Média de alunos por computador 1 total



%

1 1

100% 100%

O modo como tais laboratórios se estruturam e são utilizados relaciona-se também com os tipos de software que viabilizam as tarefas desenvolvidas. Em linhas gerais, com base no que foi mapeado, pode-se dizer que há o uso de programas básicos (sobretudo browsers e editores de texto), ferramentas de edição e publicação on-line (fundamentalmente blogs) e aqueles especializados que abrangem edição de áudio, imagem e texto em projetos mais complexos. Com base nessa percepção, foi organizado o Quadro 19, que compreende as respostas fornecidas pelos participantes à questão “Que softwares são utilizados nas aulas práticas de jornalismo digital?”. É importante relativizar os dados tendo em vista que, embora vários tenham mencionado browsers, é possível que estes não tenham sido considerados em sua especiicidade como mediadores para acesso aos blogs e, assim, não indicados em algumas respostas. Houve também retornos genéricos como “editores de texto”, que não permitem que sejam identiicados como parte do Microsoft Oice, por exemplo, ou como software livre. Outro aspecto a ponderar refere-se aos diferentes programas vinculados à empresa Adobe. Alguns entrevistados apontam “Pacote Adobe” sem informar qual o tipo; outros informam o “Pacote Adobe CS4” (no momento, há dois tipos de conjuntos disponíveis); outros citam softwares especíicos que fazem parte de tais pacotes. No que diz respeito ao Microsoft Oice, não há também como saber quais ferramentas são efetivamente utilizadas, se fundamentalmente o editor de texto ou outras. Na estatística geral, das 102 instituições respondentes, 19 delas (18,6%) não informam o que utilizam. Como cada um informa vários programas, a porcentagem total indicada supera 100%.

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Quadro 19 – softwares utilizados nas atividades de jornalismo digital

Nome

% Blogs

Wordpress 20,6% Blogger 7,8% softwares peril genérico Editores de texto 8,8% Browsers 5,9% softwares licença gratuita Joomla! 4,9% Audacity 4,9% Frontpage 2% Ginga 1% Gimp 1% softwares licença paga Microsoft Oice 33,3% CorelDraw 15,7% Pagemaker 5,9% Sound Studio 2,9% Sony Vegas 2,9% WS-FTP 2% Apple Final Cut 1% Apple iMovie 1% QuarkXPress 1% Avid 1% softwares licença paga Adobe Photoshop 38,2% Dreamweaver 31,4% Pacote Adobe 23,5% Flash 19,6% InDesign 16,7% Fireworks 6,9% Illustrator 3,9% Pacote Adobe CS4 2,9% Soundbooth 1% Freehand 1%

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Conforme dados do Quadro 19, pode-se veriicar a signiicativa predominância porcentual de programas ligados à produção textual (Microsoft Oice, 33,3%), imagens (Photoshop, 38,2%) e layout (Dreamweaver, 31,4%), evidenciando a pouca presença daqueles dedicados a áudio e vídeo. É possível, entretanto, que tais softwares não tenham sido mencionados porque são instalados e utilizados preferencialmente em laboratórios de televisão e rádio, conforme estrutura tradicional dos cursos. Destaca-se ainda o Flash, voltado para animação, com 20% de indicações. Ainda entre os mais citados, está o Wordpress, com 20,6%. Pelo indicado nas respostas, não há como fazer distinção entre o software que pode ser baixado gratuitamente do site wordpress.org e instalado em um servidor, e o wordpress.com, uma versão on-line gratuita cuja hospedagem é remota. Cabe aqui uma ressalva: assumindo que o software livre é aquele que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído sem restrições, seu conceito contrapõe-se a proprietário/restrito, mas não ao comercial. Há uma distinção entre gratuito e livre: a esse último costuma-se anexar uma licença de software livre e liberar o acesso ao código-fonte do programa. Nesse sentido, o Blooger (Google), também mencionado pelos entrevistados (7,8%), é gratuito, mas não livre. Esses porcentuais referem-se especiicamente às respostas dos questionários, não sendo auferidos os dados da pesquisa complementar sobre os produtos laboratoriais avaliados no capítulo 4.0. A forte presença dos programas da Adobe pode ser explicada pela capacidade de integração e portabilidade entre os arquivos gerada pelas ferramentas. Isso possibilita trabalhar com uma base comum que facilita a adequação ao digital e também ao impresso, já utilizando para isso os softwares especíicos voltados a esses meios. Chama também atenção a presença do PageMaker e do QuarkXPress, programas voltados ao layout de peças impressas. É possível supor que, com eles, sejam gerados PDFs de produtos a serem disponibilizados on-line, ou eventualmente esboços de telas. Podemos inferir que a especiicidade dos programas utilizados esteja associada: • • •

Ao peril das disciplinas – teóricas, teórico-práticas ou práticas; À quantidade de disciplinas dedicadas aos jornalismo digital no currículo, que permite um maior aprofundamento também por meio da utilização de ferramentas especializadas; A uma forma estratégica ou alternativa de lidar com a ausência dos softwares em função de limites inanceiros das instituições. No conjunto apresentado, o uso de programas com licença comercial é muito superior aos distribuídos de forma gratuita2.

Dentre as suposições possíveis de se fazer diante desse cenário, estão a adequação à demanda do mercado 2 Quanto a essa questão, recomenda-se também a leitura do capítulo 5.0, no qual os professores do Grupo Focal explicam e debatem suas dificuldades e estratégias de uso dos softwares.

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de trabalho para domínio de tais ferramentas e a questão da portabilidade, fundamental para agilizar e facilitar os processos produtivos. A pROduçãO LABORAtORIAL Quanto à produção laboratorial em jornalismo digital, o questionário utilizado como base para o mapeamento solicitava que o respondente listasse os produtos veiculados em portais, sites, blogs etc. Entre as 102 instituições, 20 não informaram nenhum link e algumas justiicaram a ausência de informação por não possuírem disciplinas ligadas ao jornalismo digital, pela falta de um projeto ligado a um núcleo especíico, ou porque ele ainda não estivesse on-line. Nem todas as URLs listadas puderam, portanto, ser analisadas. Foram informadas 171 URLs para análise, das quais cinco eram a home page da instituição, que foram descartadas por não se conigurarem como produção laboratorial do curso de jornalismo; outras 31 não tinham link válido para a página e também foram desprezadas por não atenderem à necessidade de visualização do conteúdo. A im de proceder os cálculos da planilha e ignorar as páginas descartadas, foi utilizado um código com as seguintes abreviaturas: NI = não informado SI = site institucional (home page da instituição) SL = sem link (não foi possível acessar a página) Quadro 20 – Levantamento das instituições e produções laboratoriais

Instituições participantes



102

20

Instituições com uRLs sI 5

sL 31

Com link 135

Vale lembrar que, do universo de 135 URLs com links de acesso válido, uma remetia a uma página do Twitter3, de leitura possível apenas a um assinante do serviço (que foi desconsiderada por não ser de acesso aberto na rede) e quatro eram páginas de professores, como complemento à sala de aula, que foram analisadas por conterem material publicado também pelos alunos. Dessa forma, o total de URLs avaliadas foi 134. A im de procurar entender os fenômenos em sua totalidade, foram criadas dez variáveis que geraram uma planilha única: Tipo, Gênero, Recursos Multimídia, Vinculação Institucional, Duração, Autoria, Cobertura, Apuração, Conteúdo e Estado da Federação. A análise que segue começa pela última variável. 3

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Twitter: criado em 2006, esse microblog limita o texto a 140 caracteres por mensagem e as imagens à inserção de links. (Fonte: Wikipedia.)

Quadro 21 – uRLs por estado

Regiões

Norte (9 instituições) 8,5%

Nordeste (15 instituições) 14,1%

Centro-Oeste (6 instituições) 5,7% Sudeste (52 instituições) 51,1% Sul (20 instituições) 19,7 total

Estados AM RR AP PA TO RO AC MA PI CE PE PB SE AL BA RN MT MS GO DF SP RJ MG ES RS PR SC

N° 2 1 0 4 1 1 0 1 1 2 1 3 1 2 2 2 0 3 2 1 17 15 16 4 9 9 2 102

% 1,9 0,9 0 3,9 0,9 0,9 0 0,9 0,9 1,9 0,9 2,9 0,9 1,9 1,9 1,9 0 2,9 1,9 0,9 16,2 15 16 3,9 8,9 8,9 1,9 100

Para as 134 páginas válidas encontradas em 82 instituições, foi criada uma classiicação em relação ao Tipo, conforme o Quadro 22. Essa variável está intimamente relacionada à variável Recursos Multimídia, tratada no Quadro 25. A variável Tipo foi subdividida em quatro subgrupos: 1) Estruturais (em relação à hospedagem da página): portal, site e blog (Blogger ou Wordpress). 2) Jornalísticas: agências de notícias, agências de fotos.

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3) Audiovisuais: web-rádios, vídeos no YouTube4, vídeos fora do YouTube. 4) Sites de redes sociais: Twitter, Orkut5. Como a pesquisa trata do jornalismo digital, vale lembrar que esses dois últimos sistemas, Twitter e Orkut, embora sejam usados como fonte para jornalistas e, especialmente o Twitter, cada vez mais como forma de divulgação, ainda não podem ser avaliados como prática jornalística em termos estritos. É comum identiicar mais de uma das quatro subdivisões dessa variável numa mesma URL. Quando uma página é um site que apresenta links para comunidades no Twitter ou vídeos no YouTube, por exemplo, ela é identiicada por três variáveis diferentes simultaneamente: 1 para site, 6 para Twitter e 10 para YouTube. Quadro 22 – tipo

tipo Site Portal Blog em Blogger Blog em Wordpress Microblog no Twitter Agência de notícias Agência de fotos Web-rádio Vídeos no YouTube Vídeos fora do YouTube Orkut

N° 41 6 49 36 26 4 4 9 55 14 6

% 30,5 4,4 36,5 26,8 19,4 2,9 2,9 6,7 41 10,4 4,4

Considerando-se as combinações possíveis entre as variáveis, observa-se que existe uma prevalência de blogs (85, ou 63,3%), ou seja, do uso de páginas administrativas para a publicação de conteúdo na rede. Apesar da ascensão crescente do Twitter, o porcentual de microblogs foi de 19,4%. Com o Orkut, que também já foi moda entre os jovens, a representatividade dos projetos cai para 4,4%. O Facebook6, que está em processo de crescimento, ainda tem uma representatividade tímida nas URLs pesquisadas e por isso não foi incluído na categoria de sites de redes sociais. Há muito poucas agências de notícias e de fotos (2,9% cada), assim como web-rádios (radiojornalismo), quer numa página independente, quer inseridas em um projeto multimídia mais amplo. Em relação às postagens 4 YouTube: site de compartilhamento de vídeos criado em 2005. (Fonte: Wikipedia.) 5 Orkut: site de rede social criado em 2004, que se baseia em informações personalizadas e calcadas em relacionamentos interpessoais. (Fonte: Wikipedia.) 6 Facebook: site de rede social criado em 2004. (Fonte: Wikipedia.)

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de vídeos (telejornalismo), é alta a adesão ao YouTube, que hospeda edições de telejornais, entrevistas ou matérias completas de 41% dos projetos analisados, sendo que apenas 10,4% das páginas visitadas é de instituições que mantêm seus vídeos no ar sem recorrer ao YouTube. Percebe-se, ainda, que algumas instituições postam suas produções autônomas no YouTube e depois incorporam esses vídeos em suas páginas. Elas foram consideradas, portanto, como vídeos no YouTube. Embora o porcentual de respostas tenha indicado uma utilização limitada de páginas administrativas para postagem em blogs, as URLs analisadas evidenciam uma adesão em mais larga escala, que supera o dobro da estimativa feita pelas instituições ao responder os questionários enviados para essa pesquisa: Quadro 23 – Blogs

tipo Blogger Wordpress total

% de acordo com as respostas das instituições 7,8 20,6 29

% de acordo com o que foi veriicado nas uRLs 36,5 26,8 63,3

Na variável Gênero da produção, são identiicadas cinco subdivisões básicas: (1) jornalístico; (2) jornalísticoliterário (quando a página reserva um espaço para a publicação de crônicas autorais); (3) literário; (4) diário virtual: o registro do cotidiano do autor, feito em primeira pessoa e, portanto, não jornalístico; e (5) didático, caso em que a página serve como apoio à aula presencial do professor, mas conta com a participação dos alunos. Entende-se por jornalístico o conteúdo publicado de acordo com os cânones da grande imprensa, em que o fato a ser coberto atende aos critérios de noticiabilidade, mais conhecidos como valores-notícia, sendo os mais comuns a atualidade, a verdade e a proeminência. O jornalístico-literário é trabalhado, ainda, como jornalismo opinativo, críticas de cinema e comentários sobre fatos publicados na mídia. Quadro 24 – Gênero

Gênero Jornalístico Jornalístico-literário Literário Diário virtual Didático total

N° 107 21 1 1 4 134

% 79,9 15,6 0,8 0,8 2,9 100

O que distingue o conteúdo jornalístico publicado em rede vem a ser justamente a exploração dos recursos

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multimidiáticos. Nesse sentido, são identiicados os seguintes números para a categoria Recursos Multimídia: Quadro 25 – Recursos multimídia

Recursos multimídia Texto + foto Texto + foto + vídeo Texto + áudio Texto + foto + vídeo + áudio Texto + foto + áudio total

N° 56 53 5 15 5 134

% 41,8 39,6 3,7 11,2 3,7 100

No momento da pesquisa, a situação é a seguinte: 50,8% das URLs analisadas referem-se à produção de vídeos, o que indica uma tendência ascendente à exploração multimidiática do audiovisual na rede. Para a Vinculação Institucional, leva-se em conta o declarado na página, independentemente de se tratar de portal, site ou blog, com quatro variáveis. Apesar de se entender que a vinculação com a disciplina relete uma vinculação com o curso, chama atenção o número de URLs que atendem meramente à demanda de entrega de trabalhos de disciplinas. Mesmo que a vinculação com o curso relita, em termos, a vinculação institucional, são encontradas páginas que fazem referência ao curso mas, ainda assim, não estão hospedadas em servidor da instituição, bem como outras que são produzidas pelos núcleos do curso de forma independente das disciplinas. A análise dessa variável demonstra uma distribuição bastante equilibrada entre as alternativas possíveis. Quadro 26 – vinculação institucional

vinculação institucional Sem vinculação Vinculação com o curso Vinculação com a instituição Vinculação com a disciplina total

N° 37 33 32 32 134

% 27,6 24,6 23,9 23,9 100

A continuidade dos projetos aparece como um ponto importante para a avaliação dos encaminhamentos do ensino do jornalismo digital. Nesse sentido, o fenômeno pode ser lido sob, pelo menos, duas perspectivas. Uma é a da instituição, outra a do alunado, tendo o corpo docente como mediador. Assim, busca-se verificar quantas instituições efetivamente abrem um espaço dentro de suas próprias páginas, sejam elas portais ou sites, para hospedar a produção digital dos alunos do curso de jornalismo. Chega-se aos seguintes números: 50

Quadro 27 – Hospedagem na home page da instituição

Vinculadas Não vinculadas Não informado total

Instituições públicas N° % 13 46,4 8 28,6 7 25 28 100

Instituições particulares N° % 15 20,6 44 60,2 14 19,2 73 100

Supõe-se que a hospedagem dos blogs no site da instituição reflita a concordância com o conteúdo publicado, o que demandaria a existência de mediações institucionais no sentido de controlá-lo. Muitas instituições não têm essa estrutura disponível, o que gera certo receio em hospedá-las em seu servidor. A análise revela que, entre as instituições públicas, existe um porcentual mais elevado de projetos vinculados às suas respectivas home pages (46,4%), enquanto, nas particulares, esse porcentual cai consideravelmente (20,6%). Havia uma suspeita inicial de que os alunos estivessem criando produtos na rede apenas para cumprir uma formalidade exigida pela disciplina para avaliação do semestre. Por isso, foi convencionado que um projeto com duração curta seria aquele com menos de seis meses, enquanto um projeto com duração longa teria uma existência com intervalo superior a esse período, uma vez que boa parte das instituições trabalha por semestre e não por ano. Mas, de alguma forma, os resultados são melhores do que o esperado, já que se encontra uma margem pequena (5,8%) de projetos de curta duração. Quadro 28 – duração das produções laboratoriais na web

duração Curta < 6 meses Longa > 6 meses total

N° 71 63 134

% 52,9 47,1 100

No indicador de produção coletiva ou individual segundo a autoria, os números revelam a predominância dos projetos coletivos, o que indica uma prática pedagógica baseada na constituição de grupos de trabalho. Sabe-se que o jornalismo é uma atividade tradicionalmente baseada no trabalho em equipe, com clara divisão de funções. Os dados levantados podem indicar uma contradição em relação ao novo peril esperado do proissional: o do jornalista multitarefa e multimídia, capaz de fazer sozinho todos os trabalhos que antes eram desempenhados por vários proissionais. Contudo, como não é possível identiicar as rotinas de produção noticiosa apenas pela observação das URLs, e é provável que se esteja frente a estudantes que atendem ao novo peril e apenas optam pela construção coletiva do conteúdo do site, blog ou portal, produzindo matérias com elementos multimídia de modo independente.

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Quadro 29 – Autoria das produções laboratoriais na web Autoria N° Coletiva 117 Individual 17 total 134

% 87,3 12,7 100

Em relação à abrangência da cobertura, o conteúdo é dimensionado em relação à sua amplitude: • • •

Local: tudo que diz respeito ao município ou região vizinha e, portanto, passível de contar com a apuração presencial do repórter-aluno; Nacional: abrange um espectro maior e, por isso mesmo, leva o aluno a recorrer a outras fontes de apuração – grande imprensa, agências de notícia on-line etc.; Internacional: informações de cobertura inacessíveis à apuração direta dos alunos e, portanto, também originadas, ainda que parcialmente, de fontes externas.

Acredita-se que o envolvimento autoral do aluno se dê mais fortemente no caso da Cobertura Local, em que, inclusive, aumentam as probabilidades de surgimento de pautas pouco encontradas na grande imprensa. Sua valorização tangencia questionamentos que se dão com base no pressuposto de que, na rede, o usuário assume uma postura mais proativa do que diante dos meios de comunicação de massa. Assim como na maior parte dos veículos de rede integrantes da grande imprensa, há casos em que a cobertura encontrada nas produções laboratoriais analisadas se dá em apenas duas (local/nacional e nacional/ internacional) ou mesmo nas três variáveis de abrangência. Dessa forma, é veriicado o seguinte: Quadro 30 – Cobertura das produções laboratoriais na web

Cobertura Local Nacional Internacional Local + nacional Nacional + internacional Local + nacional + internacional total

N° 62 21 13 11 9 18 134

% 46,3 15,7 9,7 8,2 6,7 13,4 100

A Apuração autônoma também é um indicativo valioso para saber em que medida existe, efetivamente, por parte dos alunos, um processo completo de produção de conteúdo (pauta, apuração, produção de imagem, reportagem, edição) ou um mero empacotamento. 52

Embora seja difícil identiicar com certeza a produção autônoma em oposição ao empacotamento, percebe-se que a variável de localidade é um dos indícios de produção autônoma. O uso de imagens disponíveis na rede, bem como de vídeos no YouTube, não é considerado em princípio como empacotamento, uma vez que FERRARI (2003), em sua deinição do conceito, não deixa claro se as imagens estáticas (fotos) e as imagens dinâmicas (vídeos) acrescentadas ao texto empacotado são autorais ou retiradas da rede. Quadro 31 – Apuração das produções laboratoriais na web

Apuração Autônoma Empacotamento Mista total

N° 62 20 52 134

% 46,3 14,9 38,8 100

Em sua maioria, as páginas contêm coberturas no modelo da grande imprensa, inclusive replicando as editorias mais comuns: cidade, cultura, economia, esportes, política, internacional. No entanto, por vezes, há projetos dedicados a conteúdo segmentado, especialmente em relação ao jornalismo cultural, inclusive os ligados a eventos sazonais, como as festas juninas (mais detalhes no capítulo 4.0, dedicado aos produtos laboratoriais). Quadro 32 – Conteúdo das produções laboratoriais na web

Conteúdo Geral Segmentado total

N° 84 50 134

% 62,7 37,3 100

Nesse levantamento, é possível veriicar, também sob o ponto de vista numérico, que instituições mais apresentam projetos, o que pode indicar em que medida existe um investimento do curso ou mesmo da instituição na linguagem digital. Existe a suspeita de que o volume de URLs informado por algumas instituições demonstra apenas o grande número de alunos inscritos nas disciplinas ligadas ao jornalismo digital e que demandam atividades práticas, o que não necessariamente relete o investimento institucional na produção de conteúdo jornalístico a ser veiculado na internet. Quadro 33 – Instituições mais representativas em termos absolutos

Instituição Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Centro Universitário Barão de Mauá Universidade Estácio de Sá Niterói (Unesa)

Estado RS SP RJ

N° 20 12 6

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Por im, em relação à existência de um núcleo de comunicação dedicado à produção laboratorial digital, percebe-se que, em muitas instituições, são compatibilizadas diferentes rotinas produtivas. Há momentos em que se produz conteúdo especialmente para meio digital e, em outros, aproveita-se o que já foi produzido para outras disciplinas. Nessa variável, foram apurados os seguintes os indicadores: Quadro 34 – Núcleos de comunicação para produção laboratorial digital

Categoria O núcleo de comunicação publica conteúdo próprio O núcleo de comunicação reproduz e/ou edita conteúdo produzido em outras disciplinas O núcleo de comunicação sistematiza etapas dos processos produtivos de um meio digital Não Outros Não responderam

% 32,4 22,5 20,6 22,5 16,7 6,9

Disciplinas anteriores à revolução do virtual e que são citadas pelos coordenadores como correlatas ao ensino do jornalismo digital constituem um fenômeno pertinente e interessante. A seguinte prática pode ser uma estratégia que parte de um consenso entre alunos e professores: ao postar o conteúdo produzido originalmente para impresso, rádio ou telejornalismo, aumenta-se a visibilidade da produção praticamente sem custo. A questão da visibilidade é algo cada vez mais relevante e é usada em termos promocionais pelas instituições particulares. pONtEs COM O JORNALIsMO CuLtuRAL Os temas do mundo da cultura têm, na web, espaço privilegiado para discussão, em sites jornalísticos, blogs especializados e redes sociais. São poucas as instituições, no entanto, que contam com disciplinas direcionadas a essa especialidade do jornalismo. Na maioria dos casos, ela é abordada em disciplinas como Jornalismo Especializado, Redação Jornalística e Comunicação e Cultura, apenas para citar alguns exemplos. O ensino do jornalismo cultural no Brasil foi tema do mapeamento realizado pelo Rumos Jornalismo Cultural 2007-2008, pesquisa com a qual dialogaremos em nossa análise. Com as possibilidades para o exercício do jornalismo na internet, a cobertura do campo cultural ganhou, também, esse novo suporte. Os jornais literários, por exemplo, que marcaram a vida europeia no século XVII e a brasileira no século XIX, renascem com outra roupagem, mas novamente com o objetivo de aglutinar movimentos e tendências literárias. Assim como os livros, a música, as artes visuais, a dança, as artes cênicas e a cultura popular também passam a contar com divulgação, discussão e crítica por meio do jornalismo digital. Como os estudantes de jornalismo estão sendo preparados para atuar nesse cenário? Para bem desempenhar sua função, é exigido, do jornalista de cultura, um acúmulo de conhecimento teórico e um nível eleva54

do de consumo cultural. O jornalismo digital tem como uma de suas principais marcas a rapidez – tanto da apuração quanto da publicação e do processo de leitura do receptor. De que forma esse aparente paradoxo se ajusta na prática do jornalismo cultural na rede? Os estudantes de jornalismo brasileiros estão sendo preparados para enfrentar essas questões? De que modo? Por meio de quais métodos de ensino? Para provocar esse debate, o questionário enviado às coordenações dos cursos de jornalismo continha a seguinte questão: “O jornalismo cultural é trabalhado ou discutido junto às práticas de jornalismo digital? De que maneira?”. Das 102 instituições que responderam ao questionário, 64 (62,7%) airmam trabalhar/discutir jornalismo cultural junto às práticas de jornalismo digital, 37 (36,3%) airmam não trabalhar e 1 (1%) não respondeu à pergunta. Os dados são apresentados no seguinte quadro comparativo: Quadro 35 – Jornalismo cultural nas disciplinas de jornalismo digital

Resposta Sim Não Não informado

% 62,7 36,3 1

O complemento da questão remetida aos coordenadores – “de que maneira?” – permitiu a compreensão das propostas metodológicas de cada curso em relação ao tema, desde um ponto de vista qualitativo. Entre os cursos que abordam o jornalismo cultural nas disciplinas de jornalismo digital, essa especialidade aparece, principalmente, nas atividades práticas e laboratoriais (41,1%). Em alguns cursos (22,5%), na disciplina de jornalismo digital, é proposta a produção de blogs ou sites de tema livre – a preferência dos alunos por temáticas relacionadas à cultura é explicitada por duas instituições respondentes. Há um caso interessante, na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), em que, na disciplina de jornalismo digital, são analisados sites especializados em cultura. Nessa universidade, são oferecidos projetos interdisciplinares – em um deles, as disciplinas de Radiojornalismo e Jornalismo Digital produzem podcasts. No segundo semestre de 2010, o tema é a memória cultural da cidade. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), na disciplina Jornalismo na Internet, é produzida uma revista eletrônica de jornalismo cultural. Nela, as pautas giram em torno de expressões artísticas e hábitos culturais. Na Universidade da Amazônia, na disciplina de jornalismo digital, ganha relevo a questão do “glocal”, em uma perspectiva que engloba as relações entre o mundial, o nacional e a realidade local, com o objetivo de veriicar como o jornalismo digital se traduz na sociedade contemporânea. Ainda na análise de sites, aparece a proposta do Centro Universitário da Fundação Oswaldo Aranha, de estudo das práticas hegemônicas e contra-hegemônicas de jornalismo digital e suas abordagens sobre a

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cultura. Essas são vinculadas predominantemente a editorias de entretenimento nos grandes portais de informação ou a práticas de resistência e crítica cultural, em blogs e sites diversos – independentes ou especializados no tema. Há referência, também, a discussões, no campo teórico, da relação entre comunicação, cultura e tecnologia. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolve uma experiência pioneira: o Pontão Lab, um laboratório permanente do Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação (ECO), aberto à utilização e à experimentação para todos os pontos de cultura/grupos/coletivos culturais e movimentos sociais do Rio de Janeiro. Além disso, é um lugar para produção multimídia com software livre, que agrega e produz documentação. O Pontão da ECO também oferece cursos de extensão, com a intenção de formar multiplicadores que atuem em pontos de cultura, projetos e movimentos sociais, coletivos e redes ativistas. A ideia é que esses cursos sirvam de base para que os conhecimentos livres, principalmente os relacionados à produção de mídia, sejam compartilhados e se constituam em um ponto de partida para a realização de projetos que fortaleçam as redes de comunicação e produção de cultura alternativa. Outra experiência interessante é a relatada pelas Faculdades COC (Unicoc), de Ribeirão Preto (SP). Na disciplina Jornalismo On-Line II, na qual é discutido o jornalismo colaborativo, os alunos desenvolvem conteúdo para o portal Overmundo (www.overmundo.com.br), voltado à cultura brasileira. Nesse curso, embora os estudantes não trabalhem com uma publicação própria, passam por uma experiência de colaboração consolidada e colocam sua produção em diálogo com o que é feito por estudantes, jornalistas e autores localizados em diferentes pontos do país. Alguns respondentes mencionam a discussão do jornalismo cultural em diferentes disciplinas do curso, como Jornalismo Especializado, Redação Jornalística, Jornalismo Impresso, Telejornalismo, Antropologia Cultural, Multimídia Jornalística, Jornalismo Opinativo, Rádio, História da Arte, Teatro, Cinema e Vídeo, Oicina de Jornalismo, História e Análise da Produção Audiovisual Contemporânea, Comunicação e Contemporaneidade, Projetos Integradores, Comunicação e Cultura Contemporânea, Projeto Experimental, Edição Jornalística, Gêneros Jornalísticos e Seminário. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o jornalismo cultural é oferecido como curso de pós-graduação lato sensu. O que se pode inferir com base na pesquisa é que o jornalismo cultural não é discutido em suas especificidades nas disciplinas voltadas ao jornalismo digital – ele atravessa todos os suportes, assim como as demais especialidades, mas com certo destaque, por ser um dos preferidos pelos alunos. Poucos cursos de jornalismo (5,8%) mencionam disciplinas, obrigatórias ou optativas, de jornalismo cultural, nas quais o aluno tem a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos na área, para aplicá-lo nas disciplinas práticas direcionadas aos diferentes suportes, como o digital. O dado dialoga com o Mapeamento do Ensino do Jornalismo Cultural no Brasil em 2008. Naquele levantamento, foram identificadas 126 56

disciplinas que abordam o gênero e afins. Destas, somente 16, ou 12,7%, abordam o tema com exclusividade. As matrizes curriculares privilegiam as disciplinas de áreas tangenciais ao jornalismo cultural propriamente dito, como Estética, Cultura de Massas e Cultura Brasileira, que aparecem em um total de 42,8%, seguidas de matérias de conteúdo específico, como Jornalismo Literário ou Fundamentos de Cinema (26,9%) e semiplenas, como Jornalismo Especializado (17,4%). O jornalismo cultural, como disciplina plena, aparece em quarto lugar. O mapeamento de 2008 identificou, também, 23 disciplinas optativas relacionadas ao jornalismo cultural – desse universo, três são plenas, uma é semiplena, 12 são de conteúdo específico e sete são de conteúdo tangencial. Os resultados desta pesquisa apontam o predomínio do exercício prático do jornalismo cultural nas disciplinas de jornalismo digital e esboçam o mapa do ensino do jornalismo cultural na rede no país. “Apontam” e “esboçam” porque, em uma questão aberta, de viés qualitativo, os respondentes tiveram total liberdade para expressar, cada um a seu modo, a abordagem do jornalismo cultural nas disciplinas de jornalismo digital de sua universidade. Alguns o izeram em poucos parágrafos, outros em apenas um e a maioria em umas linhas. O que se apresenta aqui são os dados registrados nesses depoimentos, que podem ocultar, involuntariamente, preciosas informações sobre o assunto em discussão, visto que a pesquisa não apresentou um desdobramento de questões que pudesse fazer emergir, de fato, o universo de ensino do jornalismo cultural relacionado à web. O que se pode airmar, com o nível de certeza que este mapeamento permite, é que o jornalismo cultural é abordado nas disciplinas de jornalismo digital, predominantemente, por meio de atividades práticas de reportagem, assim como acontece com as demais especialidades do jornalismo. REFERÊNCIAs BIBLIOGRÁFICAs AZZOLINO, Adriana Pessatte; SEGURA, Aylton; GOLIN, Cida; ALZAMORA, Geane; ANCHIETA, Isabelle; MARI NHO, Margareth Assis; MAGALHÃES, Marina; TEIXEIRA, Nísio; PEREIRA, Wellington. Mapeamento do ensino de jornalismo cultural no Brasil em 2008. São Paulo: Itaú Cultural, 2008. FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. São Paulo: Contexto, 2003.

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