O Envolvimento Iraniano no Conflito Armado Sírio

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O Envolvimento Iraniano no Conflito Armado Sírio Author : Marli Barros Dias - Colaboradora Voluntária Sênior Categories : NOTAS ANALÍTICAS, ORIENTE MÉDIO, POLÍTICA INTERNACIONAL Date : 17 17UTC novembro 17UTC 2016

A evolução do conflito armado sírio, ao longo de cinco anos, criou um conjunto de situações que converge para a formação de cenários nos quais as disputas entre os interesses externos se acentuam ao assumirem a condução da guerra. Recentemente, o Conselho Nacional da Resistência do Irã (NCRI)[1], grupo de oposição iraniano exilado em França, teve acesso a informações que, aparentemente, foram vazadas pelo alto comando do Corpo dos Guardas Revolucionários do Irã. De acordo com as revelações feitas pelo NCRI, o envolvimento iraniano na Síria é bem maior do que se pensava até o momento. Ao contrário daquilo que se supunha, a participação do Irã no conflito não se restringe à mera assessoria, pois o seu papel é de liderança. Neste sentido, quando os iranianos perceberam a profundidade dos problemas enfrentados por Bashar al-Assad, Qasem Soleimani, o principal Comandante da Guarda Revolucionária, foi para a Rússia solicitar junto ao Presidente russo, Vladimir Putin, aquilo que seria mais adequado à República Islâmica do Irã. Isto é, Soleimani pediu que os russos comandassem os bombardeios para que as forças iranianas avançassem no terreno. O regime iraniano tem investido pesado na guerra na Síria em várias frentes, inclusive na parte financeira. Há dados que afirmam que o montante gasto naquele conflito é superior à 1/3

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cifra dehttp://www.jornal.ceiri.com.br/pt USD $ 15 bilhões, estimada por analistas ocidentais. Segundo o NCRI, este valor corresponde, de fato, a USD $ 100 bilhões. Os oposicionistas do Irã afirmam que estas e outras informações foram confirmadas por várias fontes que se mantêm dentro do país a partir de funcionários do regime e, inclusive, do Conselho dos Guardas Revolucionários. A extensão da participação iraniana na Síria está ligada aos seus interesses, que passam pela temática religiosa, que consiste na defesa do xiismo e, também, pela luta pelo poder travada com as potências regionais do Golfo, nomeadamente, a Arábia Saudita. Porém, há outra questão considerada fundamental para o regime, que ultrapassa a estratégia regional. Conforme afirma Shahin Ghobadi, porta-voz da oposição iraniana: “O regime iraniano vê que sua preeminência atual é amplamente baseada na sobrevivência de alAssad. Em fevereiro, o Aiatolá Ali Khamenei disse: ‘Se não lutarmos nas cidades da Síria, teremos de lutar contra a oposição nas nossas cidades’. Este é muito maior [interesse] para o Irã do que o mero regime político regional”. Para assegurar o seu propósito, o NCRI afirma que os estrategistas militares iranianos dividiram a Síria em cinco frentes: frente norte, frente oriental, frente sul, frente de comando central e frente costeira. Em cada setor foi estabelecida uma base dos Guardas Revolucionários que “pode acomodar até 6.000 soldados, além de armas pesadas, poder aéreo e mísseis anti-aéreos”. Deste modo, mesmo que Bashar al-Assad seja deposto, o Irã manterá o controle militar sobre a Síria, com capacidades defensivas e ofensivas. A estratégia iraniana desenvolvida exclusivamente para o país tem se convertido em altos custos para o financiamento da Guerra que incluem o pagamento de muitos mercenários estrangeiros, iraquianos, libaneses e afegãos, que lutam naquele conflito armado. A transferência desses mercenários e de armas para a Síria está sendo realizada desde 2012 através da empresa aérea Mahan Air, uma companhia privada iraniana que, à primeira vista, dá a impressão de ser uma estatal. Porém, o maior acionista da Mahan Air é a Charity of Mowla al-Movaheddin, propriedade dos Guardas Revolucionários Iranianos. Conforme foi divulgado pelo NCRI, a Mahan Air possui 60 aeronaves de passageiros e de carga, compreendendo, para além de voos domésticos, o Oriente Médio, a Ásia e 52 destinos na Europa. Neste contexto, os combatentes afegãos residentes no Irã são transferidos pela Mahan Air e, da mesma maneira, as milícias iraquianas que, após seguirem de ônibus de Baçorá até Abadan, chegam à Síria em aviões daquela companhia. Vários batalhões que participaram do cerco a Aleppo entraram desse modo, em outubro de 2016. Isto tudo constitui uma organização estratégica do Irã naquilo que se refere à sua participação no conflito para estabelecer as regras que tentam definir, não somente a permanência, mas, sobretudo, procurar garantir o poder naquele país e salvaguardar os seus interesses num teatro de operações onde várias potências se confrontam por intermédio da guerra por procuração. ----------------------------------------------------------------------------------------------Imagem “Corpos de soldados iranianos Kermanshah, Irã (Agosto de 2016)” (Fonte):

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https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/98/Return_of_Iranian_Casualties_in_Syrian_Civil_War http://www.jornal.ceiri.com.br/pt _to_Kermanshah_02.jpg ----------------------------------------------------------------------------------------------Nota e fonte consultada, para maiores esclarecimentos: [1] Conselho Nacional da Resistência do Irã (NCRI) – Organização oposicionista iraniana, baseada em Paris, que se “considera uma espécie de Governo secular iraniano no exílio. Serve como plataforma política para cinco grupos oposicionistas, entre eles o controvertido MEK (que, no passado, participou da luta armada e de outras atividades violentas e que foi considerado um grupo terrorista pela União Europeia até 2009)”. Foi o NCRI que “revelou, em 2002, a existência de instalações nucleares clandestinas em Natanz, o que provocou o início da crise sobre o programa nuclear iraniano”. Ver: http://www.elconfidencial.com/mundo/2016-10-01/guerra-de-siria-iran-bashar-al-assad_1267375/

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