O equívoco da dicotomia entre ser e devir

May 28, 2017 | Autor: Francisco Queiroz | Categoria: Ontology, Ontologies, Ontologia
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O equívoco da dicotomia entre ser e devir
Hegel sustentou que o devir é a passagem do ser ao não-ser e viceversa. Em rigor, essa é uma definição redutora. Há um devir quantitativo que não é a passagem de um ser essência X ao não-ser essência X mas que continua na esfera do ser essência X. Exemplo: em certo sentido, sou o mesmo que era ontem apesar de o devir agir dentro de mim, sofri transformação imperceptível.
 
O devir é, isto é, existe, por conseguinte faz parte integrante do ser. Este - ou ao menos, uma parte deste - está em perpétuo devir - é o pensamento de Heráclito e também o do próprio Hegel. Logo o devir é uma espécie dentro do género ser, sendo a imutabilidade imóvel outra espécie desse género.
 
Quando se opõe, como é comum, o ser ao devir, deveria dizer-se que se trata da oposição entre um ser determinado - um existir de uma essência A ou B - e o fluxo que o transforma, isto é, uma oposição entre státis (repouso) e kinesis( movimento) no plano eidético (da essência). O devir é, ontologicamente em grau igual ao ser porque faz parte deste. Só no plano eidológico, o devir é de estatuto inferior ao ser determinado, isto é, à essência a que se refere, podendo nem mesmo atingir ou alterar esta, como no caso do platonismo e do aristotelismo, ambos essencialismos.
 

 
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