O errado que deu certo: “Deu onda” e o comentário musical do funk paulistano-carioca

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O errado que deu certo: “Deu onda” e o comentário musical do funk paulistano-carioca Carlos Palombini, Adriana Facina e Vinicius Mendes CNPq O canal KondZilla do YouTube lançou “Deu onda”, do MC G15, na produção musical do DJ Jorge Lemes Ferreira, em 21 de dezembro de 2016. O videoclipe superou “Bumbum granada”, dos MCs Zaac e Jerry, em 12 de março de 2017, quando atingiu 220 milhões de visualizações e, em menos de três meses, passou à primeira posição no canal. À medida que ganhava popularidade, ao ritmo dos dois milhões de visualizações diárias, uma polêmica se desenvolvia sobre suas qualidades musicais: a melodia estaria em tonalidade maior, e o acompanhamento, em menor. Netnografia (Bartl et al. 2016) conduzida entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017 expõe a querela da bimodalidade (Serapicos 2017), que envolveu DJs, produtores, MCs, funkeiros e o cantor-compositor Ritchie. A partir de uma entrevista concedida pelo DJ Jorge Ferreira a Rodrigo Ortega em 19 de janeiro de 2017 e de uma história sucinta da produção musical no funk carioca (Palombini 2015), discute-se a pertinência da ideia de acompanhamento nesse gênero de música eletrônica dançante, antes de se analisar a música em termos de funções harmônicas (Schoenberg 1954). Se a harmonia desempenhou papel secundário no desenvolvimento dos subgêneros putaria e proibidão, e se ela se tornou um traço distintivo do melody e do pop funk, “Deu onda” a emprega de modo original, sem os clichês costumeiros (camas de cordas, encadeamentos). Tal uso decorre do fato de a música combinar características de putaria e melody, e constituir assim um caso particular de hibridação de subgêneros de um mesmo gênero. Videoclipe; harmonia funcional; netnografia; produção musical; funk carioca. BARTL, Michael; KANNAN, Vijai Kumar; STOCKINGER, Hanna. 2016. “A Review and Analysis of Literature on Netnography Research”. International Journal of Technology Marketing 11 (2): 165–196. CACERES, Guillermo; FERRARI, Lucas; PALOMBINI, Carlos. 2014. “A era Lula/Tamborzão: política e sonoridade”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 58: 157–207. http://ref.scielo.org/59rtp2. G15, MC. 2016. “Deu onda”. São Paulo: Canal KondZilla, 21 dez. http://goo.gl/Yb1IeS. ORTEGA, Rodrigo. 2017. “Como nasce um funk? DJ de ‘Deu onda’ explica produção de hits que sustentam família”. G1, 30 jan. http://goo.gl/7nGMTt. PALOMBINI, Carlos. 2016. “Do Volt-Mix ao Tamborzão: morfologias comparadas e neurose”. Anais do IV Simpom. Rio de Janeiro: Unirio, 157–207. http://goo.gl/UMiddj. ———. 2015. “Como tornar-se difícil de matar: Volt Mix, Tamborzão, Beatbox”. Segundo Simpósio de Pesquisadores do Funk Carioca. Rio de Janeiro: UFRJ, 12 maio. http://goo.gl/1TxKnm. ———. 2014. “Funk carioca and música soul”. Em: David Horn e John Shepherd (org.), Bloomsbury Encyclopedia of Popular Music of the World. Vol. 9. Londres: Bloomsbury, 317–325. SCHAEFFER, Pierre. 1966. Traité des objets musicaux: essai interdisciplines. Paris: Seuil. SCHOENBERG, Arnold. 1954. Structural Functions of Harmony. Londres: Williams and Norgate.

SERAPICOS, Pedro. 2017. “Decompondo ‘Deu Onda’, MC G15: politonalismo no hit do verão”. São Paulo: Canal Pedro Serapicos, 5 jan. http://goo.gl/6Gx8ec.



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