O Estado Novo: fim da Ação Integralista Brasileira e prisão de Plínio Salgado. In: Presos Políticos e Perseguidos Estrangeiros na Era Vargas

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Gomes Vianna, Érica Sarmiento Leandro Pereira Gonçalves et al., 2014

da Silva,

Direitos desta edição reservados à MAUAD Editora Ltda. Rua Joaquim Silva, 98, 5° andar Lapa - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20241-110 Te!.: (21) 3479.7422 - Fax: (21) 3479.7400 www.mauad.com.br

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ClP-BRAslL. SINDICATO

NACIONAL

CATALOGAÇÃO-NA-FoNTE DOS EDITORES

DE LIVROS,

RJ.

P937 Presos políticos e perseguidos estrangeiros na Era Vargas / organização Marly de Almeida Gomes Vianna, Érica Sarmiento da Silva, Leandro Pereira Gonçalves. 1. ed. - Rio de Janeiro: Mauad X : Faperj, 2014. 264 p. : 15, 5 X 23,0 em. Incluibibliografia e índice ISBN 978-85-7478-676-6 1. Ciências sociais. 2. Ciência política. 3. História do Brasil. 4. Populismo. 5. Sindicalismo. 6. Socialismo. 7. Anarquismo. I. Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 11. Vianna, Marly de Almeida Gomes. 111. Silva, Érica Sarmiento da. IV.Gonçalves, Leandro Pereira. 14-15006

CDD: 320.5 CDU: 329.1/6

SUMÁRIO

PREFÁCIO- António Costa Pinto

07

INTRODUÇÃO - Francisco José Calazans Falcon

09

CAPíTULO I - Os arquivos da polícia política brasileira: intolerância, repressão e resistência Maria Luiza Tucci Carneiro

13

CAPíTULO 11- Anarquistas e sindicalistas revolucionários na luta antifascista (1933-1935) Alexandre Ribeiro Samis

33

CAPíTULO 111- Entre suspeitos, perseguidos e expulsos: São Paulo 1934-1940 Maria Izilda Santos de Matos

49

CAPíTULO IV - luiz Carlos Prestes Marly de Almeida Gomes Vianna

69

CAPíTULO V - Italianos, antifascismo e perseguição política na Era Vargas (1930-1937) Carlo Romani

89

CAPíTULO VI - Elementos prejudiciais: o fechamento do Centro Galego do Rio de Janeiro pelo governo Vargas Érica Sarmiento da Silva

111

CAPíTULO VII - O Estado Novo: fim da Ação Integralista Brasileira e prisão de Plínio Salgado Leandro Pereira Gonçalves

129

CAPíTULO VIII - Todas as cores da repressão: os "camisas-verdes" e as perseguições políticas durante a Era Vargas Pedra Ernesto Fagundes

159

CAPíTULO IX - Cortando as asas do nazismo: a Dops-RS contra os "súditos do Eixo" TaísCampelo Lucas

179

CAPíTULO X - A história que retorna: marcas da perseguição e da exclusão na história de uma família de origem russa e judaica

TacianaWiazovski

197

CAPíTULO XI - Os armênios em São Paulo e a repressão da polícia política durante o governo Vargas

Heitor de Andrade CarvalhoLoureiro

211

CAPíTULO XII - Japoneses na Era Vargas: o tom destoante nO projeto de nação brasileira

RosangelaKimura

229

CAPíTULO XIII - Escolas estrangeiras em São Paulo e a ação da polícia política

FernandaFranchini e Diana GonçalvesVidal

245

SOBRE OS AUTORES

261

CAPíTULO VII

o ESTADO NOVO: FIM DA AÇÃO INTEGRALlSTA BRASILEIRA E PRISÃO DE PLíNIO SALGADO

Leandro Pereira Gonçalves

Desde o início das reflexões políticas na década de 1920, o líder integralista Plínio Salgado era defensor de um pensamento antipartidário. Em 1932, ano de fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), afirmou: "Sendo os partidos políticos do Brasil constituídos por essa massa ignara, evidentemente não podem sistematizar campanhas de ideias, nem traçar quaisquer programas."! Estabeleceu combates contra a existência dos partidos políticos no Brasil, como na obra O que é integralismo quando afirmou: "o integralismo moverá [...] guerra de morte a todos os partidos, sejam eles quais forem".' No modelo político em que a AIB estava inserida, existiam duas opções para alcançar o poder: a via insurrecional ou eleitoral. A primeira foi o caminho teórico escolhido por ele ao organizar os ideais integralistas. Entretanto, em um contexto cultural e espiritualista, esse caminho era demasiado longo, uma vez que haveria a necessidade de mexer com as estruturas culturais e intelectuais do país; e o integralismo, por mais aceitação que tivesse em determinados meios, não possuía força capaz de vitória, e por isso a saída encontrada foi a alteração do discurso político. Em um primeiro momento, autorizou a participação da AIB nas eleições de 1934, mesmo não sendo um partido constituído. Em dezembro desse ano, ficou radiante devido ao crescimento dos militantes e dos votos obtidos nas eleições. Com certo sucesso alcançado, viu que era preciso entrar na "vulgaridade partidária", indo contra seus ensinamentos. A trajetória para o poder fez que

'salgado, 2

1935, p. 176.

Salgado, 1937a, p. 133.

PRESOS

POlÍTICOS

E PERSEGUIDOS

ESTRANGEIROS

NA ERA

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129

fosse realizado, na cidade de Petrópolis,> em 7 de março de 1935 o gresso Integr aliista Brasi'1'erro, 4 quando se deu oficialmente a alte ' _. 2. Co 11, . raçao )uríd' do movimento, transformando-o em partido político. Para is lca so era pre . alterar o discurso feito até então. Dessa forma o líder integral' CISo . 'Ista afirl1l em artigo no mesmo ano do congresso, que a questão não era 01I, . , '. . ser Contra partidos políticos, mas, srm, contra os partidos políticos estadu . Os aIS, que er a base da velha oligarquia brasileira. ~ Com a alteração política do movimento, Plinio Salgado preparou-se UI1l _ política ousada: a candidatura à Presidência da República, em 1938. Com u a a~ al . . dos i ali -. l1ldIS_ curso s vacrorusta os mtegr istas, que nao tenam opção nas eleições de diizra . ter al tera d o as b ases mte . Iectuais. d o movimento pelo bem integral: 1938'

rupos como a AIB e a ANL. A partir desse momento, o anticomunismo de ~ o passou a ser mais visível e a intensificação na busca pelo poder pasJiIllan d B '1 P or uma transformação política, resultado de uma mu ança que o rasi Sou P . c . . . fi d . década de 1930. Tal aversão ao comunismo 101 mtensinca a com o W~ . . VI . ento da ANL, daí a necessidade de novos projetos, pOIS a chamada urglm s 1 ção espiritual" não seria capaz de alcançar um poder de fato em um "revo'1 u'nsurrecionaI daí a busca pela 1eg aloizaçao - parti idáarIa . e a e Ieiçao . - d e 1938 . BraSI I ' Seu projeto eleitoral, no entanto, sofreu mudanças através de alterações olíticas promovidas

por Getúlio Vargas, que, em 1937, decretou. o golpe do a ditadura. Dessa forma, todos os partidos e agre-

PEsta do Novo ' consolidando

rniações políticas foram extintos. O integralismo

continuou

a ter uma presen-

ça política discreta:

Hoje, no Brasil, só existe um partido nacional. É o integralismo, conforme há dias tornou patente o general Góes Monteiro. E esse partido não

Até 1938, a ação dos integralistas contou com a tolerância governamen-

é nacional pelo simples fato de se haver registrado como tal perante a

tal, não somente como contraofensiva ao Partido Comunista como tam-

Justiça competente; é nacional porque todo o seu pensamento político, seu sentimento, sua mística, fundamentam-se naquelas aspirações gerais comuns a todos os brasileiros."

pelos construtores do Estado Novo.'

Tentava impedir qualquer tipo de supremacia Partidária oligárquica estadual, ou até mesmo entre opositores esquerdistas - os comunistas do Partido Comunista do Brasil (PCB), os aliancistas da Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada no mesmo período de oficialização Partidária da AIB e colocada na ilegalidade em julho de 1935; ou até mesmo da Frente Única Antifascista (FUA), existente desde 1933. Sobre o Partido Integralista, Plínio Salgado afirmava que: Somos o único partido nacional registrado no Superior Tribunal Eleitoral. Como tal, temos comparecido às eleições. Realizamos pela doutrina, pela propaganda, pelo voto, pela cultura, pela disciplina moral que os integralistas aprendem na escola de civismo das nossas milícias desarmadas: a revolução legal. 6

bém para a demolição do arcabouço liberal-burguês que era pretendido

Getúlio Vargas utilizou preceitos centralizadores, e muitos: "historiadores assinalaram ter sido o Estado Novo getuliano uma jogada para afastar Plínio Salgado do caminho do poder" .8 A relação entre os dois sempre foi de instabilidade: "A relação entre a AlB e Getúlio Vargas foi marcada por momentos de aproximações e aparentes caminhos em comum e outros de profundas rupturas." Com a divulgação do embuste conspiratório conhecido como Plano Cohen e o consequente Estado Novo getuliano, ocorria um questionamento

entre os integra-

listas: "seria o momento do poder?" Com a presença de alguns deles na organização ditatorial de 1937, o objetivo de certo poder passava a ser vislumbrado por Plínio. As relações entre ele e Getúlio Vargas nunca foram as melhores, basta lembrar da Lei de Segurança Nacional, que obrigou Salgado a alterar determinados componentes do movimento, como a extinção das milícias Írltegralistas, e apontava Getúlio Vargas como o verdadeiro culpado pelas mudanças da organização da AIB.

o momento

O contato com Getúlio Vargas ocorria através de relações de proximidades

era favorável à criação de organizações políticas, pois o período "democrático" discursado por Getúlio Vargas beneficiava o crescimento

em torno dos inimigos em comum, mas a busca pelo poder supremo

3 Cf. Gonçalves; Oliveira;

elemento gerador de divergências e, através da ânsia pelo poder, Vargas conseguiu manipulá-I o habilidosamente.

Alcântara, 2011.

4 :~ntes, ocorreu o 1° Congresso Integralista Brasileiro na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, em março de 1934, em que a AIB adquiriu caráter verdadeiramente IT o estabelecendo-se como sociedade civil. po I IC 7

5 Salgado,

1937b, p. 167.

6 Salgado,

1959, p. 19-40.

8 Vasconcellos, 9

130

Albuquerque,

LEANDRO

PEREIRA

GONÇALVES

era um

1986, p. 591. 2011.

Caldeira Neto, 2011, p. 36.

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131

Essa relação, que teve como consequência o exílio'? do líder integralista , e' de fundamental importância para o entendimento e compreensão de uma ne, cessária alteração do seu discurso e pensamento político. O exílio ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial, momento em que foi preciso reordenar determinadas ideias para a construção de um novo projeto que fosse compactu_ ado com a realidade do Brasil e do mundo no pós-guerra. De forma gradual , a prática fascista perdia espaço para a criação de um conceito cristão de democra_ cia em torno de um ambiente conservador. Portugal teve anteriormente um papel fundamental para sua formação política e intelectual. Com o novo período a política portuguesa voltou a ter um papel de transformação e, principalmente' adaptação perante a nova situação vivida. Para entender isso, torna-se necessá~ rio analisar as rusgas com Vargas que ocasionaram o exílio do integralista. Para Plínio Salgado e parte dos camisas-verdes,

as rusgas com Getúlio Var.

gas haviam sido deixadas de lado em 1937, uma vez que o próprio presidente, segundo o líder integralista, adotava discursos de apoio ao movimento; tanto é que Plínio Salgado retirou a candidatura

presidencial

(até mesmo por que

Ele trabalhou a meu lado nos transes mais difíceis da vida nacional, com uma discrição rara, assistindo a tudo o que aconteceu em 37 e 38, desde a elaboração da Carta Constitucional, que foi discutida e trabalhada em minha casa, até aos momentos mais dramáticos de novembro de 37 a maio de 38, em que conhecemos os homens, um a um, as fraquezas de uns, as traições de outros, a miséria de muitos e a grandeza de alma de poucos. Tudo isso nos ligou muito porque nada mais liga um homem ao outro do que o conhecimento mútuo e este torna-se absoluto nos supremos instantes do sofrimento.

I2

Não há dúvidas de sua participação

na preparação

do golpe de 1937, ape-

sar de afirmar, durante toda a vida: "o golpe de Estado de 1937 foi dado inteiramente à minha revelia". I3 Em 1943, ao refletir sobre os acontecimentos antecessores

ao evento de 1937, afirmou em Carta aberta aos meus amigos que:

No período de maior expansão do integralismo, tivemos o golpe de Estado

não haveria eleições). A presença dos integralistas no processo de organização para a implantação do Estado Novo passava a ser um elemento de esperança

de novembro de 1937. Não obstante eu ter sido ouvido sobre a nova constituição brasileira e essa constituição coincidir com muitas das ideias integralistas, a Ação Integralista Brasileira foi extinta por decisão do governo,

para os camisas-verdes. O embuste conspiratório, o Plano Cohen, evocava o perigo comunista que ameaçava as instituições brasileiras. Um governo antí-

pelo decreto que supriu todos os partidos políticos no país. H

comunista e a existência de uma organização partidária contrária marxista era o momento ideal para uma aliança entre os dois. A "ameaça comunista"

passou a ser elemento

à doutrina

O apoio de Plínio Salgado ao novo regime não era fruto do acaso; ele de-

de ligação entre o governo

sejava algo em troca. Mas a traição foi um sentimento que marcou as relações políticas no ano de 1937 no meio integralista, sendo o líder o mais afetado. Em "Carta do Chefe Nacional da Ação Integralista Brasileira Plínio Salgado

e a AIB. O período que antecedeu o mês de novembro foi de grande agitação e manobras políticas. O ponto central estava por trás de uma entrada oficial de Plínio Salgado no governo.

O presidente

o golpe político, os integralistas responsáveis

pelo Ministério

lhe havia prometido

iriam participar

que, após

do Estado Novo, sendo os

da Educação. Entretanto,

Constituição

visão dos integralistas,

os acontecimentos

daquele momento:

quando Getúlio Vargas

decretou o golpe, não tomou tal atitude, despertando entre os integralistas um sentimento de traição, aliado ao desejo de vingança. Em carta a Ribeiro Couro," Plínio demonstrou

ao Senhor Dr. Getúlio Vargas, presidente da República, em 28 de janeiro de 1938",15 publicada em 1945, no Correio da Manhã,16 relatou com detalhes, na

o conhecimento

prévio da

de 1937 e analisou o período de tensão entre o golpe do Estado

Antes de ter um novo encontro com V. Exa. para, de conformidade com o que anteriormente ficou estabelecido, transmitir-lhe a reposta definitiva em relação ao convite que V. Exa. se dignou fazer-me para ocupar a pasta de Educação em seu Governo, resolvi, com a maior lealdade e franqueza,

Novo, em novembro, e o ataque dos integralistas ao Palácio Guanabara, em maio de 1938. Na correspondência,

disse que o genro, Loureiro júnior, esteve ao seu

lado em todos os momentos desses períodos, acompanhando

10 Plínio

Salgado çalves, 2012.

ficou exilado

em Portugal

as negociações:

entre 1939 e 1946. Sobre o tema, cf. Gon-

11 Membro da Academia Brasileira de Letras, foi autor de obras literárias e teve atuação em vários jornais, inclusive no Correio Paulistano.

132

LEANDRO

PEREIRA

GONÇALVES

12 Correspondência

de Plínio Salgado a Ribeiro Couto, 28 fev. 1940 (Fundação Casa de Rui

Barbosa (FCRB)/Apeb-Pop:

28177).

13 Salgado,

1982, p. 85.

14 Salgado,

Carta aberta aos meus amigos. Lisboa, 22 out. 1943 (FCRB/Apeb-Pop:

15 Salgado,

1950, p. 111-36.

28177).

a histó~ia é contada, em uma carta do Sr. Pllnlo Salgado, em 1938". Correio da Manha, RIO de Janeiro, 4 mar. 1945, p. 2 e 6. 16 Salgado, "O Estado Novo e o Integralismo~ co~o

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E PERSEGUIDOS

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NA ERA VARGAS

133

começa a tergiversar, a procurar generais, etc. Não sei se ele está agindo com duplicidade ou se não pode impor-se à massa dos seus adeptos."

fixar nas linhas que seguem os aspectos de uma situação que reputo grave e que s6 poderá ser resolvida se encarada com absoluto realismo político. Não seria eu bastante sincero e honesto se pretendesse dar ao seu governo a minha colaboração pessoal, quando esta não implicasse na adesão, à minha atitude e aos objetivos de V. Exa., de mais de um milhão de brasileiros que criaram, pela sua doutrinação e propaganda, o clima sem o qual não se tomaria possível a transformação constitucional de 10 de novembro.v Nota-se que ele redigiu essa carta em janeiro de 1938, e o objetivo central do documento era demonstrar que não aceitava o cargo de ministro; no entan_ to, essa não foi a sua primeira atitude. Segundo relatos do Presidente GetÚlio Vargas, contidos em seu Diário, vê-se que o mandatário máximo do Brasil protelou de todas as formas uma decisão oficial. Era bem claro que Vargas não lhe concederia

poder e apenas usara da força dos militantes

auxiliar a consolidação Aproveitando

integralistas

Não era uma coisa nem outra; o líder integralista, que já tinha conhecixato do proj eto a ser implantado no Brasil, buscava garantias e se mento e , . . va para o poder de fato Essa atitude levantada por Vargas e essencial valonza . a analisar que Plínio estava ciente do golpe de novembro de 1937, mespar tes do acontecimento. Isso alimentou a insatisfação dos militantes e, rno an _ .. temente do líder integralista, uma vez que Vargas nao cumpnna o quen conse ' m janeiro de 1938 relembrou o mês de setembro de 1937, em que aCordo . E ' ncontro com o então ministro da Justiça Francisco de Campos: teve um e [...] nessa ocasião que me procurou o Dr. Francisco de Campos, com o qual me encontrei em casa do Dr. Amaro Lanari. Ele me falou dizendo-se au-

para

torizado pelo Sr. presidente da República e me entregou o original de um

do Estado Novo. Em 28 de novembro de 1937, disse:

uma coincidência momentânea,

projeto de Constituição que deveria ser outorgado, num golpe de Estado, ao país. Estávamos no mês de setembro de 1937. O Dr. Francisco de Campos,

fui ver a bem-amada e,

dizendo sempre falar após entendimentos com V. Exa., pediu o meu apoio para o golpe de Estado e a minha opinião sobre a Constituição, dando-me

de regresso, passei na casa do Rocha Miranda, onde encontrei-me com Plínio Salgado, e aí conversamos sobre a dissolução do integralismo e dos partidos políticos, e sua entrada para o Ministério. Ficou de acordo,

24 horas para a resposta. Pediu-me, também, o mais absoluto sigilo."

ponderando, porém, as dificuldades que encontraria, precisando consultar sua gente e depois responder-me. 18

Ao analisar a Constituição, os camisas-verdes,

Após quatro dias, Getúlio Vargas promulgou o Decreto-lei n. 37, dissolvendo todos os partidos políticos, além de proibir milícias CÍvicas e restringir

de poder para

pois, segundo sua visão, a base da política integralista

tava presente com grande intensidade

es-

na Carta Constitucional:

Perguntei qual seria, na nova ordem, a situação da 'Ação Integralista Bra-

o uso de uniformes e simbologias dessas entidades, entre as quais a AIB. Para Salgado, essa atitude foi vista como momentânea e que o ministério supriria essa ausência, inclusive relatada por Vargas, na véspera do decreto-lei,

verificou grandes possibilidades

sileira", ao que o Dr. Francisco de Campos me respondeu que ela seria A BASE DO ESTADO NOVO, acrescentando que naturalmente o INTEGRA-

em 1.

LISMO teria de ampliar os seus quadros para receber todos os brasileiros

de dezembro:

que quisessem cooperar no sentido de criar uma grande corrente de apoio meçaram a conspirar, a preparar um golpe de mão, a ameaçar-me e pro-

aos objetivos do Chefe da Nação. Respondi-lhe que, quando fosse organizada a União Nacional, o integralismo deixaria de ser "partido", seus ele-

mover reuniões de protesto. Plínio Salgado, nos entendimentos

mentos constituiriam o núcleo, o início da formação daquela corrente, mas,

Fui informado de que os integralistas entraram na fase subversiva, cocom

de inteiro acordo com a dissolução

para isso, precisava o integralismo de continuar como associação educativa,

dos partidos, inclusive do integralismo, e sua entrada para o Ministério.

cultural, como uma verdadeira comunidade cívica que era, de desambicio-

Pediu-me apenas alguns (dias) de prazo para informar a seus correligio-

sos, de homens dispostos a todos os sacrifícios, sem aspirar a recompensas. A isso o Dr. Campos mostrou-se perfeitamente de acordo. Pediu-me, então,

o ministro da Justiça, mostrou-se

nários, a fim de que estes aceitassem bem os atos do governo. Depois

17 Salgado, 18 Vargas,

134

19

1950, p. 111.

1d em, p. 89.

20

1995, p. 88.

LEANDRO

PEREIRA

GONÇALVES

Salgado, 1950, p. 118.

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ESTRANGEIROS

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para que eu ficasse rnai . . aIS OItOdias com o projeto de Consrí ._ que lhe apresentasse um parece Insi . . tltwçao, a fim de r. SIStlUem dizer q d . absoluto segredo.» ue tu o aquilo era em Na documentação, via com bons olhos anroxí _ mente pelo fato de se enxergar politicament: ~açoes com. o governo, Princi relembrar o episódio afirmo .". . _proxuno ao presIdente.22 Em 1943PaJ• ,u. onenteí entao os meus co anhei , ao d e franco apoio ao Chefe de Estado . mp erros23no senhd . , cujo pensamento construti •..•o era Igualmente anticomunista, e represe ta . vo e revoIUcion:i..: n va a garann., da ordem 'bli -'0 A . - d pu ca" 24 . poslçao e apoio ou liderança, no entanr _ ,. . Janeiro de 1938, sobre o golpe afi o, nao sera eVIdente e linear E", , rmou que: . < ••

A maior de todas as surpresas que tive em 1 curso de V. Exa. Nessa noite fi. O de novembro foi o dis, quel completamente .d fôramos enganados, desde o primei di _ convencI o de que . erro Ia. Nao houve al carmho para o integralismo ou para os integralistas.25 uma p avra de .A am bi19u1·dade era marca central do seu en . rneira página do jornal Polh. d tcr.:: P sarnenro e atItude. Na pri. . a a uone, em 1945 foi I d Ideologia integralista inspí C .. _ ,01 ança a a manchete: '~ " . rrou a Onstltulçao de 37 " A ' . cunoso depoimento de PI' . Sal d .. . matena afirmou que: mIO ga o fOI dlvulgad [ ] fi . doutrina verde e o regime . , o ... a llldades entre a vigente no país".» N- foi ao 01 com essa interpretação oficial '. golpe em 1937 A vis. d .. que o Iíder mtegralista analisou o . ao cna a em JaneIro de 1938 d inimigos27 foi posterior ao d e serem tratados como momento o golpe ., Sal . nao seria estabelecido que h ia sid ' ja que gado VIUque o acordo , avia SI o enganad \l; tudo para evitar um Contato co I o por argas e que este fazia de m aque e. Mesmo com . nao aceitaria o cargo, continuav . . • . a versao oficial de que a a mSlstencla em assumir o ministério. Em 16

21 I 22

dem, p. 119-120 Os trech d t Id . os es acados em maiúscula são do original em,p.121. .

23

N

..

o onglnal, no lugar de "meus com ." Integralista Brasileira". Vê-se que PIí~~n~~~os d consta com risco "membros da extinta Ação mostrar que o integralismo não morreu expr ga ~' ao revisar o texto, teve como pretensão 24 Salgado, 1950. ' essao que usou comumente até o fim da vida. 25 Idem, p. 126. 26 "Afd

I eologia mar. 1945

integralist··

a inspirou

. . a ConstituiÇão

como essa; pois, em fevereiro de 1938, continuou a correr atrás do sonhado ministério. Oficialmente, era preciso criar um discurso aos milhares de seguidores, e para isso afirmou que a oposição passava a existir em torno da traição varguista. Dizia não aceitar a extinção oficial da AIB. "Preocupado com o que poderia acontecer com a AIB, procurara seus contatos militares para tentar salvar o integralismo como movimento cívico e nacionalista.v" O fechamento da AIB criou um elemento de oposição ao governo," por isso fez questão de relatar ao presidente a causa da não aceitação do ministério, em carta de janeiro de 1938, anterior ao pedido do genro que ocorrera em fevereiro: Falei nestas linhas, francamente, confiadamente, sem nenhuma restrição mental a V.Exa., como um bom brasileiro deve falar ao Chefe da sua Nação. Penso que esta questão do Integralismo precisa ser colocada no terreno exclusivo da confiança e da lealdade. É o que faço. E V.Exa., agora sabedor do motivo por que ainda não aceitei o convite de V.Exa. para seu ministro, poderá concluir em que setor do Governo e de que maneira poderíamos trabalhar com dignidade pela grandeza do Brasil."

28 Rosalina Coelho Lisboa foi poetisa, romancista e conferencista com temáticas voltadas à defesa da igualdade de direitos entre os sexos e a participação feminina na política. Biografia disponível em http://www.republicaonline.org.brfpersonagem.aspacao=verdocs&cod=609. Acesso em: 21 ago. 2012 . No entanto, percebe-se que a movimentação de Rosalina não era meramente literária. Possuía uma série de articulações políticas bem elaboradas, envolvendo líderes da política nacional, como Getúlio Vargas e o integralista Plínio Salgado. Constantemente foi mencionada em correspondências a Plínio, por outros líderes do integralismo, como Raimundo Padilha e Loureiro Júnior, "Rosalina C. Lisboa era casada com o Sr. Larragoiti, empresário da Sul América de Capitalização. Jornalista, integralista, era 'amiga' de Plínio Salgado. Devido às ligações com Vargas, representou o Brasil em várias delegações no exterior, como Chicago (1933), Buenos Aires (1936) e em Lima (1211938), na Conferência Pan-Americana , onde em alguns momentos defendeu uma posição pró-Alemanha." Possas, 2004, p. 10. 29

de 37". Folha da Noit

.

n

fevereiro de 1938, Vargas, em seu diário, relatou: "D. Rosalina" teve uma de ferência com Plínio Salgado e traz-me as condições escritas pelo genro on c Uosé Loureiro júnior] para ele entrar para o Ministério. Pedi à portadora deste s devolvesse, diizen d o que eu nao - tomava con heci ecimento. "29 G etu'1·10 conque a d . 1 dos i tinuava a trabalhar o processo e marupu açao os mtegraliistas. A ambiguidade política e a busca incansável pelo poder geraram ações

01

Salgado, 1950, p. 128.

_ e, Sao Paulo

'

5

Vargas, 1995, p. 109.

30 Campos,

1982, p. 77.

31 Sobre a militância 32 Salgado,

136 LEANDRO

PEREIRA

após o fechamento

da AIB: Cf. Miranda, 2008f2009.

1950, p. 136.

GONÇALVES PRESOS

roimcos

E PERSEGUIDOS

ESTRANGEIROS

NA ERA VARGAS

137

Não foi o bastante. A relação não era duradoura. Foi manipulado por Ge. túlio Vargas. Os seus contatos não foram suficientes para evitar o pior Para os camisas-verdes. Ele foi atrás do general Newton Cavalcanti, simpático ao movimento integralista, e este garantiu que a nova ordem _ Estado Novo _ não pouparia o integralismo.33 Era, portanto, necessário criar uma imagem em torno do líder, como urna vítima nas mãos do mau Getúlio Vargas, e ainda justificar como e por que não haveria combates para defender a AIB. Como forma de manutenção organi_ zacional, Plínio Salgado criou a Associação Brasileira de Cultura CABe), que pretendia seguir os ideais do integralismo no limite da lei. A ideia era dar continuidade ao integralismo na legalidade, conforrne o 0 artigo 21 do estatuto: "São sócios fundadores da ~ssociação Brasileira de Cultura', além de todos os integralistas, de ambos os sexos, inscritos na ~ção Integralista Brasileira'."34 Ao analisar a ABC, Plínio Salgado afirmou: "ultimamente,

fundou-se

nesta capital, com irradiação para todo o Brasil, a As-

sociação Brasileira de Cultura,

de finalidades

culturais,

. tivo de liquidar Getúlio Vargas, o q ue foi um fracasso: obJe

.

,

. d e s foi brutal. Poucos dias aposlho arrusas-ver d reção localizada na I a ' detidos na casa e cor, . , levante, ja se encontravam 'tos de envolvimento com o episo00' divíduos susper Grande, cerca de 1.5 In. ] A risão ou a entrada das lideranças dio ou efetivamente envoIVld~s. ~"d' p trutura organizativa integralista. . .d d abalou mais am a a es d na clandesum ad e fi mados so b ngi ízida disciplina e agora tachados e Os camisas-ver es, or . conviver com uma ampla . e foras da lei, passam a desordeiros, extremistas iticas apesar de perceberem ' . vimento e suas pra , campanha contraria ao mo. d pelo regime estado-novista." que mur'to de sua ideologia fora Incorpora a

A posterior repressao aos c

, . e falta de preparo" destruiu completamente Esse episódio de desordem . ali t no Brasil, com prisões'? e perse. de retensão dos mtegr IS as qualquer tIp~. P embros inclusive de Plínio Salgado. guições de varlOs m , .,

morais e esportivas,

dentro de um sentido vivamente nacionalista". 35A busca da nova legalidade integralista ocorreu em um momento de negociações frustradas, pois se vê que o líder integralista foi levado pelo golpe getulista. A traição foi evidente. A rigor os integralistas se julgavam traídos por Vargas, que lhes havia passado uma "rasteira", fato que Plínio Salgado considerava mais ofensivo a Vargas do que a eles. Assim mesmo, uma corrente procurava Contemporizar, pleiteando cargos - o Ministério da Educação, por exemplo =, en-

. . Luís Gonzaga de Carvalho a maior pena Ja Coube ao sargento fuzileiro I _ ondenado por ter assassiib al: 40 anos de rec usao, c imposta pelo tn un . . le se rendera. O levante d arda palaciana que a e nado um membro a gu ,. eação armada ao regime do 1938 presentou a umca r integralista de re d der pelas Forças Armadas ' al" amento de Vargas o po Estado Novo, ate o IJ .. ção de uma maioria de em 1945. Embora tenha contado com a PartICI~:U planejamento e direintegralistas, o levante envolveu, no to~ante 4~0 - elementos não filiados ao integralismo. çao,

quanto outra, liderada por Belmiro Valverde, cogitava uma conspiração.

36

o ponto

máximo da insatisfação dos integralistas com o governo getulista foi demonstrado em maio de 1938, por meio de um levante armad037 com o 33 Campos, 34

1982, p, 77.

, , com os liberais foi recentemente t Cf Ca rone " 1988. Tal relação dos Integrafillstaasça_o da presença dos dois grupos e ou ros.. N tudo há a a irrn , ta investigada por: Bellintani, 2002.. o eS apital alemão no ato contra o governo varquis . políticos no levante de 1938, incluindo a de c

Salgado, 1937c, p. 88.

35 Salgado, 36 Campos,

"A personalidade 1982, p. 77-78.

. , . ens investigativas, na década de 1960, Através de uma sene de reportag presença de alemães no verificou-se que o levante de 1938 contou com a

de Plínio Salgado". A Offensiva, Rio de Janeiro, 23 jan. 1938.

38 Victor, 2005, p. 42-43,

d com muitos detalhes e saprepara o .• a rev olta o evento f'OICm inimamente . de 1964 detalhou em um dossíê d ' ta O bedoria, Em reportagem, a re~ls _ tuzetro, ual os conspiradores escolheram ,a madruga a_

19 Na visão integralista, 37 Hélio Silva afirma que a liderança do movimento de 1938 esteve a cargo dos liberais que estavam ao lado dos integra listas na organização contra o Estado Novo. Silva, 1971. Teoria ainda compactuada com Reyna/do Pompeu de Campos, que afirma: "A trama não era feita apenas por integralistas, el1vo/vendo outras pessoas que, embora dispostas a derrubar Vargas, não se filiavam nem simpatizavam com o movimento integralista. [...] Dessa conspiração surgiu o putsch de maio de 38, que não foi dirigido nem planejado pelos integralistas, que apenas participaram fornecendo a maior parte dos que entraram efetivamente em ação." Campos, 1982, p. 78. Edgar Carone, por sua vez, dá aos integralistas o papel central do movimento, cujo propósito era matar ou prender Getúlio Vargas, Góis Monteiro, Eurico Outra

~~".l:~~;~~ ~~~'~;~:;. ~:':d~:~~;~~~~:~~:.a:~ ~~!fi~~aS~:sf:;~lii: presidencial.

LEANDRO

PEREII

A GONÇALVES

i~~~~~~i~~~no~~:~~t:r:~I~;~

~:~~s~~~:

exceções."

"A Revolta Integra IS a . foram detidas, entre integra.. .. I cável e perto de 1.500 pessoas policial fOI Imp.a, V as" Campos, 1982, p. 89. listas, simpatizantes e adversários de arg .

40 "A repressão 41 "Revolta

138

:o~~a~~aq~: ~u:~:~~~;:;:i~

[...] As coisas co~~~r~mom~ruzeiro. Rio de Janeiro, 5 set. 1955.

Integra ISt a." In.. Dicionário ... , 2001. " PRESOS

POLITICOS

E PERSEGUIDOS

ESTRANGEIROS

NA ERA VARGAS

139

ataque ao Palácio da Guanab xada da Alemanha no Br 'lara, evento que chamou a atenção da E ' l1lba' Karl Ritter, que chegou ao'aSI por me' 10 d o recem-empossado emba' I. . , paIs em julh d 19 42 IXad Investlgativo Edm M o e 37. Em 1969' ar ar orel levantou d ' o ]ornali rnã destacando relações germânica ocum:n~os junrn à Embaixada Sta mações privilegiadas teve a re s e brasIleIras no putsch. Com I'n!le. b '1' ' portagem pubI' d' tOr_ rasi erros, inclUindo o Jornal de Ala oas I~a ~ em varios periódico xador descrevendo o rnov] goas. Nele ha dois relatórios do e b ,s a ÓS Imento que ocorreu no Rio d ' 11l ar, p o ataque, o documento 2621 52573 e JaneIro, Dois di Insurreição no Brasil diz: 2-34, com o aSSunto Tentat' as ,

,

lVa

Embaixador brasileiro se alguma coisa tiver sido feita, Espero futuras prisões de cidadãos do Reich aqui. Deve o tom das "dérnarches" tornar-se ainda mais duro? A propaganda da América do Norte acusa os alemães de se terem organizado na véspera da revolta de ontem, O Governo brasileiro até agora tem permitido essa propaganda." A reportagem

de 1969 do jornalista

Edmar MoreI ainda levantou

que o

embaixador notificou o Reich sobre a posição do Estado Novo:

de

A polícia, por sua vez, prendeu vários alemães que participaram do asExplodiu uma revolta contra o Governo ' , Janeiro, na noite de 10 para 11 de mai ,de. GetulIO Vargas, no Rio de observador das condições 10 'E ,o, nao houve surêsa43(sic) para CaIS, ssa e a segu d ser sufocada com derram n a revolta que tem de , amento de sangue desde ' sldente se iniciou em 10 d que a dItadura do Pree novembro do ano d tentativa chegou a ser fi ir passa o, Desta vez uma ei a para prender se " sua família, inclusive as mulh ' - o propno Presidente, Ele e eres, tIveram de d f d na mão, Esses incidentes out e en er-se com revólver ' ra vez confirmam a i lari 1 a regIme, desde que o Ch fi d mpopu arldade do atu, e e e Estado romp rido Integralista, Apenas rest b 1 eu Sua palavra com o Paro controí 'I' P'aIS e, ainda possível mant a e ecendo ' e rnr itar sobre todo o er-se o regime no d esperadas no futuro.w po er, Novas revoltas são Em sequê , encia, em outro relatório o e baí presença dos alemães no evento d : m axxador Karl Ritter delineou a , ld e rnaro de 1938 nUI ez, os conflitos na Segund G ' ,mostrando assim, com mais latório 235/156963, no dia 13 :e ;::; MundIal, Disse o embaixador em reEm São Paulo al . ' guns membros do Partido fi gaçao de sua atividade polfrí ,oram presos para "investica no Brasil". K ' Escritório Central do R 'h b ' oerug, o representante do , eic es ahn no Rio de Ian ' SUa, está entre eles Eu h ' erro e que foi lá em vi, , ,o]e protestarei junto ao M' , " e exIgIrei a sua libertação irn di Inlsteno do Exterior, e lata, Por favor dê , as relações com o Brasil bé e-me Instruções sobre , e tam em que passos foram dados aí junto ao

salto ao Guanabara, inclusive os que tomaram o Posto Telefônico da Rua 2 de Dezembro onde foram assassinados vários soldados da legalidade, Getúlio disse, num discurso pronunciado perante uma multidão calculada em 200,000 pessoas, disse textualmente - Com o auxílio vindo de fora queriam comprometer a soberania do Brasil." Em vários momentos,

Plínio teve a necessidade de debater sobre relações e

contatos com os nazistas, e em todos os momentos afirmava a inexistência de projetos mútuos como em eloquente e agitado discurso em 1959 na Câmara dos Deputados, Divulgado pelo jornal O Estado de S, Paulo, afirmou: "O Sr, Plínio Salgado negou que o seu destino político estivesse ligado ao de Hitler,"? Esperava uma Câmara "desmemoriada",

mas teve trabalhos para debater sobre o passado

autoritário que na década de 1950 era travestida com uma roupagem democrata, Antes do levante, no início de 1938, Plínio Salgado tentou formas rearticular

o movimento

ao Palácio Guanabara, possibilidade

integralista

de todas as

através da ABC, mas o ataque

em maio de 1938, frustrou

completamente

qualquer

de diálogo com o governo, mesmo existindo a versão oficial de

que o líder não estava por trás da revolta, Nesse momento,

passou a assumir

uma dupla face: em alguns momentos, ocupou um espaço de crítico do regime getulista, principalmente quando era preciso inflamar os militantes; já em outros momentos,

de diplomacia,

buscou um rápido acordo, Em um documento

de 1938 intitulado: "Camisas Verdes! Escuta", conclamou os camisas-verdes a não desistirem da luta pelo integralismo: "Camisas Verdes! Escuta: Juraste um dia viver ou morrer com honra, por Deus, pela Pátria e pela Família, Se deixares de cumprir o teu Dever, bem sabes, serás um perjuro, um covarde, um

42

P

etry Rahmeier, 2008, p, 193-216

43

,

'

No Jornal está escrito "surêsa" 44 "AI _ ' mas subentende_se "surpresa" " emaes estiveram no ata u . , ' ceio, 23 mar, 1969 Q e ao Palaclo Guanabara também" J I ' , orna de Alagoas,

451bidem, 461bidem, Ma47 "Iniciou a Câmara o processo histórico do Integralismo", 19 abr, 1959,

140 LEANDRO

PEREIRA

O Estado de S, Paulo, São Paulo,

GONÇALVES PRESOS

POLÍTICOS

E PERSEGUIDOS

ESTRANGEIROS

NA ERA

V ARGAS

141

miserável indigno de ti mesmo e dos que te a Getú'1"10 Vargas, VIsto como um conspirador alcançar o poder. Destaca-se a diferente visão ao golpe de 1937: antes algo interessante para governo de violência e ilegal:

são caros":" e fez duras crític as que usou fiorças obscuras Para que Plínio Salgado passou a dar a prática integralista; agora, ulll.

Getúlio Vargas, o usurpador, réu de vários crimes, entre os quais se enumeram quantos, por ele ou em seu nome, foram praticados contra a propriedade e a vida de seus concidadãos, detém violentamente, em suas mãos, o poder. [...] Getúlio Vargas, ao sentir, com a aproximação das eleições que se deveriam ferir em janeiro do corrente ano, a inevitabilidade de sua queda, procurou novo mandato que o autorizasse, embora ilegalmente, a permanecer no Poder, forjicando, para tal, documentos falsos, cuja autoria atribuiu, cinicamente, ao Estado-Maior do Exército. Mediante esses documentos, depois

. . anto seus companheiros de empreita~a ti...lssimas e, tanto os mtegrallstaS qu deus adversários comumstas seve•• . d fi . res do que as e s _harJl, agora, condiçoes de e esa piO fi da AlB foram excluídos do processo JJ>' sado."51 Por falta de provas, os che ~s d 11 de maio de 1938.52 nO pas. fite alistas deVIdo ao levante e . dicial mOVIdocontra os gr, . . . alrnente após a revolta, mas a JU fu . d d rante vanos meses, pnncip . d líflÍo ficoU re gta o u d foi deflagrada "a primeira rentanva e P ., grave desde março, quan o r . "53 situação Ja era d 1938 sendo contudo, abortada pela po icia . ] no dia 11 de março e , ' levante [... me figurava corno mandante, mas era bem claro Em nenhuma revolta o seu no d uniçâ o Segundo sua esposa, Carmela fi visado no momento a p . mui stabilidades. Em depoimento, afirmou: qUe o Che e era o ríodo era dee mUltas fi Patti Salga d o, o pe uma casa uma semana em outra, , _ tính os uma casa fixa. Uma semana n , , fi . "NoS nao am ital durante dois anos. Ate que ele 01 a semana no fiterior, uma semana na capnai, . . eiro de 1939: um dru da "54Foi capturado por estar foragtdo em Jan preso numa ma ga . . de Ordem política e Social efetuou na madrugada de h~je A De 1egaCia F o jardim . _ do Sr Plínio Salgado, num palacete da Rua rança, n a pr~s~o O d~legado de Ordem política, acompanhado apenas pelo che~ Amen~a.. Vicente Malzoni e mais 12 homens, deu cerco a fe dos InvestIgadores, Sr. d difi Idades em prenresidência do chefe integralista, não encontran o 1 eu F "[arh palacete da Rua rança no u dê 10 A' hora em que a polícia c ego ao e- . . . d O local é deserto e di América" o prédio ainda estava todo ílumína o. 1m, b posto A caravana o Sr. Plínio Salgado ali mora~a.há meses~~e ::;~:ue dep~is de distrí-

de alarmar com os mesmos a Família Brasileira [...] Getúlio Vargas, por intermédio de seus agentes, invadiu, a seguir, centenas de lares, de onde arrancou violentamente, chefes de famílias, injuriando esposas e filhas, tripudiando sobre sua honra e arrastando a ruína milhares de brasileiros. Getúlio Vargas é responsável por dezenas de assassinatos, pelo sequestro, pela prisão, pelas ofensas morais e fisicas e pelas depredações praticadas em seus lares, contra milhares de brasileiros, entre os quais sobressaem os integralistas. Getúlio

rÓ»

Vargas é o déspota que mantém em reclusão, após incríveis maus-tratos e injúrias contra seus desmandos. Getúlio Vargas, com os seus desgovemos, lançou o País na miséria, reduzindo-o à situação de pobre protetorado de outras nações. CAMISAS VERDES! ONDE ESTÁS?49 Passou a construir uma imagem negativista de Getúlio Vargas, utilizando o mesmo apelo emocional que realizava anteriormente ao decretar o anticomunismo. A oposição em relação ao governo era total, principalmente quando enxergava aspectos do integralismo no governo varguista. Não restava outra opção para Getúlio Vargas a não ser retirá-lo da cena política brasileira, e foi o que ocorreu em 26 de janeiro de 1939, quando o líder integralista foi preso. Noticiou o jornal A Noite: "Preso o Sr. Plínio Salgado! A diligência realizada em S. Paulo a 1 hora da madrugada de hoje". 50Antes dessa prisão, militantes de menor importância

policial aproximou-se do pr~diO com gr andou alg~ns destes baterem à buir, em tomo dele, os doze Inspetores, rn H' Salgado irmão se abriu e diante do delegado, o Sr. ennque , porta. Esta . .' . risão foi imediatamente efetuada. Logo a do ex-chefe íntegralísta. cuja p h olhido ao seguir foram detidos os Srs. Plínio Salgad~, .que se ac ava rec policiais, enro Sr. José Loureiro júnior, que, ao ver os aposen t o,, e seu g Quando os cômodo da casa, fechando-se no quarto. correra para um 'ficaram que Loureiro tentava por . . . traram no quarto ven policiais pene ' êrn foi sustado pela autoridade e feita fi s papéis Este gesto, pore , . aO:;r:e:ão dos r~feridos papéis. Os três pres.os foram a seguir conduzidos para a Delegacia de Ordem política e SOCial.55

foram presos e colocados nas mesmas celas que os comunistas. t~s penas foram 51 Campos, 1982, p. 90. 48 Salgado,

Plínio. "Camisas Verdes: escuta". Arquivo Público e Histórico de Rio Claro/Fundo Plínio Salgado. APHRC/FPS-090.001.035 (grifas do autor).

49 Ibidem (grifo do autor). Os trechos destacado

em maiúsculas

50"Preso

de

Integralista",

Carmela Patli, 2004.

55 "Preso o Sr. Plínio Salgado!. ..", 1939.

PRESOS

142

LEANDRO

PEREIRA

GONÇALVES

2001.

53lbidem.

54Salgado,

são do original.

o Sr. Plínio Salgado! A diligência realizada em S. Paulo a 1 hora da madrugada hoje". A Noite, Rio de Janeiro, 26 jan. 1939.

52 "Revolta

POLÍTICOS

E PERSEGUIDOS

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V ARGAS

143

Sua captura teve episódios peculiares, que mostram como a força d h ali . o c ee integr ista continuava persistindo. Segundo o jornal Correio da Manhã a busca . era tentada havia vários meses pelas autoridades da O r d em P o líItlca : _ e SOCIal de Sao Paulo, e um homem, que dizia ser seu inimigo r alo di denú ' e IzaVa rversas enuncias em relação ao paradeiro do líder integralista . "E sse h 0fi'

mem andou percorrendo várias regiões do estado acompanhado de olici . 1\, d dili f PaiS. ,
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