O ESTÚDIO FISÇÕES - resumo expandido

July 4, 2017 | Autor: Vinícius Albricker | Categoria: Teatro, Declan Donnellan, Stanislávski, Atuação Cênica
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CARVALHO, Luiz Otavio (UFMG)2 e ALBRICKER, Vinícius (UFSJ)3 Co l a b o r a ç ã o : Ca m i l a F l á v i o , Ca m i l a Va z , C o r a R u f i n o , D é c i o N o g u e i r a , N i c o l i Fa b r i n i , S a m u e l M a c e d o . Resumo: Este texto apresenta o Estúdio Fisções, laboratório de treinamento cênico e centro de pesquisas em ação física e metodologia do alvo. Realizamos uma compilação para apresentar um panorama dos trabalhos práticos e das pesquisas realizadas no Estúdio, que abordam sobretudo as áreas de treinamento de ator e de formação do professor de teatro. Os resultados revelam os desdobramentos singulares que o estudo da metodologia do alvo promove e a ampla aplicabilidade do alvo como um instrumento eficaz para o ensino e aprendizagem do teatro. Palavras chave: Estúdio Fisções. Alvo. Atuação Cênica. Abstract: This summary introduces Fisções Studio, a scenic training laboratory and a research center on physical action and the target methodology. We have compiled the Studio member’s reports so as to achieve our aim of presenting an overview of our work, both on training actors and on preparing theatre teachers. The results have revealed both the diversity of interests these issues can arouse and the wide applicability the target methodology has showed as an effective means of studying theatre Key words: Fisções Studio. Target. Acting.

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1 Resumo expandido submetido em 21/01/2015 e aceito em 07/06/2015. 2 Professor Associado do Curso de Graduação em Teatro da Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador geral e pesquisador orientador do Estúdio Fisções. Doutor em Artes Cênicas: Direção Teatral (USP). ([email protected]) 3 Professor Substituto do Curso de Graduação em Teatro da UFSJ. Doutorando em Artes da Cena no Programa de Pós-Graduação em Artes da UFMG. Mestre em Artes, linha de pesquisa - Artes Cênicas: teorias e práticas. ([email protected])

O Estúdio Fisções é formado por uma equipe de 8 coordenadores, a saber: Camila Flávio, Camila Vaz, Cora Rufino, Décio Nogueira, Luiz Otavio Carvalho, Nicoli Fabrini, Samuel Macedo e Vinícius Albricker, sob a coordenação geral de Luiz Otavio Carvalho, que é professor no Curso de Graduação em Teatro da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Essa equipe vem se dedicando há 4 anos à pesquisa de ação física, segundo os princípios de Stanislavski, em diálogo com a metodologia do ‘Alvo’, de acordo com o trabalho de Declan Donnellan intitulado ‘O ator e o Alvo’. O Estúdio Fisções é um grupo de pesquisa teatral e atuação cênica do Curso de Graduação em Teatro EBA/UFMG, registrado no Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema da EBA/UFMG. Seis dos seus coordenadores já se formaram no Curso de Graduação em Teatro da EBA/UFMG, sendo que um deles, Vinícius Albricker, tendo concluído seus estudos de Pós-Graduação sobre o tema de pesquisa do Estúdio, em nível de mestrado, está atualmente desenvolvendo sua pesquisa de doutorado, também relacionada ao tema trabalhado no Estúdio. A pesquisa tem sido divulgada a partir de artigos em anais de congresso, capítulos de livros, dissertações de mestrado, monografia de licenciatura de conclusão de curso, artigos relacionados a trabalhos cênicos de conclusão de curso e espetáculos teatrais de âmbito acadêmico. Além disso, o Estúdio Fisções oferece regularmente de ano em ano, no Curso de Graduação em Teatro da UFMG, laboratórios de treinamento de ator a estudantes que se interessam pelo tema. Há uma previsão de publicação de dois livros até 2016 e de uma tese de doutorado até 2018. Cada um dos 8 integrantes, de acordo com suas preferências, recorta o tema geral da pesquisa em um aspecto específico da atuação cênica, da formação do ator bem como da formação do professor de teatro, para que possa se dedicar a um aprofundamento teórico e prático sobre a questão escolhida. Além disso, os coordenadores participam como condutores, alternadamente, nos laboratórios oferecidos pelo Estúdio desde 2013, cada um com duração mínima de dois semestres letivos, com uma carga horária de 120 horas por semestre letivo, com dois encontros por semana de 4 horas/aula. Sendo que, geralmente, o primeiro semestre é de treinamento dos princípios de atuação cênica que pesquisamos e o segundo semestre é dedicado à montagem do espetáculo cênico de âmbito acadêmico, onde aplicamos os princípios de atuação treinados. Esses laboratórios têm a coordenação geral do professor Luiz Otavio Carvalho que também conduz parte dos trabalhos. Apresentamos a seguir os trabalhos práticos e as pesquisas de cada um dos integrantes. Trabalhos e pesquisas que resultam em contribuições para o Estúdio na formação do ator e do professor de teatro, bem como do pesquisador da área de atuação cênica. Camila Flávio vem desenvolvendo seu trabalho com foco no treinamento de habilidades de atuação de atores principiantes e de atores experientes. Aproveita, também, para investigar como deve dirigir atores em um trabalho de composição cênica. Em ambas as áreas de experimentação,

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Camila Flávio utiliza-se do Alvo como princípio metodológico. Sua meta é conseguir atingir uma atuação reativa e comunicativa. Além disso, procura desenvolver nos atores a atenção ativa aos companheiros de cena, ao contexto e ao espaço do jogo cênico. Finalmente, pretende conduzir os atores a uma cena viva e pulsante. O recorte da pesquisa de Camila Vaz refere-se à construção da personagem, tendo o Alvo como instrumento metodológico no processo de criação do ator. Sua escolha fundamenta-se em suas observações sobre a ansiedade que os atores apresentam em “capturar” a essência da personagem. Aspecto este que a metodologia do Alvo elimina, substituindo-o por elementos concretos, ativos e circunstancias concernentes aos verdadeiros objetivos teatrais das personagens. Camila vem desenvolvendo esses trabalhos sobre o assunto em treinamentos e direção de atores, bem como em sua própria pratica de atuação como atriz. Cora Rufino busca utilizar a metodologia do Alvo como um conjunto de ferramentas úteis, para conseguir frescor e espontaneidade cênica em um jogo de reações bem afinado. Essa sua prática é aplicada tanto em treinamento de atores como em suas experiências de diretora e atriz. Em Alzira4, Cora aplicou seus conhecimentos sobre o Alvo para incentivar a atriz a perceber tipos variados de estímulos com que ela poderia trabalhar nesse caso específico em que não havia nem texto e nem cenário. Por exemplo: como o som poderia atuar em cena não só como um fundo musical, mas também como um Alvo provocador das reações da personagem Alzira. A mesma estratégia foi aplicada à utilização do espaço e à manipulação dos objetos imaginários. Cora dedica-se à pesquisa de como o ator pode encontrar estímulos externos, utilizando o Alvo, na composição de espetáculos solo. Décio Nogueira leva a sua bagagem como pesquisador do Estúdio Fisções às salas de aula do 2º e 3º ciclos do ensino fundamental, trabalhando com crianças que nunca fizeram teatro. Décio conduz suas aulas apoiado na metodologia do Alvo e na Pesquisa-Ação. Décio considera o Alvo uma ferramenta eficaz tanto para a aprendizagem de aspectos básicos do fazer teatral como para formar espectadores ao sensibilizar seus alunos para o conhecimento de mecanismos da atuação cênica. Outro fator interessante é que o processo de ensino-aprendizagem orientado pela metodologia do Alvo não precisa ser subordinado a nenhuma estética teatral específica. Isso contribui para que o olhar do espectador volte-se para a atuação, pois a ênfase recai sobre o jogo do ator, suas regras e especificidades. Nicoli Fabrini investiga processos de criação coletiva desencadeados e orientados por Alvos. Em Clara Manhã de Quinta à Noite5, Nicoli e mais três membros do Estúdio Fisções (a saber: Camila

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4 Cena Curta da atriz Dinalva Andrade, dirigida por Cora Rufino, apresentada no projeto A-Mostra.Lab, em Belo Horizonte-MG, em junho de 2014. Disponível em:

Vaz, Cora Rufino e Samuel Macedo) assinam a dramaturgia, a direção, o texto, a trilha sonora e o figurino. O fato de não haver uma figura diretiva no processo não significou criar sem referências. No caso, o deflagrador e condutor do processo foi o Alvo com suas regras e estratégias. Trabalhar com Alvos favoreceu à criação coletiva na medida em que deu liberdade aos atores para atuar reativamente com muita atenção às propostas do outro. Para Nicoli, o Alvo se apresenta como uma ferramenta auxiliadora de afinação, de plasticidade e, também, de criação dramatúrgica coletiva. Samuel Macedo tem pesquisado a construção dramatúrgica de textos de teatro através da utilização do Alvo como instrumento pedagógico e metodológico. Para isso, tem realizado experimentações práticas com alunos do ensino básico. Essa experimentações consistem de jogos e exercícios teatrais tanto de composição cênica quanto de composição textual em que o Alvo desempenha um papel indispensável. Nesse caso, Samuel investe na sugestão de temas e palavras como potenciais Alvos provocadores para desencadear a construção dramatúrgica, desenvolvida juntamente com os alunos6. A pesquisa e o trabalho prático de Vinícius Albricker dirige-se ao desenvolvimento da fala cênica e do tempo-ritmo na atuação cênica, em que o Alvo constitui o instrumento metodológico de base. Em função disso, Vinícius tem elaborado e experimentado exercícios didáticos sobre os temas acima citados em laboratórios de treinamento de ator, em direções teatrais e em suas próprias atuações como ator. Sua meta com os atores que treina e dirige, bem como consigo mesmo, é uma atuação viva. O Alvo tem sido seu instrumento indispensável para que o corpo do ator, incluída a sua voz, esteja sempre pronto para reagir com as mais variadas e eficazes nuances expressivas. Luiz Otavio Carvalho, como coordenador geral e pesquisador orientador do Estúdio Fisções, além de supervisionar todo o trabalho realizado pelos seus integrantes, desenvolve exercícios para treinamento de atores em atuação cênica, fundamentada em ação física, a partir do Alvo como instrumento metodológico. Além disso, em parceria com Vinícius Albricker, Luiz Otavio Carvalho está escrevendo um livro didático sobre treinamento de atores em ação física através da metodologia do Alvo e traduzindo o livro de Declan Donnellan, The Actor and the Target. Ambos os projetos bibliográficos têm a previsão de serem encaminhados para sua publicação em 2015.

5 Este espetáculo foi livremente baseado na obra homônima de Don Wood e Audrey Wood e foi apresentado na Universidade Federal de Minas Gerais, em junho de 2014, como Trabalho de Conclusão de Curso de Nicoli Fabrini, para obtenção do título de Bacharel em Interpretação Teatral. 6 Essa pesquisa está divulgada na monografia de licenciatura de Samuel Macedo, intitulada O Alvo Como Ferramenta Pedagógica no Processo de Construção Dramatúrgica na Educação de Jovens e Adultos, apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Teatro, no Curso de Graduação em Teatro da UFMG.

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Referências ALBRICKER, Vinícius. A fala cênica sob o entrelaçamento dos princípios e procedimentos de Konstantin Stanislavski e Declan Donnellan. Belo Horizonte: Dissertação (Mestrado em Arte e Tecnologia da Imagem) – Escola de Belas Artes, Universidade Federal de Minas Gerais, 2014. Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/EBAC-9QBN75> CARVALHO, Luiz Otavio. “Uma abordagem metodológica do ‘objetivo’ stanislavskiano como organizador de partituras de ação física”. In: TELLES, Narciso e NOSELLA, Berilo (org.). Um dedin de prosa: recortes da pesquisa em artes cênicas no estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Editora da UEMG, 2015. Volume 3: Processos educacionais. No prelo. _____. “O Objetivo como operador teórico e prático no trabalho e na formação do profissional de teatro”. In: VI Jornada Latino-Americana de Estudos Teatrais, 2013, Blumenau. Disponível emhttp://www.atuarproducoes.com.br/jornada2013/includes/artigos/Stanisla%CC%81vski%20e%20 seus%20procedimentos DONNELLAN, Declan. The Actor and the Target. Londres: TCG, 2006. STANISLAVSKI, Konstantin. An Actor’s Work: a student’s diary. Tradução de Jean Bennedetti e introdução de Declan Donnellan. Nova York: Routledge, 2008.

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