O Falcão Peregrino: as aventuras espirituais de um perenialista nos Tempos Modernos.

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O Falcão Peregrino[1]
O metafísico e esoterista britânico William Stoddart aos 90 anos de
idade.
A celebração do aniversário de uma testemunha ocular e um ativo porta-
voz da Filosofia Perene no século XXI.

Por Mateus Soares de Azevedo.[2]


Em 1945, aos 20 anos de idade, William Stoddart fez uma descoberta que
seria a mais decisiva de sua vida: a descoberta da Filosofia Perene por
intermédio dos escritos de Ananda Coomaraswamy. Isso mudou
fundamentalmente sua vida, e lhe deu uma direção segura. Pela primeira
vez, ele começou a entender o que significam "objetividade" e verdade
absoluta. Em um dos livros de Coomaraswamy, ele se deparou com o nome de
René Guénon e, tendo percebido que era alguém significativo,
experimentou, em 1946, seu primeiro encontro com os livros de Guénon.
Sobre essa experiência, Stoddart disse: "Eu achei difícil acreditar que
alguém poderia ir mais longe do que Coomaraswamy, mas Guénon certamente
foi." Mas havia mais - muito mais - por vir.

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, Stoddart começou suas
explorações na Europa continental. Ele começou por visitar a França e a
Bélgica, em 1947, a Espanha e Portugal, em 1949, e a Itália, em 1950. Em
sua primeira visita a Paris, em 1947, Stoddart descobriu, em uma
livraria do Quartier Latin, a revista Études Traditionnelles, que
publicava os escritos de Guénon. Ele imediatamente assinou a publicação
e adquiriu todos os números disponíveis. Assim Stoddart descreveu a
sequência dos eventos:
"Verifiquei um a um todos os números da revista, lendo
sistematicamente todos os artigos de Guénon. Depois, voltei minha
atenção para os outros artigos. Uma noite, notei um artigo
intitulado 'Modos da Realização Espiritual'. Parecia algo ao longo
das linhas guénonianas, de modo que mergulhei nele, tendo ao final
a experiência de um 'Taj Mahal' de verdade - cristalino e simétrico
- sendo construído diante de meus olhos! Este artigo ia muito mais
longe do que René Guénon! Isso era possível? Era como se eu tivesse
sido transportado corporalmente para o Reino dos Céus! Eu me
perguntava: 'Quem poderia ser o autor de um texto assim? Então,
olhei para o nome do autor e vi 'Frithjof Schuon'. Peguei todo o
pacote de Études Traditionnelles que timha comigo e chequei para
ver se havia mais algum outro texto que Frithjof Schuon tivesse
escrito. Havia apenas alguns itens na época, mas havia alguns. Li-
os ansiosamente, e fui totalmente tomado por eles".

Em uma viagem à Itália, em 1950, em uma livraria em Florença, Stoddart
viu vários livros de Schuon traduzidos para o italiano. Anotou o nome e
endereço (em Nápoles) do tradutor italiano e editor desses livros, e
decidiu viajar até Nápoles para conhecê-lo. Este seria seu primeiro
encontro com alguém familiarizado com os ensinamentos de Guénon e
Schuon, e esta pessoa, além de informá-lo acerca de muitas coisas,
também lhe deu os endereços de pessoas interessadas que viviam em
Londres. Assim começou a longa associação de Stoddart com a escola
Guénon-Schuon de intelectualidade e espiritualidade, uma escola que
posteriormente tornou-se conhecida como a escola "tradicionalista" ou
"perenialista".

Desde sua juventude, Stoddart buscou compreender o significado das
coisas. Em uma entrevista a Lynn Pollack (2003), ele lembrou:

"Fui criado em um Protestantismo simples e elementar (a Bíblia,
Deus, Cristo e a oração). Eu nunca rejeitei estas coisas, mas, já
com a idade de onze anos, fiz a maravilhosa descoberta das
religiões orientais. Devo isso a meu pai que, como engenheiro
naval, ia com frequência à Índia e trabalhou com indianos
(muçulmanos principalmente, mas também alguns hindus), muitos dos
quais eu conheci quando seus navios atracavam em portos britânicos;
com a mesma idade, em 1936, minha educação incluiu informações
elementares sobre o Hinduísmo e o Islã. Aceitei tudo isso
naturalmente. Nunca me passou pela cabeça que essas religiões
poderiam ser falsas. Eu sabia instintivamente que eram
verdadeiras, mas não tinha ideia, naquela época, do quanto a
doutrina da "unidade transcendente das religiões" iria significar
para mim mais tarde. Devo acrescentar aqui que essa intuição da
validade das religiões não-cristãs de nenhum algum enfraqueceu meu
apego ao Cristianismo ".








Para ler a sequência deste artigo, favor assinar a revista
canadense Sacred Web No. 35 (Summer 2015).

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[1] O falcão peregrino é uma ave de rapina que vem a São Paulo, cidade
situada na extremidade dos trópicos, para escapar dos rigores do
inverno. Como as visitas do pássaro coincidiram com as de William
Stoddart ao Brasil, seus amigos brasileiros lhe deram esse apelido. Além
disso, ambos compartilham algumas características. O pássaro é dono de
uma técnica de caça impressionante, que faz dele o animal mais rápido da
terra torna -- 389 km por hora, segundo a National Geographic Review!
Ele está associado a príncipes na "hierarquia das aves", mais armado com
a sua coragem do que com as garras. O sábio persa Suhrawardi, em seu
livro "O Intelecto Vermelho", também se referiu ao simbolismo desta ave
real.
[2] Uma versão em inglês deste ensaio foi publicada na revista canadense
Sacred Web No. 35 (Summer 2015).
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