O faro, o furo e outras questões: uma análise das rotinas produtivas do jornalismo após o surgimento da internet comercial no Brasil

July 28, 2017 | Autor: Adriana Santiago | Categoria: Teorias Do Jornalismo
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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011

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O faro, o furo e outras questões: uma análise das rotinas produtivas do jornalismo após o surgimento da internet comercial no Brasil Adriana Santiago 1 Raone Saraiva2

Resumo: Este trabalho pretende analisar as principais mudanças pelas quais passou o jornalismo depois do advento da Internet comercial no Brasil, em 1995, tendo em vista que a informação passou a ser produzida e propagada de maneira efetiva e instantânea. Os profissionais tiveram que se adaptar à nova realidade, começando a exercer um jornalismo modificado, ainda mais dinâmico do que o praticado até então. O perfil deste jornalista dentro das atuais redações será abordado neste trabalho, através de observação participante e de pesquisa de opinião realizada com profissionais do jornal Diário do Nordeste e O Povo, principais veículos impressos do Estado do Ceará. O questionamento durante a pesquisa é para saber se o jornalista ainda é aquele que está nas ruas em busca de notícias ou se está acomodado.

Palavras-chave: Jornalismo; rotina produtiva; Internet; furo jornalístico; jornalismo sentado.

1. Introdução Entre as várias mudanças provocadas pela Internet, uma das mais impactantes é a forma como interferiu na maneira do homem se comunicar. A informação, nesse contexto, é produzida e propagada de maneira efetiva e quase que instantânea, pois a noção de tempo e espaço mudou completamente. No Brasil, a abertura da Internet comercial ocorreu em 1995. A rede deixou de ser exclusiva do ambiente acadêmico e alcançou todos os setores da sociedade. De acordo com J.B Pinho (2003), a Internet estimulou o ingresso de governos, 1

Mestre em Comunicação e Culturas Contemporâneas (UFBA) e professora do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor). 2 Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

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organizações, instituições e empresas comerciais, inclusive as jornalísticas, no ciberespaço. As empresas jornalísticas passaram por mudanças na produção de notícias ao utilizarem a Internet como ferramenta de trabalho. A atividade jornalística ficou ainda mais dinâmica em função das inovações tecnológicas. Assim como o surgimento do rádio e da televisão no século XX, a chegada da Internet no século XXI modificou o jeito de fazer jornalismo. Adriana Garcia Martinez (2007) explica que o caráter noticioso dos primeiros portais de informações, oriundos de empresas jornalísticas, gerou leitores ávidos para ver as notícias reproduzidas na tela do computador. Isso pode explicar como a forma como o leitor se relaciona com a informação também foi modificada logo no início da Internet comercial. Diferente do jornal impresso, do rádio e da TV, a Internet possibilita ao leitor de notícias maior interatividade com o produto que ele está consumindo. Essa realidade, diz João Canavillas (2001), proporcionou uma rápida migração dos meios de comunicação de massa para a plataforma online. Por isso, foram introduzidas novas rotinas no jornal impresso, no rádio e na televisão, veículos que passaram a utilizar a Internet para distribuir seus conteúdos. “Se, para o jornalista, a introdução de diferentes elementos multimédia altera todo o processo de produção noticiosa, para o leitor é a forma de ler que muda radicalmente. Perante um obstáculo evidente, o hábito de uma prática de uma leitura linear, o jornalista tem de encontrar a melhor forma de levar o leitor a quebrar as regras de recepção que lhe foram impostas pelos meios existentes” (CANAVILLAS, 2001)

Com a informatização, as notícias começaram a ser divulgadas e atualizadas de forma mais rápida. O jornalismo online representou uma grande mudança na forma de produção e distribuição das informações. Todo o processo produtivo da notícia se torna mais prático e, resguardadas as críticas sobre a qualidade, pode ser realizado até por apenas por um profissional, como exemplifica Fábio Henrique Pereira (2009): “Do bolso direito do colete, ele retira uma câmara e começa a filmar. Algumas vezes para e saca fotos com o mesmo aparelho. No bolso esquerdo, carrega um palmtop e uma caneta. À tiracolo, um pequeno notebook” (PEREIRA, 2009, p.84).

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Martinez (2007) explica que o jornalista que trabalha para um veículo online se apropria dos meios de produção, tendo em vista que ele mesmo pode coletar, administrar, filtrar, editar e publicar as notícias sozinho. Por outro lado, Giovana Lucas (2002) afirma que o profissional de imprensa está diante de uma realidade em que a velocidade está em primeiro lugar. Segundo ela, o jornalista é valorizado mais pela agilidade do que pela qualidade do texto. “Devido à sua velocidade de publicação e atualização constante, as notícias em tempo real realizam um tratamento superficial da notícia e impõem um ritmo acelerado de trabalho para os profissionais de imprensa que têm que buscar antes de tudo, o „furo‟ jornalístico” (LUCAS, 2002, p.08).

2. O imediatismo e o fator tempo Sabe-se que a atividade jornalística está diretamente ligada ao tempo, fator que condiciona todo o processo de produção das notícias. Os jornalistas trabalham em função das horas de fechamento. Se o imediatismo é extremamente valorizado no jornalismo impresso, na mídia online se torna ainda mais importante, o que deixa a rotina produtiva mais acelerada. A busca pela instantaneidade da informação e o suposto rompimento com as limitações do tempo e espaço, porém, podem influenciar diretamente na qualidade da informação jornalística, como afirma Leonel Aguiar (2009), referindo-se à facilidade tecnológica que o jornalismo online tem de transmitir as informações de forma imediata: “Entretanto, a superação dos limites de tempo e espaço proporcionada pela web e pelo processo de digitalização da informação não garante, necessariamente, uma melhor qualidade do produto jornalístico, pois o privilégio dado para a instantaneidade e a quantidade de notícias ocorre em detrimento do aprofundamento do noticiário” (AGUIAR, 2009, p. 171).

Aguiar (2009) reconhece que o jornalismo feito na Web consegue convergir os formatos dos meios de comunicação tradicionais como o rádio, a televisão e o jornal impresso, mas considera que isso, ao invés de ser uma ruptura com esses meios, é

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apenas a continuidade e potencialização dos veículos tradicionais, argumento também defendido por Marcos Palacios (2003). Segundo

Palacios,

(multimidialidade/convergência,

são

seis

as

interatividade,

características hipertextualidade,

da

Internet

personalização,

memória e instantaneidade do acesso) que potencializam o jornalismo online. Entretanto, o autor ressalta que é importante estabelecer uma premissa básica que afaste qualquer tentativa de considerar que a Internet está em oposição às mídias anteriores. Nas redações de jornal impresso, as novas tecnologias alteraram o fluxo de processamento das notícias nas redações. A intensa modernização, que começou a partir dos anos 1980 e se intensificou nos anos 2000, causou impactos na forma do fazer jornalístico. Comparando a atividade jornalística antes e depois da mídia eletrônica, Álvaro Caldas (2004) observa que as redações dos veículos impressos eram lugares agitados, barulhentos, com todos os profissionais falando ao telefone e escrevendo ao mesmo tempo. Para ele, esse cenário já não existe mais, embora o fluxo de informações tenha aumentado dentro das redações. Mudanças que não apontam, efetivamente, uma mudança de essência do fazer jornalístico.

3. Lugar de jornalista ainda é na rua? O jornalismo que conhecemos hoje nas sociedades democráticas tem sua origem no século XIX, com o desenvolvimento da imprensa e a expansão dos jornais (TRAQUINA, 2005). Nesse contexto, por causa da forte comercialização da imprensa, empregos foram criados e várias pessoas começaram a trabalhar para fornecer informação. O início do jornalismo, de acordo com ele, está ligado ao surgimento do primeiro mass media, o jornal impresso. Traquina conclui que, com a profissionalização, os jornalistas passaram a ter maior liberdade e autonomia, sendo reconhecidos coletivamente como prestadores de serviço à sociedade. A tradicional e vasta cultura jornalística criou uma identidade profissional, um ethos bastante forte. Isso fez com que os jornalistas ganhassem uma dimensão quase mitológica, heróica, por parte da sociedade. O que se espera desse profis-

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sional é uma maneira peculiar de ser, ver, falar e agir. A partir desta imagem, exigem uma ação fiscalizadora e que dê transparência à sociedade e aos seus governos “Se os jornalistas não foram capazes de fechar o seu „território‟ de trabalho, foram capazes de forjar uma forte identidade profissional, isto é, uma resposta bem clara à pergunta „o que é ser jornalista, parte de toda uma cultura constituída por uma constelação de mitos, valores, símbolos e representações que constituem o ar que marca a produção das notícias” (TRAQUINA, 2005, p.36).

A cultura da tribo jornalística, como argumenta o autor, também é rica em representações sociais. O jornalista, dependendo da situação, pode ser visto tanto como um herói quanto um vilão, mas, em linhas gerais, é considerado um servidor público, que procura saber o que aconteceu e age como um “cão de guarda”, exercendo o papel de “Quarto Poder” (TRAQUINA, 2005). Contudo, embora o jornalista seja tradicionalmente conhecido por seu idealismo e romantismo, Sylvia Moretzsohn (2004) afirma que essas características vêm mudando. A autora identifica, no jornalista de hoje, o progressivo abandono da aura militante e a desistência do ideal de mudar o mundo para tornar-se um profissional, embora ainda preserve algumas características antigas. Inês Mendes Moreira Aroso (2001) considera que as alterações nos vários aspectos de realidade jornalística se devem ao jornalismo online. Segundo ela, o profissional foi profundamente afetado, tendo em vista que a Internet criou não apenas novas formas de jornalismo como também de jornalistas. Marcondes Filho (2000) corrobora com a ideia de que, por conta da informatização da atividade jornalística, a vida dos profissionais tem se tornado cada vez mais difícil. Na era das sofisticadas tecnologias, cujos principais atores são as redes, o jornalista aparece como um tipo de gerente dessa máquina, interagindo com o público. Entretanto, o autor é pessimista ao ressaltar que essa nova função seria condenada e defende que a tendência do desenvolvimento tecnológico é a de capacitar as pessoas a terem acesso direto, por elas mesmas, às informações e aos acontecimentos a ponto de prescindir dos profissionais. É válido dizer que as novas tecnologias também alteraram as etapas da produção jornalística e, consequentemente, a forma de como o profissional lida com a notícia. A

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necessidade de divulgar os fatos em tempo real faz com que o jornalista de um veículo impresso ou online produza o material sem sair da redação, considerando que, diferente da televisão, do jornal e do rádio, essas mídias não precisam, obrigatoriamente, trabalhar com imagens e áudio. Entrevistas por e-mail ou por telefone, sem que haja um contato direto com a fonte e o trabalho cada vez mais dentro das redações vão de encontro ao axioma que diz: “lugar de jornalista é na rua”. Zélia Leal Adghirni (2005) comenta que a produção de notícias para a Internet possui suas especificidades, apesar de continuar intrinsecamente jornalística. Para analisar as rotinas produtivas de alguns veículos online, a autora utiliza os conceitos franceses de “jornalista em pé” (journaliste debout) e “jornalista sentado” (journaliste assis). O termo “jornalista em pé”, por exemplo, refere-se ao repórter que apura as informações de determinado fato indo a campo, em um contato direto com as fontes. Está ligado ao profissional que sai da redação em busca dos eventos a serem noticiados. Já o termo “jornalista sentado” é usado para o repórter que está mais voltado para a formatação de textos de outros veículos, através de informações que não são coletadas por ele. Para adaptar os dois conceitos ao jornalismo online, Adghirni afirma que, na Web, o “jornalista em pé” pode ser considerado aquele que se dedica geralmente à produção de notícias em tempo real. Segundo explica, são assuntos ligados à economia, política e esporte, os quais exigem que o repórter fique sempre observando, pois podem ser atualizados a todo instante. Os termos “jornalista em pé” e “jornalista sentado”, porém, não devem estar ligados apenas aos profissionais de veículos online. De acordo com Fábio Henrique Pereira (2004), a Internet não foi responsável pela introdução de um jornalismo feito sem que os profissionais saiam das redações. Ele lembra algumas práticas dentro das redações tradicionais, como a produção de informações a partir do material de agências de notícias e a adaptação de releases enviados pelas assessorias. Conforme Pereira, a Internet apenas radicalizou esse tipo de produção. Adghirni (2005), contudo, afirma que a figura do “jornalista sentado” se adaptou muito bem às condições de produção para a Web porque o repórter de um veículo online

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trabalha com as notícias em “tempo real” e é responsável, ainda, por fazer a transposição do material informativo para o portal, por exemplo.

4. Acomodação ou adaptação? O ritmo atual imposto pela rotina das redações pode ser visto como fruto da era tecnológica. O trabalho é realizado com base na velocidade, na concorrência desenfreada entre os veículos e na padronização de conteúdo. Demétrio de Azeredo Soster (2005) afirma que, por conta das novas tecnologias, até mesmo a construção da pauta passou por mudanças, considerando que os editores e pauteiros utilizam os sites de notícias e redes sociais como referência sobre o que foi ou está sendo veiculado, bem como para saber o que deve ser pauta para os demais veículos na edição do dia seguinte. Essa prática, observa, altera a noção de credibilidade e exclusividade, valorizada no meio jornalístico. O autor fala que, antes, o mais valorizado na redação era a busca pelo “furo” jornalístico, ou seja, pelo fato inédito. Atualmente, ao acessar sites jornalísticos, o editor ou pauteiro não mais busca a notícia ímpar, mas fatos que estão sendo mostrados por outros veículos. O “dar em primeira mão” é substituído pelo “não deixar de dar determinado assunto”. Álvaro Caldas (2004) considera que, para ganhar credibilidade, além de uma boa apuração, o repórter deve transformar os fatos que coletou em um texto atrativo, apesar da corrida contra o relógio. Mas uma boa escrita, alerta Soster (2005), não é quesito fundamental para a prática da profissão, pois a capacidade do repórter não mais é medida por ele escrever bem ou estar bem informado, mas pelo que ele é capaz de produzir. Moretzsohn (2000) reconhece que o ritmo de produção varia de acordo com cada veículo midiático, mas afirma que a lógica do “tempo real” afeta a prática jornalística como um todo. É válido dizer que, de certa maneira, o jornalista tem de se adaptar à nova realidade profissional e seguir a lógica de produção, pois a relação entre velocidade e informação está cada vez mais estreita. Contudo, analisando a realidade por outra vertente, pode-se perceber que, de modo geral, o profissional pode estar ficando acomodado com essa realidade.

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Conforme Adriana Santana (2007), o leitor, muitas vezes, não tem consciência de que grande parte das informações que lê diariamente não foi produzida por repórteres, mas pelas assessorias de imprensa. Santana chama esse profissional acomodado de “jornalista cordial”, que poderia ser definido como aquele que, ao querer agradar a todos, acaba por não exercendo sua função social de investigador e responsável por levar informações do interesse dos cidadãos. Moretzsohn (2000) analisa que a produção jornalística sempre foi marcada pela contradição entre tempo e precisão, esta tende a se agravar na era do “tempo real”, principalmente no jornalismo online. A veiculação de informações corretas e contextualizadas é substituída por notas que devem ser transmitidas o mais rápido possível. Por isso, os erros de informação são frequentes, tendo que ser reparados posteriormente. Apesar de adaptar práticas e valores do jornalismo tradicional ao meio online, o „jornalista sentado‟, conforme Pereira (2004), procura definir sua própria identidade, mas, apesar da influência da Internet no fazer jornalístico, o autor afirma que não houve grandes transformações na identidade ou no ethos profissional. Identidade essa que, como já analisamos no início deste capítulo, fez com que os jornalistas ganhassem uma dimensão mitológica ou heróica por parte da sociedade. Esta pesquisa utiliza, assim, entrevistas fechadas para analisar como os jornalistas se posicionam diante de algumas questões ligadas às atuais rotinas produtivas. A pesquisa, feita por meio de um questionário com perguntas objetivas, a fim de complementar as indicações do levantamento bibliográfico apresentado.

5. Metodologia A fim de responder à pergunta de pesquisa - o jornalista ainda é aquele que está nas ruas em busca de notícias ou se está acomodado e passando a maior parte de seu tempo dentro da redação? - toma-se como opção metodológica as entrevistas fechadas, com base em questionários estruturados. Dezessete perguntas foram direcionadas a 81 jornalistas que trabalham nos dois principais jornais impressos do Estado do Ceará, sendo 44 destes profissionais do jornal Diário do Nordeste e 37 do jornal O Povo. O

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corpus desta pesquisa deveria ser inicialmente composto por 100 jornalistas, divididos em dois grupos iguais de 50 em cada veículo, contudo observou-se um vácuo em algumas faixas etárias previamente escolhidas e optou-se por deixá-las incompletas a fim de apontar para este fenômeno nas redações. O presente estudo foi realizado de forma segmentada, embora tenhamos conseguido direcionar os questionários para cinco subgrupos diferentes: os de 0 a 5 anos de profissão, de 6 a 10, de 11 a 15, de 16 a 20 e aqueles profissionais com mais de 20 anos de atividade jornalística. O marco para nossa investigação é o surgimento da Internet comercial no Brasil, no ano de 1995, como já foi mencionado. O presente método de pesquisa foi escolhido porque, de acordo com Jorge Duarte (2010), nos permite estabelecer uniformidade e comparação entre as respostas, além de exigir um distanciamento do entrevistado com o entrevistador. O questionário estruturado pode ser auto-aplicável e é prático para o pesquisador que deseja entrevistar várias pessoas em um curto período de tempo Tanto no Diário do Nordeste quanto no O Povo, durante três dias que levaram para a aplicação do questionário em cada um dos veículos, não conseguimos completar os subgrupos de 11 a 15 e nem o de 16 a 20 anos de profissão. Esse fato nos leva a indagar por que, em ambas as redações, os profissionais de 11 até 20 anos de carreira são minoria. A observação deste fenômeno nos faz perceber que há, portanto, uma geração de jornalistas que, pelos menos nesses dois veículos, deixaram os jornais. Cabenos refletir acerca dos possíveis motivos que levaram esses profissionais a abandonarem as redações, que estão divididas, principalmente, pelos dois extremos: os de 0 a 10 e os com mais de 20 anos de profissão. No jornal Diário do Nordeste, foram encontrados seis jornalistas para o subgrupo de 11 a 15 e oito para o de 16 a 20. Já no jornal O Povo, três jornalistas se encaixaram no de 11 a 15 anos de profissão e quatro no subgrupo de 16 a 20. Por isso, no Diário do Nordeste, a análise foi realizada com 44 jornalistas, enquanto 37 profissionais foram consultados no jornal O Povo. Os dados estão nas tabelas a seguir.

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Tabela 1 - Total de jornalistas entrevistados Anos de Profissão

Diário do Nordeste

O Povo

Total

De 0 a 5 anos

10 jornalistas

10 jornalistas

20 jornalistas

De 6 a 10 anos

10 jornalistas

10 jornalistas

20 jornalistas

De 11 a 15 anos

6 jornalistas

3 jornalistas

9 jornalistas

De 16 a 20 anos

8 jornalistas

4 jornalistas

12 jornalistas

Mais de 20 anos

10 jornalistas

10 jornalistas

20 jornalistas

Diário do Nordeste

O Povo

Total

44 jornalistas

37 jornalistas

81 jornalistas

6. O jornalista multimídia Apesar de o profissional multimídia estar mais presente em veículos online (PEREIRA, 2009), perguntamos a nossos entrevistados se eles se consideram jornalistas multimídia e se, mesmo trabalhando em um jornal impresso, já tiveram de apurar um fato utilizando outros equipamentos como câmeras, por exemplo.

Gráfico 1 - Multimidialidade

Mais da metade dos entrevistados, um total de 56,7%, disseram ser profissionais multimídia e apenas 9,8% afirmaram que não são capazes de realizar várias funções

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simultaneamente. No grupo dos que se consideram multimídia, mas não totalmente, estão 32%. Apenas um jornalista ou 1,2% não soube responder. Dos 56,7% jornalistas multimídia, 29,6% são do jornal O Povo e 27,1% do Diário do Nordeste. As entrevistas revelaram que, nos dois veículos, os jornalistas de 0 a 5 e de 5 a 10 anos de profissão compõem 56,5% dos que se consideram multimídia, sendo 30,4% no primeiro grupo e 26% entrevistados no segundo. Já o grupo de 11 a 15 ficou com 17,3%, o de 16 a 20 com 8,6% e os jornalistas com mais de 20 anos de carreira também somaram 17,3%. Podemos supor que os profissionais ausentes no período de transição na redação do jornal têm mais facilidade para exercer a multifunção, pois começaram a trabalhar quando a Internet e outros recursos tecnológicos já faziam parte da rotina produtiva jornalística. Logo, nos últimos dez anos houve uma mudança significativa nas rotinas produtivas, com o uso das novas tecnologias. Com relação aos que já tiveram que ser multifuncionais, mesmo sendo do meio impresso, verificamos que 75% dos 81 entrevistados utilizaram, pelo menos uma vez, uma câmera para cobrir uma notícia, além do gravador e do bloco de anotações. Destes, 24,6% alegam ter usado o equipamento muitas vezes, 37% algumas vezes e 13,5% quase nunca. Os que nunca precisaram exercer a multifunção também somam 24,6%. É possível que esse dado seja reflexo de como as redações estão cada vez mais utilizando recursos multimídias, em que os profissionais, devido a uma nova exigência administrativa do jornal ou até mesmo de forma espontânea, estão se adaptando a essa nova realidade.

7. Produção de notícias na redação Considerando os conceitos de “jornalista em pé” e “jornalista sentado”, procuramos saber com que frequência os jornalistas do jornal Diário do Nordeste e do O Povo produzem notícias sem precisar sair da redação. Descobrimos que 91,3% dos entrevistados costumam fazer matérias sem ir a campo. Desse percentual, 44,4% produz com muita frequência, 25,9% razoavelmente e 20,9% com pouca frequência. Já os que

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não fazem matérias sem sair da redação somam apenas 8,6%. Desse total, 3,7% diz respeito aos profissionais com mais de 20 anos de profissão. Foi possível observar que, nos dois, os profissionais que possuem de 0 a 10 anos de carreira são os que mais produzem matérias sem ir à rua, totalizando 46,9%. Já o percentual dos outros três grupos, de 11 anos em diante, chega a 44,4%. Esse fato é interessante porque nos faz refletir que aqueles com menos de 10 anos de experiência, por exemplo, ingressaram no jornalismo quando as redações já estavam informatizadas e, talvez por isso, têm mais facilidade e propensão a produzir as matérias sem precisar, necessariamente, deixar a redação. A pesquisa revelou, ainda, que 53% dos jornalistas selecionados realizam suas entrevistas com mais frequência pelo telefone, 39,9% pessoalmente e 4,9% por e-mail. Do total, apenas 2,5% não souberam responder. Nos dois veículos, dentre os que mais responderam fazer entrevistas pessoalmente, estão os profissionais com mais de 20 anos de carreira, totalizando 16%, sendo 12,3% para o Diário do Nordeste e 3,7% para O Povo. Apesar de mais da metade dos jornalistas realizarem suas entrevistas frequentemente por telefone, 92,5% disseram que preferem fazer as entrevistas pessoalmente. Portanto, o fato de 92,5% gostarem de entrevistar suas fontes pessoalmente e de 53% realizarem suas entrevistas com mais frequência por telefone, de certa forma, é contraditório e nos leva a refletir mais uma vez sobre a questão da velocidade na produção de notícias, considerando que, no jornalismo impresso, diferentemente da televisão, a imagem é prescindível. Segundo Demétrio de Azeredo Soster (2005), a busca pela notícia exclusiva ou “furo” jornalístico era prioridade dentro das redações antes do jornalismo online. Atualmente, explica o autor, os jornalistas costumam acessar sites noticiosos para procurar pautas, fato que revela que “o dar em primeira mão” foi substituído pelo “não deixar de dar determinado assunto”.

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Gráfico 2 - Busca por pautas

O resultado das entrevistas realizadas corroborou, em parte, com as afirmações de Soster, pois, dentro das redações do O Povo e do Diário do Nordeste, a Internet tem sido a ferramenta mais utilizada para a busca de notícias e, consequentemente, de pautas. Dos 81 entrevistados, 55,5% disseram que costumam buscar pautas na Internet, através de sites de notícias e blogs, por exemplo. Outros 33,3% afirmaram procurar na rua, por meio da observação dos fatos, enquanto 6,1% recorrem às assessorias de imprensa. Quatro jornalistas não souberam dizer qual a maneira mais frequente de procurar suas pautas.

8. Acomodados ou não? Quanto à possível acomodação dentro da prática jornalística com o surgimento das novas tecnologias, descobrimos que 46,9% dos nossos entrevistados concordam que o jornalista está parcialmente acomodado. Os que discordaram com essa afirmação somam 25,9%. Já 23,4% concordam plenamente que o profissional está acomodado. De todos, 3,7% não souberam responder a essa questão. Apesar de 25,9% não acreditarem na acomodação da prática profissional, vale ressaltar que, se considerarmos a soma dos que concordam que o jornalista está mais acomodado, seja parcialmente ou totalmente, obteremos 70,3%, um número significativo que reflete o dia a dia de trabalho na redação após o surgimento da Internet.

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Esse fato fica ainda mais claro quando comparamos o grupo de até 5 anos de profissão com o dos que têm mais de 20 anos de carreira. Para se ter uma ideia, dos 23,4% que responderam que o profissional está mais acomodado, 8,6% são do grupo com mais de 20 anos de profissão e apenas 2,4% compõem aqueles com até 5 anos de experiência. Ou seja, os jornalistas mais antigos, que vivenciaram o período de transição do jornalismo na prática, acreditam mais na acomodação profissional. É válido observar que, tanto na redação do Diário do Nordeste quanto na do O Povo, podem existir fatores de caráter organizacional que impossibilitam uma maior presença do repórter na rua, tendo em vista que nossos dados vêm apresentando alguns contrapontos, como a grande produção de notícias exclusivamente nas redações versus a preferência pelo contato pessoal com as fontes de informação, por exemplo. O que corrobora com a ideia anterior é o fato de 83,9% dos entrevistados não terem se considerado profissionais acomodados, mesmo produzindo frequentemente nas redações, realizando várias entrevistas por telefone ou procurando pautas a partir de publicações encontradas na Internet. Outros 14,8% disseram que, às vezes, são acomodados, enquanto apenas um jornalista ou 1,2% se considerou dessa forma. Com base em Carla Algeri (2010), podemos afirmar que o “faro” jornalístico, além de se referir à capacidade que o repórter tem de saber o que é ou não notícia, o que exige boa formação acadêmica e experiência profissional, também está ligado à forma diferenciada de como um repórter aborda uma notícia, aos “insights”.

Gráfico 3 - Faro jornalístico

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Tendo em vista a importância dessas características dos repórteres para a qualidade da informação, perguntamos a nossos entrevistados se eles se consideram profissionais com “faro” jornalístico. De acordo com a pesquisa, 72,8% dos jornalistas afirmam ter muito “faro” jornalístico, 13,5% se dizem com pouco “faro” e 1,2%, o que corresponde a apenas uma pessoa, alegou não ter “faro” jornalístico. Os que não souberam responder a essa questão somaram um percentual significativo de 12,3%. No jornalismo impresso, o “furo” jornalístico, devido às novas tecnologias e a rápida divulgação dos fatos, está cada vez mais difícil de ser alcançado, embora não seja algo impossível. “Na mídia on-line, a instantaneidade da informação modificou até mesmo o sentido de furo de reportagem, aquela notícia importante publicada em primeira mão por um órgão da imprensa antes dos seus concorrentes” (PINHO, 2003, p.5). Gráfico 4

-

Furo

jornalístico

Com base nessas ideias, perguntamos a nossos entrevistados se eles se interessam por notícias exclusivas. Os dados revelaram que 69,1% dos profissionais têm muito interesse pelo “furo” jornalístico, 27,1% têm razoável interesse e 3,7% disseram

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ter pouquíssimo interesse. Ninguém alegou ser sem interesse pelo “furo”, ou seja, todos os jornalistas, de alguma forma, consideram a exclusividade das notícias importante. Entre os que disseram ter razoável interesse, ganha destaque, nos dois jornais, os profissionais com mais de 20 anos de trabalho. No Diário do Nordeste, dos 15 jornalistas que marcaram esse item, seis deles ou 40% têm mais de 20 anos de profissão. Já no jornal O Povo, das sete pessoas que se interessam razoavelmente pelo “furo” jornalístico, três ou 42,8% compõe esse grupo.

9. Considerações finais A considerar pela realidade das redações dos jornais Diário do Nordeste e O Povo, o trabalho dos jornalistas vem sendo realizado com muita frequência dentro das redações. Se levarmos em conta os resultados da pesquisa, não diz respeito a uma vontade dos jornalistas, pois realizam entrevistas com frequência pelo telefone embora prefiram o contato pessoal com as fontes de informação. É preciso ampliar o olhar sobre as rotinas produtivas, as condições de trabalho e a precarização da profissão. O fato de os jornalistas não se considerarem acomodados, mesmo produzindo constantemente nas redações, revela a existência de fatores que os impedem de realizar o trabalho da maneira desejada. A instantaneidade da informação, por exemplo, que pode ser prejudicial à qualidade da notícia, é algo que obriga o profissional a trabalhar à distância. Outra possibilidade é o excesso de pautas a cumprir e os baixos salários que os empurra para a dupla jornada de trabalho. Por outro lado, quando as mesmas pessoas que não se consideraram acomodadas diante da realidade profissional afirmam que o jornalista, em termos gerais, está mais acomodado, nos faz pensar que pode estar ocorrendo uma adaptação às novas rotinas produtivas. Principalmente dos jornalistas com mais de 20 anos de carreira, que, mesmo compondo a maioria dos que afirmam estar o jornalista totalmente acomodado, ainda permanecem nas redações, talvez por amor à profissão ou pelo fato de, na época das mudanças, já exercerem cargos de edição, por exemplo. Provavelmente, a adaptação não foi igual para aqueles que, hoje, têm de 11 a 20 anos de profissão, pois, tanto no Diário do Nordeste quanto no O Povo, são poucos os

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jornalistas que se enquadram nesse perfil. Cabe indagar onde estão esses jornalistas, se eles ainda exercem a profissão em outros veículos, em assessorias de imprensa ou decidiram abandonar a profissão. E, principalmente, qual o fator determinante para esta situação? Percebe-se, ainda, que as redações estão cada vez mais utilizando recursos multimídias, em que os profissionais, devido a uma nova exigência administrativa do jornal ou até mesmo de forma espontânea, também se adaptaram a essa realidade. O jornalista, além de escrever bem, precisa saber fotografar, filmar e ser ágil. Portanto, nos dois veículos estudados, o lugar dos jornalistas não é necessariamente na rua, pois as novas tecnologias os ajudam a fazer seu trabalho sem que deixem a redação, já que o uso da imagem, no jornalismo impresso, não é obrigatório. Os repórteres, porém, afirmam ter “faro” para as notícias e muito interesse pelo “furo jornalístico”. Ou seja, esses fatores, por serem considerados mitos da profissão, ainda são bastante valorizados pelos jornalistas. Conclui-se que os jornalistas gastam maior parte do tempo produzindo exclusivamente dentro das redações por causa de uma realidade profissional ainda mais dinâmica. Os jornais, ao invés de utilizarem a Internet apenas como uma ferramenta que auxilia o trabalho, a veem como a principal aliada. Isso contribui com a padronização das notícias e leva o jornalista à acomodação, mesmo que ainda esteja disposto a ser um “cão farejador”.

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CARLA.

Pode-se

aprender

a

ter

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