O Fascínio e o Poder no Jogo dos Tronos

July 23, 2017 | Autor: L. De Lima Francez | Categoria: Poder, Game of Thrones, A Song of Ice and Fire, As Crônicas De Gelo E Fogo
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, TURISMO E PROPAGANDA

O FASCÍNIO E O PODER NO JOGO DOS TRONOS

Trabalho acadêmico referente à disciplina de Linguagem Verbal nos Meios de Comunicação III, parte do curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo Orientação: Profₐ. Dra. Irene Machado

Larissa de Lima Francez São Paulo 2014

Larissa de Lima Francez N° USP: 8024363

O Fascínio e o Poder no Jogo dos Tronos

Trabalho realizado para a disciplina de Linguagem Verbal nos Meios de Comunicação III, ministrada e orientada pela Professora Doutora Irene Machado, como requisito para a composição da nota final referente ao primeiro semestre do ano de 2014.

São Paulo Junho/2014

Sumário 1.

Introdução .................................................................................................................4

2.

Um Choque Com Segundas Intenções..................................................................5

3.

O Jogo dos Tronos e Os Jogos de Poder .............................................................6

4.

Relações com a Teoria do Poder de Michel Foucault .........................................7

5.

As Sombras no Trono de Ferro ..............................................................................8

6.

Considerações finais ...............................................................................................9

7.

Anexos .....................................................................................................................11

8.

Referência ...............................................................................................................12

1. Introdução É impossível passar alheio às referências. Seja em séries de televisão ou temperando o virtualmente ilimitado conteúdo viral à solta na Internet, as citações a Game of Thrones, aclamada superprodução da HBO, chamam a atenção. Embora a saga de fantasia, originada da coleção de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, possa lembrar tramas como O Senhor dos Anéis (que cimentou o caminho do gênero), o universo proposto por George R. R. Martin traz ares bastante destoantes da fantasia clássica Tolkieniana. Meu primeiro contato com a saga deu-se através dos livros. Foi a leitura de A Guerra dos Tronos, primeiro dos cinco volumes publicados até o momento (e ao qual a série de televisão deve seu nome), que me incentivou a assistir a adaptação. No entanto, o percurso usual da base de fãs é o exato contrário. O mais comum é que, atraídos pelo seriado, busquem os cinco extensos volumes. Percebe-se aí um movimento que, no contexto dos seriados norteamericanos, é único a este. Enquanto o telespectador em geral evita qualquer aproximação com possíveis spoilers, e a produção de novas temporadas depende do sucesso e da audiência, o fã de Game of Thrones não só corre atrás dos futuros acontecimentos da estória através da leitura como também sabe que a trama continua completamente desligada da série televisiva. As estatísticas de audiência dentro e fora dos Estados Unidos são quase surreais. Os milhões e milhões de espectadores mobilizados com suas estreias mundiais são somente uma amostra da influência que a série vem estendendo sobre a cultura popular, o universo digital e a sociedade pós-moderna. A maior grandeza de Game of Thrones não está apenas nos recordes de audiência e pirataria que quebra ano após ano, mas sim em algo que não se pode medir em números. A série de maior sucesso da história da HBO (tendo recentemente roubado o posto da aclamada The Sopranos) quebrou tabus ao apresentar um universo medieval fantástico com tintas realistas e despudoradamente explícitas, tornou-se um fenômeno sem precedentes e ganhou ares de clássico moderno sem ao menos chegar perto de sua conclusão. E tamanha influência só seria possível em uma era como esta, em que o poder e todas as suas nuances, tanto quanto a riqueza ou a nobreza de sangue, atrai multidões e guia o comportamento de toda a sociedade pósmoderna. O trunfo do universo de Game of Thrones está em se construir como uma metáfora para este poder tão fascinante. Com a mesma concentração com que acompanha uma eleição presidencial norte-americana ou as demonstrações de supremacia nas guerras que eclodem mundo afora, um planeta inteiro acompanha a sangrenta dança das cadeiras que toma lugar no cenário dos Sete Reinos e além dele. Mas quando cinco reis, cada qual com suas particularidades, disputam um reino fragmentado, quem o mereceria?

Enquanto uns contam com o apoio da religião, outros com a lealdade de seus vassalos, com a riqueza ou a força bruta, onde residiria o verdadeiro poder, e por quê? Embora tanto Westeros quanto Essos, os continentes por onde caminha a ação da trama, sejam fictícios, seus ambientes e personagens constroem poderosas analogias ao mundo real que tornam difícil desviar a atenção das intrigas que ocorrem neles. As relações de poder estão contidas em tudo o que se vê, seja em uma perturbadora cena de sexo entre duas prostitutas quanto nas rebeliões que se seguem à morte do Rei dos Sete Reinos. Com as constantes mortes de personagens centrais, o espectador não demora a compreender a maior verdade da série: o único real protagonista é ele, o Trono de Ferro.

2. Um choque com segundas intenções Um antigo clichê da publicidade e da cultura popular, o já manjado “sexo vende”, é uma das primeiras explicações quando se pergunta a razão para o sucesso tremendo de Game of Thrones. Afinal, em um seriado em que o primeiro episódio já apresenta uma pesada relação sexual entre um casal de irmãos, esta seria uma resposta plausível. Porém, a importância do sexo no seriado estaria apenas nisso? Pessoalmente, tendo a ser contrária a esta hipótese. Não me parece que a inclusão da sexualidade explícita (já existente na obra literária, verdade seja dita) pudesse ser suficiente para carregar nas costas a rede de intrigas que permeia o conteúdo da trama. Diversas produções anteriores da HBO já traziam este apelo adulto: mesmo Sex and the City, comédia com seis temporadas, carregava no título uma promessa que se concretizava nas inúmeras cenas e diálogos para maiores que temperavam as indagações sobre relacionamentos. No entanto, Game of Thrones elevou o sexo a outro nível. Assim como tudo neste universo, o apelo sexual é menos excitante e mais indagador. Em uma das cenas escritas para o seriado, o Mestre da Moeda do Reino guia a ação de duas prostitutas do bordel que administra enquanto trava um monólogo desconcertante. Em tempos em que um beijo entre dois homens choca boa parte da audiência da TV aberta, uma relação sexual encenada entre duas garotas de programa consegue não ser o centro das atenções perante a fala carregada de um homem rancoroso. É nessa função quase instrumental do sexo que Game of Thrones se apoia no apelo sexual. Nas cenas do seriado, ele aparece principalmente como marcador das relações de poder. Uma garota virgem, de sangue nobre, é

vendida em troca da promessa de um exército. O sexo pode ser usado para manipular, para oprimir, para comprar favores, para marcar território. Em que lugar se esteja, o poder está sempre ali. Assim, me parece impossível que a sexualidade em Game of Thrones esteja apenas no abuso de um explícito quase pornográfico. Sua função não é a de excitar, mas sim de funcionar como mais um símbolo das esferas de poder. Sexo gratuito pode até segurar alguns produtos midiáticos, mas aqui sua função é outra, a de inflamar um questionamento. Se esta sexualidade fosse o único diferencial da série, dificilmente Game of Thrones teria se destacado da maneira como se destacou. O erótico puro e simples jamais teria sustentado este fenômeno.

3. O Jogo dos Tronos e os Jogos de Poder Assim sendo, se até mesmo o sexo, demonstração extrema da existência natural do homem, ganha nuances de relações de poder (um objeto estritamente social) a atração de Game of Thrones se daria por uma metáfora do poder em forma de saga fantástica? Em entrevista, um dos roteiristas e produtores-executivos do seriado televisivo, Dan B. Weiss classificou o poder como o tema central sobre o qual se constrói a trama, e como ele funciona. “Antes de mais nada, para mim essa sempre foi uma história sobre poder. Quem o quer, por que o quer, como consegui -lo, o que fazer com ele, o custo para o personagem e sua família. (...) E, nesse sentido, também é uma história sobre como o pessoal se torna político, como os amores, as luxúrias, os ódios e os remorsos de alguém podem ter repercussões muito além das pessoas imediatamente afetadas.” (D. B. WE ISS, em COGMA N, 2012, p. 7).

Embora este aspecto passe despercebido pela maioria dos espectadores à primeira vista, é inegável que esta leitura da série é não apenas significativa como também explica a maneira como ela faz sucesso. Enquanto muitos classificam O Senhor dos Anéis como uma extensa batalha entre o Bem e o Mal, com um triunfo das forças benignas, é possível explicar Game of Thrones simplesmente assim: como uma metáfora do Poder. Neste sentido, o título literal do seriado e do primeiro livro da saga é perfeitamente correto. Não se trata de uma guerra, em si, mas de um jogo. Um jogo em que o idealizado Trono de Ferro é o objetivo final e, ao mesmo tempo, qualquer um pode ser tanto peão como jogador. No Brasil, é muito comum perceber um desinteresse pela situação política do país, até mesmo um afastamento desta. E é entre os fãs brasileiros,

assim, que se nota uma disparidade entre a atenção dada à Política nacional e às tramas políticas fictícias do seriado. Talvez porque no Brasil de hoje o povo acredite mais na existência de um poder alternativo na corrupção e nos líderes criminosos e do tráfico, por exemplo. Assim, não se vê nos governantes do país representantes do poder, de grande influência, e sim marionetes destes diferentes interesses, relacionados mais às intrigas financeiras que à política em si. Mas, quando este espectador brasileiro assiste à série, o que ele vê? Embora cada ‘jogador’ se utilize de diferentes métodos e justificativas para sua caminhada em direção ao Trono, todos buscam uma única coisa. O poder pelo poder, o poder que não precisa ser legitimado, nem mesmo pela riqueza. Em palavras da personagem central Cersei Lannister, “Quando você joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre. Não há meio termo” (Cena de Lena Headey, no episódio sete da primeira temporada, em tradução livre).

Cada fã tem seu líder preferido e, enquanto a conclusão da trama permanece desconhecida a qualquer um que não seu autor, as discussões seguem acaloradas. Mas acabo por me perguntar, como, no contexto do jogo dos tronos, se constrói esse poder?

4. Relações com a Teoria do Poder de Michel Foucault Quando se discute poder em geral, é natural que surja o nome de Michel Foucault. O autor francês traz uma abordagem diferente da tida até então quanto ao assunto e sua teoria do poder em muito se relaciona ao universo dos Sete Reinos. Enquanto as teorias políticas clássicas de Hobbes, Maquiavel e outros compreendia o poder como sendo existente em alguns indivíduos e em outros não, em geral associado a algo que o legitimasse (o governo, ou a santidade da Igreja, por exemplo). No entanto, Foucault concebe o poder como uma prática social. Não se trata de uma qualidade intrínseca a alguns indivíduos, mas a um conjunto de relações pelo qual ele se construiria. Assim sendo, o poder não estaria restrito aos governantes e membros de uma elite. Ele formaria uma rede de práticas espalhada por toda a sociedade, moldando e alterando o comportamento, as ações e o entendimento de mundo de todos os membros desta sociedade, não apenas os poderosos. Ora, esta concepção de poder é muito visível em Game of Thrones. Se compreendermos que o poder não seria representado unicamente pela entidade do Estado, ou seja, a figura do Rei legitimado pelo direito de sangue, e sim uma série de mecanismos pela qual a sociedade da trama se movimenta,

podemos entender como o ambiente se constrói a partir das camadas mais baixas até os monarcas e os diferentes reclamantes do trono. Foucault também fala sobre a pulverização do poder em micropoderes, o que também ocasionaria resistências a esse poder, também pulverizadas e localizadas. No contexto do seriado, podemos observar essa resistência em alguns momentos. Um deles é na multidão que ataca a família real de Westeros na segunda temporada. Revoltada com a falta de alimento e as más condições de vida na capital, Porto Real, o público apedreja membros da nobreza, mata um líder religioso e, no livro, leva uma jovem nobre a ser estuprada por dezenas de homens. Outro momento marcante (e bastante chocante) é a quebra das leis da hospitalidade, na terceira temporada, quando uma Casa vassala se rebela contra seu suserano e, em meio a um casamento, promove o massacre de seu Rei e seguidores. Por último, destaca-se a união do povo selvagem, a massa heterogênea que se reúne sob a figura de um “Rei-para-lá-da-Muralha”, um líder distante de conceitos como a monarquia e o direito de sangue, de maneira a recuperar as terras que os homens dos Sete Reinos dividiram com uma gigantesca Muralha. Estes movimentos ocorrem aparentemente em separado, mas os três representam este conceito de resistência local ao poder sobre o qual fala Foucault.

5. As Sombras no Trono de Ferro Enquanto as referências às teorias do poder de Foucault são facilmente percebidas ao se analisar o conjunto da obra, os próprios personagens, ao menos os mais esclarecidos e versados no jogo dos tronos, compreendem a importância do poder nesse cenário e o quanto ele influencia a conduta de personagens das mais diferentes origens. Embora os melhores jogadores, por assim dizer, da trama não sejam personagens centrais e passem episódios e mais episódios distantes da ação principal, sua influência nos acontecimentos desde a primeira temporada e até mesmo antes dela é percebida como uma preparação para o que estaria por vir. Nada do que se faz pelo trono exige retornos imediatos: a grandeza estaria em mover os peões dos quais se dispõe já levando em conta os resultados em longo prazo. É com esta mentalidade que os diversos personagens vão aprendendo as regras do jogo e, à medida que o fazem, atraem cada vez mais a atenção dos espectadores. Este status do poder neste universo não passa despercebido aos personagens, que em diversas passagens se põem a discutir sua consistência composição e importância. Em uma cena do seriado, um inflamado diálogo entre a Rainha e o Mestre da Moeda (um dos personagens com mais influência

por baixo dos panos de toda a saga) esclarece esse ponto e mostra a maneira como as personagens compreendem o poder de formas diferentes. CERSE I: E que verdade é esta? PETYR BAELIS H: Conhecimento é poder. CERSE I (para os guardas ): Prendam-no. Cortem sua garganta. Parem! Esperem, mudei de ideia, deixem -no ir. Volt em três passos. Virem-se. Fechem os olhos. (aproxima-se). CERSE I (para Petyr): Poder é poder. - Cena do primeiro episódio da segunda temporada do seriado Game of Thrones, protagonizada por Lena Headey e Aidan Gillen. Reprodução e traduç ão livre.

Assim sendo, enquanto para poder em si, para outros ele está conhecimento. Esta dicotomia entre permeia os núcleos dos mais diversos

alguns este poder absoluto residiria no na força, na lealdade, ou mesmo no o poder de fato e o poder de direito personagens ativos da trama.

Todavia, a mais interessante alusão a este poder que, como na teoria de Foucault, faz parte de todas as relações interpessoais, é provavelmente a feita em outro diálogo, desta vez entre o Mestre dos Sussurros, um eunuco com uma rede de informações, e a então Mão do Rei, o anão de família nobre Tyrion Lannister, irmão da rainha. (Passagem do livro disponível no Anexo 1). O primeiro propõe uma charada ao segundo, e ele próprio a responde, posteriormente. Esta resposta explica, enfim, o que seria este poder tão fascinante em Game of Thrones: o poder reside onde os homens acreditam que reside. Uma vez que esta percepção é diferenciada para cada indivíduo, considerando suas subjetividades e históricos pessoais, o poder poderia então estar em qualquer lugar, em qualquer coisa, e até mesmo em outra pessoa.

6. Considerações Finais O status de fenômeno alcançado por Game of Thrones jamais poderia ter sido resultado de uma coincidência, uma consequência inesperada. Por várias razões de aspecto literário e cinematográfico, o seriado é claramente um produto de qualidade, mas as brilhantes atuações e os orçamentos milionários de caracterização são apenas a ponta do iceberg que poderia explicar tamanho sucesso e identificação com o público como grupo social. Considerar a violência desmedida e as numerosas cenas de sexo explícito como apelo atrativo não me parece adequado. No contexto do seriado, enquanto a violência aparece como um choque de realidade e afastamento da

censura do politicamente correto, a sexualidade surge como símbolo das relações de poder e objeto de questionamento e indagação. Uma vez que ambos, em especial o último, são na série ferramentas simbólicas para um conceito muito mais importante – o poder -, considero superficial uma leitura que apresente estes fatores como atração gratuita. Uma vez que até mesmo o sexo aparece como símbolo das relações de poder, talvez o sucesso e a identificação com Game of Thrones se deem por conta do fascínio que este assunto expõe sobre um p úblico que, hoje, se interessa pelas discussões de poder, já que em geral não vê essa autoridade na política governamental. Nesse aspecto, me parece que o espectador seria atraído pelo seriado de maneiras subjetivas e únicas, uma vez que o poder seria encontrado em diferentes formatos e composições para cada um. Como essa compreensão da trama se daria individualmente, cada pessoa enxergaria a série de acordo com suas experiências, ambições e seu entendimento de mundo. Isso seria ampliado na medida em que Game of Thrones se relaciona com as teorias de poder de Michel Foucault. Essa teoria explicaria o poder como um conceito intrínseco a todas as relações sociais, das pessoais às políticas, uma concepção necessária para uma compreensão plena das intrigas do seriado. Ainda que alguém ignorante à teoria de Foucault possa passar despercebido por essas relações, pode discutir o que vê na série num conceito muito parecido com o que propõe o pensador francês sobre o poder. Tendo isso considerado, a meu ver, a justificativa para a identificação do público e o consequente sucesso da série televisiva (e, claro, dos livros) talvez esteja exposta em seu próprio conteúdo. O poder é um conceito atemporal, representado pelas mais diversas relações sociais dentro e fora da ficção. Para cada indivíduo, ele é entendido diferentemente. Como diz a personagem: o poder é uma sombra, um truque de mímica. Mas, se somente a violência e o sexo não sustentariam tal fenômeno, o poder em si também dificilmente o faria, ganhando importância no fascínio que exerce sobre uma sociedade pósmoderna que pouco crê no poder político, e anseia por uma abordagem realista da demonstração deste conceito como o é na realidade, um fator transformador – e transformado – das relações sociais.

7. Anexos Anexo 1: Diálogo entre Lorde Varys e Tyrion Lannister - Ah, penso que não – Varys res pondeu, agitando o vinho na sua taça. – O poder é uma coisa curiosa, senhor. Terá, por acaso, pensado no enigma que lhe deixei naquele dia na estalagem? - Passou pela minha cabeça uma ou duas vezes – Tyrion admitiu. – O rei, o sacerdote, o rico... Quem sobrevive e quem morre? A quem obedecerá o mercenário? É um enigma sem resposta, ou melhor, com muitas resposta s. Tudo depende do homem que tem a espada. - E, no entant o, ele não é ninguém – Varys concluiu. – Não tem uma coroa, nem ouro, nem o favor dos deuses, mas apenas um pedaço de aço afiado. - Esse pedaço de aço é o poder da vida e da morte. - Precisamente... E, no entanto, se são realmente os homens de armas que nos governam, por que fingimos que nossos reis têm o poder? Por que um homem forte com uma espada obedeceria a uma criança como Joffrey, ou a um idiota enc harcado de vinho como o pai? - Porque esses reis crianças e idiot as bêbados podem chamar out ros homens fortes, com outras espadas. - Então são esses out ros homens de armas que têm o verdadeiro poder. Ou será que não? De onde vieram suas es padas? Porque é que eles obedecem? – Varys sorriu. – Há quem diga que o conhecimento é poder. Outros, que todo o poder provém dos deuse s. Outros, ainda, afirmam que deriva da lei. (...) - Pretende responder ao seu maldito enigma, ou quer apenas fazer com que a minha dor de cabeç a piore? Varys sorriu. - Ei s, então. O poder reside onde os homens acreditam que reside. Nem mais, nem menos. - Então o poder é um truque de mímica? - Uma sombra na parede – Varys murmurou. – Mas as sombras podem matar. E, muitas vezes, um homem muito pequeno pode lançar uma sombra muito grande. (...)

As Crônicas de Gelo e Fogo: A Fúria dos Reis (MARTIN, 2011, tradução por Jorge Candeias, p. 89-90).

8. Referências - Bibliográficas FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. São Paulo: Editora Graal, 2007. COGMAN, Bryan. Game of Thrones: Por dentro da série da HBO. São Paulo: Editora LeYa, 2013. MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo: A Fúria dos Reis. São Paulo: Editora LeYa, 2011.

- Videográficas GAME OF THRONES, roteiro e produção executiva de David Benioff e D. B. Weiss. HBO. 2011-2014...(ainda em exibição). TYRION & VARYS DISCUSS POWER, cena do episódio três da segunda temporada. Todos os direitos reservados a HBO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FpL6Fwu0wkw. KNOWLEDGE IS POWER, POWER IS POWER, cena do episódio um da segunda temporada. Todos os direitos reservados a HBO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OyytdYzy3eA. CERSEI & NED – WHEN YOU PLAY THE GAME OF THRONES, YOU WIN OR YOU DIE – GAME OF THRONES 1X07 (HD), cena do episódio sete da primeira temporada. Todos os direitos reservados a HBO. Disponíve l em: https://www.youtube.com/watch?v=ucB4UrhI-3w.

- Sitiográficas http://www.efe.com/efe/noticias/brasil/cultura/game -thrones-sucesso-massasinesperado/3/19/2288984. Acesso em 05/06/2014. http://garotasgeeks.omelete.uol.com.br/2011/06/21/game-of-thrones-muitomais-do-que-7-reinos/. Acesso em 05/06/2014. http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-pos-moderna---michelfoucault-a-genealogia-dos-micropoderes.htm. Acesso em 06/06/2014.

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