O feminino do território proibido: Performances discursivas de mulheres em festas de tecnobrega em Belém-PA

June 1, 2017 | Autor: Luana Fontel | Categoria: Feminismo, Análise do Discurso, Tecnobrega, Periferias Urbanas
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Linguística Aplicada







O feminino do território proibido:
Performances discursivas de mulheres em festas de tecnobrega em Belém-PA





Autor: Luana Fontel Souza


Projeto de pesquisa, em nível de mestrado,
apresentado ao Programa Interdisciplinar
de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Linha de Pesquisa: Discurso e Letramentos


Orientadora pretendida: Prof.ª Dr. ª
Adriana
Lopes







Rio de Janeiro
2016
1. Introdução
"Corpos não são habitados como espaços vazios. Eles estão, em sua
espacialidade, também em andamento no tempo: agindo, alterando a forma,
alterando a significação – dependendo das suas interações – e a rede de
relações visuais, discursivas e táteis que se tornam parte da sua
historicidade, de seu passado, presente e futuro constitutivos" (Butler,
2004).

O presente projeto propõe problematizar e discutir performances
narrativas de mulheres no contexto das manifestações culturais advindas da
periferia e que configuram as festas de aparelhagem do interior da Amazônia
Oriental, problematizando nesses espaços questões de subjugamento e
opressão do sujeito mulher na juventude. Objetiva, dentre outras
particularidades, demonstrar a capacidade do discurso de evocar fatos e
posicionamentos de como o sujeito constrói suas subjetividades através de
processos discursivos situados.
Na visualização das prováveis estereotipatizações que esses sujeitos
são alvo dado um contexto que promove reestruturação dos ritmos nativos
frente a novas realidades advindas de um processo tecnológico, e que nessa
conferência de culturas acaba por conferir aos sujeitos um espaço de
dialogismo, desaguando em questões de identidade, a pesquisa propõe um
estudo acerca das performances corpóreo-discursivas nas diferentes práticas
sociais em que estes sujeitos se aportam dentro da estrutura das festas de
aparelhagem, tais como relações afetivo-sexuais e de gênero, classe social,
raça e geração.
Propõe ainda investigar processos de subjetivação e sujeição a normas
sociais, assim como, escapes possíveis sobre o ser mulher que constitui nos
espaços das festas de aparelhagem, tendo em vista ser um espaço com forte
estrutura machista, desde o funcionamento da festa com DJ's quase
exclusivamente do sexo masculino, até os papeis que as mulheres desempenham
nesses espaços. Além disso, as letras das músicas encenadas por homens e
mulheres, constituem parte de uma prática de letramento que situa essas
performances de gênero e sexualidade vivida na festa.
Nesse aporte, a presente proposta toma por protagonismo o sujeito
mulher e seus desdobramentos discursivos dentro desse espaço de interação
que é enveredado por uma série de estigmas e conferências de valores,
apontados pelo seu exterior frequentemente de forma negativa. O sujeito
mulher presente nas festas de tecnobrega, no contexto periférico da
juventude na Amazônia oriental carrega em sua configuração uma série de
inscrições heterogêneas que brotam de dentro e fora desses espaços, mas que
em sua visualização acabam caindo no poço da generalização social e do
determinismo enfático. Problematizar as construções sociais e performance
identitária desses sujeitos atentando para a sua instabilidade conceitual é
o passo chave para um olhar que estude as veredas de suas composições como
célula viva e não como produto final, locus sobre o qual muitas vezes é
amarrado.

2. Problematização da pesquisa

1. Dos territórios proibidos
"Não pensamos que a região haja desaparecido. O que esmaeceu foi a nossa
capacidade de reinterpretar e de reconhecer o espaço em suas divisões e
recortes atuais, desafiando-nos a exercer plenamente aquela tarefa
permanente dos intelectuais, isto é, a atualização dos conceitos. "
(SANTOS, 1994:102)

Se compreendermos o conceito de território como espaço de alocação de
indivíduos com características em comum, podemos, em determinado momento de
reflexão, incitar a ideia de que as definições encontradas em dicionários,
que tratam de delimitações predominantemente geográficas e étnicas de
região, não comportariam grupos que, dados suas similaridades ideológicas,
sexuais, geracionais, físicas etc. formam territórios cuja delimitação não
se restringe a um aspecto delimitável, mas vivo em intensa metamorfose e
que em muitas situações levantam muros invisíveis acerca de suas
fronteiras, que protegem os indivíduos que deles pertencem, territórios
onde esses indivíduos se constroem e são construídos, performando suas
identidades e a do outro que, dentro desse território, a complementam em
constante dialogismo e agrupamento. Segundo Haesbaert (2009):
A nível teórico podemos reconhecer, nas últimas décadas, a
amplitude da questão: regionalismos, identidades regionais
e/ou regiões são ou foram abordados tanto pela Ciência
Política (desde o legado de Gramsci e a questão meridional
italiana como questão regional), pela Economia regional
(como nos trabalhos de Perroux, Boudeville, Richardson e
Isnard), pela Sociologia (vide trabalhos de Bourdieu e
Giddens), pela Antropologia e pela História regional. Isto
sem falar em áreas ligadas às ciências naturais, onde
começam a surgir conceitos como o de "bio-região", numa
correspondência entre "identidade biofísica e cultural"
(McGINNIS et al., 1999).

É sob as prerrogativas carregadas por esta concepção de sub-regiões
que um dado contexto me chamou atenção, pois quando emergi nele pela
primeira vez, já acadêmica de Letras, me senti menos pertencente a minha
terra de origem, em que essas expressões eram as manifestações culturais
predominantes nas camadas populares a qual eu pertenço quanto moradora da
periferia amazônica. Muito do que me foi apresentado na minha primeira
festa de aparelhagem era novo, tão novo e tão curioso que não parecia estar
o tempo todo ao lado da minha casa, frequentado pela maioria dos meus
amigos de infância, nos anúncios de fim de semana dos carro-som que
gritavam as chamadas para essas festas na minha rua, nos grupos de amigos
cujas chamadas eu sempre recusei.
Me descobri uma consumidora assídua da indústria da cultura elitizada
das teorias e filosofia que eu carregava, sem nunca ter olhado para os
lados de um grupo social que se desenhava a minha volta, como se a criação
de 'permaneça em casa', condicionada por minha família na infância se
inscrevesse agora quanto forte influência de minhas escolhas adultas, eu
saí da criação que castrava a adoção de signos novos apontados por grupos
que considerava "menos favorecidos", o que só mais tarde eu entenderia por
opressão, subjugamento, segregação. Percebi então, numa festa de
aparelhagem, que as minhas considerações acerca dos grupos que formam a
sociedade de periferia ainda eram dotadas de extrema cristalização.
Contudo para que isso se desse, foi fundamental a investida de
estudos, dentro dos círculos acadêmicos da faculdade de Letras, que
esboçaram o entrelaçamento que alguns processos sociais poderiam ter sendo
trabalhados através da linguagem, especialmente quando postos à luz da
Linguística Aplicada Indisciplinar (FABRÍCIO, 2006; PENNYCOOK, 2006; MOITA
LOPES, 2002;2003;2008), então, algumas observações empíricas começaram a
sofrer uma reestruturação contemplativa. E é neste espaço-tempo que surgem
os paradigmas relativos a alocação do sujeito num dado contexto discursivo
situado, porque as festas de aparelhagem, por exemplo, começaram a ser
vistas de uma maneira mais estrutural e não mais com preconceito, então
alguns territórios que permaneciam cristalizadamente proibidos
(BUTLER,1990; PENNYCOOK, 2007), passaram a assumir novas possibilidades de
enfrentamento.

3. As festas de aparelhagem

Quando entrei numa festa de tecnobrega pela primeira vez muitas coisas
me assustaram. Sempre me disseram que essas festas só eram receptáculos de
favelados, trabalhadores do sexo, malacos, usuários de drogas e outras
categorias marginalizadas por uma sociedade que se atém a configurar
vivências com menos ou mais valor. Meu susto se deu pelo fato desses
elementos diante da alegria, dança e sintonia daqueles corpos, sequer ter
um viés de importância, eles existiam é verdade, mas não eram suas posições
sociais que configuravam o protagonismo do espaço, pois esse protagonismo
era múltiplo e heterogêneo, costurado por uma gama de fatores. A
movimentação daquele povo não exercia em mim o medo que me havia sido
delimitado, ela configurava o que se tem em números estatísticos as mais
numerosas expressões musicais do meu estado e que em comparação com as
festas nativas eram, eu seu caráter simbólico e expressivo, as maiores e
mais abrangentes festas paraenses em níveis de disseminação e público.
Contudo apesar desta abrangência ainda é tratada como um território
proibido, cuja primeira experiência, se não exercida de forma mais natural
é sempre uma situação de cuidado, a exemplo observa-se como o pesquisador
André Faraco, estudioso desse movimento tornando-o sua dissertação de
mestrado, descreve seu primeiro contato com o espaço e que mais tarde viria
a se tornar ponto chave de sua pesquisa:
"(...) Senti-me pouco confortável com aquele convite, não só porque o
clube situava-se em um bairro "afastado da cidade", longe de meus
referenciais sócio urbanísticos cotidianos, mas, sobretudo, pelos valores
que eu atribuía a este gênero musical. Considerava-o tosco, com melodias e
harmonias "pobres", "pegajosas" e letras piores ainda; intragáveis para
alguém com uma formação musical "erudita" como eu. Acrescenta-se aí, o
sentimento de apreensão, pois com certeza o lugar estaria "cheio de
ladrões, pixadores e traficantes" (...). (FARACO, 2008).
É sob esta perspectiva que muito da sociedade amazônida que apesar de
conviver com essas manifestações de maneira muito próxima, permanecem do
outro lado do muro, manifestando-se não apenas na sua abstenção, mas na
crítica voraz desse território desconhecido. Os estudos que tem por palco
estas manifestações (FARACO, 2008; BARROS, 2011; COSTA 2013), traçam de
maneira muito pertinente o porquê desse medo e preconceito considerando as
construções sociais e discursivas nesses espaços especialmente
fundamentados em seus aparatos de construção histórica.
Belém do Pará vive uma geografia cultural intensa desde os tempos
gloriosos do ciclo da borracha na Amazônia quando grupos da Europa em suas
expressões mais eruditas aportavam diretamente na cidade para apresentações
de teatro, dança, balé e demais luxos artísticos que configuravam a Belle-
Époque. Com essa base, a capital foi desenhando um cenário rico em
diversidade se visualizados os locais de absorção artística da nobreza em
paralelo àqueles produzidos pelas camadas populares da sociedade em sua
cultura ligada aos povos tradicionais afro-indígenas e congressos com as
batidas caribenhas trazidas pelo rádio, o que desaguaria, no que hoje
podemos visualizar como cultura popular, pop e urbana na metrópole da
Amazônia.
Em meados de 70 o fenômeno da jovem guarda chega ao Norte como Brega,
ritmo realocado através de seus reconstrutores que, agentes de uma região
alvo de preconceito social e econômico a nível nacional, tiveram sua nova
fórmula olhada com desdém, trazendo ao ritmo um caráter altamente
preconceituoso, como produção popular para gente pobre e "sem cultura".
Durante uma década o ritmo viveu o seu tempo de ouro, com alto índice de
consumo de discos, várias bandas em evidência em rádios, festas, cenário
alimentado principalmente pelas classes populares paraenses que se
encontravam em festas de bares da periferia, mercados e demais trechos onde
o povo estava e construía.
Como ritmo em metamorfose, o Brega ao ser atravessado pela tecnologia
da contemporaneidade acaba acessando outras conferências rítmicas trazidas
pela cultura pop e nesse momento nasce o que hoje chamamos de tecnobrega. O
tecnobrega em seu início marcava o início de um uso infinito de tecnologia
aplicada as composições musicais, a computadorização, a possibilidade
testes eletrônicos trazidos por novos aparelhos sonoros e a disseminação do
uso da tecnologia por uma parcela popular da indústria musical, fizeram
nascesse um fenômeno musical que no brilho estético acabou por perder
qualidade composicional, mas ainda assim, formava um novo público que
iniciava um processo de construção social através do ritmo.
Com base neste cenário chego ao contexto focal da pesquisa, as festas
de tecnobrega, que
"(...)genericamente, inserem-se no conjunto de modalidades
festivas populares sonorizadas pelas aparelhagens,
empresas que se identificam pela utilização de suntuosos
aparatos eletrônico-sonoros e diferenciadas pelo "estilo"
de festas a que se propõem, pelo público que atraem e por
suas dimensões e feições diversas. As festas de
aparelhagem configuram um cenário amplo e notório em Belém
a partir da relação que estabelecem entre público, festa e
aparelhagens, assinalada por certas articulações
significativas que se desdobram para além do momento
festivo propriamente dito " (FARACO, 2008).

Num cenário de cultura pop, as aparelhagens de Belém se tornaram as
mais tecnológicas de todo o país, com suas LED, aparelhos high tech, lasers
e estruturas grandiosas cujas empresas disputam quem tem a maior capacidade
de "arrastar o povo", a massa, a periferia, muitas vezes, absorvendo para
si, todos os estigmas conferidos a esses elementos sociais, como enfatiza
Costa (2013):

Não foi a primeira vez que a difusão massiva de um
"gênero" ou "subgênero" musical levou a um debate que
ampliou o tema do "meramente" musical e chegou ao campo de
noções mais amplas, tal como na tematização do confronto
entre "arte" versus "lixo cultural" ou "alienação" versus
"música autêntica" (p. 2).

E é nessa configuração de caráter espetacular que se monta o palco
para as performances discursivas que aqui pretendem ser investigadas como
espaço que se apresenta em múltiplas perspectivas de enlace,
socioconstrução, dialogismo e também práticas de letramentos
contemporâneas.

4. O feminino nas festas de aparelhagem

Uma das críticas mais abrangentes em relação as festas de aparelhagem
estão na composição das letras e músicas que são disseminadas nestes
espaços. Quando se trata de temática, com frequência observa-se o uso do
corpo feminino para enveredar refrões que como característica típica do
tecnobrega, são repetidos junto com mixagens eletrônicas até "pegarem" no
gosto das pessoas e assim ganhar as ruas, rádios e bocas da população como
evidenciado no trecho no fim deste tópico. Outra característica é a
constante tomada da figura do DJ, quanto figura masculina de desejo das
mulheres de festa de aparelhagem, que também é expressa em diversas
composições. O vestuário predominante, assim como as mulheres no baile funk
carioca, por exemplo, é composto por shorts e blusas curtos, além de salto-
alto, maquiagens fortes e cabelos esvoaçantes, que além de um fator
cultural, também carregam a resistência térmica a Belém de quase 40 graus e
auxiliam na dança do tecnobrega e derivados, que são ritmos frenéticos e
dançados em par. Na maioria das festas de aparelhagem as mulheres não pagam
ingresso e tem bebida liberada até certo horário, especialmente quando o
evento tem na chamada um título feminino (noite das safadinhas; noite das
poderosas; tecno das novinhas). Outro fator a ser observado é as infinitas
denominações ao órgão feminino que vai desde o "charque" até "rachada", uma
particularidade deste primeiro termo é que o termo charque no Estado do
Pará nomeia a carne seca salgada. Devido a fiscalização que é precária nas
periferias, as festas apresentam elevado número de menores de 18 anos,
especialmente mulheres, cuja performance já tenta aproximar-se de uma
mulher adulta como o enchimento em bojos de sutiã para camuflar a ausência
de volume nos seios.

"Eu vou dar minha piriquita pro DJ Elison
Pra ela sobrevoar com o Águia
E não vou dar pro DJ Juninho
ele pode metralhar minha piriquita"
(trecho da música "Quem vai querer a minha periquita", da Banda Katrina)

"O meu charque ta muito gostosinho
Ta bem escaldadinho esperando alguém pra dar
Tomara que ele não demore
Ele pode ficar frio e o DJ não vai gostar."
(trecho da música "A moda agora é dar o charque", da Banda Tecnoshow)

3. Pressupostos teóricos

3.1 Mundo contemporâneo: Linguagem como performance

Alguns grupos vivem um momento de necessidade de alocação que outrora
não havia sido problematizada, a questão de precisar criar um terceiro
banheiro nos lugares públicos ou de admitir que a autodeterminação confira
a um transexual ou travesti o direito de poder adentrar o banheiro
feminino, exemplifica que as discussões hoje fervem por uma resolução que
respeite os seres humanos em suas diversas formas de manifestação e
posicionamento no mundo. O preconceito gerado pelos vestuários e
comportamento das mulheres da periferia, que a recorte desta proposta de
pesquisa frequentam as festas de tecnobrega, diferente da necessidade de
criar um novo espaço, na verdade tenta afirmar-se nesse espaço já existente
só que de maneiras que vistas de fora, ou sob o loco do combate a
opressões, acaba por atingir alguns aspectos de suas formações saudáveis[1]
quanto seres humanos.
E é muito a esse conceito de alocação, diante de similaridades entre
sujeitos, que se dá a problematização desta pesquisa, já aos olhares da
contemporaneidade, que se aportando na linguagem quanto matriz que pode
praticar rupturas e criações através dos indivíduos, questiona alguns
discursos que parecem cristalizar velhas formas de opressão a sujeitos
femininos apesar das conquistas dos movimentos de mulheres. Frente a uma
sociedade que tem se ramificado, modificado e, dadas as requisições da
contemporaneidade, requerido reafirmações que se aliem aos tempos atuais,
me proponho a uma visão performativa da linguagem na análise de narrativas
de mulheres no contexto das festas de tecnobrega, que no diálogo ideológico
com esse contexto de intensa e heterogênea manifestação de cultura, compõe,
através da linguagem, suas subjetividades femininas.
A ideia de que esses sujeitos produzem seus espaços através da
linguagem resgata o pensamento adotado por Austin sobre a ação feita
através do dizer, do proferir, construindo assim uma realidade através da
linguagem. Esse pensamento que foi adotado por outros filósofos de sua
contemporaneidade como John Searle (intérprete oficial de Austin nos EUA),
e mais recentemente Judith Butler (esta na tangente da performance) onde
"todo dizer é um fazer", entendendo-se a linguagem como forma de ação no
mundo e a reflexão sobre as tipificações ocasionais e inesgotáveis dessa
ação é que se baseiam os Atos de Fala (1960) e assim confere a língua uma
função construcionista desprezando sua caracterização como artifício
meramente descritivo. A partir deste momento podemos falar de uma visão
performativa, na qual o sujeito não pode se desvincular de seu objeto fala
e, consequentemente, não é possível analisar este objeto fala desvinculado
do sujeito (OTTONI, 2002, p. 130).
Austin teve fundamental importância na elaboração de uma delimitação
no conceito de performativo da prática social da linguagem, com ganhos
conceituais e metodológicos. Contudo é ao condicionar aspectos como
'felicidade' ou infelicidade'* nas situações dos atos de fala em exemplos
frasais escolhidos de maneira artificializada e limitada a aspectos
particulares de observação, que a estação final de sua teoria vai
desembocar num emaranhado de críticas contestativas dentre as quais se
destaca a do filósofo Jacques Derrida (1972), cujas especulações
filosóficas, linguísticas e culturais contém em si um grau substancial de
polêmica.
A linguagem, para Derrida, foi um estopim flamejante aos seus
posicionamentos intelectuais mais genuínos, considerando que, para ele, é
um equívoco supor que a verdade pode ser encontrada na essência das coisas.
De acordo com suas formulações, o objetivo da filosofia não poderia ser
essa busca das coisas mas, ao contrário, deveria concentrar-se na linguagem
que se utiliza e, nesse caso, é preciso levar em conta que a linguagem,
como ensinou Saussure, é um sistema estabelecido num conjunto de diferenças
(GOULART, 2003 p.5).
Construindo sua fala sobre o que considera pretensioso e contestável
em Austin, estando este embasado em circunstâncias premeditadas de
manifestação elocutiva, é que Derrida nos direciona a uma visão não
matematizada da linguagem, onde não seria possível aloca-la inertemente
como um resultado de um processo interacional binário entre signo e objeto
representado, pois o resultado disto seria apenas a reunião de "um sistema
de diferenças entre os fonemas e não de uma co-relação [...]. Além do mais,
o espaço em que se dá esse jogo de diferenças é enorme o que possibilita
uma enorme variedade de significações" (GOULART, 2003 p.5).
Esse rompimento inaugura, ou pelo menos põe em voga, uma nova práxis
para o enfrentamento do processo performativo precedido e inconcluso de
Austin. Derrida resgata o poder fazer das palavras alimentando-o em um
campo epistemológico que não limita a conjuntos determinados de signos
linguísticos ou a uma estruturação lógica, mas abre as fronteiras para o
mundo real, aquele que é dependente do nascimento de processos de uma
consciência instável, que não se apresenta polarizado ou com apenas duas
forças iguais e contrárias, mas a uma infinidade de possibilidades de
manifestação. "Tais considerações já são suficientes para mostrar a posição
de Derrida, segundo a qual dever-se-ia pensar no quanto as palavras podem
significar e não no que elas significam" (GOULART, 2003 p.5).

3.2 Performance Narrativa

A noção de narrativa atravessa do teórico para o prático numa costura
que a torna elemento de investigação em diversas ciências. Nessa passagem,
ela propicia em seus aportes o entrelaçar de elementos que a elevam a um
caráter de prática social quando reúne, em seus estudos referenciais,
objetos de investigação da expressão humana em suas variadas
contextualizações. Conforme apontam Whortam (2001), Moita Lopes (2002;
2006; 2009), Hydén et al.(2014), Sena Filho (2013; 2014), dentre outros
autores, a pesquisa com narrativas tem sido algo extremamente produtivo
dentro das discussões sobre a construção social da realidade e das
(inter)subjetividades em jogo nos processos de narrar e ouvir histórias.
Utilizar a narrativa na pesquisa permite a visualização de fenômenos
que surgem e se entrelaçam aos novos processos sociais, dependendo do
recorte a que se propõe investigar, oferece também a possibilidade de um
novo olhar sobre elementos de expressão social que outrora ditavam regras,
e assim permite a derrubada de hipóteses e a construção de novos sentidos
para a contemporaneidade.
Desse modo, atento para a questão da tradução do subjetivo como algo
que deve ser manuseado com cuidado no estudo da narrativa, não podem nem
devem ser determinantes as conclusões acerca de um recorte específico de
uma fala, pois existem implicações muito maiores e mais abrangentes, o
investigador deve, acima de tudo, evitar ao máximo o tendenciamento,
segundo esclarecem Hyden et al. (2014), Sena Filho (2013), deve-se ter o
cuidado de não superestimar a voz do narrador, romantizando-a, e esquecer-
se das contingências sócio-históricas nas quais essa narrativa individual
poderá se inscrever.
Se tomarmos a linguagem quanto ponto essencial para a performance
identitária, temos que considerar que esta se manifesta de diversas formas,
complementando-se com suas variações semióticas. As palavras das mulheres a
serem entrevistadas, suas roupas, as músicas que reproduzem nas festas, sua
gestualidade e interação com as demais mulheres presentes no contexto, tudo
se complementa na exploração de suas narrativas, conferindo a estas um
caráter de "co-construído e co-performado" (HYDEN, et al. 2014, p.80). Na
adoção destes pressupostos, a narrativa se sobrepõe a fatores específicos
como a história narrada pelo sujeito, elevando-se a uma reunião dos agentes
múltiplos que a propiciam.
O trânsito por esse contexto, assim como pelas diversas áreas da
expressão, confere a linguagem possibilidades únicas de interferência nas
infinitas realidades construídas sob os seus alicerces. E é quanto à
alimentação de suas esferas sociais que os indivíduos ao lançarem-se a uma
construção narrativa, explicitam marcas suas identitárias, performando no
hoje, agindo na situação da entrevista coletada, mas também apontam para
uma relação maior, como célula ideológica, construindo outros enunciados,
de outros sujeitos, estes também respondendo a seus estímulos e provocado
nele interferências num contínuo processo interacional que constrói uma
realidade maior nessa complementação discursiva.
Neste ponto também somos direcionados ao ser produtor desse texto, que
também comporta seu enorme grau de contribuição para o estudo da uma
performance narrativa, foco deste trabalho. Para esse direcionamento
proponho tomar o sujeito à reflexão bakhtiniana (BRAIT, 2005), um sujeito
histórico, social, ideológico, mas também corpo (RECHDAN, 2003 p.3).
concepção dialógica de língua, consequentemente, também o será a de
sujeito: ambos (língua e sujeito) são povoados por discursos alheios e por
relações dialógicas (confronto, aceitação, recusa, negação...) entre esses
discursos (CAVALCANTE FILHO, 2011) pois, "a consciência individual não só
nada pode explicar, mas, ao contrário, deve ela própria ser explicada a
partir do meio ideológico e social. A consciência individual é um fato
sócioideológico" (BAKHTIN, 1992 p. 35), ela se aloca no plano social dos
signos ideológicos – as palavras – e "nosso próprio pensamento [...] nasce
e forma-se em interação e em luta com o pensamento alheio, o que não pode
deixar de refletir nas formas de expressão verbal do nosso pensamento"
(BAKHTIN, 1997 p. 317).
Isso significa dizer que esse sujeito deve ser visto em relação às
categorias de dispersão, do concreto, do singular, da alteridade, do
diálogo, do convívio, do discursivo, do heterogêneo, do sentido e do devir,
ao invés da centralização, do abstrato, o repetido, do monólogo, da
solidão, do sistema abstrato de signos, do homogêneo, da significação e da
cristalização. Por isso o estudo da narrativa se faz uma possibilidade
interessante, pois reúne em seu seio, partes que mesmo quando fragmentadas,
conversam entre si, compondo-se numa coexistência que é produtiva tanto
para 'catalogação' de ideologias no espaço-tempo, quanto para a
visualização dessas ideologias vivas, agindo no presente e assim
construindo-o.

4. Objetivos

1. Geral

Investigar performances narrativas identitárias no contexto das
manifestações culturais advindas da periferia e que configuram as festas de
aparelhagem do interior da Amazônia Oriental, problematizando nesses
espaços questões de subjugamento e opressão do sujeito mulher na juventude.


2. Específicos

- Evocar a capacidade do discurso de comportar fatos e posicionamentos
de como o sujeito constrói suas subjetividades através de processos
discursivos situados;
- Estudar processos de subjetivação e sujeição a normas sociais, assim
como, escapes possíveis sobre o ser mulher que se constitui nos espaços das
festas de aparelhagem, tendo em vista ser um espaço com forte estrutura
machista;
- Discutir acerca do espaço de interação que é enveredado por uma
série de estigmas e conferências de valores, e nele visualizar como se dá o
processo de práticas performativas situadas em relação ao experimento da
feminilidade.

5. Metodologia

Para a conferência metodológica desse desejo, será considerado o
conceito de posicionamento interacional conforme utilizados por Wortham
(2001) e Moita Lopes (2002; 2006; 2009), sendo este os lugares contextuais
que os sujeitos envolvidos na interação ocupam. Ocupar um lugar na
interação é precisamente ser sujeito do discurso em enunciação, o que
significar dizer que tal sujeito "age como alguém nessa posição" (MOITA
LOPES, 2006, p.296), assume um lugar social que se encontra relativamente
estabilizado em diferentes esferas da comunicação humana, de uma cultura e
de uma história em uma época. O que permite ao sujeito não assujeitar-se a
determinados lugares sociais é justamente o ato de ser único na vida social
(BAKHTIN, [1920]2010) o que lhe garante negociar na interação, no evento
situado, o lugar social em que vai se engajar.
No desdobramento desta dinâmica é interessante nesta proposta de
pesquisa posicionar dois aspectos relevantes: o evento narrado (narrated
event) e o evento de contação de história (storytelling event) (WORTHAM,
2001). Ao primeiro corresponde à história em si contada pelo sujeito mulher
no contexto em recorte, materializada na narrativa (texto). O segundo, diz
respeito à situação em que a história foi contada, as condições na qual a
narrativa emerge (enunciação).
É preciso considerar, ainda, que o posicionamento interacional
mobiliza o conceito de ordem indexical, o qual "constrói categorias no
mundo social que podem se cristalizar no decorrer do tempo e da história,
criando, assim, modos essencializados e específicos para certos sujeitos e
grupos sociais" (MELO; MOITA LOPES, 2014, p.661). Tais categorias se
referem a discursos que circulam socialmente e que, numa aproximação com a
perspectiva de Bakhtin ([1929]1992), estão associadas às esferas
ideológicas do discurso. Discursos cristalizados na história e na cultura
(BUTLER, 1990) estão em diálogo com as esferas do discurso cotidiano em
nossas práticas sociais. Nessa dinâmica é que são mobilizados valores
sociais, aspectos linguísticos, assim como, elementos não linguísticos que
agem nos processos de comunicação e produção de sentidos, apontando assim
para uma reflexão sobre as capacidades da linguagem na construção de
ideologias e realidades sociais.


Para problematizar o posicionamento das mulheres, dentro das festas de
tecnobrega, e construir juntamente com os sujeitos da pesquisa os sentidos
emergentes durante essas manifestações, contexto focal desta pesquisa, é
necessário situar as condições mais amplas da contextualização do processo
de pesquisa. Nesse sentido, esta pesquisa adota uma perspectiva etnográfica
com base em Moita Lopes (2002), Melo e Moita Lopes (2014) e Garcez e Schulz
(2015), e se propõe acompanhar performances discursivas de mulheres no
contexto das festas de aparelhagem.
Ao lado desse processo de contextualização, utilizarei os seguintes
instrumentais conceituais e analíticos, que serão usados na discussão, a
saber: posicionamento interacional, ordem indexical, índices linguísticos e
modalizadores no intento de situar as condições de pesquisa e de análise do
meu objeto de estudo: o de como os sujeitos mulher das festas de tecnobrega
constroem suas identidades femininas nesse contexto. Um dos pontos
importantes a serem considerados é a observação participante, que "implica
saber ouvir, escutar, ver, fazer uso de todos os sentidos" (VALLADARES,
2007 p.303). Identifico também a utilização da entrevista como uma prática
discursiva dialógica em perspectiva bakhtiniana (BAKHTIN, [1979]1997;
[1929]1992), entendendo-a como um gênero discursivo em que os sujeitos
envolvidos (inter)agem na construção de sentidos, orientados pelas
perguntas da entrevista e pelo processo imersivo vivenciado nas festas de
tecnobrega.
Com a ordem indexical mulheres da periferia, é possível identificar
padrões instituídos na cultura/história sobre como vivem e quem são esses
sujeitos, como a que grupos pertencem, o porquê vivem nessa condição,
dentre outros. Serão mobilizados os discursos produzidos em diferentes
esferas discursivas os quais regimentam as instituições sociais, como a
família, a mídia, as noções de gênero e sexualidade, dentre outros.

1. Instrumentos de Análise

Para identificar nas entrevistas como os sujeitos de pesquisa
mobilizam essas ordens indexicais, proponho a consideração das pistas
linguísticas conforme evidenciam Melo e Moita Lopes (2014), seguindo
Silverstein (1985), entendidas "como marcas linguísticas que sinalizam as
ações semióticas dos participantes na interação" (p.661). Seguindo, ainda,
a orientação dos autores, destacarei os dêiticos, as predicações e as
referências.
Genericamente, os dêiticos são utilizados para conferir função
especialmente aos pronomes pessoais e demonstrativos, assim como a
temporalidade exposta através das formas gramaticais. Além disso, também
explicitam o caráter referencial de inúmeras outras palavras e formas
linguísticas, fazendo-se recurso de estudo da situação em que se produzem
os sentidos dos enunciados, sejam os gêneros textuais orais ou escritos.
Isso acontece principalmente porque une os elementos da superfície textual
ao contexto em que estes se apresentam tornando-se assim um importante
aporte para essa proposta de investigação.

6. Cronograma

2º Semestre 2016
"Atividades "08"09"10"11"12"
"Aprofundamento teórico com base: no cumprimento das " " " " " "
"disciplinas do mestrado e na pesquisa bibliográfica "X "X "X "X "X "
"teórica complementar; " " " " " "
"Pesquisa de revisão bibliográfica sobre o tema em "X "X "X "X "X "
"investigação; " " " " " "
"Observação participante inicial com os sujeitos da " " " "X "X "
"pesquisa em ambiente presencial; " " " " " "


1º Semestre de 2017
"Atividades "01"02"03"04"05"
"Aprofundamento teórico com base no cumprimento das " " " " " "
"disciplinas do mestrado e na pesquisa bibliográfica "X "X "X "X "X "
"teórica complementar; " " " " " "
"Pesquisa de revisão bibliográfica sobre o tema em "X "X "X "X "X "
"investigação; " " " " " "
"Preparação da pesquisa presencial I; " "X "X "X " "
"Pesquisa etnográfica I com os sujeitos da pesquisa em " " " " "X "
"ambiente presencial; " " " " " "

2º Semestre de 2017
"Atividades "06"07"08"09"10"
"Sistematização dos dados da pesquisa e escrita da "X "X "X "X " "
"Dissertação; " " " " " "
"Defesa da Dissertação. " " " " "X "

* Inclui-se entre as atividades a participação em eventos científicos e
qualificação, sendo um planejamento passível de readequação conforme o
andamento da pesquisa.

7. Expectativas

"O conhecimento é construído por meio da reflexão sobre os problemas reais
encontrados e por meio de teorias que se fazem necessárias para a
compreensão e busca de soluções. "
Vieira-Abrahão (2002: 65)

Traço as expectativas desse trabalho sabendo que minhas imersões ainda
configuram uma visão crítica embrionária, porque apesar de ter trabalhado
com as construções do sujeito mulher em meu trabalho de conclusão de curso
e de estar em intensa atividade no movimento feminista de minha região, o
contexto aqui proposto é diferente, pois trabalho com coletivos feministas
cujas considerações acerca da feminilidade estão em trânsito e constante
debate nas conferências no que tange a reflexibilidade aportada em teorias
e leituras próprias do movimento feminista, como apontado em meus
resultados do TCC. Assim, no acompanhamento das mulheres neste contexto tão
expressivo na Amazônia, considerarei a visualização do dialogismo que as
compõem nesses espaços, sua performatividade enlaçada ao contexto e
consequentemente as suas marcas de identidade advindas destas manifestações
dialógicas.
Deve-se considerar ainda que esses posicionamentos desaguam em outros
fatores sociais de expressão mais abrangente como a recepção destes
sujeitos nos demais espaços sociais como sistemas de saúde, instâncias
legais e sistema educacional e cujas esteriotipatizações acerca de suas
performances discursivas são aliadas a elementos de negação e preconceito.
E diante desse acompanhamento poder desenvolver uma compreensão mais
profunda de como essas mulheres se relacionam de forma a construir seus
territórios ou de resistir ao território que as comportam, quando estes não
lhe conferirem a vivência plena e positiva de sua feminilidade/humanidade.
Além disso a proposta evidencia a capacidade da linguagem de tradução e
composição de realidades e subjetividades dos sujeitos e contextos que
através dela se costuram. Tomando a força de inegável elemento
intervencionista nas diversas instâncias de expressão social.
Por fim, em configuração propositiva, o intento deste projeto é
acrescentar aos estudos sociais que configuram a Linguística Aplicada,
olhares sobre a capacidade de algumas conceituações científicas transitarem
em espaços dinâmicos, que tomam uma configuração particular a cada contexto
trabalhado, neste caso, as práticas sociais que emergem do interior da
Amazônia em sua pluralidade e riqueza cultural.

9. Referências

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Médicas, [1962]1990.

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[1] por saudável tento conferir as conquistas históricas das mulheres em
relação a não violência do corpo, direito a saúde, educação, autonomia na
gerência de suas vidas, consciência dos estigmas sociais opressores e
direitos quanto cidadã.
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