O Fim da História e o Último Homem. Francis Fukuyama.por Sílvio Almirante.2014

July 25, 2017 | Autor: Sílvio Almirante | Categoria: Filosofía Política
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Índice Resumo ........................................................................................................................................... iii Introdução ........................................................................................................................................ 4 1. O Significado do Fim da História e o Último Homem (Fancis Fukuyama) ................................ 5 2. O Último Homem ........................................................................................................................ 9 Conclusão ...................................................................................................................................... 13 Bibliografia .................................................................................................................................... 14

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Resumo Para entender O Fim da História e o Último Homem em Francis Fukuyama, é preciso voltarmos a uma antiga questão levantada por ele, cuja surge quando se questiona a existência de algo como o progresso e a possibilidade de construção de uma história universal da humanidade, coerente e direccional. Na tentativa de construir uma história universal e direccional deu a génese de dois processos históricos colaterais, que ao entender de Fukuyama, uma chama-se ‘ciência natural moderna e outra, é a luta pelo reconhecimento, dando origem a democracia capitalista liberal, vista como o estádio final do processo histórico, isto é, a democracia liberal poderia constituir o ponto terminal da evolução ideológica da humanidade e a forma final do governo humano, constituindo assim, o fim da história. Palavras-chave: Fim da História, Último Homem, Democracia Liberal, Reconhecimento.

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Introdução Francis Fukuyama nasceu em Chicago nos Estados Unidos da América, a 27 de Outubro de 1952. É filósofo e economista político. A tese sobre O Fim da História foi iniciada por Hegel, seguidamente por Marx e depois por Fukuyama. Hegel afirmava que o Fim da História aconteceria no momento em que a humanidade atingisse o equilíbrio, representado pela ascensão do liberalismo e da igualdade, porém com um prazo indeterminado para ocorrer, enquanto para Marx o Fim da História seria a Sociedade Comunista. Fukuyama escreve a obra O Fim da História e o Último Homem não como o fim dos acontecimentos de nascimento, vida ou morte, mas sim, o fim das guerras e revoluções sangrentas, uma vez que, os homens não teriam grandes razões para lutar, pois a actividade económica satisfaria as suas necessidades. Dentro deste debate, Fukuyama convida dois importantes filósofos como Nietzsche e Kojéve. As teses de Nietzsche se encontram sobre o Último Homem, onde afirmava que o cidadão da democracia liberal era o último homem. Para Kojéve a história tinha acabado, uma vez que, a democracia liberal solucionava totalmente as necessidades humanas. O que Fukuyama havia sugerido que terminaria era a história compreendida como um processo singular, coerente e evolutivo, tendo em conta a experiencia de todos os povos em todos os tempos, ou seja, o progresso. Outrossim, Fukuyama diz que a democracia Ocidental firmou-se como solução final do governo humano, gerando uma estagnação jamais vista antes na história do mundo. Este conteúdo foi elaborado com base na leitura e interpretação da obra ‘O Fim da História e o último Homem’ de Francis Fukuyama. Este trabalho segue a seguinte estrutura, resumo, introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia respectivamente.

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1. O Significado do Fim da História e o Último Homem (Fancis Fukuyama) (Sílvio Almirante1) A génese da obra encontra-se escrita num artigo intitulado ‘ o Fim da História? Onde Fukuyama escrevera para a revista The National Interest em 1989. Nessa revista, Fukuyama defendia que, nos últimos anos, tinha ocorrido por todo o mundo um consenso notável quanto à legitimidade da democracia liberal como sistema de governo, à medida que esta triunfava sobre ideologias rivais, como a monarquia, o fascismo e comunismo. Não obstante que as democracias de hoje, como as dos Estados Unidos da América, da França ou da Suíça estivessem livres de injustiças ou graves problemas sociais. Todavia, estes problemas eram mais uns produtos de uma incompleta aplicação dos princípios gémeos da liberdade e da igualdade, onde a democracia se fundamenta. Ao entender de Fukuyama (1992: 13) “a democracia liberal poderia constituir o ponto terminal da evolução ideológica da humanidade e a forma final do governo humano, constituindo assim, o fim da história”. Ou seja, as anteriores formas de governo eram caracterizadas por graves imperfeições e irracionalidades que conduziam ao seu eventual colapso, a democracia liberal estava comprovadamente livre dessas contradições internas fundamentais. O fim da história suscitou um número extraordinário de comentários e controvérsias, primeiramente nos Estados Unidos da América e depois na Inglaterra, na França, na Itália entre outros países, mas a crítica surgiu de várias formas concebíveis, algumas delas fruto de uma simples incompreensão da intenção original de Fukuyama, outras captando mais profundamente o pensamento da sua argumentação. Muitas pessoas ficaram confusas com o seu uso da palavra ‘historia’. Entendendo a história no seu sentido convencional como ocorrência de acontecimentos, as pessoas apontavam a queda do Muro do Berlim, a repressão Comunista Chinesa como provas de que a ‘história continuava’ e que Fukuyama estava totalmente errado. Segundo Fukuyama “aquilo que ele havia sugerido que terminaria não era a ocorrência de acontecimentos, mesmo de acontecimentos maiores e momentosos, mas a história; a história compreendida

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Estudante do curso de Licenciatura em ensino de Filosofia com Habilitações em História, na Universidade Pedagógica, delegação de Nampula, 3o Ano, 2014.

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como um processo singular, coerente e evolutivo, tendo em conta a experiência de todos os povos em todos os tempos” (Idem: 14)

Esta compreensão da história estava intimamente associada com o grande filósofo alemão Hegel. Ela tornou-se parte da nossa atmosfera intelectual quotidiana com Karl Marx, que tomou de empréstimo este conceito de história a Hegel e está implícita na utilização que fazemos de palavras como primitivo ou ‘avançado’, ‘tradicional’, ou ‘moderno’, quando nos referimos a diferentes tipos de sociedades humanas. Para os dois pensadores houve um desenvolvimento coerente das sociedades humanas, desde as sociedades tribais simples, baseadas na escravatura e na agricultura de subsistência, passando pelas várias teocracias, monarquias e aristocracias feudais, ate à moderna democracia liberal e ao capitalismo dirigido nas tecnologias. Esse processo evolutivo não aleatório nem inteligível, mesmo que não se tenha desenvolvido numa linha recta e que seja possível questionar se o homem como resultado do progresso histórico, seria mais feliz ou melhor. Tanto Hegel como Marx acreditavam que a evolução das sociedades humanas não era ilimitada, mas que terminaria quando a humanidade conseguisse atingir uma forma de sociedade que satisfizesse as suas profundas aspirações fundamentais. Os dois pensadores postulavam um ‘fim da historia’: para Hegel era o estado liberal, enquanto para Marx era uma sociedade comunista. Isto não significava que o ciclo natural do nascimento, vida ou morte acabasse, que deixassem de ocorrer acontecimentos importantes ou que os jornais que os noticiavam deixassem de ser publicados. Mas sim, significava que não haveria progresso no desenvolvimento dos princípios e instituições fundamentais, porque todas as questões verdadeiramente importantes tinham sido resolvido (FUKUYAMA, 1992: 14).

É importante frisar que, o conteúdo da obra regressa a uma questão muito antiga levantada por Fukuyama: ‘se no final do século XX, faz sentindo para nós falar, mais uma vez, de uma história da humanidade, coerente e direccionada, que eventualmente conduzirá a maior parte da humanidade para a democracia liberal? A resposta de Fukuyama é afirmativa, sustentando-se por duas razões distintas. Uma tem a ver com a economia e outra com aquilo que se denominou ‘luta pelo reconhecimento’. Fukuyama apresenta duas tentativas distintas para a esquematização de uma história universal. Em primeiro lugar, Fukuyama estabelece a necessidade de relançar a possibilidade de uma

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história universal. Em segundo lugar, propõe uma resposta primeira, tentando utilizar a ciência natural moderna como um regulador ou mecanismo para explicar a direccionalidade e a coerência da história. Portanto, é a única actividade social importante, embora é um tempo cumulativo e direccional, mesmo que o seu impacto final sobre a felicidade humana seja ambíguo. O desenvolvimento da ciência natural moderna produziu um efeito uniforme em todas as sociedades que o experimentaram por duas razões. Em primeiro lugar, a tecnologia confere vantagens militares decisivas aos países que a possuem, dada a continua possibilidade de guerra no sistema internacional de Estados. Nenhum estado que preze a sua independência pode ignorar a necessidade de modernização defensiva. Em segundo lugar, a ciência natural moderna estabelece um horizonte uniforme da possibilidade de uma produção económica. A tecnologia torna possível a acumulação ilimitada de riqueza e a satisfação de um conjunto cada vez maior de aspiração humanas. Este processo garante uma homogeneização cada vez maior de todas as sociedades humanas, quaisquer que sejam as suas origens históricas ou heranças culturais. Na percepção de Fukuyama (1992: 16) “todos os países em fase de modernização económica têm de conseguir as formas tradicionais de organização social, como a tribo, a seita e a família, por formas economicamente racionais, baseadas nas funcionalidades e na eficiência, e promover a educação universal dos seus cidadãos”. A democracia liberal substituiu o desejo irracional de se ser reconhecido como alguém maior que os outros pelo desejo racional de se ser reconhecido como um igual. Portanto, um mundo de democracias liberais deveria constituir um incentivo muito menor para a guerra, uma vez que, todas as nações reconheceriam reciprocamente as respectivas legitimidades. De acordo com Hegel, o desejo de ser reconhecido como um ser humano digno conduziu o homem, no início da história, a uma sangrenta batalha mortal pelo prestígio. Um entendimento da importância do desejo de reconhecimento como motor da história, permitindo-nos reinterpretar muitos fenómenos que nos são aparentemente familiares, como a cultura, a religião, o trabalho, o nacionalismo e a guerra.

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Para que a democracia funcione é preciso que os cidadãos desenvolvam um orgulho irracional nas suas instituições democráticas, desenvolvendo igualmente aquilo que Tocquiville chamou ‘arte de associação’, que assenta numa ligação forte a pequenas comunidades. Portanto, estas comunidades baseiam-se frequentemente na religião, na etnia ou em outras formas de reconhecimento que ficam aquém do reconhecimento universal em que assenta o Estado liberal. No século Alexandre Kojéve, o grande intérprete de Hegel, defendeu que a história tinha acabado, uma vez que, aquilo a que ele chamava o estado universal e homogéneo, o que podemos entender por democracia liberal solucionava definitivamente a questão do reconhecimento ao substituir a relação de domínio e escravidão pelo reconhecimento universal e paritário. Será que o reconhecimento acessível aos cidadãos das democracias contemporâneas totalmente é satisfatório? O futuro à longo prazo da democracia liberal e as alternativas que possam um dia surgir dependem da resposta à questão acima. O reconhecimento universal da democracia liberal é necessariamente incompleto, portanto, o capitalismo gera a desigualdade económica e exige uma divisão de trabalho que implica um reconhecimento desigual. Nesta perspectiva, o nível de propriedade absoluta de uma nação não é solução, pois continuarão a existir os pobres, por isso, são invisíveis como seres humanos para os seus concidadãos. Nietzsche acreditava que a democracia moderna não representava o autodomínio dos antigos escravos, mas sim, a vitória incondicional do escravo e de um tipo de moralidade própria da escravidão. Segundo Nietzsche apud Fukuyama (1992: 23) “o cidadão típico de uma democracia liberal era o ‘último homem’, cujo instruído pelos fundadores do liberalismo moderno, trocou a crença orgulhosa na superioridade do seu próprio valor por um auto preservação comodista”. Portanto, a democracia liberal produziu ‘homens se coluna vertebral’; compostos de desejos e razão, mas sem ânimo, suficientemente espertos para encontrarem novos processos de satisfazerem uma série de aspirações, através da avaliação dos seus próprios interesses ao longo prazo. O último homem não deseja ser reconhecido como superior aos outros e, sem esse desejo, nenhuma excelência ou realização era possível. Contente com a sua felicidade e incapaz de sentir

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qualquer espécie de vergonha por não conseguir elevar-se a aspiração além de imediatas, o último homem deixou de existir de ser humano. 2. O Último Homem Há discussão sobre a possibilidade de se escrever uma história universal, a questão de apurar se as transformações de uma história direccional significavam progresso. No entanto, a história nos conduz para uma democracia liberal. As democracias liberais estão sem dúvida ameaçadas por uma série de problemas, como desemprego, as drogas, o crime e ouros, porém além destas preocupações imediatas, resta saber se existe outras fontes mais profundas de insatisfação no interior da democracia liberal. Portanto, se não distingamos tais contradições, estaremos em oposição de afirmar com Hegel e Kojéve que chegamos ao fim da história. A pretensão de Kojéve de que a humanidade chegou ao fim da história, assenta na sua tese de que o desejo de reconhecimento é fundamental anseio humano. Para ele, a luta pelo reconhecimento foi o fio condutor da história desde a primeira batalha sangrenta; a história terminou porque o estado universal e homogéneo, a materializar o reconhecimento recíproco, satisfaz plenamente este anseio. O problema do fim da história resume-se a uma questão sobre o futuro do ânimo: se a democracia liberal satisfaz adequadamente o desejo pelo reconhecimento, como diz Kojéve, ou se esse desejo continuará por se realizar e, capaz de vir a manifestar-se de uma forma diferente. Na tentativa de construir uma história universal originou dois processos históricos paralelos: um guiado pela ciência natural moderna e pela lógica do desejo e o outro pela luta do reconhecimento. O reconhecimento recíproco que caracteriza o estado homogéneo e universal não consegue satisfazer muita gente, porque segundo Adam Smith apud Fukuyama (1992: 290) “o homem rico continuara a glorificar-se com as suas riquezas, enquanto o homem pobre continuará a sentir-se envergonhado da sua pobreza a sentir-se invisível”. Ambos terminaram convenientemente no mesmo ponto de chegada, a democracia capitalista liberal. Mas, será que o desejo e o ânimo podem ser satisfeitos suficientemente pelas mesmas instituições sociais e políticas? Não poderá acontecer que satisfaz o desejo não satisfaça o ânimo

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e vice-versa? De tal maneira que nenhuma sociedade humana agrade ao, homem enquanto homem? A possibilidade de a sociedade liberal não tipificar a satisfação simultânea do desejo e do ânimo, é colocada pelos críticos do liberalismo, tanto de esquerda como da direita. A crítica da esquerda sustenta que a promessa do reconhecimento universal e recíproco continua por cumprir as sociedades liberais pelas razões acabadas de indicar: a desigualdade económica originada pelo capitalismo implica ‘por si mesmo’ reconhecimento desigual. A crítica da direita insiste em que o problema da sociedade liberal não tem a ver com uma inadequada universalização do reconhecimento igualitário. Esse objectivo é problemático porque os seres humanos são intrinsecamente ‘desiguais’, tratá-los como iguais não é afirmar, mas antes negar, a sua humanidade. Apesar da acusação mais familiar contra a democracia liberal ser a de que procede ao reconhecimento desigual de pessoas iguais, há razão para se pensar que a maior e mais seria ameaça vem da direita, isto é, da tendência da democracia liberal para conferir reconhecimento igual a pessoas desiguais. O último homem de Nietzsche não era outro senão o escravo vitorioso. Ele estava completamente de acordo com Hegel quanto o cristianismo ser uma ideologia de escravidão e a democracia representar uma forma secularizada do cristianismo. A igualdade de todos perante a lei constituía a realização do ideal cristão da igualdade de todos os crentes no Reino dos Céus. Portanto, segundo Nietzsche o último homem deixou as regiões onde era difícil viver, porque o homem necessita de calor (NIETZSCHE apud FUKUYAMA, 1992: 296).

Torna-se difícil para as pessoas das sociedades modernas articular em público questões com um conteúdo moral sério. O moralismo exige uma distinção entre o melhor e o pior, o bem e o mal. É por essa razão que o último homem se preocupa com a sua ‘saúde e segurança pessoal’, por estas não constituírem motivos de controvérsias. Ao colocar a autopreservação acima de todas as coisas, o último homem assemelha-se ao servo da batalha sangrenta de Hegel que deu início à história. Todavia, a situação que o último homem se encontra (a de luta pela saúde e segurança pessoal) tornou-se ainda pior, como resultado de um completo processo histórico que decorreu desde essa altura, uma complexa e cumulativa evolução da sociedade humana em direcção à democracia. Segundo Nietzsche, uma coisa que

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viva não pode ser saudável, forte ou produtiva se não viver dentro de um certo horizonte, isto é, um quadro de valores e crenças aceite absoluta e incontroversamente. A educação moderna, essa educação universal e essencial para as sociedades para o mundo moderno económico, liberta os homens das suas amarras à tradição e à autoridade. Eles sabem que o seu horizonte é apenas isso, não a terra firme, mas uma viragem que desaparece com a aproximação, dando lugar a um outro horizonte. É por isso que o homem moderno é o ‘último homem’, exausto pela experiência da história e desenganado quanto à possibilidade de uma experiência directa de valores. O último homem, no fim da história sabe não o fará, pois tem consciência de que a história está cheia de batalhas inúteis, em que homens lutaram por serem cristãos ou muçulmanos, protestante ou católicos. A história subsequente provou que as lealdades que impeliram os homens para actos desesperados de coragem e sacrifício, não passaram de todos de preconceitos. Os homens com educação moderna realizaram-se ficando em casa, congratulando-se pela sua tolerância e ausência de fanatismo. Alexandre Kojéve partilhava a opinião de Tocquiville sobre a inevitabilidade da democracia moderna. Se o homem é caracterizado pelo desejo de lutar pelo reconhecimento e perlo seu trabalho para dominar a natureza e se, no fim da história ele obtém o reconhecimento da sua humanidade e a abundância material, ‘o homem propriamente dito’ deixará de existir, porque terá deixado de trabalhar e lutar. O desaparecimento do homem no fim da história não é uma catástrofe cósmica. O que desaparece é o homem propriamente dito, isto é, acção negando o dado, o sujeito opondo-se ao objecto. “O fim da história traduz-se no fim das guerras e revoluções sangrentas. Os homens de acordo aos objectivos não teriam grandes razões para lutar. A actividade económica satisfaria as suas necessidades, pelo que já não teriam de arriscar a vida em batalhas” (FUKUYAMA, 1992: 300). As reflexões psicológicas de Nietzsche são familiares às nós, porque ele fala-nos do desejo de reconhecimento. Pode-se dizer que a preocupação central de Nietzsche é o futuro do ânimo, que considerava ameaçada pelo sentido histórico do homem e pelo alastramento da democracia. Quando o Zaratustra de Nietzsche falava à multidão sobre o último homem, ergue-se um clamor:

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Dá-nos este último homem, ó Zaratustra! Transforma-nos nesses últimos homens! A vida do último homem é uma vida de segurança física e de abundância material, exactamente aquilo que os políticos gostam de prometer aos seus eleitores (NIETZSCHE apud FUKUYAMA, 1992: 301).

O declínio da vida comunitária sugere que no futuro, corremos o risco de nos transformar em últimos homens, seguros e absorvidos, desprovidos de espírito tímido para atingir objectivos mais elevados na nossa busca de conforto privado. É possível que, se os acontecimentos continuarem a desenrolar como nas últimas décadas, a ideia de uma história direccional e universal rumo à democracia liberal possa ser mais aplaudível para as pessoas e que o impasse relativista do pensamento moderno se resolva. Para Alexandre Kojéve apud Fukuyama (1992: 301) “o fim da história significava igualmente o fim da arte e da Filosofia, pois elas são actividades da sua própria vida”. No entanto, Kojéve acreditava que a história acabaria por se vingar da sua própria racionalidade. Ou seja, chegaria ao fim da viagem tantas carruagens que qualquer pessoa que observasse a chegada, seria forçada a admitir ter havido uma só viagem e um só destino. O Estado liberal deve ser universal, isto é, reconhecer todos os cidadãos por serem seres humanos e não membros de um determinado grupo nacional, ético ou racial. E deve também ser homogéneo na medida em que cria uma sociedade sem classes assente na abolição da distinção entre senhores e escravos. O Estado homogéneo e universal que surge no fim da história pode ser visto como assentado nos pilares da economia e do reconhecimento. O Estado que emerge no fim da história é liberal na medida em que reconhece e protege, através de um sistema jurídico, o direito universal do homem à liberdade e é democrático na medida em que somente existe com o consentimento dos governadores.

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Conclusão Com a destruição do fascismo e do socialismo, a humanidade teria atingido o ponto culminante da sua evolução com o triunfo da democracia liberal Ocidental, porque o capitalismo e a democracia burguesa constituíam o coroamento da história da humanidade. A história conduznos a uma democracia liberal, mas a mesma encontra-se muito ameaçada por várias dificuldades, como por exemplo, o crime, a luta pelo poder, o desemprego e entre outras. No entanto, caso não superarmos essas dificuldades, corremos o risco de chegarmos ao fim da história enunciada pelos filósofos, mas se ultrapassarmos tais dificuldades, podemos afirmar claramente que a história vai continuar. Neste trabalho, fala-se do Último Homem como aquele que luta pela preservação de si próprio e de seus interesses, e guiado pela força do desejo, do ânimo e pelo reconhecimento. Na sociedade moderna exige-se um moralismo na distinção entre o melhor e o pior, o bem e o mal, gerando assim, um Último Homem movido pela saúde e segurança individual, por essas não ser motivos de desavenças. Não obstante que, a democracia liberal seja acusada pelo reconhecimento desigual de pessoas iguais, mas isto constitui uma ameaça da própria democracia liberal por conferir reconhecimento igual a pessoas desiguais. A democracia liberal aconselha na distribuição económica e no reconhecimento do outro enquanto homem.

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Bibliografia FUKUYAMA, Francis. O Fim da História e o Último Homem. Brasil: Gradiva, 1992.

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