O FORDISMO NA LITERATURA DISTÓPICA: UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR

September 9, 2017 | Autor: João Amado | Categoria: Literature, Interdisciplinary Studies, Interdisciplinaridade, Utopia/Distopia
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XXI ENANGRAD

Teoria Geral da Administração (TGA)

O FORDISMO NA LITERATURA DISTÓPICA: UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR

João Gomes da Silva Neto Ana Luiza Gonçalves da Silva Marcio Markendorf

Brasília, 2010

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Teoria Geral da Administração

O FORDISMO NA LITERATURA DISTÓPICA: UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR

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RESUMO Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem transdisciplinar que cotejará elementos da literatura distópica, com características de algumas teorias administrativas. Para tanto, utilizar-se-á o clássico: “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, verificando as possibilidades de interconexões com o Fordismo e Taylorismo. Busca-se não somente verificar as possibilidades do gênero distópico em ilustrar aspectos das teorias da administração, mas suscitar uma postura de reflexão crítica em relação ao contexto sócio-cultural em que esses modelos administrativos surgiram; pensar nos reflexos negativos decorrentes de paradigmas reducionistas, deterministas e mecanicistas sobre as organizações e a sociedade que se verificam ainda nos dias de hoje, além de propor visões criativas e originais para se pensar possíveis conseqüências negativas desses paradigmas no futuro. Palavras chave: Transdisciplinaridade, Administração, Literatura, Fordismo, Distopia. ABSTRACT This is a bibliographic research based on a transdisciplinary approach that intents to relate elements of dystopian literature with characteristics of some administrative theories. For so, it will be used the classic: "Brave New World" by Aldous Huxley, checking the possibilities of interconnections with Fordism and Taylorism. Besides verifying the possibilities of dystopian literary genre to help illustrate aspects of some theories of Administration, the aim of this work is to encourage an attitude of critical reflection in relation to historical and cultural contexts of which these administrative models emerged, thinking of the negative effects resulting from reductionist, deterministic, and mechanistic paradigms about organizations and society that there are still today, and propose creative insights and original thinking to the possible negative consequences of these paradigms in the future. Key-words: Transdisciplinarity, Administration, Literature, Fordism, Distopia.

1 INTRODUÇÃO Pode-se observar que uma parcela significativa das literaturas encontráveis no mercado editorial na área da Administração propõe uma visão demasiado prosaica sobre empreendedorismo e a prática administrativa. Geralmente a ênfase está na tabulação de resultados quantificáveis por meio de fórmulas prontas, quase sempre métodos de abordagem estritamente deterministas, reducionistas, lineares,

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superficiais, chegando muitas vezes, próximos à fala das publicações de auto-ajuda estadunidenses. Há um estudo de Wood Jr. e De Paula (2002a), intitulado “PopManagement: contos de paixão, lucro e poder”, que a partir de uma perspectiva psicanalítica, analisa e relaciona a estrutura e os elementos-chave das narrativas do pop-management à das histórias infantis. Segundo Wood Jr. e De Paula (2002b), “[...] entre a oferta de panacéias gerenciais e a busca ansiosa de soluções fáceis para todos os males, [...], o management vem se popularizando e parece ter gerado um duplo: o pop-management”. Esse tipo de literatura tem lançado uma profusão interminável de modismos e invadido as faculdades de administração. Em essência são livros escritos em série, seguindo receitas de sucesso, que objetivam virar bestsellers e gerar lucro fácil para seus autores e editores. Também visam fazer publicidade para os autores “gurus” e suas empresas de consultorias, palestras e treinamentos (MICKLETHWAIT; WOOLDRIDGE, 1998). Em contraponto, num contexto acadêmico, da práxis didática da Administração, há obras científicas nas quais propõem-se uma abordagem mais profunda, abrangente e complexa das teorias administrativas. Essas obras analisam as questões epistemológicas das teorias das organizações num panorama contemporâneo e com suas vicissitudes prementes. Todavia, são consideravelmente densas e podem estar algumas vezes, sobremaneira distantes da competência lingüística, textual e intertextual do acadêmico. Logo, podemos inferir que a discussão epistemológica possa eventualmente ficar do lado de fora do ambiente onde supostamente deveria estar em primeira instância: a sala de aula. Quais estratégias didáticas podem contribuir para alterar essa realidade? Segundo uma postura mais reflexiva e crítica do universo da Administração e das organizações no cenário atual, mais importante do que decorar teorias e fórmulas mágicas para se tornar um líder modelo, ter sucesso e dinheiro, é aprender a aprender, a pesquisar, a interpretar e filtrar informações para construir conhecimento efetivo. A opção por uma abordagem paradidática, representada pelo diálogo entre a literatura e as teorias da Administração, pode auxiliar a desenvolver ferramentas que venham trabalhar esses aspectos. De acordo com uma abordagem transdisciplinar, o gênero literário distópico pode contribuir para suscitar uma postura de reflexão crítica em relação ao contexto histórico-cultural em que esses modelos administrativos surgiram e pensar nos reflexos negativos decorrentes de paradigmas reducionistas, deterministas e mecanicistas sobre as organizações e a sociedade que se verificam ainda nos dias de hoje. Além disso, semelhante tática pode propor visões criativas e originais para se pensar possíveis conseqüências desses paradigmas no futuro. Nas artes, o pensamento crítico e a proposição do novo têm solo fértil por meio da criatividade e da visão de mundo do artista. Mais especificamente na literatura, o gênero distópico se posicionou enquanto questionador dos valores sociais vigentes de sua época. Surgido no fim do século XIX, adquiriu expressividade no século XX e até hoje tem influenciado outras linguagens artísticas entre elas o cinema, a música, as artes plásticas, os quadrinhos e os programas de TV. Um dos representantes mais celebrados da literatura distópica é Aldous Huxley, autor do clássico romance “Admirável Mundo Novo”, de 1932. Nessa obra futurista é criticada a sociedade estadunidense orientada para o consumo, a padronização e a produção em massa, norteada pelo modelo de administração e produção industrial adotado por Henry Ford a partir de 1903, mais conhecido como Fordismo, fortemente inspirado nos conceitos da Administração Científica de

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Frederick Taylor, Taylorismo. No enredo da obra em questão, temos um Estado totalitário e uma sociedade linear, estável e alienada, na qual a arte, o pensar e o sentir não são permitidos e há a proibição da individualidade em detrimento do todo. Analisando esses elementos, podemos visualizar algumas das características mecanicistas e reducionistas do Fordismo tais como a concepção de sistema fechado, a hierarquização, a previsibilidade, a padronização, a mecanização, o controle, a produção e consumo em massa, todas levadas ao paroxismo. Isso pode ser atingido com o cotejamento do discurso literário com a teoria da Administração Científica e o Fordismo, proposta que poderia relacionar as novas estratégias didáticas ao paradidático representado pelo conhecimento da literatura administrativa. O objetivo deste trabalho é estabelecer esse paralelo ao apresentar algumas possibilidades de relações transdisciplinares. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para contextualizarmos mais especificamente e melhor aclarar o terreno que vamos trilhar, antes de adentrar mais pontualmente ao cotejamento das literaturas e às possibilidades de relações transdisciplinares entre a literatura e as teorias da Administração, faz-se interessante deslindar um pouco melhor sobre os conceitos propostos. Primeiramente discorreremos sobre a transdisciplinaridade, e na seqüência, sobre o gênero literário distópico, todavia, como a terminologia nos leva a inferir, distopia, (também conhecida como anti-utopia), é um neologismo, uma corruptela advinda de utopia. Logo, sendo esta antítese daquela, nos convém antes analisá-la primeiro para depois nos deitarmos sobre a outra. E assim será feito. 2.1 A Abordagem Transdisciplinar No relato de Nicolescu (2006, p.1, tradução nossa) a proposta de uma abordagem transdisiplinar da educação surgiu com o filósofo e psicólogo Jean Piaget (1896-1980). O termo apareceu pela primeira vez em 1970, nos colóquios entre Piaget, Erich Jantsch e André Lichnerowicz, no workshop internacional “Interdisciplinaridade – Ensino e problemas de pesquisa nas universidades”, promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) em colaboração com o Ministério Francês da Educação Nacional e a Universidade de Nice na França. Nas palavras de Piaget (apud Nicolescu, 2006, p.1, tradução nossa): "Finalmente, esperamos ver evoluir do estágio de relações interdisciplinares um estágio superior, que deveria ser o de „transdisciplinaridade‟ o qual não se limitará a reconhecer as interações e/ ou reciprocidades entre as pesquisas especializadas, mas localizará estas relações dentro de um amplo sistema o qual não fixe limites entre as disciplinas”. O sociólogo e educador Edgar Morin (2006) pondera sobre a limitação do paradigma reducionista no modelo educacional, entendendo que o conhecimento das ciências e suas disciplinas em geral encerram-se em uma espécie de hiperespecialização em suas especificidades disciplinares e técnicas. Dessa forma, os saberes estão fragmentados e compartimentados entre disciplinas não comunicantes que não favorecem a compreensão das realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais. Não contemplam o diálogo ou a integração na problemática global ou na concepção de conjunto do objeto estudado, do qual ela só considera um aspecto ou uma parte. Pensar o complexo, perceber a complexidade, nesse sentido é entender os elementos que

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compõe um todo (como o econômico, o político, o sociológico, o afetivo, o mitológico, o administrativo), é refletir sobre a interdependência, a interatividade e a inter-retroatividade entre as partes e o todo e o todo e as partes. As artes podem ser uma alternativa de conhecimento complexo da “cultura das humanidades”, ou seja, uma cultura que por meio da filosofia, do ensaio, do romance, estimula a inteligência geral e a reflexão sobre o conhecimento e sobre a condição humana. Essa cultura genérica pode complementar e enriquecer o universo didático e científico estimulando o que Morin (2006) chama de religação dos saberes, o olhar “extradisciplinar” que uma disciplina ou campo de saber pode lançar sobre uma outra disciplina distinta ou campo de saber distinto. Esse olhar “de fora”, além dos limites e das fronteiras da disciplina, permite justamente visualizar as fronteiras que limitam o conhecimento das próprias disciplinas, e que, dificilmente são identificados do “lado de dentro” das mesmas. Muitas vezes deve-se tomar distância para poder melhor observar o que está perto. O físico romeno Nicolescu (2006, tradução nossa), pondera que para algum desavisado, pode parecer paradoxal que de sua experiência no núcleo estrito das ciências exatas ele venha a chegar às idéias de limites entre o conhecimento disciplinar. Mas do lado de dentro, esse núcleo provê evidências do fato de que, após um longo período, o conhecimento disciplinar alcançou suas próprias limitações abrangendo conseqüências extremas, não só para a ciência, mas também para a cultura e para a vida social. As possibilidades de “migrações” de esquemas cognitivos e de circulação de conceitos entre disciplinas distintas é o “antídoto” contra o imobilismo e o fechamento das disciplinas. É o que Morin (2006) chama de inter-politransdisciplinaridade, muito embora recuse uma “definição” fechada do fenômeno. Exposto isso, antes do que um conjunto de técnicas ou estratégias, pode-se falar de uma atitude, uma postura, que se orienta em um sentido sistêmico, complexo, de articular conhecimentos e saberes diversos que trespassem os limites disciplinares favorecendo pensar sinergicamente o global e o conjunto. É dessa maneira, que nos referimos aqui a uma abordagem transdisciplinar. Morin (2002, p.49) também discorre mais pontualmente sobre as possibilidades didáticas da literatura quando afirma que “[...] o conhecimento da complexidade humana faz parte do conhecimento da condição humana”. [Nesse sentido, a função do romance é expandir o “domínio do dizível à infinita complexidade de nossa vida subjetiva” de modo a instaurar “a multiplicidade interior de uma pessoa”]. O pensador ainda pontua que, com a literatura, o ensino sobre a condição humana poderia adquirir uma forma mais vívida e ativa (MORIN, 2002, p.91). Sob a luz desse entendimento é que pretendemos verificar as possibilidades de estudar e relacionar algumas Teorias da Administração com a literatura distópica. Considerando, o que já foi exposto, a literatura distópica vem se posicionar enquanto uma antítese de utopia, logo, é conveniente, primeiro analisar este conceito, para depois o outro. E assim se dará. 2.2 Utopia Lacroix (1996) pondera que a conotação vulgar de utopia é levemente depreciativa porque, em síntese, se refere a uma das formas de insensatez, uma quimera, sonho, algo impossível de ser realizado. Essa palavra é muito utilizada popularmente, contudo na literatura encontramos esse conceito abordado de forma

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mais complexa e diversa da conotação vulgar. A origem da palavra utopia é creditada ao estadista e escritor londrino Thomas More. “Utopia”, publicada em 1516, é o nome de um de seus mais famosos romances. Nessa obra, More fala de uma ilha, chamada “Utopia”, perdida no recém descoberto continente americano. Uma ilha que vinha a ser um paraíso terrestre. More se utiliza do ideal de uma sociedade perfeita perdida “em lugar nenhum” (significado etimológico do termo) para criticar a sociedade corrupta e doente da Inglaterra em que vivia. Por outro lado, se o termo utopia é creditado a More, temos outros conceitos eruditos para utopia, dentre os quais, o que compreende o gênero literário entendido por utópico, e que tem sua origem em nossa história ocidental já há muito, com os gregos clássicos. “A República”, de Platão, é um exemplo de discurso utópico de uma sociedade perfeita na qual, reis-filósofos deveriam controlar a política das cidades por serem os mais intelectualmente preparados e, portanto, os que melhor poderiam gerir os interesses coletivos. Os discursos religiosos em geral são permeados de utopias, prometendo um mundo perfeito e sem sofrimento, na além vida, para os seguidores fiéis de seus preceitos dogmáticos. Os discursos políticos, mesmo a figura do político em si, a de um representante do povo, pressupõe-se fundamentada em um ideal utópico. Em síntese, e genericamente, os discursos utópicos compartilham de ideais tais quais: a possibilidade de um mundo perfeito, de um futuro melhor, de uma sociedade mais justa e igualitária, de um paraíso etc. Tais práticas discursivas fundamentam-se na possibilidade otimista e positiva, ainda que hipotética, de uma metamorfose do estado de coisas imperfeito da realidade atual, para o de bem e perfeição idealizados, em função da fuga do devir, da fatalidade e da tragicidade da vida. 2.3 Distopia Enquanto as utopias propõem uma idealização para o bem, o gênero antiutópico vem posicionar-se enquanto uma antítese do discurso utópico, algo como uma utopia negativa. As distopias mergulham na catarse das possibilidades de tragicidade e de fatalidade do ser humano, como crítica que quer expor através do grotesco, os perigos da realização, ou de uma sociedade orientada para a tentativa de uma materialização de certos ideais utópicos. Em geral contestam a utopia presente nos discursos políticos das sociedades totalitárias e autoritárias, criticando seus fundamentos e ideais de perfeição. Também critica certos valores das sociedades capitalistas, quais sejam: o discurso progressista da produção e do consumo bem como o deslumbramento ingênuo e alienante frente aos avanços tecnológicos sob o baluarte da “evolução” e da “melhora na qualidade de vida”. As obras de ficção anti-utópicas têm geralmente discurso pessimista. Exploram as conseqüências do establishment vigente, levadas ao extremo e projetadas em um futuro próximo. Geralmente ambientam-se em sistemas fechados e estados autoritários e totalitários, onde há o controle, o condicionamento, repressão e a alienação constante do povo. A falta de liberdade e expressividade individual, a pobreza econômica e/ou intelectual são alguns dos reflexos destes sistemas. Nesses sistemas o poder dominante é a minoria, o que prescreve e controla os mecanismos sociais, e o povo a “massa” de manobra. Outras obras literárias distópicas bastante conhecidas são: Nineteen Eighty-Four (1949) e “A revolução dos bichos” (1945) de George Orwell, “Nós” (1921) de Yevgeny Zamyatin, “O Processo” (1925) de Franz Kafka e Fahrenheit 451 (1953) de Ray Bradbury.

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2.4 O Fordismo em “Admirável Mundo Novo” O livro “Admirável Mundo Novo” (1932) foi escrito na época em que o modelo de produção em massa e padronização Fordista estava em franca expansão. No romance, temos claramente uma crítica ao modelo Fordista, mas não é só. Temos igualmente, e talvez até mais importante e pertinente para nossa realidade contemporânea, a crítica aos valores daquela sociedade na qual esse modelo se legitimava, e em certas instâncias ainda hoje se legitima. Em relação ao Fordismo, mais especificamente na narrativa, existem elementos explícitos e outros subliminares. De forma sucinta, em caráter ilustrativo, analisaremos alguns destes elementos juntamente com considerações de caráter social, a partir de agora. Os nomes e os sobrenomes dos personagens são referências indiretas a figuras históricas de relevância sócio-política e cultural na época em que o livro foi escrito, e por conseqüência, na trama. O nome de um dos protagonistas, por exemplo, é Bernard Marx, que na trama é psicólogo especialista em técnicas de condicionamento psicológico. Seu nome mescla Bernard (possível referência ao psicólogo francês Claude Bernard) e Marx, fazendo menção a Karl Marx. Deste mesmo modo, os demais personagens têm também nomes emblemáticos, como: Engels, Hoover, Pavlov, Trotsky, entre outros. Uma interjeição corrente entre os personagens no livro é a emblemática: Our Ford (nosso Ford), que vem a ser corruptela de Our Lord (nosso senhor „Deus‟) em inglês original, demonstrando ironicamente a personificação mítica de Ford, como referencial de deidade da sociedade do new world. A expressão: “Graças a Ford”, também é corrente e tem a mesma função conotativa. O “T”, fazendo menção ao automóvel modelo T criado por Ford, ocupa o lugar de símbolo divino, ao invés da cruz. As eras são divididas em antes de Ford e depois de Ford, ao invés de antes e depois de Cristo, reforçando a imagem e referencial de divindade. As pessoas do “Mundo Novo” não nascem. São produzidas em série em laboratórios-fábricas chamados centros de incubação e condicionamento. Por meio de uma tecnologia de eugenia, a partir de um único óvulo, geram-se 96 indivíduos gêmeos idênticos e perfeitos. Além de da maioria da população ser constituída de pessoas fisicamente iguais, elas usam também uniformes iguais, de acordo com suas castas. Isso reforça o sentido de identidade na comunidade. Os cidadãos são produzidos e condicionados conforme sistema de castas departamentalizadas pela função que exercerão na sociedade do new world. Os indivíduos Alpha, parcela minoritária da população, são produzidos e condicionados desde a infância a ocuparem os cargos mais importantes: serviços de alta gerência e diretoria, digamos assim. São os que planejam, organizam, controlam a lei e a ordem, e controlam as outras castas “operárias”. Elemento típico da estrutura de centralização de poder Fordista. Depois há as castas dos Betas, Deltas, Gamas, Ypsilons, gradativa e respectivamente, diminuindo em grau de importância hierárquica. Igualmente, de acordo com essa diminuição de grau hierárquico, diminui, também, o nível de importância conceitual e aumenta o grau de divisão de trabalho mecânico, braçal e serviçal dos “cargos” de cada grupo. Cada um desses grupos de castas tem suas atribuições de tarefas bem definidas, com suas atividades fragmentadas, previsíveis e superespecializadas, características típicas da estrutura organizacional de hierarquia verticalizada e mecanicista de Administração Científica.

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As castas de trabalhadores autômatos, obedientes e eficientes são a maior parcela da população do “novo mundo”. São feitos para não terem inteligência, ou, a inteligência mínima necessária apenas em função da tarefa que executarão na sociedade. Também são bio-geneticamente pré-determinados. O sujeito que trabalhará nas minas ou na indústria de fundição, já é pré-determinado geneticamente a gostar de temperaturas extremas e a rejeitar o frio, por exemplo. São depois condicionados desde a fabricação a amarem os serviços os quais serão obrigados a executar, como pode ser vislumbrado no trecho: “Mais tarde, seu espírito seria formado de maneira a confirmar as predisposições do corpo” (HUXLEY, 1987, p.27). Ora, de forma fantástica, na fábula, Huxley traz à tona uma questão ética extremamente atual e pertinente: o que poderia acontecer, e de algum modo já está acontecendo, quando os interesses hegemônicos de poderes políticos, encontram a ambição de grandes companhias de bio-técnologia e engenharia genética. Busca-se respaldo no discurso utópico da evolução e da salvação da humanidade pela ciência, a legitimação ética para fazer clones ou órgãos produzidos em série a partir de embriões produzidos somente para este fim. Pela primeira vez na história, o ser humano ou mesmo a vida, é passível de ser “fabricada”. Outra característica da eugenia praticada no “mundo novo” é o da contenção do envelhecimento. Não se sabe exatamente a idade dos personagens. Não existe a velhice, leiam-se aí, as ações do tempo sobre a saúde ou sobre a beleza do corpo. O velho de sessenta tem a mesma vitalidade, as mesmas forças e os mesmos gostos que tinha aos dezessete. Aqui podemos também, fazer um paralelo com a indústria dos cosméticos e das cirurgias plásticas, propagadas pelos meios de comunicação em massa, por exemplo. Introjeta-se na consciência coletiva da comunidade do new world por meio dos diversos “Escritórios de Propaganda” e “Colégios de Engenharia Emocional” a busca pelo prazer hedonista, bem como o evitar o pensar. Pensar seria furtar tempo precioso do prazer sensorial. Outros valores fundamentais introjetados na sociedade são: o ódio ao que é gratuito e belo, como a natureza, o culto ao progresso, ao consumo e a tudo que é industrializado, novo e “moderno”. Frases tais quais “mais vale acabar que consertar; mais vale acabar que conservar” ou “quanto mais se remenda menos se aproveita” e “eu adoro roupas novas” são incessantemente repetidas pelos veículos de condicionamento coletivo, e consequentemente, pelos indivíduos, a tal ponto que o ato de consertar ou remendar algo, era visto como antisocial. Por esse motivo, os livros e qualquer outra forma de arte são proibidos, por serem considerados perigosos para a estabilidade e ameaçadores enquanto potenciais agentes “descondicionantes”. O consumo diário de um tipo de “droga da felicidade”, o “soma”, é legalizado, incentivado e mesmo produzido e distribuído pelas autoridades para manter a população em um estado de felicidade e estabilidade constantes. Aqui poderíamos levantar uma questão muito atual em relação à perversa multinacional indústria farmacêutica, ao monopólio de patentes de medicamentos, ao mercado milionário dos antidepressivos. Junto a essas questões, poderíamos atrelar à da ética científica, ou da falta dela, quando pesquisadores financiados por empresas privadas alimentam o mercado e a mídia com uma espécie “marketing científico” das doenças e das maravilhas da farmacologia e da bioquímica moderna. Podemos citar o fenômeno “Prozac” ou “Viagra” apenas como dois possíveis exemplos mais pontuais.

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Outros valores morais e sociais essenciais constantemente reforçados são a padronização e a coletividade. Todos são estimulados a permanecerem em grupos e a serem iguais. Todas as atividades esportivas, sociais e mesmo as relações sexuais são estimuladas ao máximo, porém em coletividade. Um dos lemas propagados é “todos são de todos”. A individualidade é considerada amoral e a monogamia é perniciosa porque todo envolvimento duradouro ou mais profundo pode levar a sentimentos mais intensos, o que é indesejável, pois desequilibrariam a estabilidade. As relações devem ser superficiais, para que a vida seja emocionalmente fácil. Mesmo o querer estar só é visto como um sintoma de doença, pois todo o valor positivo está em função do que possa favorecer a pretensa felicidade da coletividade e sua estabilidade. Em relação ao condicionamento social nas palavras do próprio Huxley (1986 p. 12-13): Um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que o executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão. Fazer com que eles a amem é a tarefa confiada, nos estados totalitários de hoje, aos ministérios de propaganda, diretores de jornais e professores. [...] Os maiores triunfos da propaganda têm sido obtidos, não por atos positivos, mas pela abstenção. Pela simples abstenção de mencionar certos assuntos, pela interposição do que o Sr. Churchill denomina “cortina de ferro” entre as massas e os fatos ou argumentos que os chefes políticos locais consideram indesejáveis, os propagandistas totalitários têm influenciado a opinião com muito mais eficácia do que poderiam tê-lo feito pelas mais convincentes invectivas.

Foram apresentados até aqui, apenas alguns dos elementos presentes na obra que servem para ilustrar e referenciar o modelo das teorias administrativas mencionadas. Além disso, a literatura distópica de um modo geral pode ser uma eficaz ferramenta para ilustrar e suscitar debates sobre aspectos éticos e conseqüências físicas, psicológicas, sociais, políticas, religiosas e espirituais na vida dos cidadãos em uma sociedade capitalista orientada segundo o modelo Taylorista e Fordista de Administração. Ou seja, exatamente tudo o que foi negligenciado à época, e muitas vezes ainda o é, atualmente, pelos entusiastas de modelos administrativos de características reducionistas e deterministas. Para os fins deste trabalho nos deteremos no romance “Admirável Mundo Novo”. 2.5 O Fordismo e alguns impactos negativos sobre os trabalhadores O Fordismo firmou-se enquanto modelo de Administração e produção a partir dos anos 1920, teve seu pico após a Segunda Guerra Mundial e veio a declinar somente em 1970, demonstrando-se então obsoleto e anacrônico, sendo ultrapassado pelas inovações organizacionais de suas concorrentes GM e Toyota. Todavia, desde sua origem, já contava com ferrenhos combatentes. Ford levou à risca os preceitos da teoria da Administração Científica de Taylor, tendo desenvolvido também suas próprias idéias. Tornou-se um marco referencial de eficiência e eficácia, controle e padronização dos métodos de administração e produção industrial. Todo o sucesso que esses modelos tiveram em âmbito econômico para uma pequena parcela da sociedade estadunidense da época, no entanto, foram atingidos com um custo humano muito grande para toda

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uma classe de trabalhadores com reflexos cruéis e devastadores sobre a maior parcela da sociedade: os não ricos. Taylor (1990), com a pretensão de ser científico e embebido em discurso progressista favoreceu os interesses das classes dominantes, especializou-se em transformar o ser humano em objeto. Afirmava que o homem tinha uma indolência natural à vadiagem, e em grupo, proveniente de raciocínio confuso, desenvolvia a indolência sistemática, consciente, às quais deviam ser dominadas, permitindo exaurir ao máximo a força dos trabalhadores, aumentando assim a produção. Há um relato do próprio Taylor, de ameaçar mandar um grupo surrar um menino de 12 anos por apresentar a tal vadiagem, em sua visão. Seus estudos se limitavam em fragmentar ao máximo todas as etapas e tarefas necessárias para a produção e cronometrar os movimentos dos operários para auferir uma padronização média das atividades em função exclusivamente da “otimização” do tempo. Um posicionamento que evidencia claramente a limitação e o reducionismo de seus métodos. O trabalhador nesse contexto era entendido apenas como mais uma “peça” dentro da máquina, que deveria “funcionar” com regularidade e eficiência para aumentar a produção e diminuir o custo das indústrias (ANDRADE; AMBONI, 2007). O impacto desses métodos sobre os trabalhadores foi extremamente insalubre, não só física, mas também psicologicamente. Na visão de Christophe Dejours (1992, p.42). em seus estudos sobre a psicopatologia do trabalho: Uma vez conseguida a desapropriação do know-how, uma vez desmantelada a coletividade operária, uma vez quebrada a livre adaptação da organização do trabalho às necessidades do organismo, uma vez realizada a toda poderosa vigilância, não restam senão corpos isolados e dóceis, desprovidos de iniciativa. A última peça do sistema pode então ser introduzida sem obstáculos: é preciso adestrar, treinar, condicionar esta força potencial que não tem mais forma humana. Aliás, é o que anuncia o próprio Taylor: “a multiplicação das relações operário-empregador vem acompanhada de uma simplicidade em conceber o homem ao trabalho”: o homem-macaco de Taylor nasceu (Taylor, p.100). Aliás, é conhecida a famosa resposta de Taylor à Corte Suprema dos Estados Unidos quando ele teve que prestar contas, frente aos juízes, do seu sistema, considerado desumano na época. E para justificar suas inovações, o próprio Taylor comparou o novo operário ao chimpanzé como argumento convincente para conseguir a adesão do júri. (Taylor [96] p.100)

Morgan (1996) nos apresenta uma visão nefasta sobre Taylor, como sendo um dos autores mais perniciosos e criticados, tendo esse conseguido a reputação, quando da sua morte em 1915, de ser “o maior inimigo do trabalhador”. Consta que não lhe importava a vida social. Importava-lhe muito menos as pessoas que as realizações. Era um chefe desagradável. Soltava palavrões, sem qualquer urbanidade ou cortesia. Variadas vezes foi ameaçado de morte. (TAYLOR, 1990). Segundo Morgan (1996) era “considerado um sujeito extravagante, de personalidade perturbada, possuidor de um caráter obsessivo e compulsivo, movido por insaciável necessidade de domar e dominar todos os aspectos da sua vida”. É perfeitamente compreensível o porquê seus métodos e princípios de hierarquização e de controle geral sobre a situação do ambiente de trabalho, foram largamente utilizados em Estados totalitários, regimes autoritaristas e despóticos como a ex-União Soviética de Stalin ou a Alemanha de Hitler, atraídos pelo poder que confere às pessoas no comando. Evidentemente que na sociedade capitalista orientada para a produção e

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consumo em massa, como os Estados Unidos, Taylor encontrou muitos adeptos, sendo Henry Ford um dos mais expressivos dentre todos. O modelo adotado por Ford em sua indústria de automóvel teve impacto notadamente negativo sobre os operários. Nas palavras de Morgan (1996, p.34): Os problemas humanos que resultam de tais métodos de produção têm sido claramente óbvios desde quando começaram a ser introduzidos e especialmente quando aplicados à tecnologia de linha de montagem. Por exemplo, quando Henry Ford estabeleceu sua primeira linha de montagem para produzir o Modelo T, o giro de mão-de-obra subiu aproximadamente 380% num ano. Somente dobrando os salários, através do seu famoso „$5 por dia‟, foi capaz de estabilizar a situação de trabalho e convencer os trabalhadores a aceitarem a nova tecnologia.

A insatisfação não se limitou somente às origens da linha de produção. Mesmo nos anos 70 o giro de mão-de-obra em algumas fábricas, tais como a Ford na cidade de Wixom, chegou a 100% ao ano. “Para a maioria das pessoas, o trabalho na linha de montagem é simplesmente monótono ou alienante” (MORGAN, 1996, p.34). 2.6 A importância de uma perspectiva sócio-histórica Esses são apenas alguns aspectos relativos ao impacto social e humano desses modelos administrativos, e seus reflexos numa contextualização sóciohistórica, que podem ser regatados por meio da abordagem transdisciplinar proposta. Em relação à importância de uma perspectiva epistemológica e do desenvolvimento histórico no estudo das organizações relata Ferreira (2010, p.38): [...] Jacques (2006) e Bedeian (2004) chamam a atenção para o fato de que a imprecisão (ou mesmo o desconhecimento) dos autores da atualidade sobre os acontecimentos e perspectivas do passado compromete o entendimento mais acurado das abordagens atuais justamente porque reproduzem distorções perigosas sobre o processo de formação do pensamento administrativo. [...] o – „universalismo‟– a concepção do fenômeno organizacional contemporâneo como sendo típico de qualquer organização ao longo da história – e o „presentismo‟– o tratamento descontextualizado dos fenômenos organizacionais – correspondem a traços marcantes do ensino gerencial empreendido nas escolas de Administração, e essa condição compromete a capacidade analítica dos gestores [...]

Neste sentido, a pertinência do estudo das teorias administrativas sob uma perspectiva histórica, não se resume apenas pelo seu valor histórico em si. Existem empresas que ainda hoje se utilizam dos métodos Tayloristas e auferem lucros astronômicos por meio da exploração de mão de obra não sindicalizada. É o caso, para citar apenas um exemplo, das cadeias multinacionais de lanchonetes do tipo fast-food, que contratam estudantes, geralmente menores de idade, pagando míseros salários, trabalhando em condições insalubres. Esses aspectos, contudo, não são geralmente abordados de forma crítica no contexto acadêmico da Administração. Acontece que a ênfase que as literaturas da área geralmente dão ao estudo dessas empresas “bem-sucedidas”, é a da gestão em nível operacional, da lógica reducionista, da eficiência, eficácia, da produtividade e do lucro. Essas mesmas empresas são modelos de gestão de “sucesso” a serem festejados, estudados e seguidos.

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Contudo, em relação a esses modelos de gestão, na opinião de Drucker (2006), na atual época de revolução sócio-econômica e cultural, a maioria dos gerentes não consegue se adaptar às rápidas mudanças “da sociedade do conhecimento”, por não saber o que fazer. O que se verifica são fracassos gerenciais generalizados. Esses gestores pensam em problemas a resolver e não são capazes de entender o ambiente de mudança e imprevisibilidade em que se encontram, tampouco de visualizar soluções eficazes. Deveriam reavaliar a cultura organizacional e as teorias nas quais suas empresas se fundamentam. Nesse contexto, podemos concluir que a pop-management não tem ajudado aos empresários e gestores das organizações globais, tampouco contribuirá para a formação do estudante de Administração. Na visão de Drucker (2006 p.156-157): A educação irá se tornar o centro da sociedade do conhecimento e a escola será sua instituição-chave. De que conhecimentos todos devem dispor? O que é “qualidade” em aprender e ensinar? Estas serão necessariamente as preocupações centrais da sociedade do conhecimento e as principais questões políticas. [...] Também podemos prever com confiança que iremos redefinir o que significa ser uma pessoa educada. Tradicionalmente, e em especial durante os últimos 300 anos, pessoa educada era alguém que tivesse um fundo prescrito de conhecimento formal. [...] Daqui em diante, uma pessoa educada será, cada vez mais, alguém que aprendeu como aprender e continua aprendendo, especialmente através de educação formal, por toda sua vida.

Pode-se concluir que em um contexto acadêmico, é consideravelmente importante estimular o questionamento epistemológico das teorias da administração, sob as lentes de um olhar mais complexo e sistêmico, que percebam as organizações em toda a sua gama de conseqüências históricas, sociais, culturais, regionais e globais e não apenas sob a lógica do lucro e do paradigma obtuso que concebe as organizações como sistemas fechados, isoladas do ambiente externo onde atuam negligenciando os efeitos perversos da produção e do consumo desmesurado e da cobiça por lucros estratosféricos a qualquer custo. Nesse sentido, a abordagem transdisciplinar, pode ser um recurso didático que contribua para trazer esse tipo de discussão à tona. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Dados os pontos argumentativos anteriores, podemos concluir que são múltiplas as possibilidades de ensino favorecidas pela abordagem transdisciplinar. A forma de literatura distópica, justamente no que traz de absurda e caricata, além de estimular a imaginação do leitor e levar ao estranhamento, levanta questionamentos e dúvidas a respeito da realidade, fazendo repensar o que se conhece. Esta ferramenta didática pode auxiliar na construção de novas perspectivas para o ensino de Administração. Em várias disciplinas do currículo da graduação como a TGA, a Psicologia Organizacional, a Filosofia, a Sociologia entre outras enfim, podem ser pensadas situações didáticas onde essas idéias podem ser pertinentes. Estimulando a contextualização e interconexão dos saberes, o pensamento crítico e maneiras criativas de se criarem problemáticas e hipóteses, tornando o estudo mais profícuo e agradável. REFERÊNCIAS

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