O FUNDAMENTALISMO LULOPETISTA E O RISCO DE RETROCESSO POLÍTICO NO BRASIL

June 4, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: History, Sociology, Economics, Social Sciences, Political Science
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O FUNDAMENTALISMO LULOPETISTA E O RISCO DE RETROCESSO POLÍTICO NO BRASIL Fernando Alcoforado* Fundamentalismo é o termo usado, originalmente, para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados como, por exemplo, a Bíblia na Igreja Católica e o Corão no Islamismo. Fundamentalistas são, entre os religiosos, aqueles que pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca. O fundamentalismo religioso é um movimento que objetiva também a volta aos que são considerados princípios fundamentais da religião. O Fundamentalista acredita em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, ao diálogo. Fundamentalismo, portanto, é um movimento que objetiva voltar ao que são considerados princípios fundamentais na fundação de determinado grupo. O termo "fundamentalismo" não se aplica apenas à religião. Ele é aplicado à economia como ocorreu com o "fundamentalismo de livre mercado" que defende fanaticamente a abertura e a desregulamentação dos mercados, bem como a não ingerência do Estado na atividade econômica. O "fundamentalismo de livre mercado" passou a existir principalmente a partir da década de 1990 com a introdução do modelo neoliberal na maior parte das economias do mundo capitalista. Por sua vez, o "fundamentalismo" aplicado à política significa a adoção de forma irracional e exagerada de uma crença, uma posição dogmática ou fanática em relação a determinadas opiniões como, por exemplo, a crença de que o marxismo, o leninismo ou o maoismo são os verdadeiros caminhos de construção de uma sociedade socialista. Outro exemplo de fundamentalismo foi o que prevaleceu durante o regime nazista na Alemanha hitlerista na qual os fundamentos do nazismo foram considerados verdades incontestáveis. Tanto os fundamentalistas adeptos do socialismo como do nazismo são reativos ao diálogo com aqueles que não pensam como eles. Outra característica de fundamentalismo que domina hoje a vida política brasileira é o lulopetismo que agrega hoje alguns intelectuais, proletários urbanos e rurais e o lumpenproletariado muitos dos quais exercem cargos comissionados no governo Dilma Rousseff. O lulopetismo tem Lula como líder maior, seus adeptos estão ligados ao PT e partidos aliados e integram entidades sindicais dos trabalhadores e organizações da sociedade civil. Os lulopetistas são fundamentalistas porque são cegos à corrupção, às graves irregularidades administrativas e financeiras e aos erros políticos praticados pelos governos do PT de Lula a Dilma Rousseff e por muitos de seus integrantes. Uma característica comum aos fundamentalistas é a de que eles são intolerantes ao extremo. Intolerância é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de vontade em reconhecer e respeitar diferenças ou crenças religiosas, políticas ou de qualquer natureza de terceiros por parte de fundamentalistas. A intolerância pode ser religiosa, ideológica ou política, sendo que as três têm sido comuns ao longo da história. Um exemplo de intolerância religiosa na Antiguidade é a perseguição dos primeiros cristãos pelos judeus e pagãos. Os judeus tornaram-se alvo preferencial de perseguição religiosa ainda antes do fim do Império Romano, mas esta perseguição recrudesceu durante a Idade Média. Na Idade Média, a Igreja Católica levou à fogueira da Inquisição aqueles que não professavam a verdade por ela imposta. A perseguição política atingiu níveis nunca vistos antes na história da humanidade durante o século XX, quando os nazistas perseguiram com o uso da violência milhões de judeus, comunistas e ciganos e outras etnias indesejadas pelo regime e os regimes fascistas e socialistas perseguiram 1

todos aqueles que se opunham a seus interesses. O Estado policial tem sido estruturado em vários países totalitários movidos pelo fundamentalismo político e ideológico para com o uso da violência silenciar, prender e, até mesmo, assassinar seus oponentes. Para Marco Túlio Cícero, o grande orador e político romano, a violência significava a morte da política e a derrocada de qualquer possibilidade de espírito público. Não apenas nas instâncias políticas centrais, mas na sociedade como um todo (CÍCERO, Marco Túlio. As Catilinárias. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006). No Brasil, constata-se um ambiente de uma violência anunciada por vários segmentos que apoiam o PT e o governo Dilma Rousseff que estão ameaçados de serem apeados do poder como foi o caso de Lula quando fez referência à utilização do “exército de trabalhadores sem terra” de Stédile do MST, o do presidente da CUT, Wagner Freitas, que falou em pegar em armas para defender o governo, o de Stédile do MST que ameaçou parar o País e o do presidente da CONTAG, Alberto Broch, que ameaçou invadir propriedades rurais se houver o impeachment de Dilma Rousseff. A violência anunciada pelos partidários do governo Dilma Rousseff já está se materializando nas ruas nas inúmeras manifestações contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff. Como diz Cícero, a violência que tende a recrudescer no Brasil pode significar a morte da política graças à intolerância e ao fundamentalismo político por parte do lulopetismo que dá sustentação ao governo Dilma Rousseff. Em 42 a.C., a República de Roma esfacelou-se em guerras civis. Se a intolerância política prevalecer entre os partidários e os oponentes do PT e do governo Dilma Rousseff, o Brasil caminhará celeremente para um estado de guerra civil. Este cenário poderá ocorrer seja com o impeachment ou a permanência de Dilma Rousseff no poder. Se ocorrer o impeachment de Dilma Rousseff, os lulopetistas tentarão inviabilizar o governo de seu substituto, vice-presidente Michel Temer. seja com a realização de greve geral, interdição de rodovias e ocupação de propriedades rurais e, se Dilma Rousseff permanecer no poder ela não terá condições de governar contando com a rejeição de 70% da Câmara dos Deputados e de 80% da população do País cuja economia será levada ao inevitável colapso. No Império Romano, o domínio da força foi a solução final e a morte da política, nas palavras de Cícero. O Brasil da atualidade se assemelha a uma Roma em ebulição. Em Roma, o império da lei deu lugar ao império da força e a política morreu com esta luta fratricida pelo poder. No Brasil, nos vemos agora diante do desafio de evitar que prevaleçam as conspirações e o infortúnio em curso. Diante da inviabilização da permanência de Dilma Rousseff e de Michel Temer como seu substituto no poder, ambos prestariam grande serviço à nação se renunciassem, respectivamente, à Presidência e Vice-presidência da República. 60% da população brasileira defende a renúncia de ambos, segundo pesquisa Data Folha realizada no dia 10/04/2016. Esta renúncia deveria ser consequência de um pacto político, econômico e social entre todas as forças políticas interessadas na construção da paz social no Brasil. Sem a construção de um pacto político, econômico e social entre todas as forças políticas interessadas na paz social no Brasil, o cenário que se descortina para o futuro é o de acirramento dos conflitos entre os partidários e os oponentes do PT e do atual governo alimentando o dissenso entre as forças políticas que se opõem entre si. Após a renúncia de Dilma Rousseff e Michel Temer, é preciso que as forças políticas interessadas na paz social no Brasil constituam um governo provisório composto de personalidades do mais alto gabarito com duração determinada para reordenar a vida 2

nacional, buscar o consenso do País na solução da crise econômica e social, evitar a escalada da violência no Brasil e realizar novas eleições gerais no País. Antes de convocar novas eleições presidenciais, é preciso que haja um esforço de reordenamento político-institucional do País que é absolutamente necessário para reverter o colapso em curso do sistema político do Brasil que estaria a exigir a adoção das medidas seguintes: 1) Convocação de uma nova Assembleia Constituinte Exclusiva para promover as reformas Política, do Estado e da Administração Pública em novas bases; 2) Banimento de partidos políticos e parlamentares comprometidos com a corrupção; 3) Formação de novos partidos políticos após a nova Constituinte; e, 4) Convocação de novas eleições gerais no País. A convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva é absolutamente necessária porque o Brasil se defronta com uma flagrante desmoralização de suas instituições políticas, haja vista termos um presidencialismo de coalizão movido pela corrupção que passou a existir a partir da Assembleia Constituinte de 1988 e demonstra ser incapaz de solucionar a grave crise política em que vive o País no momento. *Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected].

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