O Futuro Asséptico – Capitalismo, Luxo e Antropotécnicas

May 26, 2017 | Autor: E. Dos Santos Rocha | Categoria: Peter Sloterdijk, Max Weber, Marxismo
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Ainda mais se percebermos que o cérebro humano é um dos maiores que existem além do que o homem é um ser que nunca para de aprender e está em constante feitura de si mesmo como aponta Peter Sloterdijk.
ROCHA, Eduardo dos santos. A participação nos lucros ou resultados como instrumento democrático no combate à hipossuficiência do empregado. Monografia. Faculdade de Direito professor Damásio de Jesus. Curso de Pós-Graduação lato sensu em Direito do trabalho e Processo do Trabalho. São Luís, 2016, p. 14. Tratei do tema aqui, mas sempre é bom relembrar. Disponível em: .

Ver mais em Ghiraldelli, P. "Modernidade, pós-modernidade e pós-pós modernidade". . Acesso: 11 Ago. 2016.
WEBER, Max. Economia e Sociedade. 3ed. Brasília: UnB, 1994, (v.1).
Foi somente no Ocidente que uma conjuntura de fatores, entre eles, o desencantamento do mundo, produziu as condições necessárias para o surgimento de uma forma de racionalização (o racionalismo de dominação do mundo). Ele é o resultado da influência da cosmovisão protestante sobre a cultura ocidental, com a sua ética de caráter prático (a ascese) e sua orientação do mundo através do trabalho metódico e racional. Posteriormente, Weber investigou de que modo os impulsos práticos de ação moral provenientes das seitas do protestantismo ascético colaboraram com a gênese do "espírito" capitalista. Weber utilizou sua metáfora da "jaula de ferro" ou "gaiola de ferro" para tratar do congelamento da racionalidade instrumental do trabalho. Ver mais no livro em WEBER, Max. A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
Em outros textos tratei mais detalhadamente sobre essa noção das antropotécnicas na Filosofia de Sloterdijk, mas indico a obra de BRÜSEKE. Franz. J; Sell; Rüdiger; Ferreira. Teoria Social e Técnica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012, p. 41.
CHARLES, Baudelaire. Sobre a Modernidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011, p. 64.
Ver mais sobre as antropotécnicas em Ghiraldelli, P. "Antropotécnicas como base do projeto narrativo de Sloterdijk". . Disponível em: 31 Dez. 2016. Acesso: 01 Jan. 2017.
SLOTERDIJK, Peter. Esferas I: Bolhas. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2016, pp. 345-347. O mesmo autor fala também de como diversas culturas, especialmente as antigas (egípcias) tinham um forte misticismo entre homem e a sua placenta.
Qualquer gosto por expor animais e qualquer tipo de pequena ou grande crueldade será condenada. Os praticantes, inclusive industriais, serão tidos por essa sociedade do futuro próximo como os últimos empresários da barbárie. Serão como os mercadores de escravos no século XIX, diante dos industriais dessa mesma época. Aparecerão como o restolho da burguesia, praticamente piratas. Nossa sociedade se tornará ainda mais clean, mais empenhada em higienismos de todo tipo e, inclusive, com padrões de apresentação corporal regrados por engenharia genética e ditames de clínicas de cirurgia plástica. A própria carne humana, para sexo, ganhará um tratamento de assepsia e afinamento excepcionais. O "dirty sex" será uma modalidade paga, exercido em ilhas separadas pelos muito muito ricos. No geral, irá imperar nos contatos físicos, que irão diminuir, na relação que, vista pelas pessoas que hoje possuem sessenta anos, parecerá algo dessexualizado. Claro que isso se casará sim com uma crescente dessexualização de casais, mas de modo algum será o fim do sexo ou a segregação do sexo aos pobres. Estes farão sexo e comerão carne, mas não terão o prazer de fazer sexo melhor, que ainda continuará algo dos ricos e escolarizados que, enfim, não farão todo dia, mas farão em situações mais confortáveis. Ver mais em Ver mais em Ghiraldelli, P. "O futuro asséptico e vegano está próximo, quer você queira ou não". http://ghiraldelli.pro.br/filosofia/o-futuro-asseptico-esta-proximo.html>. Acesso: 11 Dez. 2016.
Ver mais sobre isso em: Ghiraldelli, P. "É possível um mundo sem muros?". Disponível em: . Acesso: 11 Dez. 2016.



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O FUTURO ASSÉPTICO – CAPITALISMO, LUXO E ANTROPOTÉCNICAS


Quando estudamos sobre a modernidade e o capitalismo quase sempre nos pegamos pensando em Revolução Industrial. Isso tem lá sua necessidade e também com o fim do feudalismo o que de certa forma contribuiu para uma mudança significativa de como as pessoas olhavam para o mercado, a propriedade e a produção em escala. Nisso devemos grande influência aos sociólogos marxistas. Eles falaram que o capitalismo tinha grande relação com a expansão e ampliação do mercado e a expansão marítima. Nascia a "burguesia", a classe social daqueles que habitavam os burgos. Estes acabaram por deter os meios de produção diante dos proletários. A Internacional Miserabilista é dominante, mas não hegemônica.
Segundo Ghiraldelli Junior (2017, p. 1):
Eis a plataforma dessa Internacional: a ideia de que o homem é fraco, miserável, que tudo que faz é seguir seu "instinto de conservação" e que este segue a lei da economia mesquinha, que essa fraqueza determina que todos vão sempre querer sugar os outros, que o homem é um parasita do planeta, que o esbanjamento e a generosidade são o contrário do homem, que sempre estamos lutando pelo "resto que sobrou", que a própria noção de racionalidade implica em cortar e economizar, que o trabalho duro é a lei e a glória, que nunca podemos confiar nos outros, que ser inteligente é ficar rico e não gastar, que a cada dia nossa miséria em todos os sentidos aumenta etc. A Internacional Miserabilista domina o pensamento político e cultural moderno, na direita e na esquerda.

E logo nós recaímos naquele mesmo velho discurso que conhecemos de que os pobres são explorados, os ricos são gananciosos e que a riqueza é construída pelos trabalhadores que são explorados. Até certo ponto não é errado falar nisso. A Internacional Miserabilista é baseada em uma antropologia distorcida de que o homem nasce comparado aos animais como um ser fraco e eles os fortes. Essa Internacional Miserabilista ainda perdura. Não é difícil de ver no Brasil políticos, estudantes, escritores entre outros utilizando o discurso da "escassez" como descrevi acima. Com o não abandono da mesma, de certa forma concordamos com um pensamento correto, mas que na prática ainda mais nos dias de hoje é algo que não se verifica. Acreditamos nisso porque alguns ainda parecem estar na década de 60 e 70 ou lá na Modernidade duzentos anos atrás. O tempo passa e as coisas mudam.
O professor Ghiraldelli Junior (2017a, p. 2) argumenta que:
A miséria do capitalismo é desmentida facilmente, basta não tomarmos a distância entre pobres e ricos sem olhar em que patamar falamos, atualmente, de pobreza. É uma desatenção em sociologia e história acreditar que após 500 anos de capitalismo temos a mesma situação de esforço do homem na Terra quando da vida antes do capitalismo. Este, nós sabemos bem na vida prática, é a eletricidade, o petróleo, o computador, a geladeira, a pílula, a penicilina, a engenharia genética e a Internet, mesmo que seja, também, a bomba atômica, o agrotóxico e ainda o sofrimento animal. Mas deveríamos já saber que o capitalismo não é apenas o advento de "burgueses e proletários". É a sociedade capaz de diminuir a labuta humana bruta. Só a observação da média de altura dos indivíduos da maior parte dos países já mostra o inverso do que prega a Internacional Miserabilista. Há sim mais gente vivendo melhor hoje. A expectativa de vida cresceu para todos. A liberdade individual também. A jornada de trabalhou diminuiu e apareceu uma enorme massa de trabalhadores que não precisam mais se desenvolver com a força bruta. A mulher está no mercado de trabalho, é mais livre. O número de abortos diminuiu. A mortalidade infantil caiu até em países em guerra! A educação pública virou algo comum em todo lugar. As leis de proteção ao trabalhador ganharam status internacional. Quando falamos em aumento da distância entre ricos e pobres nos esquecemos de ver que essa amplitude é feita dentro de um patamar onde a maioria melhorou, absoluta e proporcionalmente.

Os problemas de hoje são antes os da riqueza que os da pobreza. Vivemos numa sociedade em que o mimo e o conforto cresceram para todos. Há uma grande e poderosa classe média no mundo e no Brasil. Pessoas que não precisam "colocar a mão na massa" e que têm pequenas empresas vivem do petróleo e internet. Todos nós podemos ter uma consciência contra ou anti-capitalista, mas isso porque a retórica escolarizada e crítica cresceu e, de certo modo, se tornou até mesmo uma espécie de falsa consciência. A verdade é que não temos coragem, às vezes, de tomar os problemas que temos, ainda que graves, como problemas que não tínhamos, e que advém da nossa riqueza em todos os sentidos, e não do fácil inimigo que é a pobreza. Uma crítica da modernidade nos velhos moldes é válida, só estou dizendo que aquilo que vivemos hoje nas ruas como trabalhadores precisa de certo ajuste e atualização.
Alguns como Weber, escreveram que o capitalismo viria de um "motor espiritual" com base na ética protestante aglutinada com a indústria, o comércio e o dinheiro a juros (bancos), ou seja, tínhamos uma situação propícia para mostrar que o enriquecimento era uma espécie de "marca" de prosperidade (a fortuna vinda do Renascimento), logo um sinal de escolha de Deus. Para ele, o estímulo para uma vida ordenada pelo trabalho e pela busca de riqueza como centro de existência tiveram suas origens de maneira religiosa, a religião desempenhando a função de meta e o trabalho de instrumento. Dando origem assim, ao homem especializado e ao homem de negócios, ou seja, "o puritanismo engendrou o homo economicus moderno, tanto o empresário quanto o sóbrio trabalhador das fábricas. " (SELL, 2012, p. 34).
Weber no livro História Geral da Economia descreve com detalhes o processo de maquinização da técnica econômica moderna. De início chama bastante atenção para o papel que as fábricas tiveram nesse processo, pois, esse era o local onde burgueses, trabalhadores, novas fontes de energia, processo de trabalho e as máquinas puderam ser reunidos. Nesse espaço, os aparelhos evoluíram até se tornarem máquinas e "a diferença se verifica no fato de que os aparelhos estão a serviço do homem, enquanto que na máquina moderna ocorre precisamente o contrário" (WEBER, 1980, p. 139). Weber data no ano de 1719 o processo de surgimento das fábricas e destaca que um dos fatores para a racionalização e mecanização do trabalho foi o desenvolvimento da manufatura de algodão ao longo do século XVIII. Foi nesse setor que surgiram os primeiros modelos de máquinas a vapor com uso do carvão e ferro - o tear e uso do fuso.
Segundo Sell (2012, pp. 28-29):

Conforme a explicação de Weber, a mecanização do processo produtivo – elemento central do desenvolvimento técnico da era moderna – apoiou-se em três elementos centrais. O primeiro foi o uso de novas matérias primas, pois "mediante o carvão e o ferro conseguiu-se uma independência da técnica e, com isto, a possibilidade de lucro, com referência aos limites estabelecidos pelos materiais do mundo orgânico" (p. 141) [grifo do autor]. Isso ocorreu porque as fontes de energia não dependiam mais da energia animal ou do crescimento das árvores. Para ele, o ferro teria sido o fator mais importante para o desenvolvimento do capitalismo e não saberíamos o que seria do desenvolvimento europeu sem ele. Em segundo lugar, "a mecanização do processo produtivo, mediante a máquina a vapor, libertou a produção das barreiras orgânicas do trabalho" (p. 141) [grifo do autor]. Embora a presença do homem continue a ser indispensável, o uso de máquinas diminuiu a quantidade de mão de obra necessária. O terceiro e último fator foi a associação entre conhecimento e processo produtivo. Libertando-se da tradição, "tal produção entra no íntimo contato com a inteligência livre" (p. 141). O rompimento das barreiras tradicionais da livre investigação foi acentuado no momento em que a técnica associa-se com a esfera científica, levando "o capitalismo até a um nível de pleno desenvolvimento" (p. 141). A aplicação do conhecimento especializado no processo produtivo exerceu um papel vital no desenvolvimento tecnológico: "a tendência à racionalização da técnica e da economia, com o fim de diminuir os preços, em proporção aos custos, deu lugar, durante o século XVII, a uma corrida na busca de inventos". (p. 144) [grifo do autor]. Diferentemente do inventor pré-capitalista (cujas descobertas ocorriam de forma empírica e casual), a inventividade torna-se um fator constante da época moderna, orientando-se pela busca contínua do barateamento da produção.

Em vista do exposto, com o advento da Modernidade, as instituições e o Direito de propriedade no século XVIII começaram a se transformar. As instituições modernas nascem com cartórios feudais, instituições feudais e igrejas. A antiga relação entre senhor e escravo e entre senhor e servo (feudal) começou a se transformar para patrão e empregado, justamente por causas das condições históricas (materiais, sociais e jurídicas da época). Isso se dá não pelos movimentos da revolução proletária contra os burgueses, mas, sim, da revolução da burguesia contra as forças feudais.
A burguesia nada mais é que as pessoas do burgo, habitantes da cidade, habitantes do burgo, ou seja: aqueles que não são do castelo feudal. O burguês está na cidade para comprar e vender ou fazer o apoio financeiro para quem compra e vende. A burguesia modifica, portanto, todas as relações sociais da Europa. É aí que começou na Modernidade o fenômeno da racionalização das instituições e o início da burocratização das mesmas. Weffort (2011, p. 266):

As relações burguesas de produção e de troca, as relações burguesas de propriedade, toda esta sociedade burguesa moderna, que deu origem a tão poderosos meios de produção e troca, assemelha-se ao feiticeiro que já não é capaz de dominar os poderes infernais que desencadeou com seus feitiços. [...].

Essa mudança pode ser vista quando, no século XVIII, antes havia um determinado espaço para as igrejas, mas agora a Igreja virou uma casa de câmbio, um cartório, o terreno vazio virou uma plantação de algodão, tal lugar servia para a reunião de pessoas agora ele virou um mercado de peixe. Tudo passou a depender de relações econômicas. Eis aí que surgiu Marx. Para ele, o homem é um ser condicionado historicamente dentro da realidade e dentro de um determinado tempo em permanente construção para a transformação do mundo.
Nas palavras de Hobsbawm em prefácio feito pelo mesmo, temos Marx (2009, p. 14):

A base objetiva do humanismo de Marx e, simultaneamente, de sua teoria da evolução social e econômica é a análise do homem como um animal social. O homem — ou melhor, os homens — realizam trabalho, isto é, criam e reproduzem sua existência na prática diária, ao respirar, ao buscar alimento, abrigo, amor, etc. Fazem isto atuando na natureza, tirando da natureza (e, às vezes, transformando-a conscientemente) com este propósito. Esta interação entre o homem e a natureza é — e ao mesmo tempo produz — a evolução social. Retirar algo da natureza, ou determinar um tipo de uso para alguma parte da natureza (inclusive o próprio corpo) pode ser considerado e é o que acontece na linguagem comum, uma apropriação, que é, pois, originalmente, apenas um aspecto do trabalho. Isto se expressa no conceito de propriedade (que não deve ser, de forma alguma, identificado com a forma histórica específica da propriedade privada). No começo, diz Marx, "o relacionamento do trabalhador com as condições objetivas de seu trabalho é de propriedade; esta constitui a unidade natural do trabalho com seus pré-requisitos materiais (sachliche)" (p. 65). Sendo um animal social, o homem desenvolve tanto a cooperação como uma divisão social do trabalho (isto é, especialização de funções) que não só é possibilitada pela produção de um excedente acima do que é necessário para manter o indivíduo e a comunidade da qual participa, mas também amplia as possibilidades adicionais de geração desse excedente. A existência deste excedente e da divisão social do trabalho torna possível a troca. Mas, inicialmente, tanto a produção como a troca têm, como finalidade, apenas, o uso — isto é, a manutenção do produtor e de sua comunidade. Estes são os elementos analíticos principais em que a teoria se baseia e constituem, na realidade, extensões ou corolários do conceito original do homem como um animal social de tipo especial.

Desta forma, sua postura é ativa perante o mundo nadando contra a corrente da tradicional visão contemplativa da Filosofia, que nunca intervinha na realidade. Em miúdos, o homem incorporou um papel ativo na construção de uma nova sociedade e, consequentemente, uma dimensão dialética, é dada ao homem.
A modernidade pode ser definida como a "sociedade do trabalho" e pela "subjetivação do mundo". A "sociedade do trabalho" tinha duas grandes características: o trabalho era o fato de condicionamento temporal e espacial do homem e, ao mesmo tempo, a instauração de uma nova ética, a ética da valorização do "trabalhador". Quase toda a sociologia clássica se fez na análise desse tipo de modo de vida. Marx falou da força de trabalho como mercadoria – a única mercadoria do trabalhador. Durkheim falou da ética moderna como uma ética dada pela divisão social do trabalho – uma divisão que traria a "sociedade orgânica" como superior e superadora da "sociedade mecânica".
A sociedade orgânica é baseada na diferenciação dos indivíduos, por analogia, funciona como os órgãos de um ser vivo, onde cada um exerce uma função própria, e todos são igualmente indispensáveis para a vida. Já a sociedade mecânica os indivíduos diferem um pouco dos outros. A sociedade tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciaram. Com essa teoria da divisão do trabalho, Durkheim resolveu o problema das "engrenagens sociais" presentes na modernidade. O todo social funcionaria conexo, por essa interdependência, o que Durkheim chamou de "solidariedade orgânica". A sociedade funcionaria não mais como um relógio, com engrenagens dentadas, mecanicamente, mas como um organismo vivo, com sua função colaborativa com o outro e, assim, fazendo funcionar harmonicamente o todo.
Segundo Weffort (2011, p. 259):

Realmente, desde o momento em que o trabalho começa a ser dividido, cada homem, tem sua esfera de atividade exclusiva e determinada que lhe é imposta e da qual não pode escapar; ele é caçador, pescador, pastor ou crítico e assim deve permanecer se não quer perder seus meios de existência [...] Essa fixação da atividade social, esta fossilização de nosso próprio produto em uma força objetiva que nos domina, escapando ao nosso controle, frustrando nossas expectativas, reduzindo a nada nossos cálculos, é um dos momentos capitais do desenvolvimento histórico até hoje.

Weber falou de como o próprio trabalho se uniu a um tipo de religião para seu autoprivilegiar nos seus aspectos de empreendimento e risco, dentro de um quadro de racionalidade dada pelo "desencantamento do mundo".
A "subjetivação do mundo" foi bem caracterizada por Heidegger, ao mostrar como que a época de Descartes e Kant puderam institucionalizar uma "metafísica da subjetividade". O sujeito desprendeu-se da sua condição de base gramatical para se aglutinar ao homem e, então, assim tornou este o próprio "mundo". Tudo é subjetivado e humanizado e, então, o mundo deixa de ser mundo para ser uma "representação do mundo", e o que é objetivo se faz efetivamente objetivo se considerado pelo homem. É daí que vem três importantes fatores para entender Weber, o capitalismo e a modernidade. Para ele, há o desencantamento do mundo, a separação das esferas de valor (Ética, Ciência e Artes) e a racionalização da técnica junto com a burocratização das instituições. As esferas de valor são os campos de atuação de prática do homem. Esses campos são: o conhecimento (Ciência), a arte e a ética. Os três estão envolvidos por uma proteção que lhes dá unidade e também dentro dessa unidade se encontra como conteúdo a religião cristã. Só que essa proteção se descobre. Rompe-se e se enxuta. No campo do conhecimento temos o verdadeiro e o falso. No da ética, juízos sobre o bem e o mal e da estética o belo e o feio. E a religião cristã acaba se aglutinando a uma dessas outras três esferas de valor. A religião engloba agora o campo da ética.
Em um âmbito pré-moderno, a Ciência, a Arte e a Ética estão vinculadas à Religião tanto que a própria Bíblia interfere no que é verdadeiro ou falso. A Arte está vinculada a pintura de santos e imagens do calvário e a moral são os mandamentos judaicos cristãos. Após esse rompimento da unidade com o advento da Modernidade cada campo desses anda por sua própria perna possuindo autonomia e, então, temos a divisão entre a ciência, à arte e a ética. Este último possui autonomia por meio de uma legislação que é nada mais que Poder Judiciário estatizado circunscrito a uma determinada região (sistema jurídico).
Já Werner Sombert em Luxo e capitalismo (1913) teve uma ideia diferente, mas muito bem pensada sobre como o capitalismo se iniciou e se desenvolveu. Para ele, o capitalismo surgiu pelo gosto e desejo do refinamento: o luxo. Muito disso se deu pela liberdade da mulher e seus gostos peculiares. Apesar de Sombert ter uma tradição Weberiana, os sociólogos marxistas têm uma tradição da "escassez", mas aqui devemos ter atenção para encarar o mundo como algo da abundância (Galbraith), da sociedade sem interrupção ou ainda como uma sociedade da leveza (Sloterdijk). O "espírito do capitalismo" vai além das teses da Internacional Miserabilista falada por Sloterdijk no volume Esferas III. Werner Sombart mostra em seu livro Luxo e capitalismo (1913) que a mudança de vida das mulheres nas cidades célebres que levaram adiante o movimento do Renascimento italiano. Nessas cidades iniciava-se a tendência ao estilo e o espírito para todas as outras mulheres (uma espécie de tendência). Essa tendência deu-se muito em virtude das cortesãs que ampliaram o gosto pelo refinamento desde o âmbito doméstico até nas próprias roupas e comportamento.
As mulheres criaram o luxo e o desejo pelo mesmo em diversos sentidos. Tudo acontecia como uma espécie de "expansão" de mercado (talvez sem que elas percebessem isso). Há então, as primeiras experiências de se servir o café, então algo do luxo. Um pouco antes, as mulheres haviam introduzido o uso do açúcar, e daí então todo o refinamento de quitutes se fez presente nas casas, de modo a tornar todo e qualquer momento doce. O açúcar era servido nas casas de aristocratas e de burgueses ricos, e até mesmo de burgueses não ricos, em formas de animais ou objetos e com aconselhamento médico. O festival do açúcar deu o tom para o serviço do café, cacau e chá. O consumo do açúcar deu-se por influência das mulheres mais abastadas tornando-se obrigatório no meio social sendo incorporado por outras mulheres da cidade quase como um costume. Essas práticas de consumo provocaram, do outro lado do mundo, a venda de escravos aos milhares, movendo todo tipo de empreendimento que se fez no leito do capitalismo, inclusive o desenvolvimento da marinha, do militarismo e da ampliação de colonização passando pela ampliação da leitura, mercado editorial, sofisticação e diversificação da vestimenta (diga-se de passagem, estas eram feitas com materiais especiais e confeccionados pela mais alta elite).
A ideia do refinamento da vida veio do Renascimento incorporando-se para os tempos modernos, e gerou uma produção de luxos de todos os tipos, criando então o comércio e a indústria, bem com a exploração das colônias, a todo vapor. O dispêndio era uma exuberância. Esse estilo de vida era sem poupança. No âmbito doméstico, houve uma mudança de ares para o aspecto campestre, o bangalô, a casa de campo, a casa burguesa com divisões, o perfume, as geleias, os sapatos, as roupas íntimas mais leves, o saneamento básico, a arregimentação de espaços aristocráticos mais abertos e menos ligados ao castelo medieval e às pequenas cortes (os adornos eram os mais diversos). Mais tarde, as amantes quiseram se precaver de doenças – e se tornaram ou exclusivas, aumentando em número e/ou reclamando da importação de ervas medicinais das colônias e de apetrechos sofisticados de banheiro em suas casas.
Segundo Ghiraldelli Junior (2016b, p. 2):
Todos os "homens de bem" tiveram amantes poderosas, que buscaram transformar suas casas em lugares atrativos, capazes de segurarem ali, por mais tempo, seus homens. Logo essas mulheres começaram a fazer com que as próprias esposas de seus amantes tomassem banho e mudassem de vida. Elas erotizaram a Europa burguesa. A ideia de uma vida mais sensual (materialista, digamos), que atingiu até mesmo o papado, acumulador então de um gosto pelo recolhimento de objetos de variadas origens, mudou tudo na Europa, ampliando nas colônias a escravidão, a plantation e toda uma política de busca e ampliação de mercados – e aí sim o termo "capitalismo" ganhou o sentido que conhecemos. Assim, das cortesãs às "mulheres de família", o capitalismo nasceu, para Sombart, do império da liberdade da mulher e de sua imposição de seu gosto aos setores urbanos, "burgueses", da velha Europa. Mar e Deus fizeram a sua parte, mas as putas e depois todas as mulheres é que deram a substância para o capitalismo. Sem elas, sem a liberdade que adquiriram no Renascimento, o gosto pelo luxo não teria nunca movimentado como movimentou a Europa toda. Elas deram ao mar os aventureiros e a Deus os devotos, todos suando sangue para fazer do mundo um lugar à altura de suas damas. Sombart coloca isso em números, e de maneira convincente! Para mim, Sombart mostra, indiretamente, que a tese feminista do "patriarcado opressor", ligada ao capitalismo, se fosse algo realmente a ser levado a sério como um eixo histórico central, criaria um paradoxo. Sabemos bem que não foi pela opressão que o capitalismo se desenvolveu, e isso Foucault explicou bem. Na verdade, foi pela ampliação da liberdade em todos os sentidos é que nasceu a "era do mercado". Liberdade, sim, e não só do homem em relação à terra feudal, mas liberdade da mulher em relação a tudo, tornando-se imperadora da vida sob sofisticação, que não tardou ser trazida até mesmo para a América. No Novo Mundo as mulheres, inicialmente, cavalgavam, rezavam e cuidavam dos filhos. Mas em pouco tempo as americanas já estavam se comportando como italianas e francesas, metendo medo nas inglesas por conta do comportamento liberal.

As célebres cortesãs dão o tom para todas as mulheres, inclusive para as casadas. Introduzem o consumo do que é feminino – de adornos a casas especiais, perfumes, comidas, estudo e banho. Mais tarde, já num segundo momento, na situação pós Renascimento, as mulheres aristocratas, nobres ou da burguesia togada, dão ritmo de estilos a todas as classes sociais. Casas suntuosas, vestidos de todo tipo, apetrechos de entretenimento e de asseio, mil e um empregados e, enfim, bangalôs enormes para o amor no campo a fim de ampliar o erotismo são a regra básica de todas as grandes cidades da Europa. A mulher dominou todo esse processo ao colocar em sua casa espelhos, ao ampliar seu toalete, ao manter sua casa como um lugar tão luxuoso quanto à casa das grandes meretrizes e cortesãs, de modo a fazer maridos e amantes ficaram o mais tempo possível no interior. Essa suavização da vida, feita sob o controle direto da mulher, do açúcar e da sensualidade, foram o centro real do desenvolvimento capitalista. Tudo o mais se revolucionou a partir daí, do mercado suave a partir da vida luxuosa e da sensualização da vida, imposta pelo modo como a mulher veio a dar o tom para o mundo. O capitalismo se fez sob a regra feminina. De acordo com Ghiraldelli Junior (2016c, p. 2):
Então, nesse ritmo, tudo que saia das mãos do homem era para encantar e engrandecer mulheres, num percurso de luxo e sensualidade sem fim. A cada nova descoberta de perfume, de nova indumentária, de tecido exótico, de apetrecho do toalete, de tinturas e de invenções de conforto, mais a concubina, não raro mostrada abertamente ao lado do camarote da esposa, tinha de parecer atraente. Assim também se incentivava a esposa às práticas do requinte. Uma tal competição elevava os gastos com o luxo a níveis inimagináveis. Madame Pompadour forneceu estilo, vida, modos e derrubou de vez tudo que tinha à sua frente ao dar continuidade ao estilo rococó vencedor. Os homens da corte se tornaram imitações do que as mulheres fizeram com elas mesmas. Até nas perucas! Hotéis, restaurantes, Teatros enormes e gigantescos bangalôs – tudo isso se fez em Paris e Londres ao redor do maior dos entretenimentos: a elegância da mulher. Sem ela, nada disso seria pensável. Em nome de suas ordens que implicavam no seu erotismo é que as coisas andaram como andaram. Nenhuma economia do luxo sem a mulher, e nenhuma economia capitalista sem a economia do luxo – Sombart deu esse tom à sua narrativa.

Agora o que está acontecendo é o renascimento do renascimento. Esse processo do capitalismo por vias femininas se confirma ainda mais com os cosméticos e a moda. Na sociedade do entretenimento ou da leveza, como bem aponta Sloterdijk o homem passa a ser o animal de próteses e das antropotécnicas. No futuro "surgirá" ou se já não surgiu um "novo mercado" feminino que nos remonta ao passado, principalmente por vias da indústria da engenharia genética ligada à moda. A mulher pode e deve maquiar-se. Falando da modernidade e comentando obra de artes plásticas, o filósofo Baudelaire escreveu assim sobre a maquiagem: "a mulher está perfeitamente nos seus direitos e cumpre até uma espécie de dever esforçando-se em parecer mágica e sobrenatural; é preciso que desperte admiração e que fascine; ídolo, deve dourar-se para ser adorada". Com isso, Baudelaire foi só capaz de criar um bom retrato da modernidade que, enfim, podemos afirmar como valendo também para a pós-modernidade.
Trata-se aí da compreensão do homem como o que se faz homem por meio das antropotécnicas, na expressão de Peter Sloterdijk. O homem é um animal de próteses e as antropotécnicas são procedimentos que fazem vingar a hominização. Propostas de hominização se fazem por técnicas de hominização. Boa parte dessas técnicas inclui um regime crescente de confecção e uso de próteses. Há aí uma gramática do apêndice que se torna não só necessário, mas efetivamente o que é próprio para que possamos falar em algo que Platão chamou de "o bípede sem penas". Um elemento de antropotécnica é a prótese da maquiagem. Não à toa a maquiagem é chamada de cosmético. Cosmético vem de cosmos, kosmos em grego, significa o todo organizado e, por isso, pela organização e harmonia – o contrário de kaos – o que é belo. O cosmético é prótese. Doura o ídolo que deve dourar-se para dourar o ambiente e ser ídolo. Doura para harmonizar. Cosmetizar é harmonizar, organizar o rosto e tudo o mais, dando uma ordem que é o sinal da beleza (Cosmos é ordenação. E a palavra "cosmético" que deriva de cosmos, é a arte e produto de tornar um rosto harmonioso, e por isso mesmo belo) (GHIRALDELLI JUNIOR, 2015a, p. 68).
Os gregos nunca viram beleza no desorganizado e caótico. A beleza é da ordem. Trata-se da harmonia e, claro, da proporcionalidade. Há algo de belo na matemática e vice-versa. A mulher é superior ao homem, então, porque desde cedo incorpora o artificial ao natural (a prótese). Desenvolve como ninguém a antropotécnica. Maquia-se e, com isso, suplanta a natureza. Do artificial que se torna uma segunda natureza, gera o sobrenatural. A modernidade abriu-se para a ideia de maquiagem como apêndice da mulher-mulher. Ou seja, trata-se da mulher que cumpre funções que não são do homem, a prostituição em forma de sonho da democratização do desejo. Mas, em seguida, na pós-modernidade e nos movimentos da pós-pós-modernidade, toda a vestimenta e maquiagem que um dia pertenceram às prostitutas, foram incorporadas pelas mulheres em geral. Lingeries e maquiagem se casam. A maquiagem é a roupa do rosto.
Voltando a Baudelaire no mesmo escrito citado, podemos vê-lo falando de como o homem torna-se cada vez mais, em seus traços físicos, aquilo que veste. E para Sloterdijk, nossa vida é de exercícios. Nós nos construímos através deles. O homem incorpora a prótese em si e essas próteses também serão cerebrais (tudo por meio do ascetismo, antropotécnica e tecnologia). O vestuário um dia irá se incorporar, em nós literalmente. Como ocorreu com a tatuagem e, mais radicalmente ainda, como ocorrerá com os chips que serão colocados em nosso cérebro, ou que já estão sendo colocados para correç o de patologias. Ainda veremos o dia em que nossa conformação dita natural e nosso vestuário serão o mesmo, inclusive com possibilidades (infinita) de troca.
Nossa segunda pele será a primeira e vice-versa, até chegarmos à situação em que jamais poderemos distinguir uma coisa e outra. Seremos o animal que se veste, mas num sentido que adoraramos que é o do camaleão. O homem é o ser que engana. Usaremos roupa como quem usou óculos e passou para lente de contato e, no fim, operou os olhos para alterar e grau. Antropotécnicas levadas ao extremo. Um dia teremos engenharia genética para já nascermos vestidos, em favor de várias modas, como podemos hoje fazer para evitar algumas doenças. As clínicas de estética e engenharia genética já estarão acopladas à indústria da moda, do vestuário e do design. Fazer sobrancelhas ou cílios permanentes será algo de uma prótese antediluviana. Novamente a mulher é que dá o tom do capitalismo. Nada mais natural que o artificial, em uma época moderna ou pós-pós-moderna.
Uma sociedade da lisura, espelhada, da não fricção e também não rugosa. O espelho é o campo máximo do não rugoso, é aquilo que acolhe o belo e pode reformulá-lo como sendo o que não impede o deslize. O mundo aligeirado de como fala Lipovetsky, um mundo desonerado e da vida nua de Agamben, o espaço de mimo acolhedor da sociedade da leveza de Sloterdijk, a sociedade do espetáculo de Debord e o narcisismo de Lasch são todos os nomes que coadunam com a sociedade sem negatividade ou da positividade de Byung-Chul Hang. Não é difícil ver nos dias de hoje que uma sociedade não negativa é uma sociedade em que ninguém mais anda, mas apenas desliza (como o deslize dos dedos no Smartphone). Todos devem ter um mecanismo de não ranhuras, um skate nos pés e uma cabeça a mais vazia possível. Basta ver como o trabalho é hoje uma espécie de gincana, deve ter um momento de alegria, para que todos se sintam em família com uma alta positividade, ou seja, a sociedade contemporânea é completamente desonerada, sem peso. Temos o chão liso, paredes polidas e brilhantes, tetos de espelho. Esse é o espaço urbano no mundo "globalizado". Nada de impedir o fluxo de gente, capitais e informações, do mesmo modo que nada deve se opor as proliferações das marcas que fazem a sociedade de mercado acontecer pelo fluxo das mercadorias. Uma sociedade feita para o deslize, sem entraves, grudes ou "bloqueios" que impeçam a troca e o comércio de todos com todos.
O próprio Peter Sloterdijk fala que como a placenta é utilizada na modernidade pela indústria farmacêutica e estética para tratamentos de pele, máscaras, etc e como ela passou a ser tratada como um pedaço de carne morta ou um resquício sem utilidade que deve ser jogado fora. E qual o melhor lugar para se obter esse "utensílio" bastante exótico que não os hospitais e seus lixos hospitalares?
O capitalismo deve muito as mulheres e no futuro isso se repetirá. Ao contrário do que as feministas pensam, a mulher criou o capitalismo! Teremos junto disso um futuro asséptico (com novos mercados). Explico bem simples. A prática do consumo de carne será um elemento da decadência. Caminharemos para uma sociedade onde os ricos e escolarizados não comerão carne, não se alimentarão de defuntos, muito menos consumirão alimentos gordurosos. Esse higienismo dos No Oil Vegans darão os padrões de conduta, comportamento e beleza. Só os atrasados e os pobres irão ficar nas práticas ao redor da carne. Assim temos shampoo, condicionadores, limpeza de pele, enxaguante bucal, clareamento dental, depilação, clareamento anal, esmaltes em unhas, filtros solares, cirurgias plásticas, técnicas de sobrancelhas, cílios, pílulas, suplementos, filtros no Instagram, exclusão de carne do cardápio, uma sociedade clean ao extremo.
E haverá um tempo que nem poderão entrar na civilização por conta disso. Existirão muros. O importante é que esses muros não sejam uma membrana rígida. Separar-se e criar um sistema imunitário próprio advém das antropotécnicas. Segundo Sloterdijk o homem é um designer de interiores que põe e repõe o útero. E dentro desse sistema imunitário existem divisões ou "cápsulas". Vamos artificializar ambientes cada vez mais, uma vez que nós todos já seremos naturalmente artificializados. Já estamos fazendo isso no processo de criação de nossos apartamentos (nosso local de conforto e mimo) e também no sentido de tomar a Terra como uma estação orbital. Ela é um tipo de nave espacial, um grande útero, que caminha pelo espaço. Mas, ainda quando perceber isso, também percebe que o interior da nave continua com divisões: muros, portas, comportas, muretas e muralhas por todos os lados. Assim, sem que as esferas imunitárias sejam membranas ativas de comportas haveria uma barreira e não uma dinâmica de interior e exterior. Um cultivo de mercado também deverá passar por esse crivo, ainda mais na pós-modernidade e pós-pós modernidade.
Quando olhamos para as análises de Foucault e Agamben, no referente à biopolítica, vemos que estamos caminhando para o império do corpo nu, e isso para o mal e para bem. E se pudermos pensar, com Sloterdijk, que nossa sociedade terá uma capacidade cada vez maior de entretenimento espalhado inclusive pelo interior do trabalho, entenderemos rapidamente a leveza dessa vida vegana, sem óleo, com sexo asséptico e com uma incrível disposição para a reclusão em guetos, em shoppings, em centros culturais.
31/12/2016, São Luís. Versão não revisada.



REFERÊNCIAS

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GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. O Capitalismo Venceu! E Perdeu! E Venceu... Disponível em: . Acesso em 20 Jan. 2017a.

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______. O Futuro Asséptico e Vegano Está Próximo, Quer Você Queira ou Não. . Acesso em: 30 Dez. 2016.

______. É possível um mundo sem muros?. Disponível em: . Acesso em: 30 Dez. 2016.

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MARX, Karl. Formações Econômicas Pré-Capitalistas. 4. ed. Tradução de João Maia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

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