O futuro do presente: juventude e experiência da história

May 31, 2017 | Autor: Valdei Araujo | Categoria: Teoria e metodologia da história
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Juventudes e o mal-estar na contemporaneidade

Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant’Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt

©2015 Cláudia Braga de Andrade; Margareth Diniz; Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

A5531 Andrade, Cláudia Braga de; Diniz, Margareth; Ferreira, Carla Mercês da Rocha Jatobá. Juventudes e o Mal-Estar na Contemporaneidade/Cláudia Braga de Andrade; Margareth Diniz; Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira. Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 264 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0264-5 1. Juventude 2. Política 3. Movimentos sociais 4. Estudantes. I. Andrade, Cláudia Braga de. II. Diniz, Margareth. III Ferreira, Carla Mercês da Rocha Jatobá CDD: 300 Índices para catálogo sistemático: Estudos sociais Movimentos estudantis IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected]

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Sumário Apresentação

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Seção 1. Juventude e Política

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Capítulo 1 Sou mais juventude: uma experiência política no contexto universitário

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Capítulo 2 Trajetórias de estudantes universitários indígenas: reflexões sobre a produção bibliográfica no Brasil 33 Capítulo 3 O ressurgimento do político nos novos movimentos sociais: a juventude e as novas formas de fazer política 55 Seção 2. Juventude, tempo e história

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Capítulo 4 Juventude e representação: a formação do teatro moderno norte-americano e James Dean

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Capítulo 5 Literatura transviada: a Juventude no espelho da representação

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Capítulo 6 O futuro do presente: juventude e experiência da história

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Seção 3. Juventude, mídia e comunicação

127

Capítulo 7 Juventude e conexões midiáticas

129

Capítulo 8 Políticas públicas de comunicação e a Lei da mídia democrática

145

Capítulo 9 A diabolização do Anonymous e do Black Bloc nas Jornadas de Junho

167

Seção 4. Juventude e cotidiano universitário

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Capítulo 10 A universidade e sua relação com a comunidade

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Capítulo 11 As drogas e os seus diferentes usos entre universitários

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Capítulo 12 O uso de drogas entre universitários: estratégias de enfrentamento na UFOP

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Apresentação Quando inventamos o projeto “Sou Mais Juventude” na Universidade Federal de Ouro Preto em 2012, estávamos vivendo um profundo mal-estar. Diante da morte de dois jovens estudantes, por uso e abuso de álcool e drogas, ficamos estarrecidos/as e nos interrogando: o que querem os jovens na atualidade? O que nós, adultos(as), professores(as) do ensino superior e psicanalistas temos a ver com as atitudes, com os excessos, com atos e passagens ao ato de nossos(as) jovens estudantes? Diante dessas perguntas e do nosso embaraço em respondê-las nos propusemos a conversar entre os pares e os/as próprios(as) jovens da Universidade. Ao convidarmos os sujeitos que também estavam tomados pela angústia diante do não-saber-o-que-fazer, para conversarmos e não silenciarmos diante da morte, compareceram os que se sentiram convocados/as pela ética da implicação, atendendo assim ao nosso convite para a primeira Conversação. Naquele momento, não havia proposta de projeto prévia e o que podemos hoje nomear como o projeto “Sou Mais Juventude” nasceu de forma coletiva e compartilhada por meio de inúmeras conversas com nossos(as) colegas professores(as), técnicos(as) e estudantes da Ufop. Desde então, alojado no Programa de Pesquisa/extensão Caleidoscópio,1 coordenado por Margareth Diniz, cujo eixo se 1. O Grupo de pesquisa Caleidoscópio/Ufop foi inscrito no CNPQ desde 2009 e tem como objetivo realizar pesquisas que discutam questões teórico-metodológicas propostas pelas diferentes abordagens sobre subjetividade, diversidade, diferenças, direitos humanos, mal-estar docente a partir da Psicanálise e suas interfaces nos campos sociológico, histórico, antropológico, filosófico e psicológico bem como seus impactos na formação docente, nas atividades e práticas educativas em diferentes contextos escolares e não escolares. Seus(uas) pesquisadores(as) orientam-se por matrizes epistemológicas e metodológicas que se propõem a interrogar a relação objetividade/subjetividade a partir de autores(as) considerados pós-modernos, desenvolvendo pesquisas no ensino superior, no ensino fundamental, médio e junto à comunidade, em torno de temas

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Cláudia Braga de Andrade | Margareth Diniz Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira (Orgs.)

pauta pelas categorias de diferença, subjetividade, inclusão e direitos humanos, o Projeto “Sou Mais Juventude” vem ganhando mais aliados/as e se organizando como uma ação de pesquisa/ intervenção na Universidade com o propósito de proporcionar a reflexão contínua na comunidade acadêmica por meio do fortalecimento de valores positivos que possibilitem a construção conjunta de saídas e intervenções sociais e políticas para o enfrentamento dos signos de mal-estar na juventude. Ao trabalharmos em torno do termo “juventudes”, no plural enfatizamos a multiplicidade de sentidos e interpretações presentes nesse tema, como também ressaltamos a descontinuidade histórica que rompe com a concepção naturalizante das idades de vida. Nosso propósito é criar possibilidades de discutir o termo juventude na sua dimensão simbólica, inseparável das transformações decorrentes na ordem social, cultural, política e econômica. Alguns princípios nos orientam nessa condução da construção de uma política de juventudes na Ufop: o caráter indissociável entre ensino, pesquisa e extensão; uma discussão coletiva e horizontal sobre o tema e seus desdobramentos; a participação de representantes de vários cursos da Ufop; o protagonismo juvenil assegurado por meio de direitos e responsabilidades dos jovens; a inserção de temas da diferença e da diversidade (gênero, sexualidade, raça e etnia, classe, deficiências e necessidades específicas) nas ações da Ufop; a busca da qualidade de vida para estudantes, com melhoria das condições de moradia, alimentação, cultura, lazer, transporte e esporte; a construção de melhores relações com as cidades; a geração de emprego e renda, bem como a preocupação com a inserção no mercado de trabalho; o incentivo à continuidade de estudos em nível de pós-graduação e da internacionalização.  

fronteiriços em interface com a Educação, em especial na formação docente e na sua relação com a infância e a juventude.

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Juventudes e o Mal-Estar na Contemporaneidade

Levando em conta esses princípios que norteiam a construção de uma política de juventudes na Ufop, bem como o contexto de cada semestre letivo, a programação das edições é construída, passo a passo, com a participação de técnicos/as, professores(as) e alunos(as) por meio de conversas no final das aulas, nas caronas de um campus a outro, nas reuniões, nas conversas informais e nas ideias coletivas, bem como nas diversas formas de representações estudantis e redes sociais. Este livro tem o propósito de compartilhar as discussões que temos realizado nas palestras em mesas e discussões em rodas de conversa nas edições do Sou Mais Juventude e apresenta temáticas afins ao tema, ampliando o debate com os(as) próprios jovens, gestores(as), professores/pesquisadores, convidados e com as cidades onde nos inserimos: Ouro Preto, Mariana e João Monlevade, buscando construir de forma coletiva e horizontal a política de juventudes na Universidade Federal de Ouro Preto. A coletânea de artigos foi organizada em 4 seções que refletem alguns dos eixos de debate. A primeira seção, Juventude e experiência política aborda a questão “política” de ações ligadas à juventude na contemporaneidade. No artigo “Política de juventudes: formas de subjetivação e ação coletiva no contexto universitário” o objeto de análise são os desafios e resultados do projeto de pesquisa e extensão “Sou Mais Juventude” na sua proposta de construção de uma experiência política no contexto universitário a partir de uma proposta horizontal e coletiva com todos os segmentos da universidade. O artigo “Trajetórias de estudantes universitários indígenas: reflexões sobre a produção bibliográfica no Brasil” coloca em discussão as políticas de democratização do acesso/permanência ao ensino superior a estudantes indígenas, problematizando a realidade de inserção dos estudantes e ressaltando a importância do papel ético e politico da universidade. No artigo “O ressurgimento do político nos novos movimentos sociais: a juventude e as novas formas de fazer política”, o autor indaga as novas 9

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abordagens de fazer política e o lugar de atuação do sujeito na contemporaneidade a partir de uma investigação sobre movimentos sociais no século XX. A segunda seção do livro Juventude, tempo e história põe em questão a representação do jovem, sua imagem e reflexos na sociedade contemporânea. O artigo “Juventude e representação: a formação do teatro moderno norte-americano e James Dean” explora como a representação do jovem se configura no modelo de James Dean e sua importância para refletir sobre o contexto ideológico da juventude na atualidade. No artigo “Literatura transviada: a Juventude no espelho da representação” o autor, através de um percurso pela literatura de Dante Alighieri, Aristóteles, Cícero, Homero, Antonio Vieira, entre outros, analisa como os traços de rebeldia associados à juventude fazem parte de um importante processo de subjetivação. O artigo “O futuro do presente: juventude e experiência da história” problematiza a percepção do tempo na atualidade a partir de uma indagação sobre a história da relação do sujeito com o sentido, com o tempo e o sentido do tempo. A terceira seção Juventude, Mídia e Comunicação discute as novas formas de comunicação e mídia e seu reflexo no público jovem. O artigo “Juventude e conexões midiáticas” tem como objeto de análise a relação entre as mídias e jovens por intermédio dos fluxos comunicacionais. O artigo “Políticas públicas de comunicação e a Lei da mídia democrática” problematiza as políticas públicas de comunicação e escassez de normas reguladoras deste setor no Brasil. O artigo “A diabolização dos Anonymous e Black Bloc nas Jornadas de Junho” analisa a construção das narrativas em torno da figura do vândalo, principalmente nos grupos Anonymous e Black Bloc durante as “manifestações de junho”. A quarta seção, Juventude e cotidiano universitário, apresenta estudos sobre questões diretamente ligadas ao cotidiano universitário. No artigo “A universidade e sua relação com a comunidade” a partir de uma perspectiva inclusiva, discute-se o papel social da universidade e apresenta dados sobre a comunicação universida10

Juventudes e o Mal-Estar na Contemporaneidade

de/comunidade e sobre o acesso à Ufop de estudantes residentes nas cidades que abrigam seus campi. O artigo “As drogas e os seus diferentes usos entre universitários”, aborda as estratégias da Prace/Ufop para o acolhimento, encaminhamento e discussões com estudantes sobre o consumo de drogas. Por fim, no artigo “O uso de drogas entre universitários: estratégias de enfrentamento na Ufop”, os autores apresentam os resultados da pesquisa realizada na Ufop que busca identificar a prevalência do consumo de substancias psicoativas entre estudantes de medicina. Portanto, consideramos que esse livro sugere um mosaico do nosso cotidiano que temos construído juntos(as) na convivência universitária, como uma ação continua viva, instigante e enigmática como as nossas juventudes o são... Boa leitura a todos(as), Cláudia Braga de Andrade, Margareth Diniz e Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira

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Seção 1. Juventude e Política

Capítulo 1

Sou mais juventude: uma experiência política no contexto universitário Cláudia Braga de Andrade2 Margareth Diniz3 Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira4

Juventude’s: sobre quem estamos falando Ao trabalharmos em torno do termo “juventudes” no plural, enfatizamos a multiplicidade de sentidos e interpretações presente nesse termo como também ressaltamos a descontinuidade histórica que rompe com a concepção naturalizante das idades de vida, marcadas pela cronologia. A juventude já foi identificada a certa fase da vida, entre a infância e a vida adulta; hoje podemos notar uma quebra de uma vida linear e as fases da vida passam a se identificar mais com as posições que com marcações etárias. Nosso propósito é criar possibilidades de discutir o termo juventude na sua dimensão simbólica, inseparável das transformações decorrentes na ordem social, cultural, política e econômica. Para efetivar tal construção, precisamos conhecer e afinar nossas concepções sobre quem é o/a jovem de hoje buscando desconstruir saberes fixos e arraigados sobre ele/a. Mas chamamos a atenção para o cuidado que devemos ter ao adotar o termo “juventudes” de forma a não fixá-lo. Fazen2. Professora Adjunta do Departamento de Educação/UFOP. Pesquisadora permanente do Núcleo de Pesquisa para a Infância e Adolescência Contemporâneas NIPIAC/UFRJ. 3. Psicanalista, professora do programa de pós-graduação em educação/UFOP, Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Coordenadora do Programa Caleidoscópio. 4. Professora do Centro de Educação Aberta e a Distância/UFOP. Membro do Programa Caleidoscópio.

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