O FUTURO DO TRABALHO NO MUNDO

May 24, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Sociology, Economics, Technology, Social Sciences, Capitalism
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O FUTURO DO TRABALHO NO MUNDO Fernando Alcoforado* O artigo de Bruno Macedo, explorador do futuro e pesquisador, sob o título O fim do emprego e a ascensão do trabalho com propósito na era das “máquinas inteligentes” disponível no website , informa que, no Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos, que teve como tema “A Quarta Revolução Industrial”, foi projetada uma perda líquida de 5 milhões de empregos em 2020, em quinze economias que correspondem a 67% da força de trabalho global em consequência da expansão das tecnologias emergentes no setor produtivo e que os setores administrativos e de escritório serão os mais afetados. O relatório do WEF sobre o futuro do trabalho ainda destaca que todas as indústrias terão algumas funções automatizadas, sendo que algumas terão mais impacto do que outras como aquela relacionadas com a Medicina que será impactada pelo avanço da telemedicina, seguida pelos setores de energia e indústria, construção e extração, entretenimento, e ainda, o setor jurídico. Os setores de negócios e operações financeiras, gestão, computação, arquitetura e engenharia, vendas, educação e treinamentos como um todo terão um crescimento de 2 milhões de empregos. Haverá uma maior demanda por especialistas em “big data”, desenvolvedores de Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias emergentes e, também, por vendedores especializados. As mulheres poderão ser mais afetadas com o declínio dos setores administrativos, escritórios e vendas. A mulher irá perder cinco empregos para ganhar um, enquanto os homens ganham um emprego perdendo três graças ao avanço tecnológico. O Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos, informa que a curva do avanço tecnológico se desenvolve em proporções exponenciais, quebrando diversos paradigmas como aconteceu na genética com o sequenciamento do genoma, e com a Inteligência Artificial (IA) a qual promete promover uma das maiores revoluções nos próximos anos. Por ser uma tecnologia adaptativa, a IA pode ser usada para resolver problemas de grandes proporções. O seu desenvolvimento é motivo de preocupação para qualquer indústria e para a sociedade. A tecnologia ameaça assumir o protagonismo no setor produtivo transcendendo a sua utilidade apenas como “meio” para uma autonomia quase total em algumas tarefas. O Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos, informa, também, que “a automatização vai abranger tanto máquinas inteligentes como também a computarização de tarefas complexas nas organizações. A sua adesão pelas empresas trará vantagens em função da incapacidade dos trabalhadores humanos em algumas tarefas, como também redução de custos e direitos trabalhistas (a maquina não recebe salário). Para estes trabalhadores humanos será necessário o surgimento de novas formas de trabalhos para evitar uma catástrofe humanitária de gigantescas proporções. A escala é massiva: quase metade (47%) de todos os trabalhos nos Estados Unidos e 35% na Grã-Bretanha estarão suscetíveis à automatização pela tecnologia nas próximas duas décadas de acordo com a The Economist e pesquisadores da Universidade de Oxford”. A Consultoria McKinsey relatou que 140 milhões de trabalhadores poderão ser substituídos por automatizados pela tecnologia até 2025. A fábrica do futuro se caracteriza por apresentar instalação repleta de robôs e um elevado grau de automação, 1

além de estar devidamente organizada em torno da tecnologia, do computador, que integra, por softwares especialmente desenvolvidos, praticamente todas as atividades. Nela, há o uso generalizado de ferramentas como CAD, MRP II, ERP, EDI, e acima de tudo conta com a presença do trabalhador do conhecimento (o knowledge worker, o trabalhador que usa o saber mais do que as mãos) (MORETI, Amilcar. A Fábrica do Futuro. Disponível no website , 2012). Nas fábricas do futuro a quantidade de robôs trabalhando no lugar de operários multiplicará a cada ano e já há pesquisas que mostram como algumas profissões podem desaparecer por conta disso (DELL- TECNOLOGIAS DO FUTURO. Como serão as fábricas do futuro?. Disponível no website , 2013). Relatório da Federação Internacional de Robótica (IRF, na sigla em inglês) informa que cerca de 180 mil robôs industriais foram vendidos em 2013, um crescimento de mais de 12% em relação ao ano anterior. A China, segundo o balanço da IRF, é o país que mais investiu na automação, comprando 37 mil unidades no ano passado. Já o Japão é o maior exportador de robôs e também o país com as fábricas mais automatizadas do mundo, com mais de 300 mil robôs industriais em operação (DELL- TECNOLOGIAS DO FUTURO. Como serão as fábricas do futuro?. Disponível no website , 2013). É possível imaginar que as fábricas do futuro contarão cada vez menos com a presença de seres humanos na linha de produção. Fábricas automatizadas e robotizadas significam indústrias com cada vez menos gente. Em três décadas foram eliminados 6 milhões de postos de trabalho industriais nos Estados Unidos fazendo com que o emprego nas fábricas atingisse o patamar da década de 1940. Os empregos que envolvem funções repetitivas vão desaparecer rapidamente nos próximos anos. Nos países ricos, estima-se que 25% de todas as funções na indústria deverão ser substituídas por tecnologias de automação até 2025. No mundo, a estimativa é que 60 milhões de postos de trabalho em fábricas sejam eliminados (EXAME.COM. A era das fábricas inteligentes está começando. Disponível no website , 2014). O grande desafio para o crescimento econômico nos próximos anos é como desenvolver novos empregos para uma população maior do que a que temos hoje, e principalmente não haja um declínio grande na classe média, uma vez que com uma classe média fraca, o consumo geral também diminui, e a economia entra em colapso. É difícil acreditar que as projeções de Davos, Oxford e McKinsey estejam completamente equivocadas. O avanço tecnológico gerará inevitavelmente três consequências: 1) a queda no consumo ou demanda geral de bens e serviços devido ao aumento do desemprego e a redução do poder aquisitivo da população trabalhadora; 2) o declínio da classe média com grandes implicações de natureza política haja vista que ela atua como aliada da burguesia; e, 3) o enfraquecimento da luta dos sindicatos em prol dos trabalhadores e da luta de classes entre burguesia e proletariado. O enxugamento da classe operária com o avanço tecnológico coloca em xeque a principal estratégia de conquista do poder pelo proletariado formulada por Karl Marx que considerava a luta de classes como o motor da história, isto é, das mudanças sociais. O proletariado deixará de ser o messias da humanidade como preconizava Marx. 2

As consequências políticas do fim do emprego graças ao avanço tecnológico são bastante graves porque, de um lado, a população precisa trabalhar para sobreviver e, de outro, o capitalista precisa que as pessoas consumam os bens e serviços que produz para realizar a acumulação do capital. Esta situação pode abrir caminho para o advento de uma revolução social para instaurar uma nova ordem econômica que venha a substituir o capitalismo. *Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected].

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