O Golpe de 64 e seus reflexos em Caçador

August 30, 2017 | Autor: Angela Cardoso | Categoria: História de Santa Catarina, Ditadura Militar
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O golpe civil-militar de 64 e seus reflexos em Caçador
Um resgate da história e o despertar de doloridas emoções de pessoas comuns que foram perseguidas, torturadas, ameaçadas, tiveram suas liberdades cerceadas e que ainda tentam entender o motivo de tamanha repressão; Em 2014, o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil completa 50 anos.

Angela Cardoso dos Santos
Jornalista

"Aqueles que não amam a revolução, pelo menos devem temê-la", General Carlos Guedes, Brasil, 1964.

"Minha primeira lembrança é de ter sido acordada por vários homens do exército armados com metralhadoras que foram prendê-lo em casa", Eliane Carpes, filha de João Pedro Pereira Carpes.

"Nas conversas se ouvia que Jango ia implantar o comunismo no Brasil, mas as pessoas nem entendiam o que era o comunismo", Terezinha Nunes Garcia, advogada

Brasil, 31 de março de 1964. Ações deflagradas na madrugada deste dia culminaram com um golpe de estado que encerrou o governo do presidente João Goulart, também conhecido como Jango. Neste dia o Brasil mergulhou em uma ditadura que durou 21 anos.
A partir do vasto material bibliográfico sobre o assunto e com a gradual abertura dos documentos para domínio público a maioria dos autores defende que o golpe foi arquitetado por integrantes das Forças Armadas, do empresariado, da grande imprensa e da sociedade civil brasileira.
O objetivo era frear as chamadas reformas de base anunciadas por Jango: mudanças nas áreas bancária, fiscal, urbana, administrativa, agrária e universitária. O medo de parcelas mais importantes da sociedade brasileira era que o Brasil entrasse em um regime comunista a exemplo de Cuba e da União Soviética e para evitar isso, o governo norte americano garantiu a sua contribuição.
O Brasil viveu o mais longo período de interrupção. Qualificado pela história como "os anos de chumbo", o período da ditadura foi marcado pela cassação de direitos civis, censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas.

Reflexos do golpe chegam a Caçador
Em 1964 em Caçador-SC, Osvaldo Olsen fabrica o primeiro trator genuinamente brasileiro, acelerando assim, o desenvolvimento na área de máquinas. No mesmo ano são inauguradas as novas instalações do Colégio Marista Aurora. Em 1967 é inaugurada a Praça Nossa Senhora Aparecida e no ano seguinte, o prefeito Jucy Varella inaugura o prédio próprio da Prefeitura.
Na cidade, boatos sobre o golpe e as ações nas principais capitais corriam entre os moradores. As informações chegavam através do rádio, inclusive os discursos inflamados e enérgicos do ex-deputado gaúcho Leonel de Moura Brizola.
Os reflexos do golpe de estado demoraram alguns anos, mas chegaram ao município com prisões, autuações e violência.
Em 1969, o jornal a Imprensa Catarinense na edição número 121 de 21 de junho de 1969 trouxe como manchete a notícia que quatro caçadorenses haviam sido julgados pelo Conselho Permanente da Auditoria da 5ª região Militar em Curitiba-PR: "Caçadorenses foram julgados. Quatro membros do Grupo dos 11 de nossa cidade enfrentaram a Auditoria da 5ª. RM".
A notícia replicava informação divulgada pelo jornal O Estado do Paraná: "Auditoria julga quatro da subversão dia 20". Consta no jornal que os moradores de Caçador: Walsin Nunes Garcia, Dirceu de Almeida Lima, João Pedro Pereira Carpes e Custódio Eleutério Maciel, "foram acusados de organizar entidade de caráter paramilitar em Caçador no período imediatamente anterior à revolução de 31 de março de 1964".
Custódio Eleutério Maciel era na época, presidente do Sindicato dos Motoristas Profissionais em Caçador.
O processo número 282 instaurado, colocou os caçadorenses como infratores do artigo 24 da lei 1802 (antiga lei de segurança nacional). Segundo denúncia da promotoria da época, os caçadorenses foram denunciados por criar os chamados "Grupo dos 11 companheiros" seguindo orientação do ex-deputado cassado Leonel Brizola. Ainda segundo denúncias, os caçadorenses promoveram reuniões no Clube 1º de Maio, distribuíram manifestos "brizolistas" e clandestinamente introduziram armas na cidade de Caçador.
No mesmo jornal, na edição de 28 de junho de 1969, a manchete: "Quatro caçadorenses foram condenados". "A corte de Justiça sob orientação (sic) do juiz auditor Darcy Ricetti, resolveu por maioria de votos, condenar todos os acusados a um ano de reclusão como incursos no artigo 36 do decreto lei número 314/67. O acusado Dirceu de Almeida Lima o Maninho, logo após a decisão do Conselho Permanente foi recolhido à prisão provisória de Curitiba".

Interrogados
Dia 14 de maio de 1964, na sede do Tiro de Guerra 172 em Caçador, o então inspetor de ensino Walsin Nunes Garcia, foi interrogado sobre a responsabilidade de crimes praticados contra o Estado e a ordem política e social. O encarregado pelo inquérito era Ronaldo Cunha Costa, primeiro tenente.
O chamado Termo de Perguntas ao Indiciado foi encontrado no site da iniciativa Brasil: Nunca Mais: http://bnmdigital.mpf.mp.br/#!/pesquisar-no-acervo
No portal foram encontrados outros diversos documentos onde é citada a cidade de Caçador e pessoas acusadas de subversão. No site, na página de pesquisa tem o seguinte alerta: "Parcela expressiva dos depoimentos de presos políticos e das demais informações inseridas nos processos judiciais foram obtidas com uso de tortura e outros meios ilícitos e não podem ser considerados como absoluta expressão da verdade".
Os documentos com os interrogatórios de Walsin Nunes Garcia, João Pedro Pereira Carpes e assim como de outros moradores de Caçador revelam a preocupação das forças militares em identificar integrantes do "Grupo dos Onze", tidos como apoiadores dos pensamentos de Brizola, comunistas e demais correntes contra o regime e contra a situação do Brasil na época.

Documentos secretos revelam investigações do Exército em Caçador e região
Documento localizado no portal Brasil: Nunca Mais revela as incursões do Exército em Caçador e em outras cidades da região para analisar a situação dos chamados "subversivos" (contra o regime).
Em documento datado de 09 de abril de 1964, com selo do Ministério da Guerra e da 5ª Região Militar e Divisão de Infantaria, consta ofício secreto onde um oficial é destacado para informar sobre as ações do "Grupo dos 11".
"Desde o início da preconização do ex-deputado Brizola, pedindo a organização da formação de "Grupo dos onze" em todos os municípios, tive o cuidado de, discretamente observar a atuação dos grupos mais chegados, a política local, residentes nesta região, ligados a elementos da política da cúpula nacional", relata o oficial no documento.
"Na área do proletariado dos municípios de Caçador e Videira, notava-se maior ligação da classe com líderes da política nacional e estadual. O suplente de deputado estadual po PTB Agostinho Mignoni em suas constantes jornadas, mantinha ligação direta com dirigentes do Sindicato dos Oficiais Marcineiros e Trabalhadores das Indústrias de Serrarias e Móveis de Caçador...".

Ex-vereador de Caçador foi preso e torturado
João Pedro Pereira Carpes, então com 45 anos, foi preso em 1969 em sua casa em Caçador. Ele foi vereador por três mandatos: 1959-1963/1963-1967/1967-1970.
A filha Eliane Carpes que hoje mora no interior de São Paulo presenciou a prisão do pai. "Minha primeira lembrança é de ter sido acordada por vários homens do exército armados com metralhadoras que foram prendê-lo em casa. Eu me agarrava nas pernas dele pra não deixar que o levassem. Eles usavam capotes verde oliva e tinham aparência de monstros pra mim mas eu os enfrentei junto com minha mãe. Aí ameaçaram levar ela também". Eliane tinha quatro anos e meio.
A esposa de João Pedro, Laura era funcionária pública estadual, servente na escola Dante Mosconi, onde todos os filhos estudavam na época da prisão. Meus irmãos mais velhos passaram a trabalhar para ajudar em casa e os correligionários amigos do pai nos ajudavam com cestas básicas e também com o transporte até Curitiba para vê-lo. Mas éramos apontados na rua como filhos de bandido. Ninguém sabia o que estava acontecendo e o motivo dele estar preso", comenta.
A filha relata que João Pedro ficou preso por um ano e alguns meses. Inicialmente no presídio em Curitiba onde presenciou coisas horríveis e sofreu tortura psicológica, mas não física. Depois na cadeia pública de Caçador onde foi respeitado. "Ele ficou muito abalado. Contava que não deixavam ele dormir ligando refletores dentro do cubículo em que ficou preso em Curitiba. E torturavam estudantes forçando ele a assistir. Enfiavam ratos vivos na genitália de moças estudantes. Ele sofreu com insônia e pesadelos por muito tempo".
João Pedro foi julgado inocente da acusação de subversivo. Mas na volta a Caçador perdeu o emprego. "Ele teve apoio de muitos amigos e continuou sua vida política, era o que amava. Nas eleições de 78 ele não se reelegeu e sentiu-se traído, ficou deprimido e foi o que provocou nossa vinda para Itapeva – SP em junho de 1980", conta a filha. João Pedro morreu em 1989, vítima de câncer intestinal.
Em 2002, o Ministério da Justiça declarou João Pedro Pereira Carpes anistiado político "post mortem" e concedeu em favor da esposa Laurentina Maria Pereira reparação econômica, de caráter indenizatório.

Pessoas foram presas no estádio municipal de Caçador
O Tiro de Guerra junto com oficiais de outras guarnições efetuou prisões em Caçador entre 1964 e 1969. Informações de pessoas que viveram no município na época revelam que de 30 a 40 pessoas chegaram a ser detidas no estádio municipal em certa ocasião. O local foi escolhido pela falta de espaço na delegacia de polícia e mesmo no Tiro de Guerra.
Um relatório do inquérito policial militar realizado na Guarnição do 5º Batalhão de Engenharia de Combate revela a situação de Caçador e nomes de pessoas consideradas suspeitas.
O documento de 1964 traz o nome de 14 pessoas que foram detidas para averiguações: João Pedro Pereira Carpes, José Giacomini Filho, o Timpa (jornalista), Walsin Nunes Garcia e sua filha Terezinha, Hennio Tortato, Adalberto Nicolau Petry, Custódio Eleutério Maciel, Balduino Cornelli, Alceu Pereira dos Santos, Marcolino Moreto, Vitor Hugo Petry, Benjamin Ferrer Figueiredo, João Alves Carneiro e Albino Potrick.
Estas pessoas foram tachadas como subversivas conforme informações prestadas pelo delegado regional de polícia na época, Ewaldo Vilella.

Intervenção na Prefeitura de Caçador?
Documento do Ministério da Guerra, datado de 21 de abril de 1964 e elaborado pelo TG número 172 da cidade de Caçador revela "indícios de atividades subversivas" no município.
Os fatos que constam no relatório revelam a apreensão de livros e revistas tidas como subversivas, além da interceptação de mensagem dando a entender que alguns elementos ligados ao então presidente Goulart cogitaram a intervenção da Prefeitura, da Agência DCT, da Rádio Caçanjurê e do TG 172.
Os suspeitos desta ação, de acordo com o documento eram: jornalista José Giacomini Filho, o Timpa, vereador João Pedro Carpes e João A. Carneiro. O relatório cita que os indícios sobre a ação foram obtidos a partir de "comentários populares".

O Grupo dos Onze
No final de 1963, o então deputado federal Leonel Brizola lança os Grupos dos Onze. Surgiram então mais de cinco mil núcleos, ou melhor, Grupos de 11 Companheiros, em todo o país.
Ao propor a criação dos grupos dos Onze Companheiros, Brizola se inspirou no futebol, dada a proximidade do país com esse esporte. Cada grupo seria formado por onze pessoas e um integrante seria escolhido o capitão. No início, dois ou três começariam até chegar ao número de onze, e as reuniões seriam realizadas nas casas dos membros. Com os onze definidos, lavrariam a ata de fundação com o nome de todos e informariam por carta ou pessoalmente, a criação do grupo ao deputado Leonel Brizola, na sede da rádio Mayrink Veiga.
Segundo o criador, o movimento iria lutar pela "defesa das conquistas democráticas, resistência a qualquer tentativa de golpe, instituição de uma democracia autêntica e nacionalista, imediata concretização das reformas, em especial das reformas agrária e urbana, e pela libertação da pátria da espoliação internacional". Para atingir esses objetivos, os grupos iriam articular ações, em todo o Brasil. Ressalte-se que nada era clandestino, e sim totalmente aberto e público, visto que as instruções para a criação dos grupos eram transmitidas via rádio para todo o país.
Além da perseguição oficial, eles sofreram com o preconceito de parte da sociedade que erroneamente os ligava ao comunismo.

O "Grupo dos Onze" em Caçador
Relatórios do Ministério da Guerra produzidos a partir de investigações conduzidas em Caçador citam que o Grupo dos Onze chegou a ser criado no município e que um dos "líderes intelectuais" era o então inspetor de ensino Walsin Nunes Garcia, "pessoa vastamente relacionada em Caçador", cita o relatório.
A advogada Terezinha Nunes Garcia, filha de Walsin, conta que antes de 1964 o Exército já estava se preparando com informantes em vários locais. "E aí quando surgiu o golpe, quem tinha sido simpatizante ou membro do PTB e outros partidos que apoiavam o Governo de João Goulart, vice-presidente do Jânio Quadros e vários partidos que apoiavam eram subversivos".
Ela conta que as pessoas não entendiam muito bem o que estava sendo discutido ou mesmo proposto pelo então presidente Jango. "Pessoas muito conservadoras não queriam mudanças ou evolução na parte dos direitos trabalhistas. Nas conversas se ouvia que Jango ia implantar o comunismo no Brasil, mas as pessoas nem entendiam o que era o Comunismo e pintavam de uma forma terrível, quando na realidade a grande maioria não tinha nada a ver com o comunismo. Era uma resistência a favor da legalidade", salienta.
Ela cita ainda que Leonel Brizola montou uma resistência ao golpe. "Mas infelizmente acabou prevalecendo o golpe militar e nas cidades do interior era assim: quem era do partido do Jango eram consideradas pessoas perigosas e começaram a ser perseguidas. E meu pai foi um deles", recorda.
Walsin Nunes Garcia se casou em São Borja e o pai de João Goulart foi seu padrinho de casamento. "Meu pai, na ocasião, passou um telegrama de apoio ao João Goulart e aí veio o pessoal e levou meu pai e outras pessoas para o campo de futebol. Foi instaurado inquérito policial militar e meu pai respondeu em Curitiba. Ele ficou detido, depois respondeu processo em liberdade. Foi apenado inclusive, diziam que ele tinha ajudado o Jango. Tinha vínculos de partido sim, era simpatizante das ideias do partido trabalhista e tinha ainda o vínculo familiar muito próximo. Meu avô materno era muito amigo do seu Vicente Goulart, pai do Jango. Meu pai teve que ficar foragido uma época. Ficou em Curitiba. Foram anos de chumbo mesmo", relata Terezinha.

"Fui incluída como subversiva"
Em 1964 já como advogada, Terezinha Nunes Garcia, estava atuando em Caçador. Dentro do clima de tensão que viveu em função da detenção de seu pai, ainda enfrentou uma invasão em sua casa. "Veio um delegado e levou vários livros do escritório, livros e revistas francesas. Anos depois veio o pedido de desculpas e devolveram o material. Logo fui incluída como subversiva, mas isso foi rapidamente resolvido. Cheguei a ser fichada. Mas logo viram que não tinha nada a ver realmente, que era um idealismo, a luta por um mundo melhor, algo que a gente conserva até hoje".
A situação na época era complicada de acordo com a advogada porque as pessoas tinham medo de falar. "As pessoas tinha medo de falar, medo de aparecer. Foi traumático para mim, para a família. Quem nos conhecia foi muito solidário, muito leal, as outras pessoas que não nos conheciam, tinham medo, tinham receio. Muitas pessoas ficaram com receio, por não saber ao certo o que era o comunismo. Você não podia fazer a menor critica ao Governo, porque ai a SNI e os agentes anotavam, registravam".
Terezinha lembra que apesar da afronta ao estado de direito das pessoas, em Caçador não houve excessos como registrados em outras regiões do país. "Não houve excessos, mas foi algo que marcou sim, algo impactante. A gente estava até então vivendo num regime democrático, mas isso foi interrompido. Jamais naquela época a gente podia conversar como hoje estamos conversando. A censura funcionou de forma violenta. Não chegou ao ponto de queima de livros, mas foi uma censura muito forte, à imprensa principalmente. Eu tinha livros de Direito e assinava revistas francesas, porque eu estava estudando a língua e queria praticar o idioma francês. Eu praticava o idioma e acompanhava os acontecimentos. Toda a semana eu recebia o Diplomatique, Le Monde e outros. Eles vieram e levaram muitos livros, revistas, jornais. Eu achei até engraçado na época. Pensava: Nossa... quanta ignorância, porque não havia nada. (risos)".

Um atirador que apoiava a reforma agrária
A realidade em Caçador na década de 60 era de um desenvolvimento a passos lentos. O transporte de madeiras e de outros produtos era feito com carroças e estas eram emplacadas e com carroceiros devidamente habilitados para guiar. Nesta atmosfera, o jovem Eloi Svirski, então com 16 anos saía da linha Adolfo Konder onde morava com a família para entregar leite na cidade. Com o alistamento fez parte da turma de atiradores de 1967 com o sargento Raul Silva.
A movimentação do golpe de 64 era discutida aos cochichos pela cidade. Ele passou a atuar como cobrador e percorria a pé a cidade toda ouvindo aqui e ali, informações sobre os discursos do Brizola, o regime militar e a situação em geral do Brasil. "Eu simpatizava com os discursos do Brizola. Tinha 16 anos e concordava, em especial, na parte da reforma agrária. Já meus pais e avós não. Eles tinham outra visão já que viveram o sofrimento da guerra, o confisco de bens que aconteceu na Europa", comenta Svirski.
"Era uma época difícil, as pessoas comuns não podiam comprar um pedaço de terra. E os discursos do Brizola iam de encontro ao que o povo almejava. Para mim o golpe militar aconteceu porque o capitalismo se sentiu ameaçado com os discursos do Brizola. As pessoas que tinham não queriam perder", completa.
No Tiro de Guerra, junto com outros atiradores, Eloi realizou seu treinamento de forma normal, sem interferências mesmo com o estado de exceção no qual o país vivia. "O sargento não passava nada, não falava nada para nós". Mas o clima de tensão era sentido nas ruas em Caçador. "Os chamados subversivos eram presos, sem conversa. Você não podia emitir opiniões. A cidade era pequena e foram vários presos, todos conhecidos. Chamavam de comunistas ou subversivos, mas eram pessoas comuns, que emitiam opiniões sobre a situação do Brasil", destaca.
Elói chegou até a colocar seu nome em uma lista para a formação do "Grupo dos Onze" em Caçador. "Um dia conversando em um bar um cara chegou com uma lista e falou do grupo e tal, falou do Brizola, e eu inocente, acreditando que era o certo, coloquei meu nome na tal lista. Admiti que poderia fazer parte do grupo. Mas depois nunca mais vi a pessoa. A gente não tinha ideia do que estava acontecendo em outras regiões do Brasil".

Para saber mais:
Livros sobre a Ditadura Militar no Brasil

Dossiê Ditadura - Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985
Autor: Imprensa Oficial
Editora: Imprensa Oficial SP

A Ditadura Militar no Brasil - Repressão e Pretensão de Legitimidade 1964-1984
Autor: Rezende, Maria José de
Editora: Eduel

Carlos Marighella: o inimigo número um da ditadura militar
Autor: José, Emiliano
Editora: Sol & Chuva

Caixa-preta do Golpe de 64
Autor: Bastos, Paulo de Mello
Editora: Família Bastos

O Governo Goulart e o Golpe 64 - Coleção Tudo é História
Autor: Toledo, Caio Navarro de
Editora: Brasiliense

História do Regime Militar Brasileiro
Autor: Marcos Napolitano

1964 — O Verão do Golpe
Autor: Roberto Sander

Cães de Guarda — Jornalistas e Censores
Autora: Beatriz Kushnir

Brasil: Nunca Mais
Organizado por Paulo Evaristo Arns e Jaime Wright

Contribuição do jornalista Elio Gaspari
Nos primeiros anos após o golpe militar de 1964, a ditadura não se assumia ainda como ditadura. É do que trata A ditadura envergonhada. Mas, com a edição do AI-5, no final de 1968, suspendendo direitos garantidos pela Constituição, ela se revela: é o período sintetizado em A ditadura escancarada. Os dois livros formam o conjunto As ilusões armadas, Prêmio Ensaio, Crítica e História Literária de 2003 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
A biografia dos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, com destaque para a articulação que os levou ao Planalto e para a derrota do partido da ditadura nas eleições de 1974, é o tema de A ditadura derrotada. E por que os dois generais resolveram desmontar as engrenagens dessa mesma ditadura com um projeto de abertura política está em A ditadura encurralada. Os dois livros formam o conjunto O Sacerdote e o Feiticeiro.
Os quatro volumes estão disponíveis em formato eletrônico pela primeira vez, enriquecidos com dezenas de documentos nunca vistos e fotos adicionais. Uma edição especial dos e-books contém ainda áudios inéditos e vídeos.
http://arquivosdaditadura.com.br/livros



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