O imaginário nas narrativas visuais do cotidiano: contribuições para a retomada de uma educação reencantada

June 15, 2017 | Autor: Lisandro Moura | Categoria: Imaginário, Educação, Fotografia, Ensino De Sociologia
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II Congresso do CRI2i A Teoria Geral do Imaginário 50 anos depois: conceitos, noções, metáforas Porto Alegre, Brasil - 29 a 31 de outubro de 2015

O imaginário nas narrativas visuais do cotidiano: contribuições para a retomada de uma educação reencantada The imaginary in everyday visual narratives: contributions for the retake of a reenchanted education

Le imaginaires dans les récits visuels de tous les jours: contributions pour le reprise d'une éducation reenchanted Lisandro Lucas de Lima MOURA1 Instituto Federal Sul-rio-grandense - IFSul, Bagé, Brasil Universidade Federal de Pelotas - UFPel, Pelotas, Brasil

Resumo O estudo aborda a construção de experiências educativas em Sociologia a partir de narrativas visuais do cotidiano da cidade de Bagé (RS). Tem como referencial teórico a fenomenologia poética de Gaston Bachelard (2008a), a ciência do homem e da tradição de Gilbert Durand (2008) e a Sociologia do Cotidiano de Michel Maffesoli (1988, 1995, 2001). O objetivo é identificar o modo pelo qual o ensino da Sociologia pode contribuir para o processo de reencantamento do mundo e da educação. Metodologicamente, foram extraídos núcleos simbólicos que remetem aos temas recorrentes da experiência formativa com fotografias: enraizamento, laço e tradição. O resultado aponta para a importância do imaginário e das narrativas visuais do cotidiano para a construção do olhar criador (atenção imaginante), capaz de ressignificar o espaço da cidade e restituir o sentido simbólico da educação. Palavras-chave: Imaginário; Cotidiano; Educação; Narrativas visuais; Reencantamento do mundo. Abstract This paper broaches the construction of educational experiences in Sociology based on the everyday visual narratives in the city of Bagé (RS). Its theoretical references are Gaston Bachelard (2008)’s poetical phenomenology and Michel Maffesoli (1988, 1995, 2001)’s Everyday Sociology. It aims to identify by which way the teaching of Sociology can contribute to the reenchanting process of the world and the education. Methodologically, it was taken out symbolic cores that refer to the recurring subjects of the educational experience with photographs: rooting, bond and tradition. The result points out the importance of the everyday imaginary and visual narratives for the construction of the creator vision (imaginative attention), able to redefine the space of the city and restore the symbolic sense of education. Key words: Imaginary; Everyday; Education; Visual narratives. World enchantment.

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Apresentação Fotografar o cotidiano foi meu passatempo favorito desde que retornei à cidade de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul. Eu vagava com displicência pelos vilarejos, estradas e ruelas da cidade e do campo, como quem adentra regiões profundas do inconsciente, e deixava meu olhar vagabundo se entregar à simplicidade das casas circundantes, das pessoas comuns e da paisagem onírica. Bachelard (2008a) me ensinou que o espaço não é somente algo que possamos reduzir a um objeto físico e geométrico. É também um fenômeno da imagem poética, ou seja, “quando a imagem emerge na consciência como um produto direto do coração, da alma, do ser do homem tomado em sua atualidade.” (BACHELARD, 2008a, 02). A fotografia como narrativa visual desempenha, neste trabalho, um papel de guia imaginário: é conhecedora dos caminhos e auxilia-me na tarefa de percorrer a cidade para melhor conhecê-la. Não sendo fotógrafo de formação nem de profissão, considero o ato fotográfico como velho hábito espontâneo de registro de impressões, como se a fotografia tivesse o poder de me fazer ver melhor, de intensificar o instante e, também, de projetar pensamentos sobre aquilo que vejo. Utilizo a câmera como forma de me aproximar das coisas e das pessoas, como se fosse uma justificativa para meu olhar intruso. O ato fotográfico, nesse caso, intensifica o instante poético e assinala minha presença no tempo mesmo da imagem. As fotos expostas neste trabalho são parte do meu trajeto de formação como habitante da cidade, como sociólogo interessado nas “formas sensíveis da vida social” (SANSOT, 1986) e como professor de Sociologia no IFSul Câmpus Bagé. Elas compõem também parte do meu percurso de pesquisa no mestrado em Educação, desenvolvido no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Imaginário, Educação e Memória (GEPIEM/UFPel). Ao trazer as imagens fotográficas para este texto pretendo explorar novas formas de aproximação com o cotidiano da cidade e, consequentemente, explorar novas experiências de ensino em Sociologia. É quando a experiência pessoal do professor e seu estranhamento visual da cidade se tornam motivos simbólicos para o trabalho na escola, apresentando aos estudantes uma nova maneira de viver a urbe, a partir da ótica do imaginário. Feito isso, será possível identificar o modo pelo qual o ensino da Sociologia pode contribuir para o processo de reencantamento do mundo, da educação e dos próprios estudantes. Assim como é possível habitar a cidade com alma, como nos lembra Hilmann (1993), é possível também retomar o sentido simbólico da educação. Para isso, tomo como

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referencial teórico os estudos do Imaginário, dentre eles a fenomenologia poética de Gaston Bachelard (2008a) e a Sociologia do Cotidiano de Michel Maffesoli (1988, 1995, 2001). Este último é o grande responsável, atualmente, por retomar as bases pulsantes de uma Sociologia do Imaginário, uma sociologia que sugere um novo olhar sobre os fenômenos sociais, fundamentado na aproximação intuitiva entre sujeito e objeto. Ao se utilizar dos estudos do Imaginário, a ideia central da pesquisa é buscar conhecer, através das narrativas visuais (fotografias), a dimensão do instante poético, tradicional e comunitário do cotidiano, para, assim, aproximar os estudantes do contexto fantástico da cidade. Com o auxílio da fenomenologia da imaginação de Gaston Bachelard (2008a), foram extraídos núcleos simbólicos que remetem aos temas recorrentes da experiência formativa com narrativas visuais: enraizamento, laço e tradição. A fenomenologia, nesse caso, sugere um trabalho metodológico minucioso ao nível das imagens produzidas no decorrer da prática de ensino e observadas em sua profundidade e ingenuidade (BACHELARD, 2008a). Desse modo, foi possível apostar num percurso formativo diferenciado para a Sociologia, fundado na “atenção imaginante” e na admiração ao mundo circundante (poética do enraizamento), sem refutar os conteúdos específicos da Sociologia no ensino médio, também contemplados nesta proposta: diversidade cultural, interculturalidade, patrimônio imaterial, saber local, cultura popular, comunidades tradicionais etc.

O imaginário nas narrativas visuais A fotografia é entendida aqui como ato instaurador de narrativas visuais. A fotografia não captura só o instante presente, ela tem a pretensão também de contar uma história. Uma história feita de fragmentos instantâneos. Para além de ser um hábito e uma paixão que me acompanha há bastante tempo, vejo na fotografia uma possibilidade de ensinar sociologia com imaginação, para além de “fatos sociais” e conteúdos curriculares. A função da imaginação na fotografia (imaginação fotográfica) está no fato de que ela não mostra só o que foi visto num determinado instante, mas revela também o invisível (MARTINS, 2008). Ela compõe um cenário mítico para além do cenário objetivo. De acordo com Brandão (2012), o ato fotográfico “está mais para o plano simbólico do que para o real que lhe referencia. A imagem fotográfica não é um duplo reprodutivo do visível, não é mimese, acima de tudo, é criação.” (BRANDÃO, 2012, p.72).

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Nesse sentido, assim como a imaginação, a fotografia tem característica eufêmica. Araújo e Teixeira (2009) afirmam, com base nos fundamentos da antropologia do imaginário de Gilbert Durand, que a natureza eufêmica da imaginação tem a ver com a função fantástica, criadora, de transformação do real pelas ordens do desejo: “a função da imaginação é antes do mais uma função de eufemização.” (p.09). Neste sentido, seguem os autores, “o imaginário, devedor da imaginação criadora, visa à transformação eufêmica do mundo e, na qualidade de intellectus sanctus, procura subordinar o ser às ordens do melhor. É, pois, neste fim último que reside o projeto da função fantástica.” (ARAÚJO; TEIXEIRA, 2009, p.11). Sendo assim, a fotografia é pensada em acordo com esses atributos da imaginação criadora, em que a principal característica é a eufemização. Eis a relação da imagem fotográfica com o imaginário. Ambos participam de uma ordem simbólica cuja característica é a transcendência da realidade que parte mesmo dessa realidade. Ela revela a profundidade da superfície e do real, dotando-o de um caráter ficcional, tal como a imaginação transcende a objetividade das imagens e transforma o mundo segundo a vontade e o desejo. Podemos pensar também, de acordo Barros (2009), que a fotografia é a resposta a uma angústia primordial associada à recusa da passagem do tempo e ao medo da morte. Por isso faz parte daquilo que Durand (1997) denomina de “regime diurno da imagem”, associada à estrutura heroica ou esquizomorfa do imaginário. Recusar o acontecimento trágico é o mesmo que eufemizar. É transformar o insuportável em suportável. Nas narrativas visuais o processo de eufemização está relacionado ao aspecto simbolizante e poético das imagens fotográficas criadas durante as experiências de ensino expostas neste artigo. A qualidade inventiva da fotografia pode ser conquistada mediante a “atenção imaginante”, que nada mais é do que uma entrega afetiva ao cotidiano, cujo objetivo é dotá-lo de uma realidade fantástica.

A atenção imaginante como poética do cotidiano A noção de atenção imaginante tem origem na fenomenologia poética de Gaston Bachelard, no seu livro intitulado La poétique de l’espace. O autor afirma: “a atenção imaginante prepara os nossos sentidos para a instantaneidade” (BACHELARD, 2008a, p. 99). Fiel a sua origem, mas adaptada aos propósitos deste trabalho, a atenção imaginante é uma forma especial de atenção ao mundo e aos fenômenos do cotidiano. Utilizo este princípio como uma das finalidades da Sociologia na educação básica. Estar atento ao mundo

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circundante é a condição sumária de todo o estudante de Sociologia, que desde o início é chamado a desenvolver alguns procedimentos de observação do mundo social. Foi pensando nesse propósito que eu selecionei algumas imagens que marcam o meu retorno à cidade de Bagé, depois de onze anos morando fora. Esse retorno se caracteriza pelo estranhamento do olhar, como prenúncio do meu reencantamento pelos lugares outrora habitados por mim. O estranhamento com relação à visualidade da cidade foi indispensável para o posterior entranhamento, quando a atenção imaginante provoca a adesão à cidade via projeto de ensino-aprendizagem com estudantes do ensino médio.

1. La pampa

4. Cores de algodão

7. Cadeiras na calçada

2. Ruelas

5. Boa vizinhança

8. El gaucho

3. Centauros do pampa

6. Proxemia

9. Inverno evocado

As imagens fotográficas correspondem a um ensaio narrativo sobre aquilo que me desperta a atenção na cidade. São narrativas visuais construídas pelo meu olhar, e têm a força de atrair imagens da simplicidade. Quanto mais simples elas são, maiores as minhas lembranças. O primeiro estranhamento foi, então, puramente visual. Acostumado com os prédios altos, com os muros de pedra, o olhar estreito, o trânsito ensandecido, o ritmo veloz da cidade grande, experimentei imagens repletas de horizontes e arcaísmos. Não sabia direito se eu havia regressado até o passado ou se meus olhos é que haviam mudado.

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Bachelard insiste para atentarmos à “localização das lembranças”, o que ele chama de topoanálise: “o estudo psicológico sistemático dos locais de nossa vida íntima”. Não é meu intuito fazer uma topoanálise da cidade de Bagé, apenas chamo a atenção para o seu significado em mim, pois, sem saber muito bem como, ela me faz reviver fantasias de lembranças: “o inconsciente permanece nos locais. As lembranças são imóveis, tanto mais sólidas quanto mais bem localizadas.” (BACHELARD, 2008a, p.28 e 29). Podemos pensar, assim, no papel que o cotidiano desempenha na memória individual e coletiva, tal como afirmou Halbwachs (2006, p.157): “as imagens habituais do mundo exterior são partes inseparáveis do nosso eu”. É na visualidade do cotidiano de Bagé que guardo minha memória afetiva. Ao retornar ao pago, visitei lugares onde vivi quando criança, a primeira casa onde morei, as ruas por onde passei, o arroio que já secou, os trilhos por onde passava o trem e ainda passa. Em Bagé, o vendedor de algodão doce, o picolezeiro, o caminhão de melancia e as cadeiras nas calçadas animam as ruas tranquilas. Fotografar é saber olhar paras as coisas como quem as sente. Eu poderia passar despercebido por essas cenas do cotidiano, aparentemente banais? O que há por trás da minha lente? Quando eu clico o botão da máquina fotográfica, quem clica por detrás de mim? Se eu não estivesse com a câmera em mãos, eu teria visto o que vejo agora? Sinto-me dentro dos versos do poeta confuso: “Sou o ser que vê. E vê tudo estranho (...) Tudo é ilusão. Sonhar é sabê-lo.” (PESSOA, 1990, p.142). Ao meditar sobre as imagens fotográficas, penso que a noção de atenção imaginante pode auxiliar no redescobrimento da cidade através de procedimentos pedagógicos valiosos. Porque a atenção imaginante é um exercício situado entre a visão objetiva e o devaneio visual. Ou seja, o termo é composto por duas palavras que se colocam semanticamente em polos distintos e ao mesmo tempo complementares: a “atenção”, da ordem da prudência e da vigilância (observação); e a “imaginação”, da ordem da fantasia ativa, das imagens poéticas, da meditação, da contemplação, do sonho e do devaneio. Esse exercício pode muito bem devolver à educação os valores constituintes do pensamento simbólico. Em outras palavras, quero dizer que a prática pedagógica centrada na atenção imaginante necessita devolver à imaginação o lugar principal no desenvolvimento da pessoa, sem com isso excluir as funções da razão e da observação na constituição do pensamento. Pois o desenvolvimento do ser integral se expressa na totalidade das

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manifestações humanas, tanto aquelas expressas pela ordem do “conceito” quanto àquelas representadas pelo mundo das “imagens”. Conforme Bachelard (2008b, p.28), (...) é preciso voltar às primeiras formas do devaneio subjetivo, aos momentos gratuitos das escolhas visuais, quando nosso olho, ainda pouco tocado, desperta um desejo moderado, quando afagamos com um olhar uma imagem entre outras imagens e nos firmamos na posição instável em que podemos tudo pegar e tudo desdenhar.

Misto de acolhimento e desprezo, um devaneio poético que transita entre o espaço material (geométrico) e o espaço simbólico, a atenção imaginante é uma postura “instável” de quem realmente está presente diante das coisas e do mundo, capaz de admirar-se e de espantar-se com o mais simples e banal acontecimento. Levando em conta o bem-estar bachelardiano, aproximo a atenção imaginante da ideia de um olhar sociológico vagabundo, que ao passear vagamente sobre a superfície da “socialidade”2 (MAFESOLLI, 2010) mergulha na imagem profunda do cotidiano. É na visualidade do cotidiano que se pode compreender o fundamento das ações e das relações sociais de um determinado contexto. Através das imagens fotográficas podemos fazer uma Sociologia do Cotidiano, atenta aos pequenos rituais, tal como a proposta por Michel Maffesoli (2001) e tantos outros3, que nos sugere um novo olhar sobre os fenômenos sociais. Isso porque a Sociologia, diferentemente de outras ciências consideradas “duras”, não está interessada em fazer descobertas: “a sociologia bem compreendida visa, em vez disso, aprofundar a compreensão de fenômenos que muitos já conhecem.” (BECKER, apud MAFFESOLI, 2001, p.128). Com o auxílio do método fenomenológico e compreensível, a Sociologia, mais do que suspeitar ou demonstrar/provar, deve primeiro, mostrar, dar a ver o que está posto, descrever o social na sua aparência, porque é na aparência (patente) que se revela o oculto (latente). Nas palavras de Maffesoli (2001, p.181), “antes de poder ser pensada em sua essência, a existência social ou individual se dá a ver em sua aparência.”. Precisamos,

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Michel Maffesoli cunhou o termo “socialidade” em oposição à “sociabilidade” para distinguir processos sociais racionalizantes, institucionais e normatizantes (sociabilidade) dos processos mais ligados à ideia de pertença, sentimento comum, ou seja, o lado mais imaginal e emocional das relações sociais, representados na noção de “socialidade”. (ver MAFFESOLI, 1988, 2001, 2003, 2010). 3 A constituição de uma Sociologia do Cotidiano tem, por princípio, a retomada de pressupostos já alicerçados, de forma implícita, nos clássicos do pensamento sociológico: Durkheim, Marx e Weber. Constitui-se, hoje, como um campo importante de análise e compreensão do social, chamando a atenção de autores importantes, das mais diversas correntes teóricas: George Simmel, Jürgen Habermas, Henri Lefebvre, Karel Kosik, Agnes Heller, Anna Arendt e Michel Maffesoli. Para saber mais sobre os paradigmas que constituem o campo da Sociologia do Cotidiano, ver Tedesco (2003).

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em outras palavras, “voltar à própria coisa”, (op., cit., p. 115). A sociologia que se pretende criadora não descobre nada, ela recria a partir das coisas que já estão aí. A atenção imaginante deve, portanto, nos fazer ver o que já é, mas que nem sempre se mostra como tal. Para penetrar o segredo, é necessário partir do próprio véu que o cobre. A partir dessas considerações de ordem teórica, penso ser possível justificar a importância de se trabalhar a atenção imaginante como uma das principais finalidades da sociologia na escola. Educar o ser humano para uma atitude imaginante pode ser um dos caminhos para o reencantamento do mundo.

A atenção imaginante como poética do enraizamento: laço e tradição na educação reencantada Com o propósito de desenvolver uma educação pautada pelos valores de uma pedagogia simbólica (PERES, 1999) centrada na atenção imaginante, dedico este tópico a expor e a refletir, sob o ponto de vista da fenomenologia das imagens fotográficas, sobre o projeto de ensino criado em 2011, quando ingressei no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). A proposta chama-se Narradores de Bagé e foi inspirada e motivada pelas imagens do meu retorno à cidade. O enraizamento, o laço e a tradição constituem-se como núcleos simbólicos do reencantamento do mundo e, consequentemente, deste trabalho de pesquisa, que versou sobre como o ensino da Sociologia potencializa os elementos simbólicos na trajetória de formação dos sujeitos. Utilizo a ideia do reencantamento do mundo4 como metáfora equivalente a um processo de remitologização, crença no poder do ritual, enraizamento, intuição do instante, agir cotidiano, momentos espontâneos, entusiasmo primordial, razão sensível e romantismo das ideias. Os aspectos comunitários do laço social e da tradição cultural bageense são representativos da experiência de ensino-com-pesquisa construída a partir dos Narradores de Bagé e que envolvem os elementos do reencantamento do mundo. Nele, 24 estudantes do ensino médio e técnico do IFSul entraram em contato com o cotidiano profundo da cidade, até

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O termo “reencantamento do mundo” é utilizado aqui em contraposição à noção de “desencantamento do mundo”, que aparece de forma mais explícita na sociologia compreensiva de Max Weber (2004). Desencantamento, no sentido etimológico (Entzauberung), significa “desmagificação” e, portanto, “refere-se ao mundo da magia e quer dizer literalmente: tirar o feitiço, desfazer um sortilégio, escapar de praga rogada, derrubar um tabu, quebrar o encanto, quebrar o encantamento.” (PIERRUCI, 2003, p.172). A desmagificação significa a hegemonia do racional sobre todas as coisas.

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então desconhecido para muitos deles. O modo de vida da comunidade quilombola de Palmas, as carreiras de cavalo em cancha reta, as características dos povos ciganos, a prática das benzeduras, o futebol na várzea e os atos de fé serviram de motivos para a aprendizagem da atitude sociológica voltada para o reencantamento do mundo. O objetivo era identificar, na simplicidade da vida cotidiana, o imaginário da cultura local e da tradição popular bajeense, bem como narrar as expressões culturais vivas do município, através da imagem poéticofotográfica.

10. Quilombo5

13. Dona Doninha8

16. Dona Onélia e Seu Alcíbio11

11. Carreiras de cavalo6

14. Cigana Anita9

17. Futebol de várzea12

12. Benzedeiras7

15. Atos de fé10

18. Festa de Ogum13

As fotografias que resultam desse projeto são figurações expandidas e imaginadas sobre o cotidiano da cidade. A narrativa visual em torno das benzedeiras, das comunidades 5

Foto da aluna Fernanda Machado. Foto da aluna Judiélen Leal. 7 Foto da aluna Natalie Scherer 8 Foto da aluna Andressa Lencina 9 Foto da aluna Luciana Gonçalves 10 Foto do aluno Marcelo Froes 11 Foto da aluna Daiane Peralta 12 Foto do aluno Matheus Araújo 13 Foto do aluno Marcelo Froes 6

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quilombolas, das carreiras de cavalo, das ciganas, do futebol de várzea e dos atos de fé, representam o anseio da escola em se reaproximar daquilo que mais pulsa no contexto da cidade, que é o saber popular, o saber da tradição. Não a tradição estereotipada pelas ideologias regionalistas, mas a tradição de uma ordem interna que subsiste, apesar dos tempos, nas nossas representações imaginárias e que “preexiste a toda ‘formação do espírito científico’” (DURAND, 2008, p.103). As imagens falam de uma tradição popular que ainda subsiste no imaginário local. É justamente a ideia de “laço” que define a figura tradicional do homem, tão estudada por Durand (2008). Este laço característico do viver da tradição está representado aqui na experiência de iniciação à pesquisa sociológica visual que propus ao grupo de alunos. O laço amarra o saber popular ao espaço da escola. É a religação do conhecimento acadêmico com conhecimento tradicional. De um lado, estão os saberes legitimados pelas teorias científicas e organizados em áreas específicas do conhecimento. De outro, estão os saberes comunitários enraizados na vivência cotidiana do espaço-tempo da tradição. O laço simboliza, portanto, o fim da distinção hierárquica entre conhecimento científico e o universo cotidiano do homem e da mulher simples. É o fim da separação e dos rompimentos ocasionados pela educação moderna, que via no senso comum algo a ser ultrapassado pela ciência esclarecida. Neste caso, praticar uma sociologia do cotidiano pode nos dar os elementos necessários para a compreensão do social na sua dimensão poética e reencantada. A fotografia, como narrativa visual, ajuda a exercitar a sociologia do instante. Sendo assim, a fotografia é então o ato visual instantâneo que marca a presença do sujeito no momento presente. O olhar fotográfico participa do instante, ou melhor, intensifica o instante. É nesse tempo imobilizado que a experiência sociológica, com o auxílio da câmera fotográfica, encontra o seu potencial próprio. Não estamos apenas no cotidiano, contemplando-o. Estamos com o cotidiano, vivendo-o e recriando-o. Como nos ensina a fórmula de Ernest Junger (apud Maffesoli, 2001, p.125): já “não se fala do objeto, mas sim através dele”.

19. Anita e a câmera

20. Mapeando a várzea com a câmera

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21. Doninha e a câmera

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As imagens cumprem também a função de interrogar-nos sobre o “fazer-se” do ensino da Sociologia na escola para além da escola. Tornam visíveis os nossos procedimentos de aproximação às pessoas e ao universo da cidade, com o auxílio das câmeras digitais. São narrativas visuais que alargam nossas fronteiras em direção ao tema da cultura popular de Bagé. A Sociologia passa-se nas ruas. O território da cidade é a extensão da escola. No encontro com as comunidades, o que se destaca é o papel fundamental que a presença das câmeras adquire na construção do conhecimento. Além de nos forçarem a ver com atenção, as câmeras nos dão autoridade para narrar. Sobre esse ponto, estamos amparados nos trabalhos desenvolvidos por Luciana Hartmann (2012; 2009), que sugerem múltiplas reflexões sobre as implicações do uso da fotografia e da filmadora nas pesquisas acadêmicas, especialmente na área da Antropologia. Segundo a autora, a utilização do audiovisual em trabalhos de campo facilita a comunicação com os sujeitos, mediante o fortalecimento dos laços com a comunidade. Da mesma forma, a simples presença dos aparelhos audiovisuais não só estimulou os alunos a saírem a campo como também permitiu o contato mais seguro com os seus interlocutores. Eles conversaram com pessoas, observaram comportamentos, ouviram histórias, enfim, protagonizaram situações diversas com o pretexto de fotografar e filmar. Pois, quando se está com a câmera fotográfica em mãos, tem-se o dever de estar atento, como nos sugere um dos personagens de Julio Cortázar (2010), ou seja, tem-se o dever de não perder sequer o movimento das mãos, a expressão do olhar, o suspiro do silêncio. Entre as muitas maneiras de se combater o nada, uma das melhores é tirar fotografias, atividade que deveria ser ensinada desde muito cedo às crianças, pois exige disciplina, educação estética, bom olho e dedos seguros. Não se trata de estar tocaiando a mentira como qualquer repórter, e agarrar a estúpida silhueta do personagem que sai do número 10 de Downing Street, mas seja como for quando se anda com a câmara tem-se o dever de estar atento, de não perder este brusco e delicioso rebote de um raio de sol numa velha pedra, ou a carreira, tranças ao vento, de uma menininha que volta com o pão ou uma garrafa de leite.

(CORTÁZAR, 2010, p.72). Com o despertar da atenção imaginante do olhar fotográfico é possível transformar as minúcias do cotidiano e dos gestos aparentemente banais em experiências formadoras significativas.

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22. La mirada de Anita14

23. Mãos de benzer15

24. Mãos de ler16

A sociabilidade de um determinado espaço é composta por situações imperceptíveis, aparentemente triviais, mas sem as quais não se pode compreendê-la adequadamente. Se dermos a atenção merecida ao imaginário e ao poético podemos compreender a trama dos grandes fatos da vida contida nas pequenas histórias vividas no cotidiano. O instante captado pelas fotografias acima denota o sentimento de religação ao espaço. A atenção imaginante, neste caso, é o exercício que possibilita o reconhecimento da alma do lugar, a sensibilidade que concretiza a entrega do sujeito ao espaço imaginado nos pequenos gestos. A importância da dimensão poética da vida social nos fala de situações lúdicas, oníricas e afetuais, tais como estas que foram vividas pelos estudantes durante o projeto Narradores de Bagé.

Fenomenologia da imaginação fotográfica Em A poética do devaneio, o Bachelard “noturno”17 retoma a fenomenologia (diferentemente da fenomenologia de Husserl) para repensar a imagem poética. Nesta obra de profunda reflexão criativa, Bachelard revê algumas questões abordadas em obras anteriores e passa a compreender o olhar como “princípio cósmico” e não mais como vício – o vício de ocularidade. O olhar deixa de ser cisão entre ser e mundo para converte-se em atividade, em vontade: “o olho já não é então o mero centro de uma perspectiva geométrica. Para o contemplador que ‘constrói o seu olhar’, o olho é o projetor de uma força humana. (...) O olhar é um princípio cósmico” (BACHELARD, 2009, p.175-176).

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Foto da aluna Natálie Scherer. Foto da aluna Luciana Gonçalves. 16 Foto da aluna Amanda Thomazi 17 A expressão “Bachelard noturno” está referida aqui em oposição à “Bachelard diurno”, termos utilizados por Pessanha (1985) para caracterizar as vertentes epistemológicas que acompanham a obra de Bachelard. Por diurno, entendemos a fase conceitual, científica e apolínica de Bachelard (fase solar, o homem da cidade); já a vertente noturna refere-se à fase da imaginação poética, do onirismo e do devaneio (fase lunar, o homem do campo). 15

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Com efeito, desde a perspectiva da atenção imaginante, as narrativas visuais expostas por meio de fotografias não são meras reproduções do real, tampouco são oriundas da mera percepção visual. Elas são, ao contrário, imagens criadas pela vontade do olhar. Essa vontade de olhar, como disse, nasce da contemplação e da entrega do sujeito àquilo que observa. Pensada sob a perspectiva da fenomenologia poética, a aprendizagem da imaginação sociológica parte do olhar contemplativo e da distração lúdica para o olhar ativo e transformador – o onirismo criativo. Um leva ao outro; a contemplação do mundo leva à adesão do ser ao mundo. Essa postura que mistura contemplação e criação requer a ruptura com o princípio de causalidade, pois este reduz a dinâmica do mundo em sistemas lógicos. É recomendável amplificar um fenômeno partindo da singularidade da sua imagem. Por isso, neste trabalho, a imaginação sociológica está mais na intimidade da imagem do que propriamente no seu contexto social. A contextualização histórica, social e econômica do objeto de estudo é de extrema importância no pensamento sociológico, mas fugiria dos objetivos propostos nesta pesquisa. Essa tarefa fica a cargo da tradição sociológica clássica. O trabalho da fenomenologia é mais modesto, como afirma Bachelard (2008a, p.09). O aprendiz que avança na observação das determinações contextuais comumente esbarra numa atitude crítica de separação ao mundo, uma atitude que pensa o cotidiano como espaço de alienação e, portanto, como algo a ser combatido pela razão esclarecida: “a atitude ‘objetiva’ do crítico abafa a ‘repercussão’, rejeita, por princípio, essa profundidade onde deve ter seu ponto de partida o fenômeno poético primitivo” (BACHELARD, 2008a, p.08). Frequentemente, ao analisar e interpretar um objeto de estudo, o sociólogo o traduz para a linguagem racional do logos e, assim, perde a novidade da imagem e o instante poético (a sublimação pura) que só podem ser observados se houver uma atitude de admiração e adesão ingênua à imagem. Assim, quando se pensa no objeto como imagem poético-fotográfica, à luz do Imaginário, o cotidiano passa a ser visto, na sua singularidade, como espaço do devir e não como espaço de alienação e de controle ocasionados pela composição da estrutura social. Conforme Bachelard (2008a), a imagem poética não é consequência de um passado e tampouco produto direto das múltiplas determinações causais. “Por princípio, diz Bachelard (2008a, p.16), a fenomenologia liquida um passado e encara a novidade”.

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Esta entrega à novidade de uma imagem isolada pode ser proporcionada, nos termos desta pesquisa, pelo ato fotográfico que intensifica o instante poético e assinala a presença do sujeito no tempo mesmo da imagem.

Considerações finais Como se pode ver, busquei, até aqui, recuperar mediante o olhar (atenção imaginante) a união entre duas atitudes aparentemente opostas, a contemplação e a criação. Há o olhar contemplativo que observa; e há também o olhar incisivo, aquele que cria. Mesmo que este artigo contemple apenas um recorte da experiência de ensino com o projeto Narradores de Bagé18, foi possível demonstrar a importância do imaginário e das narrativas visuais do cotidiano para a construção do olhar criador, capaz de ressignificar o espaço da cidade e restituir o sentido simbólico da educação. Portanto, as narrativas visuais conformam um universo figurativo de produção de conhecimentos, em que a ficcionalização do trajeto formativo em Sociologia têm a ver como o ato de imaginar e simbolizar o trabalho docente de forma sintonizada com os elementos do reencantamento do mundo. Diante do exposto, a poética do cotidiano ganha destaque no trabalho do professor-pesquisador, abrindo possibilidades infindáveis para se pensar o ensino da Sociologia através da visualidade do social e também pensar uma “pedagogia simbólica” (PERES, 1999) do encontro com a cidade e com a educação reencantada.

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Para saber mais sobre a experiência contida neste artigo, ver Moura (2013).

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