O Impacte do Conflito Armado Sírio na Política Global

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O Impacte do Conflito Armado Sírio na Política Global Author : Marli Barros Dias - Colaboradora Voluntária Sênior Categories : NOTAS ANALÍTICAS, ORIENTE MÉDIO, POLÍTICA INTERNACIONAL, Sociedade Internacional Date : 24 24UTC novembro 24UTC 2016

O conflito armado sírio está próximo de completar seis anos e, durante este período, ele se internacionalizou, tendo evoluído para uma situação que, hoje, não permite denominálo como Guerra Civil. Isto porque, de fato, não há uma Guerra Civil da Síria, mas sim uma guerra na Síria. O contexto se alterou na medida em que outros atores regionais e internacionais começaram a intervir naquilo que estava restrito ao território nacional. A criação do Estado Islâmico, em 29 de junho de 2014, que se aproveitou do vazio de poder, e a intervenção dos EUA em conjunto com o Reino Unido e a França, passaram a desenhar o futuro do conflito que, na atualidade, se apresenta diferente da fase inicial e com uma dimensão complexa. Conforme novos agentes locais e globais passaram a atuar, direta ou indiretamente, nos campos de batalha, a guerra adquiriu uma maior extensão e expôs antagonismos históricos e recentes que impactam a realidade atual, não apenas para o Oriente Médio, mas também a nível mundial. A ascensão do Estado Islâmico, que tem protagonizado cenas de violência jamais vistas 1/3

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em nosso tempo, agravou o conflito na Síria, rompeu fronteiras e atingiu países http://www.jornal.ceiri.com.br/pt politicamente fragmentados como o Iraque, o Iêmen e a Líbia. Assim, a dissolução do Estado permitiu que os insurgentes islâmicos se apossassem de territórios com valor estratégico e que as populações caíssem sob o seu controle enquanto as minorias passaram a ser perseguidas, tendo aumentado os enfrentamentos entre sunitas e xiitas, o que resultou na insegurança e no desequilíbrio regional. A nível global aumentaram as ameaças terroristas e os atentados como aconteceu, por exemplo, em Paris e nos EUA, em 2015 e 2016, respectivamente, tornando o planeta menos seguro. A par da evolução da guerra na Síria, onde se encontram variados grupos paramilitares islâmicos, muitos dos quais fazem a guerra por procuração, reapareceram antigas forças no território para rivalizar com os EUA, que predominou durante anos na região. Em 2015, a Rússia ressurgiu para apoiar o regime de Bashar al-Assad, cujos “objetivos para a Síria ainda estão velados”, tendo-se tornado uma mediadora importante no Oriente Médio. Deste modo, no futuro, “movimentos políticos de todas as cores irão perguntar como é que a Rússia poderá servir os seus interesses”. Os 4.810.216 refugiados sírios que se arriscam fugindo da guerra, em defesa da própria vida, enfrentam a rejeição em diferentes partes do mundo, enquanto que a extrema direita ganha espaço na política mundial se apresentando como a solução para a crise migratória e o terrorismo, em nome do retorno ao nacionalismo tosco e à repulsa em relação ao Outro. A questão dos refugiados chama a atenção para uma catástrofe humanitária, na medida que essas pessoas não são aceites e não há uma política migratória mundial satisfatória. Somente a União Europeia recebeu mais de um milhão de expatriados, sendo a maioria composta por sírios. Isto desestabilizou a política fronteiriça do Bloco que, ao criar o espaço Schengen[1], não previu a possibilidade de tamanha onda migratória em direção ao continente e, hoje, para tentar retomar a estabilidade, está construindo “barreiras ao longo da rota dos Balcãs, da Grécia à Alemanha” e enfrenta um desafio moral em virtude do grande número de mortos durante a travessia marítima. Se, por um lado, a Europa não consegue responder à demanda por refúgio sem fragilizar a sua política interna, nos países vizinhos da Síria o panorama não é diferente. Atualmente, a Turquia, o Líbano e a Jordânia já receberam mais de 4 milhões de pessoas, fazendo com que esta situação desestabilize as políticas domésticas, ao provocar tensões étnicas. Na Turquia, por exemplo, a relação com os curdos está se deteriorando dia após dia e já se fala do risco de uma Guerra Civil. No desenrolar do conflito sírio é possível verificarmos situações de contestação que estão originando outras, sejam elas referentes a grupos internos minoritários ou entre países rivais. A disputa por áreas de influência e pelo poder tem sido uma constante. Neste contexto, o Irã assumiu a ponta no controle do corredor desde o Líbano até a Síria e mantém sob sua dependência os Governos iraquiano e sírio. Ao mesmo tempo, a República Islâmica procura frear a atuação dos EUA nos países do Golfo Pérsico e se confronta com a Arábia Saudita através dos conflitos da Síria, do Iraque e do Iêmen, nos quais o Islã xiita e sunita lutam para estabelecer o domínio no Oriente Médio.

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O surgimento de novos cenários a partir da guerra na Síria tem originado uma série de http://www.jornal.ceiri.com.br/pt problemas que formam uma rede que interfere na macro-política. Isto porque o território sírio se tornou um catalizador de interesses para as potências tradicionais que concorrem entre si pelo poder, refletindo esta conjuntura na política global, o que torna o mundo mais instável ante as incertezas do futuro. ----------------------------------------------------------------------------------------------Imagem “Ajuda norte-americana às forças de oposição na Síria, maio de 2013” (Fonte): https://en.wikipedia.org/wiki/Syrian_Civil_War#/media/File:U.S._Airmen_with_the_386th_Expeditionary_L ogistics_Readiness_Squadron_load_pallets_of_humanitarian_relief_supplies_onto_a_C-17_Globemaster _III_aircraft_at_an_undisclosed_location_in_Southwest_Asia_June_4,_2013_130604-F-KL201-115.jpg ----------------------------------------------------------------------------------------------Nota: [1] Espaço Schengen: “Tratado de livre circulação de pessoas, que dá o direito de circular em 26 países da UE sem precisar passar por controle de passaporte [...]. Funciona como ‘fronteiras internas’ de um único país, onde as viagens são consideradas domésticas”. Ver: https://www.elondres.com/o-que-e-o-espaco-schengen/

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