O IMPOSSÍVEL DE SER ESQUECIDO - SUJEITO DO DISCURSO, CLASSES SOCIAIS E PROCESSOS ENUNCIATIVOS

May 22, 2017 | Autor: R. Oliveira Fonseca | Categoria: Análise do Discurso, Enunciação, Luta De Classes, Misoginia, Marcha Das Vadias
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Linguagem e Cultura O IMPOSSÍVEL DE SER ESQUECIDO - SUJEITO DO DISCURSO, CLASSES SOCIAIS E PROCESSOS ENUNCIATIVOS Rodrigo Oliveira Fonseca (Universidade do Estado da Bahia) Helson Flávio da Silva Sobrinho (Universidade Federal de Alagoas)

Ponto de partida: a questão do sujeito e o efeito ideológico de desconhecimento Complicado estabelecer um ponto de partida, até porque se levarmos a fundo a “crítica à afirmação do óbvio” 78 questionaríamos tudo, inclusive nosso próprio ponto de partida e, certamente, correríamos o risco de não ter ponto de partida algum, ou mesmo, dissimular nossos pressupostos teórico e políticos. No entanto, Michel Pêcheux teve um cuidado teórico-metodológico e político para tratar do discurso e não cair em circularidades idealistas, problematizando, dentre várias questões, aquela referente ao sujeito, justamente no ponto em que as teorias idealistas o tomam enquanto evidência empírica e especulativa, enquanto algo sempre-já dado. Pelo viés da etimologia, a palavra sujeito remete, do século XII ao XIV, a “submetido à autoridade soberana”, e, a partir do século XVI, a “pessoa que é motivo de algo, pessoa considerada em suas aptidões”, origem de seus atos, de suas crenças (HAROCHE, 1992 [1984], p. 158, 220). Temos uma passagem da determinação do sujeito pela ordem religiosa, na Baixa Idade Média, para uma “determinação individual”, que coincide com a modernidade, a atomização da sociedade, a formação dos Estados nacionais e o assujeitamento dos homens a eles. Tal passagem não implica na superação da dimensão religiosa-especulativa em torno da questão do sujeito, que seguirá se apresentando enquanto desdobramento de um Fim e de um Sentido primordial – não mais centrado na promessa de completude oriunda da religião, mas na necessidade de uma intercambialidade, que progressivamente fará do sujeito um objeto de troca, 78 O título da versão brasileira do livro maior de Michel Pêcheux, Les vérités de la Palice, é “Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio”. Pegando carona na nota, queremos registrar o nosso agradecimento às leituras críticas do presente texto feitas por Juliana da Silveira (UEM) e Guilherme Adorno de Oliveira (Unicamp).

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Linguagem e Cultura uma forma mercantil (HAROCHE, 1992 [1984], p. 223). É por esta via que o sujeito configurará uma categoria central do direito capitalista, funcionando como dispositivo ideológico num processo de extração de sobretrabalho que já não se faz somente à força, pois assume uma forma jurídica-contratual, enquanto troca de equivalentes – salário x trabalho. Temos aqui a questão da divisão de sentidos conflitantes, que faz com que concomitantemente haja comunicação e não-comunicação: Encontramos essa divisão nas relações de produção capitalistas, e sob sua forma jurídica, que deve tirar os equívocos nos contratos, trocas comerciais, etc. (igualdade lingüístico-jurídica entre as partes contratantes), e, simultaneamente, manter o equívoco fundamental do “contrato de trabalho”, o que se pode resumir dizendo que, no direito burguês, “todos os homens são iguais, mas há alguns que o são mais que outros!” (PÊCHEUX, 1997 [1975], p. 27)

Na sociedade capitalista os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores passaram a ser apresentados “igualmente” enquanto sujeitos de direito, “livres e racionais”, ou seja, “igualmente” portadores de “livre vontade” e até mesmo “livres iniciativas”. Estamos aqui na universalização das relações de produção do capitalismo, que fazem com que os indivíduos concretos tenham de ser economicamente (no processo de acumulação de capital) indiferentes, substituíveis, qualquer um (?), mas ao mesmo tempo possam ser juridicamente capturáveis, individualizados perante o Estado, um ser alguém preciso, suporte da interpelação policial-estatal que visa assegurar e colocar os indivíduos nos eixos da Lei. No campo da Linguística, podemos estender para a questão do sujeito aquilo que Pêcheux desenvolve em torno da semântica, que representaria o ponto nodal das contradições que atravessam e organizam a linguística sob a forma de tendências que manifestam e encobrem tais contradições (PÊCHEUX, 1997 [1975], p. 20). Este parentesco conceitual entre sentido e sujeito foi proposto por Louis Althusser, que considerava a categoria de sujeito a evidência primeira, levando os homens a viverem “espontânea e naturalmente” em 338

Linguagem e Cultura meio às circularidades rituais da ideologia: Como todas as evidências, incluindo as que fazem com que uma palavra “designe uma coisa” ou “possua uma significação” (portanto, incluindo as evidências da “transparência” da linguagem), essa “evidência” de que você e eu somos sujeitos – e que isso não levante qualquer problema – é um efeito ideológico, o efeito ideológico elementar (ALTHUSSER, 2008 [1970], p. 211).

Michel Pêcheux e a equipe de pesquisadores que reuniu em torno da Análise do Discurso se debruçaram na investigação de processos linguajeiros produtores de tais efeitos ideológicos. Fenômenos variados de ordem sintática, de semântica e de enunciação, discursivamente analisados, nos conduzem à questão do sujeito, à incompletude constitutiva da linguagem, e ao encobrimento da prática política. É uma contribuição da AD teorizar sobre o funcionamento da língua enquanto uma ordem significante: uma sistematicidade real que não se opõe à não-sistematicidade, a não ser que o faça ao preço de recalcar a exterioridade através da qual essa ordem significante funciona, enquanto um corpo de regras e efeitos que se formam sendo jogados e traídos pelas discursividades. Como seria de se esperar, as tentativas de construir o unívoco, baseadas em estabilidades (pontos de estabilização) morfológicas e sintáticas, parecem ser vitais para o trabalho reprodutivo das ciências, para as tecnologias e para a administração em geral. Fora destes domínios, as línguas naturais funcionam sob o motor de uma contínua “desestabilização” da univocidade (GADET et all, 2011 [1982], p. 56), sendo assim irredutíveis a uma ordem homogênea, representando antes, cada uma delas, um real específico (de determinada língua) na forma de “um sistema de regras atravessado de falhas” (GADET et all, 2011 [1982], p. 65). Cada língua tem o seu impossível de ser dito e impossível de não ser dito, propiciando interpretações divididas/ conflitantes em razão de fatores que não são de natureza linguística. Vale destacar que a questão do sujeito é um dos pontos centrais de sutura imaginária desses impossíveis. Em nossa formação histórica capitalista, a subjetividade aparece enquanto evidência empírica e singular, “situação” e “objeto” pré-construído, anterior e exte339

Linguagem e Cultura rior ao texto – que pode ser analisado em nominalizações e percebido pela tautologia “eu vejo o que vejo” - e enquanto evocação a uma propriedade e a um saber sobre ela que não se questiona, especulação que sustenta e “garante” certos conhecimentos e tomadas de posição do sujeito – muito atuante em orações relativas, e escancarada em formulações do tipo “todos sabem que...”, “é claro que...” e outras que expressam bem a existência de um sujeito universal, um suposto saber basilar, próprio a cada formação discursiva79. Por estas vias idealistas, a subjetividade é apreendida “como fonte, origem, ponto de partida ou ponto de aplicação” (PÊCHEUX, 1997 [1975], p. 131). Entretanto, contra tais circularidades ideológicas, podemos afirmar que uma teoria materialista dos processos discursivos não pode “contentar-se em reproduzir, como um de seus objetos teóricos, o ‘sujeito’ ideológico como ‘sempre-já dado’” (PÊCHEUX, 1997[1975], p.131). Não obstante, Pêcheux compreende que, na raiz deste obstáculo teórico, está o desconhecimento da luta de classes. Referindo-se a essa problemática, afirma o filósofo: Comecemos pelos pontos de tropeço, dos quais um dos mais visíveis é uma espécie de identificação da ideologia à ‘forma geral do discurso’, o que leva a um uso do funcionamento empírico/especulativo que é muito fácil de superpor à oposição, já comentada, situação/propriedade. Mas a verdadeira raiz desse erro se encontra em outro lugar, mais precisamente, no desconhecimento da luta de classes: o termo e o conceito de contradição, bem como o de luta de classes, estão ausentes, enquanto tais, da descrição dos processos ideológicos empíricos e especulativos. Encontram-se apenas oposições, diferenças que expressam a complexidade de dupla face da relação forças produtivas/relações de produção. A nosso ver, essa é a razão pela qual nenhum dos efeitos (e nenhuma das formas de realização) da luta de classes é realmente 79 !"#$#%&$'()*&+,-')*formação discursiva aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina o que pode e deve ser dito (articula.'*('/*#*0'%$#*.&*1$#*#%&+2#)*.&*1$*(&%$-')*.&*1$*3#+4&,')*.&*1$#*&53'(67-')* .&*1$*3%'2%#$#)*&,89:9;*!'+09*A*>'+,&()*BCCD*EBCDFG)*39*BHI9*

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Linguagem e Cultura levado em consideração; não há nada acerca da prática política, exceto um substituto acerca de ‘variação e mutação’; há pouca coisa, enfim, acerca da produção de conhecimentos (e menos ainda acerca da prática pedagógica) (PÊCHEUX, 1997 [1975], p. 132. Grifos do autor).

Entramos, assim, numa teorização que combate política e cientificamente a banalização dos processos ideológicos (“forma geral dos discursos”, “oposições”, “diferenças”) e certos desconhecimentos frente aos quais os sujeitos em suas práticas políticas e discursivas não são indiferentes. Ou seja, recuando um pouco, se aos analistas do discurso – ao menos aos de filiação pecheuxtiana – é possível e necessário identificar que aí existem desconhecimento (ideológico), isto se deve ao fato de nos inscrevermos em determinadas posições sócio-históricas, às quais não somos indiferentes. Se o discurso é a forma material concreta sob as quais as ideias entram em luta na história (PÊCHEUX, 1977), sentimo-nos à vontade para trabalhar, no interior da teoria materialista do discurso, uma concepção de verdade que não se estabelece acima dos homens, mas como: […] luta prática, fato político, em que o objeto é real porque representa a própria história no seu produzir-se conflituoso. À luz dessa concepção de verdade, o conflito não precede a verdade, mas lhe pertence: a verdade é uma posição interna ao conflito, representa a existência histórico-política de uma classe social lutando com as outras para afirmar-se (FROSINI, 2013, p. 31).

Consideramos, assim, que o conflito é a verdade, o real, que interessa diferentemente às diferentes classes sociais80, e que toda posição que o dissimula, engessa ou administra, também deve ser 80 Com esta afirmação, pontuamos – para posterior desenvolvimento – uma divergência com a máxima saussuriana de que “o ponto de vista cria o objeto”, que abre um flanco para o relativismo no interior da Análise do Discurso. A objetividade não é apenas ponto de vista, assim como não se pode dizer, de forma voluntarista e auto-enganadora, que há uma objetividade proletária e uma objetividade burguesa (como no caso Lyssenko). É a sustentação de uma posição que assegura o seu caráter objetivo, e tal sustentação é sempre conflituosa, descentrada, histórica, assimétrica, processual, tecida de erros e estabilizações, é sempre trabalho e objetivação.

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Linguagem e Cultura considerada enquanto parte desse conflito – e parte dominante, hegemônica, constitutiva da Forma-Sujeito do “todo com dominante” do interdiscurso. O conflito, que por vezes pode parecer muito genérico, nas práticas discursivas é apreensível enquanto deslocamento tendencial do sujeito enunciador (PÊCHEUX, 1981), e, antes disso, é algo de ordem macrológica que precisa ser historicizado: a partir da crise revolucionária europeia de 1848, e em especial com a Comuna de Paris em 1871, a do capitalismo passa a contar com uma classe dominante burguesa fortemente marcada por posições conservadoras, administrativas, cujas ideologias […] têm como fim alcançar o termo impossível da luta de classes burguesas: parar a história (fixar a sociedade por disposição jurídica), ou terminá-la (abrir caminho ao que, na dominação burguesa, ainda não encontrou suas completas condições de realização, ao que escapa ainda ao seu reconhecimento integrador das classes dominadas) (PÊCHEUX & GADET, 2004 [1981], p. 38. Grifos do original).

Do seu papel revolucionário, a burguesia desloca-se para a “predominância da defesa das posições conquistadas, em busca de uma expansão ulterior e do alargamento da “base econômica” que torne possível a absorção contínua dos membros das “classes inferiores”.” (Gramsci apud FROSINI, 2013, p. 33; e, antes dele, MARX, 2011 [1852]). Essa absorção das “classes inferiores” se dá, ideológica e discursivamente, mediante o apagamento das contradições e da luta de classes, sua transformação em meros dados de variação, diferença e mutação, e a produção do non-sens dos antagonismos. Sobretudo, opera-se uma invisibilização daquilo que, desde o lugar das classes subalternas, é impossível de não ser evocado, impossível de ser esquecido. Em relação a esse impossível, em Semântica e Discurso, Pêcheux nos remete a um “efeito diferencial do assujeitamento ideológico”, pelo qual, no capitalismo, há uma “evocação” constante do lugar do proletariado, ao passo que a burguesia esquece seu próprio lugar – e o do proletariado – no imaginário da universalidade econômica, jurídica, moral, etc. Assim, haveria uma “espontaneidade proletária”, que resulta da representação da relação (imaginária) do 342

Linguagem e Cultura proletariado com as suas condições reais de existência, caracterizando a maneira pela qual este último pode “estar no verdadeiro” (reconhecer que isso não pode durar, que é preciso fazer algo a esse respeito, etc.) sem nunca poder “dizer o verdadeiro”, de forma espontânea (PÊCHEUX, 1997 [1975], p. 204). Esta espontaneidade nos remete ao que diz Karl Marx (1996 [1859], p. 52) acerca das formas ideológicas através das quais os homens tomam consciência dos conflitos de seu tempo e os conduzem até o fim. Uma delas, por ironia da história, vista retrospectivamente, aparecerá na própria forma do partido leninista enquanto detentor da “teoria revolucionária verdadeira” - o que Pêcheux (1997 [1978]) criticará pelas reduplicações realizadas com a ideologia burguesa. Dito isso, importa-nos aqui sublinhar que Michel Pêcheux trabalhará essa figura do verdadeiro espontâneo através das concepções de real, impossível e irrealizado: [...] o proletariado experimenta progressivamente, sob a democracia burguesa, o irrealizado do movimento popular, e descobre pouco a pouco que a burguesia tem a necessidade vital de que esse ponto permaneça irrealizado: a dominação da ideologia jurídica introduz assim, por meio de seu universalismo, uma barreira política invisível, que se entrelaça sutilmente com as fronteiras econômicas visíveis engendradas pela exploração capitalista (PÊCHEUX, 1990 [1982], p. 11. Grifos do autor).

Vemos, dessa forma, que Pêcheux manteve-se investigando, até o final de sua produção teórica, os desafios postos à prática política das classes subalternas: as distâncias entre estar no verdadeiro e dizer o verdadeiro; a transformação das experiências das massas em sala de aula; os narcisismos teóricos; a consideração da classe trabalhadora enquanto um objeto, com identidade estável, metafísica; etc. A obra de Michel Pêcheux devolve para o materialismo histórico diversas pistas para entender as classes e as ideologias enquanto fatores históricos e contingentes, e não enquanto elementos funcional e estruturalmente tomados de antemão. Partindo do que Gramsci chamou de “guerra de movimento”, Pêcheux propôs pensarmos em 343

Linguagem e Cultura termos de luta de deslocamento ideológica para descrever uma série de choques pertinentes à reprodução/transformação das relações de classes (PÊCHEUX, 2011 [1982], p. 114-115). Tais choques questionam a definição e as fronteiras do “discurso político”, lidando com objetos paradoxais – sob o nome de Povo, direito, trabalho, gênero, vida, ciência, paz, liberdade, natureza,... – em relações móveis de força que podem levar a mudanças confusas e oposições/alianças instáveis (PÊCHEUX, 2011 [1982], p. 115-116). Ponto de entremeio: enunciação, resistência, revolta e revolução Para abordar teórica e analiticamente tais choques e deslocamentos, parece-nos pertinente extrair mais da articulação entre discurso e enunciação. O sujeito do discurso é aquele que efetivamente se constrói nas práticas discursivas, como desdobramento contraditório das tensões e contradições da dominação ideológica (da Forma-Sujeito, o “todo com dominante” do interdiscurso em suas reproduções e falhas); é resultado das tomadas de posição do sujeito enunciador em relação ao sujeito universal (pretendido) das formações discursivas. Nestas tomadas de posição, no entanto, faz diferença considerar ou não o deslocamento tendencial do sujeito enunciador, não somente enquanto falha, mas enquanto trabalho, “mais ou menos consciente, deliberado, construído ou não, mas de todo modo atravessado pelas determinações inconscientes” (PÊCHEUX, 2002 [1983], p. 56). Ou seja, queremos aqui ultrapassar certa concepção de ruptura ideológica e desidentificação discursiva como acontecimento pontual ou somatório de acontecimentos pontuais, considerando conjuntamente tanto o trabalho de sustentação de posições quanto o de deslocamento na ordem do dizível, apontando para o fato de que além da captura por (e da filiação a) redes de memória há investimento histórico-subjetivo, militância e engajamento pelo sentido (FONSECA, 2012, p. 123). Para abordar melhor essa militância pelo sentido, parecenos fundamental retomar o modo discursivo como Michel Pêcheux e Caterine Fuchs (1997 [1975]) conceituaram a enunciação: [...] uma série de determinações sucessivas pelas quais o enunciado se constitui pouco a pouco e que têm por

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Linguagem e Cultura característica colocar o “dito” e em conseqüência rejeitar o “não-dito”. A enunciação equivale pois a colocar fronteiras entre o que é “selecionado” e tornado preciso aos poucos [...], e o que é rejeitado. Desse modo se acha, pois, desenhado num espaço vazio o campo de “tudo o que teria sido possível ao sujeito dizer (mas que não diz)” ou o campo de “tudo a que se opõe o que o sujeito disse”. Essa “zona do rejeitado” pode estar mais ou menos próxima da consciência e há questões do interlocutor – visando a fazer, por exemplo, com que o sujeito indique com precisão “o que ele queria dizer” – que o fazem reformular as fronteiras e re-investigar essa zona.

A enunciação, condição necessária de todo discurso de suporte verbal, opera assim sob uma dinâmica que é própria da prática política (RANCIÈRE, 1996), na medida em que trabalha a relação fazer ver/fazer com que não se veja, e para isso coloca, desloca, atualiza e re(in)veste fronteiras. Esse enunciado que “se constitui pouco a pouco”, pode ser tomado tanto na forma de enunciado concreto, formulação contingente, quanto na forma de discurso, filiação (a outros dizeres) que sustenta uma interpretação/posicionamento. Seja na dimensão do processo de base, linguístico-enunciativo, ou na dimensão do processo superestrutural, ideológico-discursivo – separáveis por metodologia de análise e não por ordem de acontecimentos –, temos igualmente o papel da rejeição ou interdição enquanto elemento estruturante, dinamizador e que impulsiona os processos. Tanto no estruturar dizeres (formular, na horizontalidade dos textos) como no estruturar sentidos (enunciados, na verticalidade das interpretações), tanto numa dinâmica quanto em outra, falamos para que algo não fale em seu/nosso/neste lugar, de onde provém igualmente o caráter responsivo dos dizeres (BAKHTIN, 2000 [1979]), ou seja, “todo discurso é sempre uma resposta às condições objetivas com as quais os sujeitos se deparam” (SILVA SOBRINHO, 2007, p. 73). Esse aspecto de rejeição e resposta das práticas enunciativas nos leva a divergir da imagem de um espaço vazio onde se desenharia “tudo o que teria sido possível ao sujeito dizer, mas que não 345

Linguagem e Cultura diz”. O que se diz e o que não se diz é posto sobre o interdiscurso e suas muitas regiões, sempre povoadas do que deve e do que não deve ser dito desde uma determinada posição ideológica. Teórica e metodologicamente, fazemos operar famílias parafrásticas que nos indicam que o dizer poderia ser outro, extraindo daí as implicações para que um enunciado seja interpretado de um jeito e não de outro. Esta é a região da teoria do discurso em que devem ser consideradas as estratégias discursivas, mediante o “esquecimento enunciativo” 81, acessível ao sujeito da enunciação, que trabalha o “apagamento” de certos sentidos necessários à produção de um determinado direcionamento de seu dizer. Visando retomar a questão do deslocamento tendencial do sujeito enunciador, trazemos a reflexão de Beck e Esteves (2012) quanto ao funcionamento especular da ideologia e as modalidades de funcionamento subjetivo teorizadas por Pêcheux em 1975 e três anos depois parcialmente questionadas. Às conhecidas figuras do bom e do mau sujeito do discurso, que remetem aos sujeitos identificados e contraidentificados nos desdobramentos de uma formação discursiva, Beck e Esteves associam, respectivamente, os processos de resistência e de revolta: Uma interpretação que gostaríamos de propor é a seguinte: no mesmo texto de retificação, Pêcheux discorre sobre o processo de resistência-revolta-revolução. Não estaria cada um destes “momentos” do processo associado às 3 modalidades respectivamente? Ou seja, o bom sujeito, mantém-se identificado ao Sujeito, mas também resiste a Ele; o mau sujeito se contraidentifica ao Sujeito e, por isso mesmo, se revolta contra Ele; e o feio sujeito se desidentificaria e, por conseguinte, teria condições de subverter suas coordenadas ideológicas, de revolucionar as relações de forças. Desse modo, teríamos: uma retificação em relação à definição da pri81 @&21+.'*>?8"&15)*,%#,#J(&*.'*&(K1&86$&+,'*+L*M* 3&='*K1#=*,'.'*(1N&6,'J0#=#+,&*O(&=&86'+#P*+'*6+,&%6'%*.#*0'%$#7-'*.6(81%(6Q#*K1&*'*.'$6+#)*6(,'*R)*+'*(6(,&$#* .&*&+1+86#.'()*0'%$#(*&*(&KS?+86#(*K1&*+&=#*(&*&+8'+,%#$*&$*%&=#7-'*.&*3#%T0%#se – um enunciado, forma ou seqüência, e não um outro, que, no entanto, está no campo daquilo que poderia reformulá-lo na formação discursiva considerada”. Em Semântica e Discurso..., p. 173.

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Linguagem e Cultura meira modalidade, nenhuma mudança significativa na formulação da segunda (essa continuaria autolimitada) e um problema teórico com a terceira, pois permanece sem uma formulação que dê conta de explicar como ela poderia funcionar de modo diverso daquele da ideologia dominante (sem o que ela não será transformadora) (BECK & ESTEVES, 2012, p. 152).

Resistência e revolta são assim consideradas no interior das complexas dinâmicas de enfrentamentos e atualizações entre formações discursivas. Para além das falhas da identificação e das críticas simetrizantes ou legitimantes da contraidentificação, vemos, no entanto, que a desidentificação, terceira modalidade, segue carecendo de sustentação analítica, pelo menos no que tange à sua dimensão processual. Em termos de acontecimento, contamos com as análises e propostas conceituais de Freda Indursky (2003; 2008). A autora afirma que um acontecimento enunciativo é aquele que funda uma nova posição sujeito, interior a uma formação discursiva, mediante contraidentificação com o saber dominante daquela formação; e um acontecimento discursivo é aquele que funda uma nova formação discursiva, mediante desidentificação, ruptura com a formação de onde provinham seus sentidos. Beck e Esteves (2012) propõem, enquanto via de consideração do problema teórico em torno da terceira modalidade, a do “feio sujeito” (BECK, 2010), o conceito de superidentificação de Slavoj Zizek, um meio de enfrentamento certamente inusitado à dominação ideológica. Propomos aqui uma reconsideração dos processos enunciativos no interior dos estudos sobre as ideologias dominadas/ contra-hegemônicas e seus discursos. Será preciso destacar o caráter responsivo, ativo, das práticas enunciativas no interior das redes parafrásticas da memória discursiva, o que pode ser remetido à atualização das formações discursivas, seus confrontos e contornos, tomados em uma dimensão histórica, política e processual. No bojo da preocupação em torno dos impasses políticos e analíticos da terceira modalidade de assujeitamento discursivo, destacamos a interrupção de uma dominação que instaura um coletivo, fração, movimento, partido, e classe, enquanto projeto, presença e representação 347

Linguagem e Cultura – no interior da concepção rancieriana da prática política enquanto deslocamento e interrupção dos efeitos de uma dominação (RANCIÈRE, 1996). Tocamos aqui, indiretamente, em um fenômeno de ordem macrológica, conforme discutido por Etienne Balibar, e que se refere ao processo histórico de conformação das classes dominantes em torno do Estado, seu agenciamento de interesses comuns para além dos seus interesses particulares (produção de consensos), e seu investimento numa divisão política permanente das classes dominadas, de modo a “pôr obstáculos à unidade de classe do proletariado” (BALIBAR, 1981, p. 34) – ou seja, obstáculos à sua subjetivação enquanto uma parte e uma presença social específica e prejudicada na partilha do sensível. A interdição às classes dominadas espraia-se também sobre a interdição das suas possibilidades de (se) falar. Essa interdição fundamental é um modo de invisibilização e/ou estigmatização (negativa) dos traços – culturais, étnicos, políticos, históricos, discursivos – característico das classes subalternas, condenadas a um não-dizer, ou então ainda, a um só dizer x. Nessas circunstâncias se manifesta a subordinação dos indivíduos à divisão social e técnica do trabalho, ou seja, um processo histórico que está na raiz da formação das classes sociais e que junto ao qual é pensada a própria luta de classes. As condições de vida ou condições econômicas são fatores fundamentais – materialistas – na compreensão das classes. São tais condições que conformam distintos (e opostos) modos de vida, culturas e interesses de classe. Mas sobre os modos de vida, instauram-se modos de luta. Sobre os interesses e as coerções, instauramse os desejos e as subversões. Temos assim, nos termos propostos pela marxista indiana Gayatri Spivak, a distância substancial entre a representação como darstellen (ao lado dos interesses de classe determinados pelas condições objetivas de vida) e a representação como vertreten (ao lado da prática política, do desejo e do desvio). É fundamental não diluir essa diferença, pois, ainda segundo Spivak, Marx não está trabalhando [em sua obra] para criar um sujeito indivisível, no qual o desejo e o interesse coincidem. A consciência de classe não opera com esse objetivo. Tanto na área econômica (capitalista) quanto

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Linguagem e Cultura na política (histórico-mundial), Marx é compelido a construir modelos de um sujeito dividido e deslocado cujas partes não são contínuas nem coerentes entre si. (SPIVAK, 2010 [1985], p. 34).

Marx, quando explora os elementos objetivos/diferenciais que conformam as classes em seus aspectos descritivos – que não são apenas econômicos – detém-se naquilo que designa enquanto uma classe-em-si: “a dominação do capital criou para esta massa uma situação comum, interesses comuns. Assim, pois, esta massa já é uma classe no que diz respeito ao capital, mas ainda não é uma classe para si” (MARX, 1981 [1947], p. 141). A representação enquanto darstellen, enquanto classe-em-si é apenas a primeira parte do “problema”: a sujeição ao capital, às condições produzidas pela expropriação/proletarização operada pela acumulação de capital (MARX, 1982 [1867]). Para avançarmos em direção à segunda parte do “problema”, à representação enquanto vertreten, ao agenciamento revolucionário de uma posição à qual importa suplantar, deve-se considerar que a classe não se torna “para si” por “revelação”, nem simplesmente pela conscientização de suas condições de vida. O processo da consciência de classe, da classe para si, define-se não simplesmente por saber as condições objetivas, mas pelo insurgir-se contra tais condições, por afrontar a lógica policial que naturaliza seu lugar social, subjetivando-se contra o seu próprio ser de classe (contra o capital, a sua causa presente) e pela abolição de todas as classes, ou seja, da sociedade de classes – de modo perfeitamente análogo ao que foi a abolição da sociedade estamental pela revolução burguesa: a eliminação/superação da contradição fundante da ordem feudal. Há contingências e demandas próprias ao que se busca compreender e transformar, seja uma interpretação que se faz evidente e exclusiva, seja uma prática social que se apresente circular e incontornável. Prevalecerá, numa compreensão materialista e histórica, o primado do deslocamento, do desentendimento e da desidentificação no processo de consciência de classe, para além das posições de classe na estrutura de uma formação social. Afinal, será que falamos (desde o nosso lugar) para interditar que algo mais fale em nosso lugar? E não falamos, também, para 349

Linguagem e Cultura deixar de ser o que somos? Pontos de confrontação: o real das práticas enunciativas Partindo da discussão teórica do sujeito, chegamos à consideração das classes sociais, da objetividade enquanto conflito e dos efeitos assimétricos de esquecimento. Partindo da discussão dos processos enunciativos, chegamos à consideração da resistência, da revolta e da desidentificação discursivas, ao lado da práxis de representação política dos sujeitos. Agora queremos pontuar um breve e apenas iniciado exercício analítico para ilustrar de que modo essas questões podem intervir no trabalho com os discursos. Visando compreender os processos discursivos, sua inscrição no real sócio-histórico enquanto efeito e trabalho (PÊCHEUX, 2002 [1983]), e a relação dessa inscrição com as práticas enunciativas, propomos trabalhar duas formulações: 1- uma em que a prática enunciativa mascara a formação discursiva que a determina – práxis da ideologia dominante; 2- outra em que a prática enunciativa tenciona ou perturba a sua formação discursiva de origem, trabalhando o seu impossível/non sens histórico – práxis contra-hegemônica. A. Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas Essa formulação82 nos é estranhamente familiar, e talvez, por isso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a tenha apresentado em sua pesquisa sobre “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Não discutiremos as trapalhadas do instituto na divulgação dos resultados83, o que nos interessa é somente a formulação (com mais de um quarto de adesão dos entrevistados!) e a análise de suas margens semânticas. Algo da relação contraditória entre su82 Agradecemos aqui a Fabio Ramos Barbosa Filho (Unicamp), que em seu perfil do Facebook provocou uma discussão sobre as adjetivas nessa formulação, a Glória França (Unicamp), que teceu importantes considerações, e aos pesquisadores do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Língua, Linguagem e Cultura (GELLC), ligado à UNEB e coordenado pela Profa. Dra. Rosa Helena Blanco Machado, que também contribuíram na presente análise. 83 No dia 04/04/2014, uma semana após a divulgação dos resultados de sua pesquisa, o Ipea admitiu que ao invés de 65%, eram 26% o número de entrevistados que concordavam, total ou parcialmente, com a referida frase.

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Linguagem e Cultura N&6,')*=U+21#)*.6(81%('*&*V6(,W%6#*#3#%&8&*+&((&*.6X&%)*3'6(*# adjetiva determinativa/restritiva “que usam roupas que mostram o corpo” também trabalha semanticamente a adjetiva explicativa – ou seja, não a bloqueia. E a adjetiva explicativa implica no dizer misógino “mulheres merecem ser atacadas”. Esta nem chega a ser denegada, o que aumentaria a sua visibilidade84. Este é um processo que pode ser considerado uma prática enunciativa de “negociação”, re(in)vestimento de fronteiras, interior a uma formação discursiva misógina, machista, patriarcal. A restritiva trabalha a suavização da explicativa, condiciona a violência contra a mulher, de modo a perpetuá-la – sob uma modalidade de justificação. Outro modo de entender este processo (apenas) aparentemente polissêmico, é considerar que o eixo vertical da captura discursiva, o esquecimento subjetivo (aquele que fornece as garantias ao Sujeito da formação discursiva), impõe-se ao eixo horizontal da enunciação, às suas articulações. O silêncio fundante (ORLANDI, 2002) em torno da interpretação total, que ressoa em “mulheres merecem ser atacadas”, impõe-se sobre o silêncio constitutivo trabalhado na enunciação através do encaixe sintático da adjetiva restritiva. Pelo efeito de evidência, neste aparente universo logicamente (des)estabilizado, administrado e conflituoso, parece que o enunciador, que fala pela voz do Estado (no caso o Ipea), apenas retransmite algo do já-dito/já-existente, que conta com travas marcadamente postas pela adjetiva “que usam roupas que mostram o corpo”. Se existem regras nessa prática enunciativa, o sujeito desse discurso ou “sabe” bem como utilizá-las, ou “desconhece” as implicações de seu dizer. Certamente não se trata de uma coisa nem de outra, como se fosse uma operação disjuntiva, mas de um saber e desconhecer, ao mesmo tempo, por isso, contraditório. Pois, quando deslocamos o olhar a partir da perspectiva discursiva, compreendemos que há um jogo nas (e sobre as) regras das sistematicidades 84 Uma versão desta formulação que denegasse a explicativa, poderia ser: Mulheres não merecem ser atacadas, mas quando usam roupas que mostram o corpo não têm do que reclamar. Sobre este assunto, ver: Freda Indursky, Polêmica e Denegação: dois funcionamentos discursivos da negação. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, 19, 117-122, jul./dez. 1990.

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Linguagem e Cultura linguísticas, mas também um mecanismo histórico ideológico-discursivo atuando nesse dizer e que, por conta dessa tensão (contradição), fez gerar, enquanto efeito de retorno sobre o real, o seguinte enunciado que circulou nas redes sociais: B. Nenhuma mulher merece ser estuprada Entre tantos enunciados que logo vieram em resposta, esse já começa respondendo pela negativa “nenhuma”, que produz a implosão de qualquer adjetiva condicionante ou determinativa como a que, no princípio, teria sido apoiada pela maioria dos entrevistados pelo Ipea. É também um gesto de interpretação do sujeito sobre o real (e no real) que tanto possibilita ligações de sentidos nas filiações históricas como (im)possível deslocamentos de seu espaço. Em razão disso, não cedemos à facilidade de considerar tal formulação dependente/desdobramento de uma formação discursiva feminista. A formulação B também pode ser enunciada e fazer sentido desde outras posições no interdiscurso. O mais significativo, o que precisa ser sublinhado (para não perder o movimento dos dizeres na história), é o confronto direto com a formulação A, que instaura um processo de desidentificação. Assim, o jogo desses dois enunciados − entre designações (“mulheres que” versus “nenhuma mulher”), entre o afirmativo (merecem) e o negativo (nenhuma merece), e no deslize metonímico85 de atacadas a estupradas − produz efeitos da determinação sócio-histórica que tentam ordenar e desordenar os sentidos, forçando a implosão do ritual de dissimulação ideológica das posições dominantes em nossa formação social misógina. O outro da formação discursiva misógina se fez presente sob uma modalidade disruptiva. E como diz Michel Pêcheux (2002 [1983], p. 54), “é porque há o outro nas sociedades e na histórica, correspondente a esse outro próprio ao linguajeiro discursivo, que aí pode haver ligação de uma relação abrindo a possibilidade de interpretar”. 85 Por deslize metonímico, queremos dizer que o essencial dessa relação, desse deslize de atacadas a estupradas, foi retirar (em B) algo que estava silenciado e contido (em A). Representa mais do que explorar as diferentes formas de dizer e parafrasear A, de trabalhar no interior de uma FD misógina. Não há problema de se pensar em efeito metafórico, na linha pecheuxtiana, desde que se retenha essa especificidade metonímica, de uma substituição/tradução que não é pura deriva A, mas extração de algo que estava em A.

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Linguagem e Cultura Enfrentando a dissimulação de uma defesa das mulheres, que esconderia a sua responsabilização pelas violências sexuais sofridas, o enunciado B, pelo que evoca, retira do silêncio o esquecimento subjetivo86 do enunciado A. A partir disso, travou-se o confronto numa arena armada por mulheres e homens em luta: com ou sem roupas, fotos e dizeres enunciaram negativas que não se dirigiam exatamente ao direito de usar tais ou tais roupas, de mostrar tal ou tal parte do corpo. É provável que essa resposta tenha extrapolado o movimento das “Marchas das Vadias” 87. As negativas tiveram outro alvo que não o do livre direito de vestir-se, extraindo o estupro (não-dito) dos ataques – que, segundo alguns comentaristas, teriam sido interpretados pelos entrevistados na pesquisa enquanto cantadas, gracejos,... Não se trata de apresentar o sujeito enunciador como origem do discurso, puxando-se no ar pelos cabelos. Sua articulação com a ideologia e o inconsciente é constitutiva e o torna um sujeito dividido e contraditório. Diremos mais, que a delimitação entre tudo o que poderia ter sido dito e não foi é uma delimitação instável e contraditória, assimétrica, e por isso, passível de “relativa” estabilização e de possíveis transformações radicais que afetam não apenas o dizer do enunciador, como pode produzir efeitos nos interlocutores e retornar agindo sobre a formação discursiva e ideológica. Por tudo isso, parece-nos decisivo atentar à dimensão conflitiva das práticas discursivas, de modo a que, nos esforços de montagem das redes parafrásticas que servem de corpus para as análises, não se perca a práxis dos sujeitos que resistem às, se revoltam nas e subvertem as cenas de uma captura-dominação, tirando do esquecimento aquilo que, desde sua posição e experiências de vida e de luta, é o impossível de ser esquecido. Entendemos que, indo além deste exercício, uma análise 86 Trata-se do esquecimento n. 1, “que dá conta do fato de que o sujeito-falante não pode, por definição, se encontrar no exterior da formação discursiva que o domina”, remetendo ao recalque inconsciente, ao exterior que determina a formação discursiva em questão” Michel Pêcheux, Semântica e Discurso... p. 173. 87 Em 2011, após vários casos de abuso sexual de mulheres na Universidade de Toronto, um policial aconselhou às mulheres que evitassem “se vestir como vadias para não serem vítimas”. Desde então vários protestos, denominados Marcha das Vadias, vêm ocorrendo pelo mundo contra a responsabilização das mulheres vítimas de violência sexual.

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Linguagem e Cultura discursiva que se oriente pela configuração de um corpus com tal dinâmica conflitiva, será capaz de perceber a dimensão processual (em curso) da resistência-revolta-subversão contra a captura pelo machismo. Se se puder compreender um processo discursivo nesta direção, teremos um efeito de retorno sobre o real que prepara um acontecimento histórico, mostrando que os discursos têm a sua efetividade. * * * Tentando agora encaminhar para a finalização deste texto, mas não para o fim da reflexão – notadamente no que toca ao fazer-se das classes em sua dimensão discursiva, de representação política e desidentificação ideológica –, retomamos o que afirmamos em trabalho anterior (SILVA SOBRINHO, 2007) que o real, em processo de transformação, possibilita um pensar configurado por lutas entre sentidos estabilizados e sentidos a se estabilizar, e que o discurso tem sua gênese nesse processo, no qual os sujeitos respondem às necessidades e contingências históricas. Sujeitos históricos o produziram e o reproduziram, transformando com o efeito de retorno que interfere, fazendo seu trabalho, nas práticas sociais. Por isso, não podemos “ir ao real” a fim de positivamente explicá-lo, não só porque ele sempre escapa, mas, sobretudo, porque isso tem desdobramentos na práxis sócio-histórica. É preciso insistir, no entanto, que não basta apenas resistir, é preciso ainda ousar se revoltar e intervir nos universos logicamente estabilizados e não-estabilizados para transformá-los revolucionariamente, confrontando o esquecido e produzindo o sentido do sem-sentido. REFERÊNCIAS ALTHUSSER, Louis. Sobre a reprodução. Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. 2ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008 [1970]. BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 3a edição. São Paulo: Martins Fontes, 2000 [1979]. BALIBAR, Étienne. Intervenção em mesa-redonda com David Kaisergruber, Buci-Glucksmann, Georges Labica, Marc Abeles e Jacques Guilhaumou. In: BALIBAR, POULANTZAS et all. O 354

Linguagem e Cultura Estado em discussão. Tradução de Raquel Silva. Lisboa: Edições 70, 1981. BECK, Maurício. Aurora Mexicana - Processos de resistência-revolta-revolução em lutas populares da América Latina: o exemplo do discurso zapatista. 2010. Tese (Doutorado em Letras) – UFSM, Santa Maria, 2010. BECK, M. & ESTEVES, P. O sujeito e seus modos – identificação, contraidentificação, desidentificação. Revista Leitura. Maceió, PPGLL/Ufal, nº 50, jun/dez de 2012. Publicado em 2013. Disponivel: http://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/index FONSECA, R. A interdição discursiva: o caso da Conjuração Baiana de 1798 e outros limites à participação popular na história política brasileira. Tese de doutoramento em Estudos da Linguagem, PPGL/UFRGS. Porto Alegre, 2012. FROSINI, Fabio. A “história integral” desde a perspectiva dos subalternos: contribuição para uma teoria marxista da história. In: Crítica Marxista, n. 37, p. 27-46, 2013. GADET, F., HAROCHE, Cl., HENRY, P. & PÊCHEUX, M. Nota sobre a questão da linguagem e do simbólico em psicologia. Tradução de Pedro de Souza. In: PÊCHEUX, M. Análise de Discurso – Michel Pêcheux. Textos selecionados por Eni Orlandi. 2ª edição. Campinas, SP: Pontes, 2011 [1982], p. 55-71. HAROCHE, Claudine. Fazer dizer, querer dizer. Tradução de Eni Orlandi, Freda Indursky e Marise Manoel. São Paulo: Hucitec, 1992 [1984]. INDURSKY, Freda. Polêmica e Denegação: dois funcionamentos discursivos da negação. Cadernos de Estudos Lingüísticos, Campinas, (19): 117-122, jul./dez. 1990. ____________. “Lula lá: estrutura e acontecimento”. Organon (UFRGS), Porto Alegre, vol. 17, n. 35, 2003, p. 101-121. ____________. Unicidade, Desdobramento, Fragmentação: trajetória da noção de sujeito em Análise do Discurso. In: MITTMANN, Solange, GRIGOLETTO, Evandra & CAZARIN,Ercília(org.), Práticas discursivas e identitárias: sujeito e língua. Porto Alegre: Nova Prova, 2008, p. 9-33. 355

Linguagem e Cultura MARX, Karl. A Miséria da Filosofia. Moscou: Editorial Progresso, 1981 [1847]. ____________. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011 [1852]. ____________. Para a crítica da economia política. Tradução de Florestan Fernandes. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996 [1859]. ______ . O Capital – edição resumida dos três volumes por Julian Borchardt (1931). 7ª edição. Tradução de Ronaldo Alves Smidth. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1982 [1867]. ORLANDI, E. As formas do silêncio no movimento dos sentidos. 5º ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2002. PÊCHEUX, M. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni Orlandi [et al.]. 3ª edição. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1997 [1975]. ____________. Remontemos de Foucault a Spinosa. In: TOLEDO, Monforte (org.). El discurso político. México: Nueva Imagen, 1980, p. 181-200. Tradução de Mª do Rosário Gregolin. Xerox. 1977 ____________. Só há causa daquilo que falha ou o inverno político francês: início de uma retificação. In Semântica e Discurso. Campinas: Ed. da Unicamp, 1997 [1978]. ____________. Ouverture du Colloque e L’enoncé: enchassement, articulation et dé-liaison. In: Colloque Matérialités Discursives. Lille: Presses Universitaire de Lille, 1981. ____________. Delimitações, inversões, deslocamentos. Tradução de José Horta Nunes. Cadernos de Estudos Lingüísticos, Campinas, (19): 7-24, jul.-dez./1990 [1982]. ____________. Ideologia – aprisionamento ou campo paradoxal? Tradução de Carmen Zink. In: PÊCHEUX, M. Análise de Discurso – Michel Pêcheux. Textos selecionados por Eni Orlandi. 2ª edição. Campinas, SP: Pontes, 2011 [1982], p. 107-119. ____________. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução de Eni Orlandi. 2ª edição. Campinas, SP: Pontes, 2002 [1983]. PÊCHEUX, Michel & FUCHS, Catherine. [1975] A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas. Tradução de Péricles Cunha. In: GADET, F. & HAK, T. (org). Por uma 356

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Linguagem e Cultura SOBRE OS AUTORES AGNALDO RODRIGUES DA SILVA – Professor Adjunto da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), com pesquisas voltadas ao estudo do texto cênico. Atua em ensino, pesquisa e extensão na graduação e pós-graduação da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e da Linguagem. Líder do Grupo de Pesquisa em Estudos da Arte e da Literatura Comparada, Sócio efetivo da Academia Mato-Grossense de Letras. ÁGUEDA APARECIDA DA CRUZ BORGES – Professora do Curso de Letras do ICHS/Campus Universitário do Araguaia/Universidade Federal de Mato Grosso/ UFMT, Barra do Garças-MT. Drª. em Linguística pelo DINTER-UNEMAT/IEL/ UNICAMP-CAPES. Líder do Grupo de Pesquisa: “Arte, Discurso e Prática Pedagógica” (ADP) – CNPq. Pesquisadora nos Grupos de Pesquisa: “Cartografias da Linguagem”- CNPq/UNEMAT e “Mulheres em Discurso”-CNPq/UNICAMP. ELAINE PEREIRA DARÓZ – Aluna de doutorado em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Inglesa e Portuguesa e suas literaturas, atuando principalmente nos seguintes temas: análise de discurso de linha francesa, ensino de línguas e educação, ensino a distância. Docente nas redes pública e privada, atuando desde o Ensino Fundamental até ao Ensino Médio, e experiência na Educação de Jovens e Adultos e no nível Superior de ensino. Tutora a distância no Instituto Federal de Pernambuco-IFPE. FÁBIO LUIS SILVA NEVES – Mestre em Letras, Estudos Literários, pela UFMS, campus de Três Lagoas. Professor de Literatura, Análise e Produção de Textos na Fundação Dracenense de Ensino e Cultura (FUNDEC), 359

Linguagem e Cultura nas unidades: Colégio Anglo CID e Faculdades de Dracena (UNIFADRA). Coordenador do Curso de Graduação em Letras e Vice-diretor da UNIFADRA. Membro do Grupo de Pesquisa ÍCARO. HELSON FLÁVIO DA SILVA SOBRINHO – Professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Sociólogo e doutor em Linguística, na área de Análise do Discurso. Atua na Graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFAL. Desenvolve pesquisas sobre Análise do Discurso e Materialismo histórico-dialético. É autor do livro “Discurso, velhice e classes sociais”. Membro dos grupos de pesquisas: Discurso e Ontologia (Gedon); Núcleo de Estudos em Práticas de Linguagem e Espaço Virtual (Neplev); membro do Coletivo de Trabalho Discurso e Transformação (Contradit). INOCÊNCIA MATA – Professora da Universidade de Lisboa, com pós-doutoramento em Estudos Pós-coloniais (Postcolonial Studies, Identity, Ethnicity, and Globalization,   Universidade de Califórnia, Berkeley). É membro do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, de associações de especialidade nacionais e estrangeiras (AILC, APELA, AFROLIC, AILP-csh, UEA, UNEAS), e membro Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa – Classe de Letras. ISMARA TASSO – Possui doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (2003) e estágio pós-doutoral na UNICAMP (2013). É professora da Universidade Estadual de Maringá e lidera o Grupo de Pesquisa (CNPq) GEDUEM Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM e integra o Grupo de Pesquisa (CNPq) GEF Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM e O Discurso nas Fronteiras do Social: diferentes materialidades signifi360

Linguagem e Cultura cantes (UNICAMP). JANE FRAGA TUTIKIAN - Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atual Diretora do Instituto de Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa e Luso-Africanas, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura, identidade e história. Ficcionista, recebeu vários prêmios literários, entre eles o Jabuti. JEFFERSON CAMPOS – Mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá e doutorando na mesma instituição. Membro do Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM (GEDUEM/CNPq), desenvolve pesquisas no campo teórico da Análise de Discurso de linha francesa em suas intersecções com os estudos do filósofo Michel Foucault. JOÃO CARLOS DE CARVALHO – Professor Associado da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta com pesquisas voltadas para o campo da teoria e crítica literária. Atua no ensino da graduação e pós-graduação. Membro Correspondente da Região Norte da Academia Brasileira de Filologia. JULIANA DA SILVEIRA – Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). Professora de Linguística na FANP-Uniesp/Nova Esperança-PR. Membro do GEPOMI - Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos (CNPq/ UEM). Participante do Contradit (Coletivo de trabalho Discurso e Transformação). Bolsista da Capes na Pósgraduação. LILIANE BATISTA BARROS – Professora Assistente da Universidade do Federal do Sul e Sudeste do Pará 361

Linguagem e Cultura (UNEFESPA), com pesquisas voltadas ao estudo da Literatura Comparada. Atua em ensino, pesquisa e extensão na graduação da Faculdade da Linguagem do Instituto da Linguagem Letras e Artes. LOLA GERALDES XAVIER – Professora Adjunta da Escola Superior de Educação de Coimbra, onde é diretora da licenciatura em Educação Básica. Tem pesquisas, sobretudo, na área das literaturas de língua portuguesa. É investigadora do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra e investigadora colaboradora do Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. LUDIMILA MACHADO MARQUES – Possui graduação em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade Estadual de Maringá (2003) e graduação em Letras-Português/Francês pela Universidade Estadual de Maringá (2009). Mestre em Letras, na área de concentração de Estudos Linguísticos, linha de pesquisa Estudos do Texto e do Discurso, na Universidade Estadual de Maringá (2013). Pesquisadora integrante do Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos (Gepomi-UEM/ CNPq.) MANUELA CHAGAS MANHÃES – docente da Universidade Estácio de Sá (UNESA), atua na graduação nas áreas de fundamentos e antropologia pesquisadora do grupo Literatura e outras artes, mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) com ênfase em análise do discurso, representação social e semiótica e Bacharel em Ciências Sociais Pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). MARIA CÉLIA PASSETTI – Professora associada da Universidade Estadual de Maringá, atuando na gradu362

Linguagem e Cultura ação e na pós-graduação em Letras. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase nas teorias do texto e do discurso. É líder do Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos (Gepomi UEM/CNPq), que reúne pesquisadores em torno dos discursos político e midiático na sociedade contemporânea, visando à compreensão das práticas discursivas nesses dois campos em materialidades diversas. MARIA LUCELI FARIA BATISTOTE – É doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, campus de Araraquara (SP), e docente do Curso de Letras e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Estudos de Linguagens, Mestrado em Comunicação e Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). É autora do livro Semiótica francesa: busca de sentido em narrativas míticas (2012). PIRES LARANJEIRA Pires Laranjeira é Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, responsável pela área de Literaturas e Culturas Africanas. Autor de vários livros. Crítico literário.  RENATA ADRIANA DE SOUZA – Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso (GEPAD-RS). Participante do Contradit (Coletivo de trabalho Discurso e Transformação). Membro do Bolsista da Capes na Pós-Graduação. RICARDO MAGALHÃES BULHÕES -- Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Três Lagoas, onde atua na Graduação em Letras e no 363

Linguagem e Cultura Mestrado em Estudos Literários. Suas pesquisas voltamse para questões relacionadas à Literatura e Ensino e a formação do leitor literário. Atualmente é um dos coordenadores do curso de extensão Mediadores de Leitura (MEC) ROBERTA KERR DOS SANTOS – Professora de Língua Portuguesa e Literatura na Educação Pública do Rio de Janeiro (SEEDUC e SME) e Tutora da Especialização a Distância em Ensino de Leitura e Produção Textual do Programa de Pós-Graduação lato sensu em Letras da UFF. Colaboradora do Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS). Especialista em Língua Portuguesa pela UERJ, Especialista em Educação a Distância pelo SENAC e Mestra em Estudos da Linguagem pela UFF.

RODRIGO OLIVEIRA FONSECA – Professor e pesquisador em Análise do Discurso e História do Brasil, com doutorado em Letras pela UFRGS e mestrado em História pela PUC-Rio. É pesquisador associado do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens, da UNEB (Salvador-BA). Desenvolve pesquisa de pósdoutorado sobre os impactos da Conjuração Baiana de 1798 nas lutas políticas do início do século XIX. Vice-líder do Grupo de Estudos Pecheutianos (GEP), membro do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Língua, Linguagem e Cultura (GELLC) e do Coletivo de Trabalho Discurso e Transformação (Contradit). SILMARA DELA SILVA – Professora adjunta II do Departamento de Ciências da Linguagem, Instituto de Letras da UFF, atuando na graduação e na pós-graduação em Estudos de Linguagem (Instituto de Letras) e Mídia e Cotidiano (Instituto de Arte e Comunicação Social). É doutora em Linguística pela Unicamp e pesquisadora do Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS), seus estudos 364

Linguagem e Cultura têm como foco a análise dos discursos da/na mídia da perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso de linha francesa. WAGNER CORSINO ENEDINO – Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com pesquisas centradas no gênero dramático e projetos de extensão na área teatral. Atua no Programa de Pós-Graduação em Letras, Campus de Três Lagoas e no Mestrado em Estudos de Linguagens, em Campo Grande. Líder do Grupo de Pesquisa Ícaro e membro do GT Dramaturgia e Teatro da Anpoll.

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