O Inato na na percepção visual

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ZIMALDO BAPTISTA DE MELO

O INATO NA PERCEPÇÃO VISUAL

Este projeto de pesquisa objetiva fazer uma análise formal da arte popular e de obras de artistas consagrados da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, buscando identificar a utilização dos princípios matemáticos de proporção, da seção áurea e da sequência de retângulos harmônicos das raízes, a partir dos estudos de Doczi e Elam.

Cachoeira 2011.1

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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO!..................................................................................................3 2.OBJETIVOS !......................................................................................................4 2.1.Gerais!..................................................................................................................4 2.2.Específicos!.........................................................................................................4

3.FORMULAÇÃO DO PROBLEMA!.....................................................................4 4.HIPÓTESE!.........................................................................................................4 5.JUSTIFICATIVA!.................................................................................................5 6.REFERENCIAL TEÓRICO!................................................................................5 7.METODOLOGIA!................................................................................................6 7.1.Caracterização do Universo!..............................................................................7 7.2.Plano de Amostragem!.......................................................................................7 7.3.Coleta de Dados!.................................................................................................7 7.4.Apuração e análise dos Dados!.........................................................................7 7.5.Apuração dos Resultados!.................................................................................8

8.CRONOGRAMA DE ATIVIDADES !...................................................................9 REFERÊNCIAS !............................................................................................10 ANEXO I - REFERÊNCIAL TEÓRICO - TABELAS!.....................................11 ANEXO I - REFERÊNCIAL TEÓRICO - ANÁLISE!.......................................12 ANEXO II - ANÁLISE FORMAL DE OBRAS DA ARTE POPULAR!............13 ANEXO III - ANÁLISE FORMAL DE OBRAS DE HANSEN BAHIA!............14

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1. INTRODUÇÃO O psicólogo alemão Gustav Feche afirmou no final do século XIX que há uma tendência para uma preferência cognitiva clara por parte dos indivíduos de proporções baseadas na seção áurea. Esta preferência se reflete na humanidade desde os tempos de Stonehenge, erguida entre 2450 e 1600 aC. Existem provas documentadas em textos e na arte e arquitetura da Grécia antiga, no século V aC. Também na Renascença, arquitetos e artistas estudaram, documentaram e empregaram as proporções derivadas da seção áurea. E não é apenas em obras feitas pelo homem que pode-se encontrar relações de proporção da seção áurea. Na natureza estas proporções são encontradas no corpo humano e dos animais assim como no padrão de crescimento de muitas plantas, animais e insetos 1. Estando presente na natureza e tão aparente nas proporções humanas, é certo que esta predileção por tais proporções esteja inculcada na consciência perceptiva humana, como mostraram as pesquisas feitas por Fechner e mais tarde aprofundadas com maior rigor cientifico, pelo francês Charles Lalo em 1908 (Tabelas 01 e 02). Outros pesquisadores obtiveram resultados claramente similares 2. Para György Doczi “em todos os campos de nossa experiência estamos constatando a necessidade de redescobrir proporções apropriadas 3”. No entanto, é notável na contemporaneidade o rebaixamento dessas regras naturais de percepção para um segundo plano, perdendo-se a capacidade controlar as tenções entre as diferenças de forma harmônica. Como diz Doczi: O poder do segmento áureo de criar harmonia advém de sua capacidade singular de unir as diferentes partes de um todo, de tal forma que cada uma continua mantendo sua identidade, ao mesmo tempo que se integra ao padeão maior de um roso único.4

Por tanto, para trazer este tema para um contexto regional, propõem-se neste projeto de pesquisa a realização de uma análise formal a partir dos estudos de Elam e Doczi, além de um estudo de pregnância da forma da Gestalt em obras populares e de artistas consagrados da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia.

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2. OBJETIVOS 2.1. GERAIS

Fazer uma análise formal de obras da arte popular e de artistas consagrados da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, buscando identificar a utilização, mesmo que de forma não deliberada, dos princípios matemáticos de proporção, da seção áurea e da série de retângulos harmônicos das raízes a partir dos estudos de Elam e Döczi. 2.2. ESPECÍFICOS

• Selecionar e analisar obras populares e consagradas da cidade de Cachoeira, observando a utilização das regras de proporção, contraste, equilíbrio, dentre outras, aplicadas nas obras; • Demonstrar o axioma de percepção da seção áurea, a partir dos estudos de Dözci e Elam, nas composições das obras; • Aplicar os conceitos de Dinergia e Pregnância para analisar os padrões formais das obras; • Constatar se os princípios matemáticos, identificados nas obras, são utilizados pelos artistas da cidade de Cachoeira de forma deliberada.

3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Se, como afirma Kimberly Elam, “ao longo de toda a história, no contexto tanto do ambiente humano como do mundo natural, já se comprovou uma evidente preferência cognitiva dos seres humanos pelas proporções baseadas na seção áurea”5 , então como pode-se comprovar esta preferência dentro do contexto da cidade de Cachoeira no recôncavo da Bahia e, comprovando-se esta preferência, como se dá a adoção destas proporções? Os artistas que utilizam estas proporções tem conhecimento das suas características?

4. HIPÓTESE Se, como foi proposto pelo psicólogo alemão Gustav Fechner, existe “uma predileção estética arquetípica e transcultural pelas proporções da seção áurea”6, então é possível encontrar exemplos destas proporções na cidade de Cachoeira, tanto na arte popular como no trabalho de artistas locais consagrados mesmo não havendo um conhecimento teórico das regras de proporções matemáticas.

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ELAM, Kimberly. 2010, p. 6. Idem, p. 7.

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5. JUSTIFICATIVA Este projeto se justifica por buscar mostrar de forma prática, dentro de um contexto local, com exemplos encontrados na cidade de Cachoeira, que a percepção visual está sujeita a regras que, por serem encontradas facilmente na natureza, são aprendidas de forma quase instintiva pelo indivíduo. Então este projeto de pesquisa atende ao apelo do arquiteto húngaro de nascimento e naturalizado americano, György Doczi (1909), que conclama, no Prefácio do seu trabalho “O Poder dos Limites”: Este livro busca alguns dos processos básicos da formação de padrões que, operando dentro de limites restritos, criam variedades ilimitadas de formas e harmonias. É uma aventura interdisciplinar na terra-de-ninguém fronteiriça à ciência, à arte, à filosofia e à religião. Uma área que foi desprezada nos últimos anos por ser formada de algo intangível. Essa área, porém, merece investigação, pois as forças que tecem nossas vidas e forjam nossos valores têm aí sua matriz. 7

Por tanto, este projeto de pesquisa pode vir a colaborar com o entendimento das artes na região do Recôncavo da Bahia, a partir de obras tanto populares como consagradas da cidade de Cachoeira, exemplificando a utilização de conceitos clássicos, tidos muitas vezes na contemporaneidade como em desuso e que no entanto, estando presente na natureza e arraigada desde os tempos Clássicos da humanidade na percepção humana, não são facilmente abandonadas, sendo utilizadas, conscientemente ou não, até por quem desconhece tais princípios. Desta forma, este trabalho resgata um conhecimento que, mesmo nas universidades, geralmente é tido como de importância secundaria e de difícil compreensão por ser tratado como um assunto referente ao Classicismo e não à questão da percepção, facilitando o seu entendimento através dos exemplos de obras da cidade de Cachoeira que serão submetidos a uma análise formal a partir dos estudos de Döczi e Elan.

6. REFERENCIAL TEÓRICO Existem muitos trabalhos que abordam a questão da relação entre a percepção e as proporções matemáticas, sendo este um tema comum a maior parte dos trabalhos relacionados as artes visuais. No entanto, este projeto de pesquisa fundamenta-se principalmente na análise comparativa entre as proporções da forma e da música de György Doczi e a análise formal, baseada na proporção áurea, de Kimberly Elam.

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DOCZI, György. 1990, Prefácio.

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Será utilizado o conceito de “Dinergia”, definido por György Doczi, pois “desde que não existe uma palavra adequada para esse processo universal de criação de padrões, um novo vocábulo, dinergia, é proposto. Dinergia é um termo formado por duas palavras gregas: dia— ‘através, por entre, oposto’ — e ‘energia’8 ”. Neste trabalho, Doczi busca os padrões harmônicos na Natureza, padrões que são trazidos conscientemente ou inconscientemente para as artes, ao comportamento a à cultura do homem. Como critério para a análise formal das obras, além do conceito de dinergia, será aplicada a metodologia de Kimberly Elan, que procura “pôr em evidência aquelas relações visuais que se baseiam em atributos essenciais tanto da vida, como a proporção e os padrões de crescimento, quanto da matemática”. Nesse estudo, o autor tem como propósito entender o processo projetual e oferecer coerência ao desenho por meio de estruturas visuais (Figura 00). Também será utilizado o conceito de “Pregnância da forma” da escola da psicologia Gestalt, que estuda os fenômenos da percepção. A pregnância é a Lei Básica da Percepção Visual da Gestalt, e é definida como “qualquer padrão de estimulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão simples quanto o permitam as condições dadas” 9 . Portanto, quanto melhor for a organização visual da forma do objeto, em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação, maior será o seu grau de pregnância. Além disso, são consideradas as abordagens de Robert Bringhurst no seu “Elementos do estilo tipográfico” e de Milton Ribeiro no consagrado trabalho “Planejamento Visual Gráfico”. Como antítese será utilizado o consagrado trabalho de Allen Hurlburt, “Layout: o design da página impressa”, que vê a questão da percepção sob um processo de evolução histórica, sem assumir a proporções matemáticas como fundamentos para atingir uma solução visual coerente.

7. METODOLOGIA Serão analisados trabalhos de artistas populares da cidade de Cachoeira, de artistas de formação de acadêmica, exemplos da arquitetura histórica local, além de exemplos encontrados na biodiversidade da região. Poderão ser repetidos, ainda, testes de percepção utilizados em pesquisas já realizadas 10.

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DOCZI, György. 1990, p. 3. GOMES FILHO, João. 2004, p. 36-37.

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7.1. CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO

A pesquisa será realizada em duas etapas, sendo a primeira etapa exploratória, quando serão selecionadas as obras que serão submetidas a análise formal. Serão obras populares e de artistas consagrados da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia. Serão identificadas obras onde sejam claras a existência de proporções clássicas e, se possível, serão realizadas entrevistas com os artistas para comprovar a utilização arbitrárias desses princípios. Em seguida, na etapa descritiva, será feita uma análise formal das obras selecionadas na fase exploratória, quando se demostrará a utilização do axioma da seção áurea tanto em obras populares como em obras consagradas, mesmo que de forma inconsciente, por artistas da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia. 7.2. PLANO DE AMOSTRAGEM

Deverá ser utilizada uma amostragem de exemplos de obras da localidade de Cachoeira em número suficiente para análise apurada, com margem de erro aceitável. Serão utilizadas obras de artistas consagrados e populares, que vão da xilogravura a escultura. Também serão utilizadas obras de artistas que utilizam de forma deliberada as proporções matemáticas como termo comparativo para a análise dos trabalhos que utilizarem de forma inconsciente estas proporções. 7.3. COLETA DE DADOS

Os dados serão coletados na cidade de Cachoeira, através de fotografia e captação de áudio e vídeo, no Mercado Municipal, faixadas de prédios e monumentos históricos, faixas de rua, letreiros de lojas do comércio local, ateliês de artistas locais, fundação Hansen Bahia, Fundação Danneman, dentre outras possíveis referências. 7.4. APURAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente será realizada uma análise formal das obras selecionadas a partir dos estudos de Dözci e Elam (Figuras 00 a 00), onde primeiro é identificada a razão da proporção física da obra e em seguida aplica-se traçados reguladores que revelam as reais relações de proporção contidas na mesma. A partir da razão encontrada, defini-se a correspondência entre as proporções de página e a escala musical cromática, como propõe Bringhurst 11.

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A partir deste traçado e da definição da escala das proporções encontradas, busca-se localizar as ocorrências, nas relações entre os elementos visuais que compõe a obra, da extrema razão, ou seja, de relações dinergicas entre estes elementos, que na proposição clássica declara que “o menor está para o maior, assim como o maior está parra o todo”. Estabelece-se então dois grupos de amostras. O primeiro é composto por obras onde fica evidente a relação de dinergia e o segundo por obras onde essas relações não são evidentes. Então realiza-se uma analise da pregnância formal, utilizando-se os conceitos da gestalt de unidade, segregação, unificação, fechamento, continuidade, proximidade e semelhança em ambos os grupos de amostras. 7.5. APURAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir da análise feita, obtem-se o número total de obras onde é clara a relação dinergica entres os seus elementos, além do total de amostras da arte popular onde também ficam evidentes estas relações. Pode-se então constatar a hipótese proposta de que é possível encontrar ocorrências das regras clássicas de proporção na cidade de Cachoeira, tanto na arte popular como no trabalho de artistas locais consagrados mesmo não havendo um conhecimento teórico dessas regras. Também é possível comprovar, através das entrevistas a serem realizadas, a utilização arbitraria, ou não, das relações dinergicas por parte dos autores, podendo-se então constatar a relação inata do indivíduo com tais relações.

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11) Aprovação do Projeto de Pesquisa

10) Finalização da pesquisa

9) Apuração dos resultados

8) Apuração e análise dos dados

7) Entrevistas

6) Coleta de dados

5) Aprovação o anteprojeto

1d 4h

3d 2h

1w 3d 5.5h

1d 2h

1w 0.5h

1w 1…

2w 1d 5h

1w 1…

19 jun - 25Effort jun

4) Formulação do anteprojeto de Pesquisa

3) Aprovação do objeto de perquisa

2) Formulação do problema

1) Levantamento Bibliográfico

Task

26 jun - 2 jul

Tonico

Zimaldo; Notebook

Orientador

Zimaldo; Orientador; Notebook

Zimaldo; Bibliografia; Notebook

Tonico

Zimaldo; Notebook

Orientador; Zimaldo; Notebook

Zimaldo; Notebook

Zimaldo; iPhone

Zimaldo; iPhone

8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 3 jul - 9 jul

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REFERÊNCIAS

BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Tipográfico - versão 3.0. São Paulo: Cosac Naiy, 2005. DISNEY. Donald no País da Matemágica. EUA, 1959. DOCZI, György. O poder dos Limites: harmonias e proporções na natureza, arte e arquitetura. São Paulo: Mercuryo, 1990. ELAM, Kimberly. Geometria do Design. São Paulo: Cosac Naiy, 2010. GOMBRICH, E. H. Arte e Ilusão - Um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. GOMES FILHO, João. Gestalt do Objeto - Sistema de Leitura Visual da Forma. São Paulo: Escrituras Editora e Distribuidora de Livros Ltda, 2004. HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002. LUPTON, Ellen. Pensar com Tipos. São Paulo: Cosac Naiy, 2010. RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: LGE Editora, 2003.

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ANEXO I - REFERÊNCIAL TEÓRICO - TABELAS

Figura 01 - Letreiro de Quiosque (Mercado Municipal)

Figura 02 - Letreiro de Quiosque (Mercado Municipal)

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ANEXO I - REFERÊNCIAL TEÓRICO - ANÁLISE

Figura 01 - Letreiro de Quiosque (Mercado Municipal)

Figura 02 - Letreiro de Quiosque (Mercado Municipal) | 12

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ANEXO II - ANÁLISE FORMAL DE OBRAS DA ARTE POPULAR

Figura 01 - Letreiro de Quiosque (Mercado Municipal)

Figura 02 - Letreiro de Box (Mercado Municipal)

Figura 04 - Numeração indicativa pintada a mão (Mercado Municipal)

Figura 03 - Placa Comemorativa (Rua 25 de Junho)

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ANEXO III - ANÁLISE FORMAL DE OBRAS DE HANSEN BAHIA

Figura 05 - Autoretato

Figura 07

Figura 06

Figura 08 | 14

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