O INFERNO DE DANTE ALIGHIERI E O DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF NO BRASIL

June 29, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Sociology, Economics, Political Science
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O INFERNO DE DANTE ALIGHIERI E O DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF NO BRASIL Fernando Alcoforado* A Divina Comédia, poema épico e obra-prima de Dante Alighieri, foi escrita provavelmente entre 1307 e 1321. O poema passou a ser conhecido como Divina Comédia apenas em sua primeira edição impressa, em 1555. O poema descreve uma viagem onde se sucedem diversos acontecimentos. Sua força está na riqueza das alegorias, que tornam o relato atemporal (Ver o artigo A Divina Comédia- Poema épico de Dante Alighieri elaborado por Helder da Rocha disponível no website ). A Divina Comédia é um poema narrativo rigorosamente simétrico e planejado que narra uma odisseia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso. Dante, o personagem da história, é guiado pelo inferno e purgatório pelo poeta romano Virgílio, e no céu por Beatriz, musa em várias de suas obras. No Inferno, Dante se vê perdido em uma floresta escura, e sua vida havia deixado de seguir o caminho certo. Ao tentar escapar da selva, ele encontra uma montanha que teria de escalar para se salvar, mas é logo impedido de subir por três feras: um leopardo, um leão e uma loba. O Inferno de Dante pode ser comparado com a situação vivida pelo Brasil na era contemporânea cujo governo se vê perdido diante da incapacidade de solucionar as crises política, econômica, de gestão do setor público e ética e moral que enfrenta no momento as quais resultaram de não ter adotado as estratégias necessárias para evitar sua ocorrência e manter o País no caminho certo. A situação do governo Dilma Rousseff no momento atual é similar à de Dante no inferno. Ao tentar superar as crises para se manter no poder, o governo Dilma Rousseff adotou um ajuste fiscal que agravou ainda mais a crise econômica em que vive o Brasil ao ameaçar a sobrevivência das empresas, elevar vertiginosamente os níveis de desemprego e levar o País à bancarrota.Ao adotar o ajuste fiscal que seria sua “montanha” a escalar para se salvar, o governo Dilma Rousseff se defronta com três “feras”: o Congresso Nacional onde não dispõe da maioria necessária para aprovar o ajuste fiscal, a Operação Lava Jato que desnuda a corrupção sistêmica existente em seu governo e o povo brasileiro que a rejeita como presidente da República. Na Divina Comédia, prestes a desistir e voltar para a selva, Dante é surpreendido pelo espírito de Virgílio - poeta da Antiguidade que ele admira - disposto a guiá-lo por um caminho alternativo. Saindo do inferno, Dante e Virgílio se veem diante de uma altíssima montanha: o Purgatório. A montanha é tão alta que ultrapassa a esfera do ar e penetra na esfera do fogo chegando a alcançar o céu. Virgílio foi chamado por Beatriz, paixão da infância de Dante, que o viu em apuros e decidiu ajudá-lo. Ela desceu do Céu e foi buscar Virgílio no Limbo. O caminho proposto por Virgílio consiste em fazer uma viagem pelo centro da terra. Iniciando nos portais do inferno, atravessariam o mundo subterrâneo até chegar aos pés do monte do purgatório. Dali, Virgílio guiaria Dante até as portas do céu. O Virgílio do governo Dilma Rousseff é o ex-presidente Lula que tenta guiar a atual presidente por um caminho alternativo capaz de mantê-la no poder e evitar sua deposição através de impeachment. Este caminho alternativo foi anunciado hoje (02/10) por Dilma Rousseff com a composição do novo ministério que traduz sua capitulação 1

perante o PMDB e também em relação a Lula que voltou a mandar no Palácio do Planalto. Na prática, Dilma Rousseff abdicou do poder passando a exercer apenas nominalmente a presidência da República. O agravamento da crise política e econômica do País fez com que a ameaça de golpismo para remoção de Dilma Rousseff do poder que estaria sendo patrocinada, segundo as forças governistas, pelas forças de oposição ao governo, foi protagonizada pelo PMDB e por Lula que hoje mandam no governo Dilma Rousseff. A composição do novo ministério traduz esta situação. Em outras palavras, o golpe contra Dilma Rousseff foi realizada por Lula e pelo PMDB para impedir a abertura de um processo de impeachment contra Dilma pela Câmara dos Deputados e não pelas forças de oposição ao governo. Se conseguir impedir o impeachment, Dilma Rousseff poderia ganhar sobrevida para enfrentar seu maior desafio: a crise econômica. Será uma missão quase impossível, Dilma Rousseff sair do Purgatório das crises política e econômica, impedir o impeachment e promover o desenvolvimento do País, isto é alçar ao Céu. Na Divina Comédia, No último círculo do purgatório, Dante se despede de Virgílio e segue acompanhado por um anjo que o leva através de um fogo que separa o purgatório do paraíso terrestre. Finalmente, Dante encontra Beatriz e se purifica, banhando-se nas águas do rio Letes para que possa prosseguir viagem e subir às estrelas. Ao contrário de Dante que conseguiu se salvar alçando do Purgatório ao Céu, muito dificilmente o governo Dilma Rousseff conseguirá superar sua “montanha” (o Purgatório) para alcançar o Céu. A “montanha” do governo Dilma Rousseff é representada pelos 4 tipos de crises que precisam ser superadas: 1) crise econômica que ameaça a sobrevivência das famílias com a escalada da inflação e do desemprego em massa, a falência das empresas com o avanço da recessão rumo à depressão e a desestruturação do próprio País com a estagnação econômica e o endividamento público crescentes; 2) crise política que ameaça lançar o País no caos da ingovernabilidade total e da violência e gerar retrocesso político-institucional para manter a ordem; 3) crise de gestão devido à ineficiência e ineficácia das estruturas dos governos federal, estadual e municipal e à existência de governantes incompetentes que demonstram incapacidade para propor soluções para a crise atual e muito menos apontar novos rumos para o País; e, 4) crise ética e moral resultante da existência de corrupção sistêmica generalizada em todas as instâncias do governo e no seio da sociedade brasileira. A trajetória futura do Brasil é de instabilidade política crescente porque a crise econômica brasileira tem raízes estruturais, é sistêmica e o governo Dilma Rousseff não reúne competência política e gerencial para superá-la. A incapacidade do governo brasileiro se manifesta não apenas na solução dos problemas da atualidade, mas, sobretudo por comprometer o futuro da nação. O tempo conspira contra o governo Dilma Rousseff cuja tendência é a de piora da situação atual e de queda na aceitação de seu governo por parte da população brasileira como já se constatou nas pesquisas recentes em que apenas 7% da população brasileira aprovam seu governo. A população brasileira se posiciona contra o governo Dilma Rousseff que é visto como responsável pela corrupção e quebradeira da Petrobras e também por suas desastrosas decisões econômicas no período pós-eleitoral contrárias aos interesses do povo (aumento de tributos, bloqueio provisório de gastos, energia mais cara com corte de subsídios para o setor elétrico e mudanças nas regras de benefícios sociais).

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Esta situação só chegará ao fim com a existência no Brasil de um governo que seja capaz de unir a nação em torno de um projeto comum de desenvolvimento econômico, político e social e seja constituído por gente competente no comando da nação. Diante da incapacidade do governo Dilma Rousseff de evitar o caos econômico e social em curso que tende a se agravar, assegurar a governabilidade política do País e unir a nação em torno de um projeto comum de desenvolvimento, torna-se-á cada vez mais improvável sua permanência no poder. Pelo exposto, o governo Dilma Rousseff não conseguirá sair do Inferno em que se encontra e, se alcançar o Purgatório, dificilmente galgará o Céu. * Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).

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