“O investigador face ao Arquivo – percursos experiências de quem percorre as «caixas»

June 2, 2017 | Autor: Ana Isabel Ribeiro | Categoria: Archives, Historical Research
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O investigador face ao Arquivo.

Percursos e experiências de quem percorre as «caixas» Ana Isabel Ribeiro (FLUC/CEIS20) [email protected] 1ª Jornadas “Archyvos fora da Caixa” * Coimbra 30 de maio de 2016

O trabalho de arquivo define o ‘ofício de Historiador’?

“...many professional historians associate archival research with their rite of passage into the profession. At some point in their careers most scholars have devoted several long weeks to the systematic examination of the carefully sorted primary sources in their chosen field of study. Few historians would disagree that the refereed article, monograph or scholarly study requires a range of evidence, some of which will be extracted from documents held in archives, and used as the basis of discussion and argument” (Sean Cunningham)

O acesso à documentação • O historiador, sobretudo no início da sua investigação, não tem uma não aprofundada que o(s) documento(s) têm uma trajetória própria, têm funções que, por vezes, se distanciam muito do uso que o investigador lhe vai dar; • o historiador, sobretudo o que investiga no contexto de instituições, deve ter algumas noções básicas das relações de organicidade dos documentos como forma de captar as competências, funções, ações e atuações dos órgãos administrativos que intenciona estudar.

• Reconstituir a organicidade da documentação disponibilizada é, dessa forma, outro trabalho preliminar do qual o historiador não pode se eximir. Isso porque, «é completamente absurdo (...) aplicar uniformidade e coerência a arquivos que não eram nem uniformes nem coerentes porque foram produtos de insKtuições diversas, com funções, organizações e procedimentos diversos, em situações históricas diversas» (Subtil, 1996, p. 115)

• A abordagem inicial ao arquivo pode ser decisiva na orientação da investigação. Nesta fase exploratória, o diálogo entre o investigador e o técnico pode revelar-se fundamental.

“The argument here is that the archive(s) is a foreign country to many historians. Of course, it is one that they visit frequently—but perhaps mainly as tourists passing through, focusing on their guidebooks, intent on capturing appealing views, but overlooking their surroundings, not talking to the local inhabitants about what they do, thus failing to understand the country’s real character and animating soul. And might archivists in their present rush to standardization, digitization, and outreach programs stressing numbers of “hits” and clients rather than substance also be changing into rather general tour guides less suitable for such specialist visitors (as historians), content to lead the tourists to the obvious, the well known, the visually appealing, the easy to locate, the popular or politically correct, but less willing, or now, in some cases, less able, to take visitors off the beaten path to the back roads where the real country may be experienced? “ (COOK, 2011)

O conhecimento de como os historiadores se comportam no arquivo pode facilitar esse diálogo: - Abordagem mais “micro-histórica” – o historiador centra-se num documento específico, ou num conjunto de documentos que lhe permite aprofundar o conhecimento de uma comunidade histórica ou um problema muito específico; - Abordagem exploratória - orientação inicial para coleções, sondagem em itens diversos que se torna mais específica à medida que estes vão construindo um conhecimento mais contextualizado, sobretudo das condições de produção da própria documentação – a especificidade vai-se construindo com o tempo e o contato com as fontes e com o próprio arquivo

A era digital e a forma como a relação dos historiadores com o arquivo está a mudar - Os desafios de uma nova forma de percorrer as ‘caixas’.

ü Fisicamente distanciada do arquivo (e do arquivista) e da fonte – acede-se à imagem do documento;

üPossibilidade de recolher uma grande quantidade de informação, num curto espaço de tempo e de voltar à imagem do documento várias vezes, sem constrangimentos. “Tem crescido muito a quantidade de acervos de pesquisa disponíveis na internet, os quais proporcionam uma economia de tempo considerável aos pesquisadores, além do aspecto da democraJzação do acesso às fontes, eliminando-se os obstáculos colocados pela distância e custo de deslocamento e estadia. Todo esse cenário converge para a facilidade em acessar, acumular e lidar com universos de milhares de fontes para a pesquisa, do que decorre a importância e necessidade irrefutável de conhecer e dominar os softwares existentes para a construção de banco de dados.” (Flores, 2015, p. 247)

üDescontextualizada (não há consulta do catálogo, nem tempo para o conhecimento do fundo/coleção; muitas vezes chega-se ao documento via motor de busca)

üCriando a necessidade aperfeiçoar competências de pesquisa nos catálogos eletrónicos e bases de dados (e da compreensão dos critérios de categorização e da ontologias utilizadas);

ü Introduzindo a realidade dos documentos ‘criados’ pelo tratamento de dados que, por vezes, podem ser confundidas ou tratadas como fontes primárias. “... cumpre notar que os sistemas eletrônicos, ao processarem informações, também (mas não só) criam novas fontes históricas, ou seja, os sistemas eletrônicos tornam-se produtores de fontes e não apenas, como ocorria há bem pouco tempo, armazenadores de dados e informações. “ (Boschi, 2010, p. 69)

GeneAll.net - José Henriques de Castro

Costados Família

http://old.geneall.net/B/per_page.php?id=1154452

José Henriques de Castro * Águeda, Recardães 15.02.1730

Pais Pai: Miguel Henriques de Castro * 29.09.1700 Mãe: Luisa Joana de Gouvea * 20.01.1701

Casamentos Coimbra, Santa Justa 26.02.1758 Maria Quitéria Ribeiro

Filhos Francisco de Castro Henriques * 04.10.1776 e Silva Pedro Henriques de Castro Joaquim Henriques de Castro Paulo Venâncio de Castro Henriques

Maria Cândida Umbelina de Matos

Notas Biográficas Bacharel em Leis, Coimbra Dezembargador da Relação do Porto Dezembargador da Casa da Suplicação Vereador do Senado de Lisboa Ministro da Relação do Porto Titulo do Conselho Cavaleiro da Ordem de Cristo

Links Externos Assento de Casamento 1758-02-26, Fonte: Arquivo da Universidade de Coimbra, Santa Justa, Lº 1-C, fls. 106 Correcções / Actualizações

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No entanto, alguns estudos parecem indicar que os historiadores se sentem mais confortáveis a utilizar fontes digitalizadas e ambientes on-line que repliquem os atributos dos arquivos físicos – repositórios confiáveis, descrições detalhadas, identificação clara da proveniência, identificação do documento no contexto de uma coleção, possibilidade de contactar o arquivista e de conhecer conhecer os critérios que presidiram à digitalização dos documentos publicados.

The final section of the survey asked specifically about the use of digitized primary source materials in online environments. The majority (80, or 93%) had used digitized materials in their research endeavors. Eighty respondents went on to complete the rest of the survey. Table 4. Factors Influencing Respondents’ Use of Digitized Materials (n = 80) The reputation of the archival repository

57

Description in online finding aid

46

The ability to access the entire collection online

45

Information regarding the provenance of an item of interest

39

Whether materials in the collection were downloadable

37

Information regarding the provenance of the overall collection

33

Availability of transcripts

28

Ability to consult an archivist about the collection

20

Other

12

Chassanoff , 2013, p. 470

Overall, findings suggest that historians seem to feel most comfortable using digitized sources when an online environment replicates essential attributes found in archives. Materials should be obtained from a reputable repository, and the online finding aid should provide detailed description. Historians want to be able to access the entire collection online and obtain any needed information about an item’s provenance. Indeed, the possibility that certain materials are omitted from an online collection appears to be more of a concern

• A facilidade de acesso à informação aumenta a quantidade de investigações em curso, permitindo o seu alargamento em termos de recorte temático, cronológico e até geográfico, mas tal não significa necessariamente que este aumento se traduza em investigação de maior qualidade; • A maior acessibilidade às fontes impulsionou a transformação de metodologias no trabalho historiográfico e a aquisição de novas competências por parte dos historiadores; • Independentemente do suporte ou do tipo de acessibilidade, a heurística não esgota o trabalho de investigação – a jusante encontra-se a crítica, a análise, o tratamento da informação e aí, e de forma cada vez mais ampliada, estão as capacidades técnicas do historiador e o seu sentido histórico.

Bibliografia • Boschi, Caio, “O historiador, os arquivos e as novas tecnologias: notas para debate”. In Outros combates pela História, coord. Maria Manuel Tavares Ribeiro, 59-71. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2010. • Chassanoff, Alexandra. “Historians and the use of Primary Source Materials in the Digital Age”. The American Archivist, vol. 76, nº2 Fall/Winter (2013): 458480. • Cook, Terry. “The Archive(s) Is a Foreign Country: Historians, Archivists, and the Changing Archival Landscape”. The American Archivist, vol. 74, Fall/Winter (2011): 600-632. • Cunningham, Sean. “Archive skills and tools for historians” http://www.history.ac.uk/makinghistory/resources/articles/archive_skills_and_ tools_for_historians.html (acedido a 28 de maio)

• Duff, Wendy M., and Johnson Catherine A. "Accidentally Found on Purpose: Information-Seeking Behavior of Historians in Archives." The Library Quarterly: Information, Community, Policy 72, nº 4 (2002): 472-96. http://www.jstor.org/stable/40039793. • Flores, Mariana, “Os bancos de dados, os arquivos digitais e o papel do historiador”. Acervo, v. 28, nº 2, Jul/Dez (2015): 240-251. • Miranda, Marcia E., “Os arquivos e o oxcio do historiador”. In XI Encontro Estadual de História. Anais eletrónicos, Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande, 2012: 900-911 http://www.eeh2012.anpuhrs.org.br/resources/anais/18/1346099851_ARQUIVO_XIEncontroAnphuR egional_HistoriadoresnosArquivos_MarciaEckertMiranda.pdf (acedido em 28 de maio de 2016).

Muito obrigada!

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