O jogo escoteiro e o Escotismo em jogo

May 30, 2017 | Autor: C. Sampaio Burgos... | Categoria: Education, Social Studies Education, Etnography, Antropology of Education, Educación No Formal
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O jogo escoteiro e o Escotismo em jogo Carlos Eduardo Sampaio Burgos Dias1

Resumo Este texto é parte de um estudo cujo objeto de análise é o escotismo brasileiro, mais especificamente a pedagogia escoteira. A questão central que o orientou foi compreender como o escotismo se realiza por meio de sua pedagogia. Como os valores escoteiros são transmitidos por meio dessa pedagogia? A resposta a está questão foi construída a partir da análise de uma vasta literatura escoteira somada a um balanço das produções acadêmicas sobre o escotismo brasileiro. Além disso, foi feita uma pesquisa de campo de cunho etnográfico junto a dois grupos escoteiros da região metropolitana de São Paulo. Esse material foi refletido a partir do pensamento sociológico Durkheimiano. Ao analisarmos a literatura escoteira e as produções acadêmicas sobre escotismo notamos que o jogo ou a ideia de jogar parecia central em todas as atividades escoteiras descritas. A pesquisa de campo também permitiu verificarmos que o jogo parecia ser o eixo central dessa pedagogia, e que, independente do conteúdo que se buscava trabalhar numa atividade, o jogo pareceu ser a atividade capaz de cristalizar tais objetivos, podendo ser considerada ferramenta intrínseca a própria pedagogia escoteira. Dentro dessa perspectiva, este estudo analisou os rituais e a crença dos escoteiros na prática do escotismo, podendo assim interpretá-lo como um jogo, uma minissociedade, cuja função metafórica reflete a própria sociedade a qual esses escoteiros estão inseridos. Segundo Baden-Powell o escotismo é um grande jogo ao ar livre. A partir dessa definição do fundador do escotismo, concluímos que o escotismo se realiza como um jogo: o Jogo Escoteiro, capaz de sintetizar os valores e as práticas escoteiras num mesmo universo, sem distinção entre teoria e prática. Esse Jogo Escoteiro se adapta a cada realidade de tempo e espaço de modo que não perca a essência do ato de jogar, constituindo-se como um ensaio para a vida adulta. Palavras-chave: Escotismo; etnografia; educação não formal; jogo; escoteiro.

Introdução “O Jogo Escoteiro e o escotismo em jogo” é um estudo2 que teve como objeto o escotismo brasileiro3, mais especificamente a pedagogia escoteira. Seu objetivo principal foi compreender como o escotismo se realiza através de sua pedagogia, como os valores escoteiros são transmitidos e como esses valores se organizam em relação às práticas escoteiras.

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Licenciado em Pedagogia (2012) pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e História (2007) pela UniABC (Universidade do Grande ABC), atualmente sou Coordenador de Programas Educacionais da Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos, atuando na formulação de políticas públicas para educação básica. Contato: [email protected] 2 Este texto é parte da pesquisa de mestrado realizada entre os anos de 2013 e 2015 na Faculdade de Educação da Unicamp. 3 O estudo aqui partiu da análise do escotismo praticado pela e na UEB (União dos Escoteiros do Brasil). No Brasil outras instituições se denominam escoteiras, porém o recorte deste estudo tratou apenas da UEB por ser a maior, com mais associados no país (aproximadamente 80.000 pessoas em 2014) e a única reconhecida pela WOSM (World Organization of the Scout Movement), entidade escoteira internacional criada pelo fundador do escotismo, Baden-Powell.

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A resposta a essa pergunta se deu na análise de uma vasta literatura escoteira e numa pesquisa de campo realizada em dois grupos escoteiros da região metropolitana de São Paulo, durante o primeiro semestre de 2014, selecionados, a priori, por uma distinção socioeconômica dos públicos atendidos. Esse método etnográfico de pesquisa em instituições de educação não formal aliado a abordagem Durkheimiana do pensamento sociológico permitiu que respondêssemos a essas questões através de uma interpretação qualitativa desse processo educativo.

Referenciais Teóricos Os referenciais teóricos que orientaram esse estudo foram aqueles que Collins (2009) chamou de tradição Durkheimiana de pensamento sociológico4. Para o autor, essa tradição sociológica não surge exatamente com Durkheim, mas tem no autor sua fundamentação teórica sistematizada. Ainda segundo Collins, “essa tradição intelectual enfoca temas como as forças irracionais, a moralidade, o sagrado, o religioso – e declara que tudo isso constitui a essência de tudo que é social” (2009, p.157). Para o autor essa tradição teria duas divisões, uma mais reflexiva em relação a estruturas simbólicas, nesta filiam-se autores da antropologia clássica como Lévi-Strauss e Marcel Mauss, que mais adiante se seguiram por trabalhos de Erving Goffman e outros autores vinculados ao interacionismo simbólico e outra mais atida às concepções funcionalistas consolidadas na tradição americana de sociologia com Parsons e Merton. É na divisão mais reflexiva e próxima da antropologia dessa tradição sociológica que baseei meus estudos, por ser uma linha de raciocínio dessa tradição que me permitiu analisar as estruturas e práticas sociais do escotismo brasileiro a partir de seus símbolos, seus rituais e de sua crença. Nessa tradição sociológica “(...) há uma realidade mais superficial e uma outra mais profunda. Mas, nesse caso, a superfície é constituída, pelos símbolos e rituais, e bem no fundo estão a racionalidade e o subconsciente”. (Collins, 2009, p.157). Para Durkheim (1999) a missão fundamental da sociologia era compreender qual o mecanismo que unia a sociedade, e o que permitia a ela seu funcionamento, conceitos como densidade social e solidariedade orgânica foram elaborados por Durkheim para que se respondesse ao que Collins considerou com a mais valiosa contribuição de Durkheim ao formular a “questão mais básica da sociologia: o que mantém uma sociedade unida?” (COLLINS, 2009, p.161). Seguindo nessa lógica, e pensando no escotismo como uma minissociedade dentro da própria sociedade, ou como uma associação voluntária ou sociedade de ideias como proposto por Nascimento (2008) em seu estudo sobre o escotismo brasileiro, buscamos compreender a partir dessa tradição sociológica o que mantém os escoteiros unidos? Para tentar responder a essa questão analisamos os rituais e as crenças escoteiras buscando compreender os sentidos que os escoteiros dão a prática do escotismo. Para interpretarmos o escotismo e sua pedagogia por meio dessa tradição sociológica, alguns conceitos5 foram empregados nesse estudo, no intuito de compreendê-lo como uma pedagogia não formal, que tem como objetivo formar cidadãos, e que em sua forma específica aglutina milhões de pessoas ao redor do mundo em torno desse objetivo.

4 Em seu livro “As quatro tradições sociológicas”, Collins (2009) organiza as ideias sociológicas em quatro tradições: a tradição racional Utilitarista; a tradição do conflito (com temos Marx e Weber como referências); a tradição microinteracionista (sendo a Escola de Chicago a referência); e, a tradição Durkheimiana. 5 Os conceitos principais utilizados no estudo foram: “Anomia”, “Educação”, “instituição social”, “crença” e “ritual” de Durkheim (2000a, 2000b e 2010); “Mito” e “Eficácia simbólica” de Lévi-Strauss (1985); “Atores”, “representação”, “cenário”, “bastidores”, “fachada social”, “fachada pessoal”, “idealização” e “equipe” de Goffman (1985); “Performance”, “jogo”, “segunda realidade” e “fluxo” de Schechner (2012); e “descrição densa” “jogo profundo” e “jogo absorvente” de Geertz (1978).

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Metodologia Para realização desse estudo utilizei um conjunto de dados de diferentes naturezas, começando pela ampla literatura escoteira produzida pelo próprio escotismo, que contribuiu na compreensão do escotismo enquanto organização e pedagogia. Destaco entre estas os livros escritos por Baden-Powell, Escotismo para Rapazes e Lições da Escola da Vida que permitem compreender as bases teóricas do escotismo, em seus valores e práticas; Além destes, dois trabalhos historiográficos sobre o escotismo merecem destaque, o trabalho de Laszlo Nagy (1987) 250 milhões de escoteiros e o de Jorge Carvalho do Nascimento (2008) A escola de Baden-Powell: cultura escoteira, associação voluntária e escotismo de Estado no Brasil que, respectivamente, apresentam um amplo levantamento da história do escotismo no mundo e no Brasil. Num segundo momento levantei produções acadêmicas sobre o escotismo, e por meio de um balanço desse material aponto que o escotismo parece ser um tema pouco abordado em pesquisas acadêmicas no Brasil. Durante a elaboração deste estudo, foi encontrada apenas 1 tese de doutorado sobre escotismo, e 12 dissertações de mestrado. Além disso, encontramos 19 Trabalhos de Conclusão de Curso, 22 artigos e 15 textos apresentados em congressos, seminários e simpósios. Foram utilizados como base de dados para esse estudo o Banco de Teses e Dissertações da CAPES6 (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o site Domínio Público7, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações do IBCIT8 (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) e o site da União dos Escoteiros do Brasil9 que conta com uma área para divulgação de trabalhos acadêmicos. Como palavras-chave da busca, foram utilizadas as expressões: escotismo, movimento escoteiro, Baden-Powell, escoteiro e Scout. A primeira busca aconteceu em março de 2013 e a mais recente em junho de 2015. Um breve balanço das produções acadêmicas em nível de Pós-graduação stricto sensu nos permite afirmar que há uma predominância desses trabalhos na área da educação e das ciências humanas10, e que o número de pesquisas sobre escotismo é relativamente baixo em relação à quantidade de produções acadêmicas nacional nessas áreas, e que, em sua maioria, foram produzidas por escoteiros ou ex-escoteiros11. Esse estudo então teve como base analítica a escola sociológica Durkheimiana que teve como material de estudos a literatura escoteira, a produção acadêmica sobre escotismo e a pesquisa de campo realizada em dois grupos escoteiros.

6 Ver em: http://bancodeteses.capes.gov.br/ Acesso: 21/07/2015. 7 Ver em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp Acesso: 21/07/2015. 8 Ver em: http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acesso: 21/07/2015. 9 Ver em: http://escoteiros.org.br/downloads/trabalhos_academicos.php Acesso: 21/07/2015. 10 Dos 12 trabalhos acadêmicos encontrados, 5 foram defendidos em Programas de Pós-Graduação em Educação, 1 em Programa de Pós-Graduação em História, 1 em Programa de Pós-Graduação Sociologia, 1 em Programa de Pós-Graduação Antropologia, 1 em Programa de Pós-Graduação Administração, 1 em Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, 1 em Programa de Pós-Graduação em Educação Física e 1 em Programa de Pós-Graduação Ciências da Informação. 11 Das 12 produções acadêmicas brasileiras encontradas em nível de pós-graduação stricto sensu, 8 autores se reconhecem como escoteiros, 2 afirmam não terem sido escoteiros e outros 2 não afirmam, nem negam. Essa informação pode ser interessante se pensarmos que o interesse acadêmico pelo escotismo se dá em sua maioria através de escoteiros que ao ingressarem no sistema acadêmico aproximam suas reflexões teóricas de suas práticas.

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O Jogo Escoteiro A partir dessa linha de raciocínio sociológico e antropológico a proposta de análise deste estudo foi de compreender o escotismo como um ritual ou uma performance em si mesmo, e de pensar como os escoteiros se representam no Jogo Escoteiro. Essa representação do eu na vida cotidiana12, que dialoga e, em algumas vezes até entra em conflito, com as fachadas sociais que se esperam de um escoteiro é que produzem a pedagogia escoteira, é nesse espaço de diálogo e conflito entre aquilo que se é e aquilo que se espera que seja que se dá a formação de crianças e jovens de acordo com uma fachada social que preconiza determinados valores e atitudes. É nesse processo, de jogar o escotismo, que os escoteiros ao longo do tempo vão se apropriando13 dos valores e atitudes escoteiras. Assim, o escotismo, ou sua pedagogia está organizado de forma que nos permita compreendê-lo como uma minissociedade dentro da própria sociedade, ou como um jogo metafórico em relação a própria sociedade, sendo como que um ensaio para o futuro desses escoteiros. E, nesse palco social compreendido como o escotismo, adultos, crianças e jovens jogam o Jogo Escoteiro assumindo determinadas características de um personagem escoteiro cujo objetivo maior é de que as características desse personagem escoteiro transbordem a própria margem do palco escoteiro para a vida cotidiana desses jogadores: escoteiros e escoteiras.

A Pedagogia Escoteira De acordo com a literatura do movimento escoteiro, a pedagogia escoteira é organizada de forma a oferecer à sociedade um adulto correto, apto a conviver, compreender e intervir em sua própria sociedade. O objetivo e o resultado dessa pedagogia é o cidadão adulto14. Pensando no cidadão como resultado de uma pedagogia, o escotismo se organiza por meio de determinados valores, concepções de mundo e sociedade. Para a literatura escoteira, esse processo pedagógico no escotismo acontece quando seus membros aceitam sua proposta, verbalizando a sua promessa e leis escoteiras. Mas essa aceitação se dá no momento em que esses escoteiros e essas escoteiras jogam, inicialmente no escotismo e com o tempo jogam o escotismo. Esse processo é marcado por vários rituais específicos, cada um organizado para um determinado fim e partilhado em um determinado momento, mas o Jogo Escoteiro constitui-se num ritual como um todo, jogado por crianças, jovens e adultos. De acordo com a União dos Escoteiros do Brasil, o escotismo é “um movimento de jovens e para jovens, com a colaboração de adultos, unidos por um compromisso livre e voluntário” (UEB, 2014a, p.4). Caracteriza-se como uma instituição de educação não formal, em complemento a outras instituições educacionais como a escola e a família. Apesar dessa definição de movimento de jovens para jovens, o que pudemos notar é a importância dos adultos nesse processo. Pensando no escotismo como um jogo em si mesmo, uma simulação da própria sociedade,

12 Erving Goffman (1985) em “A representação do eu na vida cotidiana” faz uma metáfora do teatro, com os indivíduos se representando nos diferentes palcos da vida social, apontando para relações ou interações micro sociais. Para Collins (2009) essas interações ou representações podem ser consideradas rituais, ou performances, não se tratando apenas de consequências sociais, ou de negociação de laços sociais, mas que também requerem alguns recursos e habilidades culturais. Esses rituais ou performances mantém a sociedade unida, sendo o elemento de coesão que une os indivíduos a sociedade. 13 Ou se distanciando também, há um grande número de escoteiros que evadem todos os anos no Brasil e no mundo, por variados motivos, alguns por não se reconhecerem na proposta pedagógica escoteira. 14 “Contribuímos para a formação de cidadãos responsáveis que compreendem a dimensão política da vida em sociedade, que desempenham um papel construtivo na comunidade e que tomam suas decisões guiadas pelos princípios escoteiros”. (UEB, 2014a, p.7).

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ou um ensaio para a própria sociedade (quando da vida adulta), todos os seus participes tem papel fundamental como atores-jogadores, cada qual desempenhando uma função específica, determinada pelas próprias regras do jogo. Todas as dimensões fomentadas nesse jogo através dessa pedagogia têm por intuito educar esses escoteiros e essas escoteiras dentro de uma moralidade cívica, fundada em preceitos liberais, que organizam o currículo escoteiro. O propósito do escotismo é estimular o desenvolvimento individual de cada escoteiro especialmente em relação ao caráter, “ajudando-o a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades” (UEB, 2014a, p.6).

O Método Educativo Escoteiro O método escoteiro tem como base o sistema de patrulhas15. Dentro de cada ramo, há divisões internas: as matilhas ou patrulhas16.

“Cada Tropa Escoteira é formada por duas ou mais Patrulhas de seis a oito rapazes. O principal objetivo do Sistema de Patrulhas é dar responsabilidade real a tantos rapazes quantos seja possível. Isto faz com que cada rapaz sinta que tem, pessoalmente, alguma responsabilidade pelo bem de sua Patrulha. E leva cada Patrulha a ver a sua responsabilidade para o bem da tropa. Através do Sistema de Patrulhas os escoteiros aprendem que têm uma considerável participação em tudo que a sua Tropa faz” (Baden-Powell, s/d, p.58).

Em poucas palavras, em seu livro “Escotismo para Rapazes”, Baden-Powell descreveu a lógica da pedagogia escoteira. Um grande jogo, de patrulhas entre patrulhas, fazendo com que os jovens percebam regras, assimilem, coloquem em prática e se ajudem por um bem comum, que consequentemente ajudará em um bem comum maior, a tropa, o ramo, o grupo, etc. Ou seja, preparar o jovem para a sociedade, a vida em equipe, as regras e sua assimilação por um bem comum maior, sua família, comunidade, empresa, sua pátria. De modo lúdico, Baden-Powell construiu um sistema de representação da sociedade, e inseriu o jovem numa sociedade simbólica, a sociedade escoteira, esperando dele, assim que apreender alguns valores escoteiros, além da disciplina e da vivência em equipe que consiga não apenas se inserir, mas ser útil em sua sociedade. Essa própria divisão da sociedade escoteira em estamentos etários ou por gênero já ilustra e reflete a sociedade que estes escoteiros e estas escoteiras irão inserir-se, e também, defendê-la.

15 De acordo com o Glossário Técnico & Manual de Traduções da União dos Escoteiros do Brasil (UEB, 2014b) o sistema de patrulha é considerado um método, seu nome vem do inglês patrol system. “O sistema de patrulha é um dos sete elementos do método escoteiro estabelecidos por Lord Baden-Powell. É uma maneirai eficaz de envolver os jovens na tomada de decisões, dando-lhes experiência de liderança e os treinando para se tornarem ativos atores em equipe e cidadãos responsáveis”. 16 O ramo lobinho, por exemplo, é dividido em uma ou mais alcateias compostas por até quatro matilhas; cada qual é liderada por um lobinho ou lobinha que exerce a figura do primo, este, equivalente a figura do monitor. No ramo escoteiro e sênior o modelo é o mesmo; porém, ao invés de alcateias, as crianças/jovens são divididas(os) em tropas e, ao invés de matilhas, são divididas(os) em patrulhas, lideradas por um monitor ou monitora. O único ramo que se diferencia é o ramo pioneiro; não há nele uma divisão interna, pois todos participam de um mesmo “Clã”, liderados por um pioneiro ou uma pioneira, o/a presidente.

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Resultados De acordo com a literatura escoteira, basicamente enquanto proposta educativa, o escotismo se resume a um movimento de jovens para jovens, apoiados por adultos, praticado por meio de vivências em grupo através de uma pedagogia ativa e ao ar livre, tendo o jogo como eixo simbólico. O protagonismo do fenômeno escoteiro recairia, portanto, sobre crianças ou jovens. Esse protagonismo depende muito mais da visão de quem observa do que da realização do escotismo em si. Se pensarmos em uma das atividades escoteiras, no qual o adulto é o árbitro do jogo, seus jogadores, ou seja, os escoteiros é que desempenhariam papel de protagonistas. Agora se analisarmos o escotismo num todo, organizado por adultos a partir da visão dos adultos sobre a sociedade, o protagonismo desse grande jogo recairia sobre aqueles(as) que conduzem esse jogo. Durante a pesquisa foi possível perceber que os adultos, ou chefes escoteiros são os mediadores dos valores e conceitos escoteiros, mostrando-se até muito mais do que isso, sendo uma referência desses valores para os mais novos. Também foi possível observar a vida em grupo como algo central na pedagogia escoteira. As patrulhas não são necessariamente os grandes eixos dessa relação, cabendo muito mais as tropas essa noção de coletividade, isso talvez pelo aspecto etário ou de gênero; o que foi possível perceber é que as patrulhas funcionam muito mais para assuntos tipicamente escoteiros, jogos, canções ou competições, do que seu caráter simbólico, estes, mais próximo da realidade das tropas observadas. Isso não significa que o modelo do “sistema de patrulhas” já não seja mais viável para o escotismo, apenas que talvez tenha sido ampliado. A ideia de vida em grupo, com divisão de tarefas sob alguma liderança se manteve durante todo o período observado. Já a ideia de vida ao ar livre, ou contato com a natureza, parece ser uma das coisas que mais permanecem e se dizem atuais no escotismo. Hoje num contexto globalizado de grandes cidades urbanas, esse contato é algo muito valorizado, e ajuda a compor o cenário lúdico do escotismo, a tirar os escoteiros da realidade que participam, em geral o meio urbano. Os dois grupos escoteiros observados se localizam em regiões urbanizadas em suas cidades. Estamos aqui falando da ideia de contato com a natureza, que permite que esses grupos, mesmo em lugares urbanizados, consigam enxergar no próprio contexto aspectos de um cenário próximo ao natural que possa contrastar com aquilo que é visto no cotidiano. Ou seja, um parque, ou um simples gramado tornam-se espaços muito valorizados entre escoteiros. A ideia de uma pedagogia ativa parece ser algo fundamental ao escotismo. Esse lado ativo da pedagogia escoteira refere-se muito mais a atividade corporal, mas não se reduz a isso, sendo possível observar numa mesma atividade um aspecto prático envolvendo corpo, mente, sociabilidade e moralidades. Essa ideia de uma pedagogia ativa está muito atrelada a atividades que privilegiem os movimentos do corpo, como correr, subir, descer de árvores, por exemplo, e a um certo protagonismo das ações dos jovens. Como essa pedagogia se dá, via de regra, por meio de jogos, isso exige que todos os participantes, ou jogadores, tenha algum tipo de protagonismo, se não em todo o jogo/atividade, mas ao menos em alguma parte. A grande síntese de todo esse método pedagógico é o jogo. Ferramenta intrínseca a pedagogia escoteira, o jogo parece sintetizar todo esse universo metodológico e conceitual do escotismo, simbolizando muito mais do que uma pedagogia ativa em disputa entre escoteiros e suas patrulhas, e sim, uma visão de mundo mediada por regras, ou regulações da atividade do cotidiano. Jogar o Jogo Escoteiro compreendendo suas regras parece ser o eixo pedagógico dessa proposta chamada escotismo.

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Considerações Finais Esse estudo buscou responder como o escotismo se realiza enquanto pedagogia, ou seja, como acontece para que os valores escoteiros sejam transmitidos aos jovens escoteiros e como esses valores se organizam em relação às práticas escoteiras. Como já apontado, a resposta a essa pergunta foi construída a partir da análise de uma vasta literatura escoteira somada a uma revisão das produções acadêmicas sobre escotismo no Brasil e na pesquisa de campo realizada em dois grupos escoteiros da região metropolitana de São Paulo permitindo que fizéssemos apontamentos sobre a pedagogia do escotismo brasileiro a partir da reflexão sobre esse material. Segundo Baden-Powell o escotismo é um grande jogo ao ar livre. A partir dessa definição do fundador do escotismo, concluímos que o escotismo se realiza como um jogo: o Jogo Escoteiro. Capaz de sintetizar os valores e as práticas escoteiras num mesmo universo, sem distinção entre teoria e prática. Esse Jogo Escoteiro se adapta a cada realidade de tempo e espaço de modo que não perca a sua essência, um grande jogo jogado como um ensaio para a vida adulta. Neste ensaio, escoteiros e escoteiras, chefes e assistentes de chefia desempenham papeis de jogadores pré-determinados pela próprias regras do Jogo Escoteiro, e a aceitação as regras por meio da prática do Jogo Escoteiro ao longo do tempo, pode ser considerada o elemento central dessa pedagogia. Num ensaio, o erro é válido, e a aceitação as regras e a vida social escoteira acontecem lentamente, na repetição do cotidiano escoteiro, de seus rituais. Para Baden-Powell (1986, p.49) “A educação só pode ser medida pelos seus resultados e nunca pelos seus métodos, por excelentes que possam ser. Esse ponto fica muitas vezes esquecido”. Esse resultado no escotismo só poderá ser conhecido quando o escoteiro(a) se tornar adulto(a), até lá, esse jogo, para o escotismo será apenas um ensaio, para os(as) escoteiros(as) um jogo que está sendo jogado. O Escotismo em jogo, ou quando o escotismo está em jogo é algo como que um estado de transe, de modo que o jogador não tome consciência do próprio ato de praticar o escotismo. Quando adultos e jovens estão jogando o Jogo Escoteiro, preocupações maiores sobre o próprio Jogo Escoteiro ou o que ele representa para além do escotismo parecem ficar longe, fora de contato com esses jogadores que se concentram no jogo e no ato de jogar. Quando isso acontece, quando o escotismo está em jogo podemos dizer que os escoteiros entram em seu fluxo. Schechner (2012) faz uma metáfora desse fluxo do jogo a partir do jogo de baseball norte-americano ou da experiência desse jogo para os jogadores durante o ato de jogar uma partida:

“Compreender o fluxo nos revela algo importante sobre a relação entre a interpretação do significado de um jogo específico e a experiência de jogar esse jogo... seja qual for a interpretação, os próprios jogadores, se estiverem em fluxo, estarão focalizados na demanda imediata da atividade. O baseball pode ser interpretado como uma viagem perigosa de um herói, do tipo Ulisses, o batedor que bate a bola a fim de se arriscar no perigoso território do inimigo, onde ele pode ser posto para fora a qualquer momento, estando seguro apenas quando estiver em uma das três ilhotas (as bases), obtendo sucesso somente quando chega em casa. Ou o baseball pode ser visto como uma idealização romântica de um espaço aberto e verdejante, o espaço da bola, esculpido no meio de uma cidade urbanizada, construída de asfalto e tijolos. O baseball pode ser inúmeras coisas no nível simbólico e semântico. Mas enquanto o jogo estiver sendo jogado, o baseball é sobre arremessar, bater, correr; é sobre o trabalho em equipe e realização individual”. (SCHECHNER, 2012, p.105-106).

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Esse fluxo do Jogo Escoteiro aconteceu nos momentos em que pudemos observar uma relação de confiança entre os chefes e os escoteiros, e essa relação pareceu ser algo como que um fluído desse fluxo pedagógico. Estabelecida uma relação de confiança entre as partes (adultos como referência e jovens como aprendentes), a apropriação da crença escoteira e do significado dela para além do escotismo parecia se realizar de modo tranquilo, sem que as partes parecessem ter consciência desse ato de jogar. Esse jogo, tomando a expressão de Geertz (1978) torna-se absorvente para os escoteiros por significar muito além daquilo que parece ser, uma brincadeira entre crianças orquestrada por adultos. Assim, ainda dentro dessa ideia, o Jogo Escoteiro é para os escoteiros uma espécie de educação sentimental, cuja moral ou ethos do próprio Jogo educam meninos e meninas a partir de experiências em ambientes seguros, alicerçados em laços afetivos entre aqueles que participam de seus grupos escoteiros, sendo o Jogo Escoteiro para os escoteiros um “acontecimento humana paradigmático”, sendo apenas um jogo, e mais que um jogo:

“É justamente isso, o colocar em foco essa espécie de experiências variadas da vida cotidiana, que a briga de galos executa, colocada à parte dessa vida como ‘apenas um jogo’ e religada a ela como ‘mais que um jogo’. Ela cria, assim, o que pode ser chamado de acontecimento humano paradigmático, um nome melhor do que típico ou universal (...)” (GEERTZ, 1978, p.211)

Como Geertz (1978) apontou, nem toda briga de galo é absorvente, assim como no escotismo, nem toda atividade escoteira é absorvente para todos. Esse grau de absorção não é possível de ser medido, mas é perceptível quando notamos como adultos e crianças se doam ao Jogo Escoteiro. E, é nesse jogo metafórico da sociedade jogado em um ambiente considerado seguro pelos escoteiros e para os escoteiros que a pedagogia escoteira acontece, numa ação de adultos sobre crianças em seu sentido Durkheimiano de educação17, a partir dos jogos/ atividades e do jogo no seu todo, o Jogo Escoteiro.

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17 “Chegamos, portanto, à seguinte fórmula: A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais dela exigidos tanto pela sociedade política em seu conjunto quanto pelo meio especial ao qual ela está particularmente destinada”. (DURKHEIM, 2010, p.36-37).

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______. As formas elementares da vida religiosa: O sistema totêmico na Austrália. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2000a. ______. Educação e sociologia. Trad. Maria de Fátima Oliva do Coutto. São Paulo: Hedra, 2010. ______. O Suicídio: Estudo de Sociologia. Tradução Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2000b. GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. GOFFAMN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia Santos Cardoso. Petrópolis (RJ): Vozes, 1985. LÉVI-STRAUSS, Claude. A eficácia simbólica; A estrutura dos mitos. In: LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Tradução de Chaim Samuel Katz e Eginardo Pires. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985. p.215-237-265. NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. A escola de Baden-Powell: cultura escoteira, associação voluntária e escotismo de Estado no Brasil. Rio de Janeiro: Imago, 2008. NAGY, Laszlo. 250 milhões de escoteiros. Tradução Jairo Antunes da Costa. Porto Alegre (RS): União dos Escoteiros do Brasil – Rio Grande do Sul, 1987. SCHECHNER, Richard. Prefácio; Introdução; Ritual; Jogo. In: LIGIÉRO, Zeca. Performance e Antropologia em Richard Schechner. Tradução de Augusto Rodrigues da Silva Junior et al. Rio de Janeiro: Mauad X, 2012. p.9-128. UEB. União dos Escoteiros do Brasil. O Projeto Educativo do Movimento Escoteiro. [internet]. Acessado em 27/09/2014. Disponível em: www.escoteiros.org.br/downloads. 2014a. ______. Glossário Técnico & Manual de Traduções. [internet]. Acessado em 27/09/2014. Disponível em: www.escoteiros.org.br/downloads. 2014b.

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ANAIS

Editores Rosely Aparecida Liguori Imbernon Luiz Cesar de Simas Horn Marcos Ramacciato Nicolle Zancanaro Fabio Souza

DIAGRAMAÇÃO Raphael Luis K.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Biblioteca)

978-85-87050-07-6

Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.

PróLogo O Movimento Escoteiro é capaz de revolucionar o mundo, na verdadeira concepção da palavra revolução, no sentido de transformar, alterar, modificar. É praticamente consenso que a educação é o caminho para que as coisas melhorem e neste contexto a Educação Escoteira é uma poderosa ferramenta para deixarmos esse mundo melhor do que o encontramos. A parceria entre a Universidade de São Paulo e a União dos Escoteiros do Brasil para a realização do 1º Congresso Brasileiro de Educação Escoteira comprova que estamos seguindo na direção certa e demonstra que temos muitos pesquisadores dedicados a investigar, explicar ou complementar o que este Movimento já fez, faz e fará. A diversidade de assuntos e abordagens que se encontra nestes anais comprovam que esta foi uma decisão arrojada, mas certeira. A excelência dos palestrantes e das palestras, em um feliz encadeamento dos temas, proporcionou aos participantes uma experiência gratificante e recompensadora. Para quem usufrui das experiências proporcionadas por este Movimento (aqui incluindo as Bandeirantes do Brasil) este Congresso foi gratificante pela abordagem científica que o fazer destes voluntários abnegados recebeu e com toda a certeza recompensante pela convivência com cientistas, educadores, estudantes e irmãos escoteiros e bandeirantes do Brasil e do exterior todos interessados em aprender mais, em fazer melhor e ainda compartilhar o conhecimento com o próximo. Especial agradecimento a Diretoria Executiva Nacional dos Escoteiros do Brasil e a Universidade de São Paulo. Aos palestrantes, expositores, debatedores, oficineiros, relatores, comunicadores, profissionais que organizaram e, principalmente, participantes que fizeram deste 1º Congresso Brasileiro de Educação Escoteira um sucesso, o nosso Muito Obrigado! Desfrutem deste conteúdo, discordem, debatam, se inspirem e comecem a elaborar os trabalhos para os próximos congressos.

Marcos Carvalho

Presidente do 1º Congresso Brasileiro de Educação Escoteira

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ÍNDICE CONFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 7 O Escotismo como ambiente de aprendizagem - 8 Propósito do Escotismo e seu papel junto à educação formal - 9

PALESTRAS ............................................................................................................................. 11 Educação não formal - 12 Interdisciplinaridade e complexidade: uma possibilidade de desfragmentar a realidade - 13

SEMINÁRIOS ........................................................................................................................... 15 A Contribuição do Método Escoteiro no desenvolvimento da autonomia - 16 O processo de socialização de crianças apoiado por um fundo de cena - 17 As atividades escoteiras e a formação da identidade - 18

COMUNICAÇÃO ....................................................................................................................... 20 A escoteira muçulmana: um breve ensaio sobre Escotismo, islã e gênero - 22 Projetos educacionais para a juventude brasileira: Igreja Católica, Estado Novo e Movimento Escoteiro nas décadas de 1930 e 1940 - 29 Alimentação saudável no Escotismo: proposta de preparações por meio de fichas técnicas de preparo - 43 Mowgli: o mito do herói vivido no Movimento Escoteiro - 53 O jogo escoteiro e o Escotismo em jogo - 61 O Movimento Bandeirante e as relações de gênero no contexto social brasileiro no século XX: os desafios da construção do objeto de pesquisa - 71

A inserção de conteúdos de geociências nas ações pedagógicas do Movimento Escoteiro no Brasil - 79 Dirigindo um carro com um remo: as incongruências na gestão da organização escoteira 92 Escotismo como fator de promoção de saúde e prevenção da violência, uma revisão da literatura - 105 Raíz(es) e ramificações do Movimento Bandeirante - 123

RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................................. 131 Relato de uma experiência: o uso de metodologias lúdicas no ensino de graduação - 132 Relato de experiências de interação entre Universidade e Grupo Escoteiro - 139 Utilizando ensino por competências e educação a distância na formação de adultos da Região Escoteira da Paraíba - 147 Escotismo e parques urbanos: a experiência do Grupo Escoteiro Barão de Teffé (16º/ES) e o Parque Municipal Marista em Vila Velha - 154 Lanceiros negros: da primeira Promessa Escoteira à primeira promessa de amor - 163 O Método Escoteiro é suficiente? - 170 Projeto Escotismo na Escola no Paraná: lições de uma experiência pioneira - 180 Escotismo como medida de promoção de saúde e prevenção da violência - 194 Relato de experiência na prática e vivência do projeto “Escotismo na Escola”, no Paraná - 205 O ensino a distância como formação dos adultos no Movimento Escoteiro - 210 O Escotismo proporciona igualdade social - 218 A formação do chefe escoteiro e a prática de ensinar lobinhos - 221 Atividades experimentais em astronomia - 231 Inclusão de pessoas com deficiência no Movimento Escoteiro - 245 Educação e escotismo: aspectos da pesquisa acerca da coeducação no movimento escoteiro - 251

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PÔSTER ................................................................................................................................ 259 Um resgate histórico do GEPL, para contribuição na sua reorganização para formação da juventude em Cuiabá/MT - 260 A importância do Escotismo como educação não formal na sociedade de Porto Alegre no inicio do século XX - 263 A postura do adulto no Movimento Escoteiro - 271 Baden-Powell e Ferrer I Guardia: possíveis diálogos pedagógicos - 278 Especialidade de astronomia: um despertar para iniciação científica - 287 Oficinas e Módulos: um processo de aperfeiçoamento contínuo - 302 Estratégias da aplicação de atividades mateiras no Ramo Escoteiro - 312 Gênero e Escotismo: as trajetórias percorridas pela mulher ao longo do Movimento Escoteiro - 319

ENCAMINHAMENTOS ......................................................................................................... 325

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