O jornal DataNews no contexto da Informática nos anos 1970 – uma aproximação.

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O jornal DataNews no contexto da Informática nos anos 1970 – uma aproximação.1 VIANNA, Marcelo (doutorando) 2 Pontifícia Universidade Católica/RS - CNPq Laboratório de História Comparada do Cone Sul/CNPq Resumo: Os anos 1970 marcaram o fortalecimento do campo da Informática brasileira a partir da constituição de uma Política Nacional de Informática que, por sua vez, orientou o nascimento de uma indústria nacional de computadores e periféricos. Este movimento, pautado por discursos e ações em prol de uma autonomia tecnológica, contou com a participação de um grande número de agentes sociais, como setores da tecnocracia estatal e comunidade técnico-científica. Uma das fontes utilizadas para mapear esse processo e seus agentes são as publicações especializadas em Informática. Nosso trabalho visa, em caráter exploratório a partir dos estudos de Bourdieu e Marchetti sobre o campo jornalístico, discutir os primeiros anos de um destes periódicos, o jornal DataNews. Ele se caracterizou por ser um veículo ágil de notícias sobre temas tecnológicos computacionais até então de difícil circulação nos grandes periódicos. No entanto, deve ser interpretado como um agente participante desse processo e não mera fonte, tendo em vista sua relação com os demais membros do campo da Informática na produção de notícias. Desta forma, pode ser percebido como um meio de trocas entre jornalistas – com destaque feminino – interessados em fortalecer a publicação e agentes do campo da Informática imbuídos pela causa nacionalista tecnológica. Palavras-chave: História da Mídia Impressa; Imprensa Especializada; História Social da Informática.

Uma das fontes mais importantes para o estudo da História da Informática brasileira, o jornal DataNews ainda carece de um olhar mais apurado dos pesquisadores. Criado em março de 1976, o jornal foi uma das primeiras publicações especializadas em Informática no país e se caracterizou por ser um veículo ágil de notícias sobre temas tecnológicos até então diluídas na grande Imprensa. No espaço de três anos, o jornal logrou o reconhecimento dos agentes do campo da Informática brasileira, tornando-se a principal publicação especializada no tema no país. O jornal DataNews foi uma fonte formidável por discorrer os acontecimentos 1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Impressa, integrante do 10º Encontro Nacional de História da Mídia, 2015. 2 Marcelo Vianna é doutorando em História pela PUCRS/CNPq. Historiador pela UFRGS, sócio da ALCAR e integrante do Laboratório de História Comparada do Cone Sul/CNPq. É coautor de Comunidade Negra de Morro Alto: Historicidade, Identidade e Territorialidade (Ed. UFRGS, 2004) e autor de Os homens do Parquet: Trajetórias e Processo de Institucionalização do Ministério Público do RS (2013). Atualmente pesquisa a formação do campo da Informática no Brasil a partir dos anos 1970 e sua disseminação na sociedade, no qual a Imprensa tem um papel apreciável. Também atua em projetos paralelos, como a formação e atuação de elites da administração pública no RS entre 1889 e 1945. Endereço eletrônico: [email protected]

tecnopolíticos (HECHT, 2001) do final dos anos 1970 e possibilitar identificar agentes, grupos, instituições em sua constante disputa pela primazia do espaço social da Informática brasileira. Em seus 87 números entre março de 1976 e dezembro de 1979, foi possível acompanhar as ações que levaram a Comissão de Coordenação de Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE) tentar colocar em prática uma Política Nacional de Informática, as tentativas da IBM e Burroughs em contornarem a barreira de importação, as ideias e os projetos da comunidade científica brasileira (Núcleo de Computação Eletrônica-UFRJ, Laboratório de Sistemas Digitais-USP, entre outros), as mobilizações de associações (SUCESU, APPD, ASSESPRO3) em seus interesses de classe, as incursões iniciais de empresários em um mercado em desenvolvimento, as démarches da Cobra Computadores em busca do desenvolvimento do primeiro computador nacional... enfim, mesmo perceber como um grupo de agentes, os quais conhecidos como “barbudinhos”, “técnicos nacionalistas frustrados” (EVANS, 1986) ou “guerrilhas ideológicas” (ADLER, 1987) buscaram articular uma projeto de autonomia tecnológica em Informática para o país, mapeando as redes estabelecidas, as divergências presentes e os grupos que se articularam contra essa proposta. Entretanto, o objetivo desta comunicação é discutir o jornal DataNews e seus jornalistas como agentes sociais deste campo em formação. O que intencionamos é exercitar uma crítica contra a concepção ingênua e descritiva das fontes jornalísticas, já que obscurecem a validade de muitas informações presentes em suas páginas (CAPELATO, 1994; ROMANCINI, 2005).4 Posicionar o DataNews e entender um pouco da sua relação com o campo da Informática brasileira leva a perceber como o jornal buscou um nicho como publicação especializada e garantiu aos seus envolvidos uma sobrevivência no dinâmico campo jornalístico brasileiro. Assumindo assim uma interpretação bourdiana sobre a constituição dos espaços sociais e ações de agentes envolvidos, realizamos uma primeira exploração sobre o tema, observando que se trata ainda de uma pesquisa em curso.5 Sociedade de Usuários de Computadores e Equipamentos Subsidiários (SUCESU), Associação dos Profissionais de Processamento de Dados (APPD), Associação das Empresas de Serviços de Processamento de Dados (ASSESPRO) 4 Da mesma forma, se evitará compreendê-las como espelhos das classes dominantes, a serviço de interesses estrangeiros e incapazes de serem autônomas – uma visão presente em autores clássicos como Nélson Werneck Sodré (2011) e que ainda impactam sobre trabalhos atuais. 5 Para isso, agradecemos as informações prestadas pelas jornalistas Gilda Furiatti, Vera Dantas, Silvia 3

A publicação especializada O surgimento de uma Imprensa especializada em Informática acompanhou a passagem dos computadores do mundo militar e acadêmico para o mercado comercial ao final dos anos 1950 (FLAMM, 1987; CERUZZI, 2003; CAMPBELL-KELLY, 2014). É o que se pode inferir a respeito do caso norte-americano, quando periódicos como Datamation, Computers and Automation e Computerworld nos anos 1960 exploraram e criaram uma demanda por notícias vinculadas ao desenvolvimento da Informática, como o surgimento de novos computadores, sua disseminação nos meios comerciais, seus usos sociais, etc. Desses, Computerworld (1967) funcionou como um jornal propriamente dito (ao invés de uma revista mensal) e se propôs como mediadora dos sistemas e informações lançadas pelos fabricantes e as preocupações dos usuários, expondo muitas vezes problemas sobre a eficiência de determinadas máquinas e procedimentos. Ao explorar o filão “qual a sua necessidade?”, Computerworld atraiu a ira das fabricantes e a fidelidade de um público de assinantes, que garantiu não só sobrevivência do empreendimento, mas alavanca-lo para uma trajetória de expansão nos anos 1970.6 O surgimento de publicações especializadas em Informática no Brasil acompanhou lentamente esse processo, tendo em vista as características do desenvolvimento do país. Embora em expansão, um número significativamente menor de computadores7 – e por decorrência – consumidores, pode ser apontado como um indicador do baixo número de publicações especializadas. Em linhas gerais, até o surgimento da revista Dados e Ideias em 1975, suas circulações eram restritas e dirigidas, tanto a um público acadêmico quanto a usuários de Centros de Processamento de Dados privados e estatais. Nesse sentido, informativos da IBM (“Notícias Brasileiras” – 1966) e Burroughs (“Eletronica” – 1964) funcionavam como meios de propaganda de seus mainframes, enquanto a Revista Brasileira de Processamento de Helena e Eric Hippeau para a pesquisa. 6 Entrevista de Patrick McGovern ao The Computerworld Honour Program em 04.08.2000. Disponível em . Acessado em 20.03.2015. 7 O parque computacional brasileiro em 1970 apenas detinha 415 máquinas (VIANNA, 2014) contra 74070 computadores disponíveis no mercado norte-americano (FLAMM, 1987, p.135).

Dados (1971) atendia aos associados da SUCESU com uma cobertura de acontecimentos e novidades técnicas disponíveis no mercado nacional. Com o avanço da Informática no Brasil nos anos 1970, levando ao crescimento de Centros de Processamento de Dados (CPDs), laboratórios e bureaux de serviços e ao surgimento de uma indústria nacional de computadores, aliado a um significativo grau de mobilização de tecnocratas e comunidade técnico-científica e do próprio Estado em busca de soluções tecnológicas autóctones, pareceu iniciar uma redefinição das publicações especializadas. Neste aspecto, o caráter tecnopolítico estava muito claro no Boletim Informativo da CAPRE (1973) e, especialmente, na revista Dados e Ideias. Esta última, concebida por tecnocratas liderados por Mário Ripper, funcionou como portavoz da comunidade técnico-científica e tecnocracia, transformando-se em uma publicação com importante repercussão nos meios técnicos e políticos e que pela primeira vez, explorava o grande público (VIANNA, 2013). Seus artigos não tinham a preocupação com aplicações comerciais tampouco discutir problemas técnicos quotidianos dos CPDs, mas divulgar, mobilizar e discutir politicamente – através das expertises da comunidade técnico-científica, tecnocratas e jornalistas – os problemas e as soluções que capacitariam empreender a autonomia tecnológica. Posicionando o DataNews As origens do DataNews remontam aos meados de 1974, quando o jornalista francês Eric Hippeau dedicava-se a uma coluna semanal sobre computadores no único periódico de língua inglesa no Rio de Janeiro, Brazil Herald. Ao perceber a expansão da Informática no Brasil e a capacidade de gerar interesse do público, buscou apoio financeiro para fundar o jornal DataNews. Com suporte de Fernando Gasparian, diretor do semanário Opinião, e escrito em português, Eric Hippeau editou oito números ao longo de 1975, logrando obter publicidade das empresas multinacionais, como Data General e Wang, interessadas na potencialidade do mercado brasileiro. Porém, ao final de 1975 o governo brasileiro declarou, a partir dos efeitos do Choque do Petróleo de 1973, a instituição de um controle sobre importações de determinados produtos que mais afetavam a balança de pagamentos do país. Entre eles estavam os computadores, que passariam a ter sua importação controlada pela CAPRE a

partir de 1976 (EVANS, 1986; ADLER, 1987; DANTAS, 1988). Segundo Eric Hippeau, os anunciantes recuaram e Fernando Gasparian desistiu do projeto.8 A saída encontrada foi encontrar contatar o idealizador do Computerworld e presidente do grupo IDG, Patrick McGovern ao final de 1975. A história dessa aproximação teve episódios folclóricos9, mas para Computerworld, em processo de expansão no mundo, financiar o empreendimento e ceder material para o DataNews em troca de uma participação societária e nos lucros da publicação, era um negócio apreciável. 10 Com o projeto aprovado e recursos garantidos, um novo DataNews surgiu em março de 1976 e a partir de então, uma equipe de jornalistas colaboradores foi se estabelecendo, como Ricardo Inojosa, Claudiney Santos, Ney Seara Kruel, Gilda Furiatti, Vera Dantas, Eloísa Guardia, Sílvia Helena, Luís Carlos Silva Eiras. A intenção era fazer o DataNews um periódico nos moldes da Computerworld. O formato e a estrutura do jornal não diferiam radicalmente do modelo proposto. DataNews assumiu o formato tabloide, impresso em papel-jornal, com circulação quinzenal direta aos assinantes. O número de páginas e a quantidade de anunciantes denunciam o seu sucesso – uma edição do início de 1977 possuía 12 páginas e contava com sete pequenos anunciantes, para alcançar em setembro de 1979, uma média de 42 páginas, com 16 grandes anúncios de empresas nacionais e multinacionais (boa parte indústrias de computadores). Um número especial, como a edição de 18.10.1978, às vésperas do XI Congresso Nacional de Processamento de Dados (CNPD), alcançou 170 páginas distribuídas em oito cadernos. No entanto, o foco apenas em questões técnicas logo passou a enfrentar críticas da jornalista Gilda Furiatti, defensora de uma abordagem mais crítica e política dos acontecimentos.11 O debate pareceu polarizar-se, entre jornalistas mais identificados com o discurso de autonomia tecnológica e aqueles liderados por Eric Hippeau que se ocupavam em traduzir matérias ou se dedicavam a aspectos mais técnicos da

Email de Eric Hippeau ao autor em 21.03.2014. McGovern encontrava-se no escritório em Boston observando uma tempestade de neve quando recebeu a ligação de Eric Hippeau, convidando-o a visitar o Rio de Janeiro. Após tratativas, ambos selaram o acordo e realizaram uma oferenda para Iemanjá na praia de Copacabana no Ano Novo. Para Patrick McGovern, a “magia” deu certo, já que DataNews foi bem sucedido. Patrick McGovern – op.cit. 10 O grupo de publicações IDG controlado por Patrick McGovern se expandia no início dos anos 1970 pelo mercado europeu, fundando versões da Computerworld na França, Inglaterra e Alemanha. 11 Depoimento de Gilda Furiatti ao autor em 13.03.2014. 8 9

Informática. Apesar dos conflitos, o jornal tornou-se administrável pela habilidade de Eric Hippeau e pela combatividade de Gilda Furiatti no comando da redação.12 Gilda Furiatti, uma jornalista jovem com experiências no jornal O Globo e na televisão, entendeu haver no DataNews “falta de vínculo com a realidade brasileira”, observando que o periódico não podia se fechar ao debate tecnopolítico existente e que motivava o governo a restringir as importações de computadores. Coube a ela explorar o órgão que controlava esse processo, a CAPRE em busca de abrir sua “caixa-preta”. Várias tentativas foram realizadas “até que um cara respondeu para mim o seguinte: a instituição não falava com esse pessoal do jornal norte-americano.” A jornalista acabou apelando a contatos em comum para alcançar um alto tecnocrata do órgão – Arthur Pereira Nunes – e entrevista-lo: Simplesmente o jornalista precisa da fonte, precisa da informação. (...) No momento que ele sentou na minha frente para me ouvir, eu abri o jogo para ele: eu estou com isso na minha mão. Eu quero contar essa história e você é do CAPRE. Quem é a CAPRE? O que a CAPRE está fazendo? Eu quero que me diga e eu vou abrir o jornal para vocês.13

Na visão de Gilda Furiatti, era necessário exercer o “verdadeiro jornalismo”14. Para ela, era um erro o jornal enfocar a divulgação de matérias sobre instalação de computadores em repartições e empresas, enquanto “o pau estava quebrando dentro do governo” – ou seja, deveria se explorar os conflitos que ocorriam para estabelecer a Política de Informática. Essa aproximação, assim como outras praticadas por jornalistas do DataNews, teve importante significação, pois se traduziu não só em obtenção de fontes exclusivas, mas verdadeiros consultores tecnológicos 15, reafirmando o poder Pode-se argumentar que Eric Hippeau e Gilda Furiatti representavam as tensões estabelecidas no campo do jornalismo, profundamente heterônimo, permeável as influências políticas e econômicas (CHAMPAGNE, 2010). A preocupação de Eric Hippeau era certamente manter as operações comerciais a fim de garantir a lucratividade do DataNews, como a captação de anunciantes, entre eles multinacionais. 13 Depoimento de Gilda Furiatti ao autor em 13.03.2014. 14 Trata-se de uma afirmação da depoente, o que enfatiza a construção de um ethos do jornalista que o orienta no campo, pautando-se por valores como objetividade, liberdade de opinião e capacidade de investigação e que ressaltam sua autonomia profissional. 15 Entre eles estavam Ivan da Costa Marques (diretor da Digibrás e CAPRE, considerado um dos ideólogos da autonomia tecnológica), Mário Ripper (diretor do SERPRO, editor da Dados e Ideias), Ricardo Saur (secretário-executivo da CAPRE). Os três seriam considerados os principais articuladores da Política Nacional de Informática da época, ainda que houvesse divergência entre eles sobre os rumos a 12

jornalístico do DataNews. Vale observar que o estabelecimento de um periódico especializado como o DataNews responde a passagem de um polo do jornalismo “generalista” para o praticado por especialistas. Para Dominique Marchetti (2010), isto traduz uma relação especial do profissional com suas fontes e a aplicação de sua expertise16 em traduzir a fala do expert para o público leitor comum. Críticas sobre a atuação do jornalista especializado surgem: seria ele apenas um porta-voz das suas fontes? Seu olhar não seria parcial por justamente se dar conta de apenas uma especialidade? Para o autor, revela-se uma tensão do próprio campo jornalístico, com a carga dos jornalistas “generalistas” como capazes de dominar as técnicas jornalísticas (“capacidade de pesquisa”, “clareza”, “objetividade”, “credibilidade”...) e de possuir consistente visão de mundo, enquanto os especialistas – sobretudo aqueles que atuam na grande Imprensa – lutam pelo reconhecimento profissional dos pares que os permita melhor ocupar o espaço social jornalístico (MARCHETTI, 2010, p.67-68). Essa luta por reconhecimento passava por uma questão de gênero no jornalismo: embora os anos 1970 vivenciasse o processo de profissionalização (com o reconhecimento da profissão através da exigência do diploma de curso superior em Comunicação Social) e experimentasse a ascensão na Imprensa, determinados espaços sociais a serem cobertos pela Imprensa eram notoriamente demarcados por “antigos” e “homens”; assim, Esporte e Política, por exemplo, naturalmente cabiam numa dimensão masculina do jornalismo (reflexo da própria dominação do habitus masculino no campo jornalístico). Margareta Melin (2008) percebeu que essa dicotomia não era claramente colocada em termos de gênero, mas em termos jornalísticos – hard e soft news – as quais por força da construção social do habitus, remetem tanto uma distinção de gênero quanto de status dos temas abordados pela Imprensa. É possível pensar a ascensão destas mulheres na Imprensa especializada como um espaço possível, dado o relativo desinteresse do tema Informática – um tanto técnico quanto abstrato, portanto árido ao grande público. Sílvia Helena, como repórter do serem seguidos. 16 Expertise pode ser visto como uma espécie de capital cultural acumulado pela aquisição de saberes acadêmicos/intelectuais (credenciados pelo diploma) e/ou pelas experiências práticas.

Jornal do Brasil, logrou realizar uma matéria sobre a Divisão de Fabricação do Serpro em 1976 muito provavelmente pela chance em cobrir uma pauta nada atraente a boa parte dos jornalistas. Logo ela constituiu a fama de ser a “menina de Informática do JB”, exigindo-se em contrapartida estudar os jargões e coletar informações de um campo estranho aos jornalistas (Informática, também reconhecidamente masculino).17 Essa dedicação a capacitou incursionar como “frila” no DataNews e ser reconhecida como jornalista especializada no tema, levando-a nos anos 1980 editar um livro sobre a História da Cobra Computadores e assumir a editoria da revista Info. Por esta lógica, é possível pensar que jovens jornalistas no DataNews tiveram a oportunidade de reconverterem uma situação de desprestígio e submissão no campo jornalístico ao reafirmarem sua identidade profissional (e também de gênero) através do “verdadeiro jornalismo”. O surgimento de uma geração de “meninas da Informática”18 a participarem das redações nos anos 1980 ainda é um elemento a explorar neste processo, mas tem suas raízes no DataNews dos anos 1970. Pode se especular outros elementos que influenciaram uma atuação mais engajada no jornalismo: a experiência e identificação com processo de abertura política promovida pelo governo Geisel (SKIDMORE, 1988), com críticas ao autoritarismo vigente (e em alguns casos, identificação ou militância na esquerda política) e por leituras críticas sobre o papel da tecnologia na sociedade. 19 No entanto, deve-se destacar o interesse dos agentes do campo da Informática para que o DataNews fosse bem sucedido. Isto partiu da percepção de que o DataNews era um espaço de manifestação para suas falas autorizadas.20 Nesse aspecto, se a publicação busca constituir uma visão da Informática como útil e necessária aos diferentes grupos sociais, natural que houvesse uma convergência para este veículo de

Depoimento de Sílvia Helena ao autor em 17.03.2014. Como ficaram conhecidas as jornalistas atuantes no campo da Informática brasileira entre o final dos anos 1970 e década de 1980. Depoimento de Vera Dantas ao autor em 02.04.2014. 19 Entre as obras que circulavam, encontrava-se “O desafio americano” de Jean-Jacques Servan-Schreiber (1976), um libelo contra a expansão norte-americana no campo tecnológico sobre a Europa. O contato com membros da comunidade técnico-científica proporcionaram acesso a novas obras, como o Relatório Minc-Nora de 1978 e trabalhos sobre a realidade computacional de países como França, Japão e Índia. 20 A fala autorizada funciona como uma opinião de indivíduos, que, chancelados pelos seus saberes e com recursos, colocam-se como capazes de fazer valer sua opinião “autorizada” sobre um tema – que os demais grupos sociais não se sentem seguros a fazer (BOURDIEU, 2003, p. 83). 17 18

informação de diferentes agentes do campo que viam (e legitimavam) na publicação a capacidade de expor e propagar suas ideias com maior magnitude do que as publicações controladas pelos próprios ou dispersas pela grande Imprensa.21 É possível argumentar as trocas entre os agentes como “translações” entre os campos da Informática e o jornalístico. Nesse sentido, podemos inferir que a construção de espaços sociais exige uma aproximação e negociação entre agentes que não atuam em um mesmo campo (EYAL, 2013), mas que podem convergir em torno de um interesse comum (a questão da autonomia tecnológica). Assim, através da aproximação entre agentes e técnicas, estabelecem-se redes e a partir delas, ações que possibilitam potencializar um objetivo comum, mas também seus próprios espaços. É razoável perceber que a aproximação do DataNews e da comunidade técnico-científica possibilitou reforçar os dois lados – o primeiro, em estabelecer sua autonomia como uma publicação especializada (e sem rivais) em Informática, o segundo, por encontrar um veículo eficiente para propagação de suas ideias e suas iniciativas para estabelecer uma indústria nacional de computadores. Notícias Embora houvesse se estabelecido uma relação dos jornalistas com suas fontes – especialmente comunidade técnico-científica, empresários nacionais e tecnocratas, isto não significou transformar o DataNews em um mero porta-voz dos interesses desses, ainda que houvesse uma identificação com a causa comum. Se essa relação obteve facilidades de informações (entrevistas, notas, artigos, vazamento de informações sigilosas, ideias), por outro houve a abertura a outros grupos e instituições do campo da Informática externar suas preocupações, permitindo o DataNews contemplar uma visão mais abrangente do campo. Isso trouxe posições contrárias e críticas à Política Nacional de Informática, como as preocupações dos representantes da SUCESU com o atraso tecnológico proporcionado pelas dificuldades de importação, ou dos representantes das multinacionais, liderados pela IBM, em busca do “alegado” direito de colocar seus

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“Eu ganhei ele e ele me ganhou” foi a conclusão de Gilda Furiatti em seu encontro com o representante da CAPRE.

produtos no mercado nacional.22 Outras eram francamente incômodas ao governo, como a contínua aparição da APPD nas páginas do DataNews, sua luta pelo reconhecimento dos direitos do trabalho de CPDs e suas constantes opiniões sobre a política.23 Chama a atenção que, embora os temas tecnopolíticos (tabela 1) inegavelmente concentrassem as atenções do periódico, não havia no DataNews o expediente corriqueiro do “editorial” no qual se explicitasse as posições do periódico. Um dos motivos pode ter sido justamente as divergências da redação, mas também revelar uma estratégia em não expor demasiadamente o jornal em um campo conflituoso que era a Informática brasileira. 24 Posicionamentos eram colocados diretamente aos leitores através de entrevistas, mesas redondas ou artigos25, da mesma forma que havia um uso intensivo de matérias jornalísticas produzidas pela Imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, no qual eram incorporadas e analisadas pelo DataNews, que na qualidade de uma publicação especializada, autorizava-se a discuti-las e explora-las mais detalhadamente. Data

Título

21.06.1976

Sistema

Assunto /32



agora

Made in Brazil

Anuncia a intenção da IBM em fabricar no Brasil o sistema /32. O anúncio provoca a reação da comunidade técnico-científica visando

barrar

a

iniciativa

que

poderia

impedir

o

desenvolvimento de uma indústria nacional de computadores. 16.06.1977

Minicomputador

tem

pacote definitivo

Discute a carta-convite proposta pela CAPRE para escolher três fabricantes de minicomputadores no país, a partir de critérios que preveem nacionalização tecnológica.

17.08.1977

Data General alerta EUA

DataNews obtém e divulga na íntegra uma carta do presidente

e pede fim de restrições

da Data General ao Congresso norte-americano queixando-se das práticas protecionistas do governo brasileiro no campo da Informática.

“Fabricantes estrangeiros contra política nacional” – DataNews, 07.12.1977. “A situação está um pouco emocional” – DataNews, 16.05.1979. 23 “APPD: médio porte pode aniquilar nova indústria” – DataNews, 20.12.1978; “APPD questiona benefícios da Informática” – DataNews, 03.01.1979; “APPD-RJ: os técnicos e a Política de Informática” – DataNews, 07.02.1979. 24 Ainda assim, havia casos de jornalistas do DataNews que eram mal vistos pelas multinacionais, ao ponto da IBM vetar entrevistas. Depoimento de Gilda Furiatti em 13.03.2014. 25 Jornalistas mais experientes, como Gilda Furiatti e Vera Dantas, tinham autonomia para propor pautas, contribuindo na elaboração de seções e mesmo números especiais sobre temáticas consideradas relevantes no momento, como “formação profissional”, “segurança de dados” e “transferência tecnológica”. Para cobrir as pautas, os jornalistas buscavam os especialistas – a expertise do jornalista especializado não deixa de ser a capacidade de encontrar o detentor de expertise do tema a ser abordado. 22

21.09.1977

Política em novo impasse

Discute nota contraditória da CAPRE referente ao recebimento de propostas para produção de minicomputadores, incluindo propostas de multinacionais sem parceiros brasileiros.

04.01.1978

1978: a montagem de

Discute o resultado da carta-convite, com a escolha de três

uma indústria

empresas nacionais (Edisa, SID e Labo), as queixas dos perdedores, o impacto e desafio no nascimento de uma indústria nacional de computadores.

20.12.1978

Computadores: um caso

Artigo de Ivan da Costa Marques criticando a decisão da

de

CAPRE em permitir a atuação de multinacionais no setor de

sobrevivência

nacional

médios computadores, colocando em risco todo o esforço nacional. O artigo marcou a quebra de unidade dos defensores de uma Política Nacional de Informática

02.05.1979

Reformulação Informática

da gera

Colhe impressões sobre a intervenção dos militares sobre o campo da Informática.

repercussão 03.10.1979

Saur: o modelo atual

Às vésperas do anúncio do surgimento da Secretaria Especial de

deverá ser mantido

Informática, o ex-secretário da CAPRE concede entrevista discutindo os rumos que serão tomados a partir de então na Informática brasileira.

Tabela 1 – Exemplos de temas tecnopolíticos abordados pelo DataNews.

Um exemplo pode ser visto na matéria “Política em novo impasse”, de Gilda Furiatti em 21.09.1977. Ao discutir a nota emitida pela CAPRE em 13.09.1977 a respeito do recebimento de propostas para produção de minicomputadores no Brasil, a jornalista faz uma compilação da repercussão em outros periódicos, como Gazeta Mercantil e Folha de São Paulo. Ao reunir os discursos favoráveis e contrários obtidos pela grande Imprensa, buscou repercutir o problema das multinacionais terem apresentado propostas sem respeitar os critérios estabelecidos – entre eles, a presença de sócios nacionais capazes de absorver tecnologia – e um aparente recuo da CAPRE em aceitar estas propostas, divulgadas pela nota em questão. Junto a isso, um pequeno histórico dos enfretamentos entre a CAPRE e a IBM, insatisfeita por ver seu sistema /32 barrado no mercado nacional desde 1976. Nesse aspecto, Gilda Furiatti foi capaz de recolher as opiniões espalhadas, sintetizando-as ao leitor do DataNews a fim deste perceber o “jogo político” em questão. Para o historiador, certamente este tipo de matéria permite mapear as posições

do campo da Informática, mas também traz o DataNews como capaz de mobilizar opiniões favoráveis à autonomia tecnológica e, indiretamente, de exercer sua pressão sobre a CAPRE para que não recue em seus propósitos nacionalistas. Levando-se em conta ainda a boa relação de agentes do órgão com o periódico, algumas “pressões” foram levantadas a partir do próprio vazamento de informações propositais para que o DataNews divulgasse e a partir daí, como notícia, gerar repercussão com a intenção de debelar resistências internas ou corrigir o rumo de determinadas decisões. Nesse caso em questão, fontes ligadas a CAPRE muitas vezes forneciam pautas à redação a respeito de intenção de vetos aos projetos da IBM e suas tentativas de burlar a atuação do órgão. Havia uma identificação com os ideais nacionalistas defendidos pela comunidade técnico-científica, especialmente atendida nas páginas do DataNews, seja pela divulgação das recomendações dos Simpósios sobre Computação na Universidade (SECOMU)26, seja pela apresentação de seus projetos tecnológicos. DataNews viu a oportunidade de destacar estes últimos pela época do Congresso Nacional de Processamento de Dados (CNPD). Em 1977 e 1978, o jornal dedicou cadernos especiais como prova da competência tecnológica alcançada.27 Levando-se em conta o caráter multifacetado do CNPD, por justamente reunir diferentes agentes do campo da Informática (defensores ou não da autonomia tecnológica), não deixa de ser um claro posicionamento do DataNews aos seus leitores sobre os caminhos tecnológicos a serem adotados pelo país. Da mesma forma, não se contemplou apenas os esforços da Cobra Computadores ou das primeiras empresas de minicomputadores do país (Edisa, SID e Labo), capazes de obter espaços na grande Imprensa: pequenos e médios empresários como Scopus, Parks e J.C. Melo encontraram no DataNews um espaço de divulgação para suas iniciativas e ambições tecnológicas. 28 Por fim, vale perceber que DataNews ainda reservou espaços para temas

Por exemplo, “Secomu: proteção à tecnologia nacional” - DataNews, 07.02.1979. Por exemplo, “Tigre – um terminal gráfico inteligente”, “O PADE da USP” - DataNews, 19.10.1977; “A UCP de médio porte do Núcleo de Computação da UFRJ”, “Um modem síncrono de 2400 BPS, projeto de pós-graduação da UFRS”, “O LSD-3: um mini da EPUSP para formação de estudantes” – DataNews 03.10.1978. 28 Entre os exemplos, “O TVA-800 da Scopus” (terminal de vídeo) – DataNews, 19.10.1977; “Parks aperfeiçoa tecnologia desenvolvida no Sul” (modem) – DataNews, 21.03.1979; “Na fábrica de J.C. Melo, um caminho brasileiro para o minicomputador” – DataNews, 06.04.1977. 26 27

especiais, alguns deles um tanto complexos e de difícil trato na grande Imprensa como base de dados, redes de comunicação, transferência tecnológica, mecânica fina. Boa parte das abordagens visou superar o tecnicismo, dando um enfoque mais crítico, como o polêmico projeto governamental em estabelecer um registro único para cada cidadão brasileiro – o Registro Nacional de Pessoas Naturais (RENAPE). O tema foi abordado à exaustão pelo jornal através de entrevistas e artigos que congregavam desde a comunidade técnico-científica até integrantes da CAPRE contrários ao projeto a respeito do perigo de um novo “1984” no país. 29 A prisão de Darcy Ribeiro em 23.11.1978 por um erro na base de dados da Polícia Federal ao embarcar para um congresso no México reascendeu o debate, originando um número especial do DataNews30, lançando o problema das tecnologias sobre as liberdades individuais frente ao Estado, uma questão sensível ainda no contexto do Regime Militar. Conclusão – “já sabíamos decifrar” Ao longo de sua complexa cobertura e construção de relações com suas fontes, o DataNews pode experimentar o final de sua fase de pioneirismo em 1979. Foi quando a publicação presenciou a intervenção militar no campo da Informática brasileira, desalojando a CAPRE e colocando em cheque os esforços até então obtidos para assegurar a autonomia tecnológica. O DataNews pouco pode fazer: muitas de suas fontes passaram a ser excluídas do jogo, graças ao sigilo imposto pelos militares (DANTAS, 1988) tornando o periódico incapaz de antecipar movimentos. Foi um momento de dificuldade para alguns jornalistas, dada as relações de amizade construídas ao longo do tempo, um sentimento de impotência frente as circunstância da intervenção que alijou os agentes que pensavam a autonomia tecnológica da condução política do processo (MARQUES, 2012). Quando surgiu a Secretaria Especial de Informática em 08 de outubro de 1979, as relações passariam a ser distintas, dificultadas pela falta de informação e pelo grau de “O sinistro silêncio da identidade única” – DataNews, 21.09.1977; “Dois projetos para proteger a intimidade do cidadão” – DataNews 01.03.1978; “O indivíduo, o uso das informações e o poder do Estado” 07.06.1978; “Da teleinformática a devassa do indivíduo” – DataNews 03.01.1979. 30 Segundo Darcy Ribeiro, entrevistado por Vera Dantas: “Para nós, é importante a regulamentação do uso policial dos computadores. Isso é tanto mais necessário, porque o governo, além de estar armado com fuzis, agora está armado [com] computadores contra os cidadãos” DataNews, 03.01.1979. 29

insulamento imposto pelos militares na condução da Política de Informática, agora sob o prisma da Segurança Nacional. Porém, para alguns jornalistas, essa relação de proximidade deixava de ser tão necessária e como observou Gilda Furiatti, encerrou-se uma fase de aprendizagem: “já sabíamos decifrar”. De fato, tanto o jornal quanto seus principais jornalistas provaram isto – DataNews manteve-se ao longo dos anos 1980 como o principal periódico de Informática do país, enquanto Gilda Furiatti, Vera Dantas, Silvia Helena, Ney Seara Kruel, Claudiney Santos mantiveram uma trajetória destacada no jornalismo especializado, ocupando posições de editoria ou publicando obras nos anos 1980. Não por acaso, com base na sua experiência e contatos cultivados por seus anos de DataNews, Vera Dantas produziu o livro “Guerrilha Tecnológica” em 1988, recontando a trajetória da Política Nacional de Informática a partir de seus agentes mais destacados. Referências

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