“O Labirinto e o Caos: narrativas proibidas e sobrevivências num subgênero do funk carioca”

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O Labirinto e o Caos: narrativas proibidas e sobrevivências num subgênero do funk carioca Dennis Novaes e Carlos Palombini Tá tudo vigiado, O sistema tá sorrindo. Quer pegar o bonde? Cai pra dentro do labirinto! (MC Orelha, “Sistema”, abr. 2010)

I. Semântica e Pragmática O proibidão é um subgênero da música funk carioca, ao lado do consciente, da putaria, da montagem, do melody e da ostentação. Esses termos remetem preponderantemente a temáticas: o proibidão, à vida no crime;1 a putaria, a proezas eróticas; o melody, ao romance; a ostentação, ao alarde de bens. Mas também a técnicas: a montagem, à repetição de fragmentos vocais de procedências diversas; e a pontos de vista: o consciente, às perspectivas explicitamente críticas, pedagógicas ou moralizantes. Aos seis subgêneros se poderiam acrescentar: o gospel funk, designado por sua temática; e o funk comédia, o funk neurótico e o pop-funk, designados cada um por seu etos. Se temas, técnicas, pontos de vista e disposições definissem isoladamente um subgênero, caberiam as perguntas: Quando os fragmentos advêm de proibidões, trata-se de montagem ou proibidão? A bandidagem apresentada de modo crítico resulta em proibidão ou consciente? Se a vida do crime exalta seu poder de compra, temos proibidão ou ostentação? Efetivamente, a montagem constitui tanto uma técnica de produção musical2 quanto uma estética; proibidão e consciente são manifestações de consciências diversas (ou da mesma consciência) que se exprimem em contextos diferentes (ou no mesmo contexto), em registros distintos; grifes são elementos de identidade que, nos anos 1990, afixaram o pertencimento a este ou àquele grupo (amigo ou alemão, Lado A ou Lado B, Comando Vermelho ou Terceiro Comando), e a ostentação de armas, de grifes e de mulheres foi característica do proibidão em seu fastígio.3 Temas, técnicas, disposições e pontos de vista articulam-se de formas complexas no decorrer da história do funk carioca para definir o que seja um proibidão, um consciente, uma putaria, uma montagem, um melody, uma ostentação, um gospel, um comédia, um neurótico ou um pop-funk.

1 Utilizamos itálicos, de preferência a aspas, para termos e expressões nativos. Para uma definição de “o crime”, ver Facina e Palombini (2016: 124–125). 2 No subgênero montagem, a expressão “técnica de produção musical” equivale à “técnica composicional” da música erudita, análoga à da música concreta de 1948, sobretudo no que concerne ao “Estudo patético” (Schaeffer 1950: 42–43). 3 Localizamos esse apogeu entre a Chacina do Pan, em 2007, e a ocupação militar dos Complexos da Penha e do Alemão, em 2010. Nesse período, o Baile da Chatuba tornou-se uma plataforma de lançamentos, e o Complexo da Penha, um celeiro de artistas: os MCs Smith e Max, o DJ Byano, os compositores Praga e Cláudio da Maragogi etc.

Embora fundamentada na semântica nativa, tal concepção não corresponde necessariamente a sua pragmática: MCs, DJs, compositores, empresários e funkeiros empregarão ou não o termo de acordo com estratégias de legitimação — quer almejem valerse do cacife do movimento (de seu capital subcultural, diria Sarah Thornton), quer prefiram dissociar-se deste perante interlocutores potencialmente hostis. Assim, os termos neurótico e consciente adquirirão valor de eufemismos, e o subgênero não deixará de sujeitar-se ao clássico antagonismo segundo o qual haveria um proibidão do mal, apologético, e um proibidão do bem, cronístico ou moralizante, e este só não seria consciente por insipiência da sociedade.4 A expressão rap de contexto manifesta a ligação da música com a localidade (o contexto, no sentido literal) e as narrativas da facção (o contexto, por extensão), e seria portanto a mais denotativa, não carregasse consigo as conotações de rap bom, do contexto. Ela foi utilizada sobretudo por volta dos anos 1998 e 1999, mas caiu em desuso no decênio subsequente. A produção musical e a performance podem contribuir para aproximar ou afastar o rap das esferas do proibidão ou do consciente. “Falcão do morro”, do MC Dido, na voz do autor, em produção do DJ Mortadela (2010), é um proibidão, mas nas vozes dos MCs Dido e Marcelly, em produção dos DJs Dennis e Victor Jr (2011), torna-se um consciente. “Amigo da antiga”, do MC Andrezinho Shock, na voz do MC Tikão, em produção do DJ Kbelinho (2009), é um proibidão, mas “Tempos de moleque”, a mesma música na voz do autor em produção do DJ Gilberto (2010), torna-se um consciente. “Vida na cadeia”, com Mr. Catra, em produção dos DJs Ratinho e Grandmaster Raphael (1998), é um consciente, mas ao vivo, no CD O Fiel (1999), torna-se um proibidão. Contribuem para os reenquadramentos alterações na letra e diferenças de produção musical, de performance vocal, e de personalidade artística dos intérpretes. A criminalização será o selo de qualidade diruptiva conferido pelo Estado a uma estética musical.

II. Vozes Um dos precursores do subgênero,5 o MC Mascote,6 autor do “Rap do Comando Vermelho”, de 1998, primeiro hino da facção, rechaçou o termo proibidão em mesa-redonda sobre o subgênero na Quarta Conferência Funk, no Museu de Arte do Rio, a 26 de agosto de 2015: “Não é proibidão. Para mim, na minha opinião, não é proibidão!” Ele explana: Sabem quem está falando pra vocês? Um dos maiores colaboradores do Estado! O MC, que canta... proibidão? Para mim não é um proibidão. Eu me considero um colaborador do Estado. Porque através do meu rap proibidão — vocês falam que é proibidão, não julgo ninguém, a sociedade diz que é proibidão — eu pude relatar, eu e vários MCs, o que acontecia aqui em cima. Eu chamei a atenção da autoridade. Eu chamei a atenção do Estado. (Eleva o tom) Olha só o que acontece aqui em cima! (Grita) Socorre nós, meu irmão! Socorre nós! (Pausa) Se não a gente vai ter de continuar batendo palmas

Sobre o uso do termo “sociedade” na terceira pessoa do singular, ver Novaes (2016). Juntamente com os MCs William e Duda, o MC Galo, os MCs Cidinho e Doca, e o MC Márcio do Cacuia (hoje, Márcio do Espírito Santo). 6 Na fala de uma das personagens d’A lenda do funk, manuscrito inédito de Marcelo Gularte (2014: 429) gentilmente cedido pelo autor, o MC Galo “vem um pouquinho antes” do MC Mascote, mas o debate ali não gira em torno do proibidão. 4 5

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para isto aqui. Eu cantei uma realidade que um dia — minha palavra não voltou vazia — cortou minha própria carne, quando perdi o meu irmão. Quem me conhece, sabe. O que eu cantei não foi proibidão. O que eu cantei foi o que eu vivi. O que eu cantei foi o que eu presenciei. O que eu cantei foi o que um dia eu sofri. (Cordeiro e Palombini 2015)

Mascote mostra sua reação aos críticos. Não lembro bem quando, fui convidado para um debate numa TV a cabo. E aí teve um amigo nosso — hoje ele trabalha na Xuxa, (irônico) é um grupo muito famoso: (escande as sílabas) “o nosso amigo”. Ele criticou o proibidão. Eu falei para ele: (intimidante) “Você mora onde, ô, moleque? Onde foi tua vida? Você morou onde? Você morou no morro? Você morou no morro? Você não morou no morro. Então é fácil meter o pau no rap dos outros. Estou contando, me relatando. Isso aqui não é proibidão. Isso aqui é um relato, rapaz. É um relato!” Eu discordo muito quando tem esta palavra: proibidão. Eu sei que todo o mundo está falando porque a sociedade fala mesmo. Porque eles querem (com dor) fechar os olhos para o que acontece lá, (suave e firme) mas não adianta. Pode fechar os olhos que a gente vai gritar lá de cima. (Cordeiro e Palombini 2015)

Autor do segundo hino da facção, “Na Faixa de Gaza é assim” (2009), e aprendiz confesso de Mascote, o MC Orelha endossa o mestre quando declara em seu Instagram, a 2 de maio de 2015, em Belo Horizonte: “A favela é um grito em meio a tanto silêncio nas cidades, um grito que incomoda!” Ao divulgar em rede social, a 10 de junho de 2014, a faixa “Somos CV”, produzida pelo DJ Gurilão, ele ironiza: “Parei de cantar proibidão; agora só canto permitidão, uma realidade que ainda existe: tá aí, escuta quem quiser.” Orelha sela sua fidelidade ao subgênero em declaração pública de 11 de maio de 2015: “Vejo vários MCs deixando de cantar proibidão porque sabem que está fora de moda e comercialmente não é bem visto, [...] mas quando todos se forem, aqui estarei.” De uma localidade fictícia, “Rio de Gaza ou Faixa de Janeiro?”, ele se explica a 13 de abril de 2015: Descrevo em minhas letras a realidade criminosa e violenta das periferias, mas isso não quer dizer que eu seja a favor dessa guerra que mata pessoas diariamente. Fico pensando aqui como deve ficar a consciência de uma pessoa que acaba de tirar a vida de outra a troco de nada. Bandido, polícia ou cidadão comum, somos todos seres humanos que deveríamos preservar nossas vidas como Deus nos ensinou. Nessa guerra não existe lado certo porque a guerra já é um erro.

Provocado por críticas oriundas do próprio meio, Orelha reage a 25 de setembro de 2015. Aí eu abro o Facebook e vejo uma porrada de gente falando que o proibidão está acabando com o funk. Porra! O funk é muito maior do que esse mundinho onde vocês vivem: “quem é mais pica”; “quem é mais relíquia”; “quem é o cara do momento”; “quem grava carimbo”; “quem toca por cinquenta Reais”; “quem está acabando com o funk”. O funk vai ser sempre funk (putaria, consciente, proibidão, melody, ostentação, comédia, pop), e pra mim quem está acabando com o funk são os parasitas que ficam gerando intriga no mundo funk.

Em resposta à matéria “Prisão de jovem que ouvia funk ‘criminoso’ e sua liberação por juiz

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que citou Chico Buarque provocam debate” (Lichote 2015),7 publicada na seção de cultura do jornal O Globo em 13 de julho de 2015, ele se manifesta no Instagram, para concluir com uma frase do rap “Nasci Comando Vermelho”. Saiu uma matéria no jornal O Globo falando um pouco sobre o estilo de funk. Inclusive citaram meu nome. Entendam uma coisa: escrevo e interpreto letras que relatam o dia a dia na favela, dia a dia esse que é repleto de coisas boas e legais de serem cantadas, mas prefiro cantar a realidade vivida por parte dos criminosos, não me fazendo um criminoso por isso, pois tal realidade também faz parte desse dia a dia, e eu só canto o que acontece. E se acontece, a culpa não é minha. Como eu mesmo falo: “se tem gente pra comprar, vai ter gente pra vender”.

Ao estrear “Faixa de Gaza 2” na Roda de Funk de São Gonçalo, no Recanto do Caranguejo, na madrugada de sexta-feira, 13 de novembro de 2015, ele exclama: “Tá ligado no meu ritmo: canto proibidão mesmo, o que muitos chamam de proibidão, que pra mim é liberdade de expressão: esse bagulho de apologia ao crime não existe!” Presente ao evento, Mascote ratifica: “Orelha, continua nessa de proibidão!” (apud MC Orelha). Intérprete consumado das composições de Cláudio da Maragogi e Praga, o MC Smith se expressa nos seguintes termos em sua residência, na Penha, a 9 de fevereiro de 2015. Aqui nós éramos8 jornalistas verbais. Nós não publicávamos nada em jornais, em livros, em rede social. Nossa parada era mais narrada, mais cantada, mais interpretada. Então as pessoas meio que... Toda essa pegada musical, que afrontava muito o governo, secretaria de segurança, chefe de polícia e até algumas pessoas do Estado... Nós éramos chamados de marqueteiros do tráfico. Foi o que a delegada falou pra gente lá, quando eu e os outros MCs fomos presos.9

O compositor Praga sintetiza, em sua residência, na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, a 14 de junho de 2013. Vivemos numa falsa democracia. O proibidão fala o que não se quer escutar. Quando dizemos “vida bandida”, é tudo o que não querem ouvir. O governo sabe que é uma realidade, mas não quer que seja vista, que seja veiculada. O proibidão é o que fizeram na ditadura: isso pode, aquilo, não. No que atingisse o governo militar, não se podia tocar. Cantasse uma música desagradável aos ouvidos do general no poder, a MPB não podia ser tocada, era proibida pela censura, o AI-5. Falasse de Geisel, dessa gente, censuravase. Hoje é mais ou menos isso. Se você disser “Comando Vermelho” ou “A.D.A.” ou “Terceiro Comando” ou o que seja, não pode. Mas o filme Tropa de elite, o livro Tropa de elite, onde eles falam que torturam mesmo, que matam mesmo, é coisa normal, e não “apologia”. É uma grande hipocrisia. As pessoas só fazem homenagem ao traficante porque é ele quem promove o baile. No dia em que o governo começar a promover o baile, a dar oportunidade de trabalho para essa rapaziada (acabamos de falar sobre quantos empregos o funk gera), quem sabe essas pessoas não farão uma Sobre os antecedentes dessa matéria, ver Araújo (2015), Fantti (2015) e Torres (2015). Smith fala no pretérito imperfeito porque a cena do proibidão esmoreceu desde a ocupação militar dos Complexos da Penha e do Alemão, em novembro de 2010, e o próprio MC distanciou-se do subgênero após sua prisão, em 15 de dezembro daquele ano. 9 O MC Galo foi detido numa blitz no Leblon em 14 de dezembro, mas Smith refere-se a outro inquérito, em função do qual os MCs Frank, Tikão, Max e ele mesmo foram presos na quarta-feira, 15 de dezembro de 2010, enquanto o MC Dido apresentou-se no dia seguinte (Palombini 2013). 7 8

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homenagem ao governador, ao invés de ao traficante? Pode mudar.

III. Verdade/veracidade O proibidão associa-se às palavras grito, realidade e relato na voz do MC Mascote; a grito, realidade, relato, descrição e dia a dia na do MC Orelha; a afronta, jornalismo, narração e interpretação na do MC Smith; a realidade na de Praga. Se realidade é o termo mais frequente, as afirmações de que o proibidão constitua realidade da favela ou crônica da vida no crime devem ser tomadas sob ressalvas. Em primeiro lugar porque, embora diga respeito a uma parcela de seus moradores, que convivem com ela ou nela tomam parte, a vida no crime não constitui a realidade da favela, mas uma parte desta à qual nem todos são simpáticos. Depois porque, em que pesem as presunções de autoridade do legislativo, do judiciário, do ministério público e da polícia em questões que não lhes concernem, bem como as caricaturas de atividade jurídico-policial teatralizadas pela mídia, asserções sobre a verdade do proibidão só podem emergir de análises que coloquem em relação: narrativa (conteúdo), narração (modos e pontos de vista por meio dos quais a enunciação narrativa se efetua), as personas artísticas do autor, do DJ e do intérprete, suas biografias, suas plateias e suas performances. A complexidade dessa trama faz de qualquer análise um ato interpretativo. É outro o problema da veracidade. Ele coloca em jogo a conexão entre uma realidade e sua narrativa. Seus âmbitos são o do jornalismo, o da investigação policial, o do testemunho perante a Justiça. Efetivamente, sequer a matéria de imprensa, o noticiário radiofônico ou o telejornal podem clamar para si o estatuto de realidade dos fatos. Numa partida de futebol irradiada, os fatos sonoros ocorridos em campo ou nas arquibancadas não constituem evento esportivo senão à guisa de complementos de uma narrativa radiofônica que permanece acessória perante o testemunho visível dos atos (cf. Schaeffer apud Pierret 1969: 92). Em outras palavras, se nem a linguagem nem a reportagem podem ser o que transmitem (um absurdo ontológico), muito menos a arte. Elas o podem significar, reconstituir, sugerir, relatar, representar, apresentar, elucidar, ocultar, calar, mistificar, falsificar. E se a arte tem o dom de dar forma a artefatos mais reais que a realidade mesma é justamente por abdicar do estatuto da realidade. O problema da veracidade do proibidão é portanto análogo ao da veracidade da cena em que a jovem cortesã, interpretada por senhora idosa e obesa, emite em fortíssimo um si bemol superagudo sobre a sílaba tônica da palavra gioia, acompanhada por tutti orquestral, antes de cair morta de tuberculose no sofá a cuspir sangue sobre camélias brancas. Foi o que aconteceu em dezembro de 2010 quando, de acordo com a mídia corporativa, a polícia prendeu os MCs Frank e Tikão a pretexto de cantarem “o FB está na Rocinha”.10 Porque as autoridades afirmavam saber que ele não se encontrasse lá (Redação 2010) — informação da qual temos razões para duvidar — e os MCs haveriam querido “enganar a polícia”! Em retrospecto, o realismo mágico dessa operação prenunciava a detenção, a 20 de junho de 2013, do morador de rua Rafael Braga Vieira, e sua condenação, em 2 de dezembro, a cinco anos de reclusão por porte de um frasco de água sanitária Barra e outro do desinfetante Pinho 10 Vídeo de um excerto dessa apresentação foi divulgado no Youtube em 30 de novembro de 2010. Ela parece ter transcorrido durante a festa Borracha Firme, no Salão do Betão, bairro do Pilar, em Duque de Caxias, no sábado, 27 de novembro, e não no Complexo do Alemão, como divulgado pelo RJTV (“MCs Frank e Tikão são presos por apologia ao tráfico”), nem tampouco no Morro da Chatuba, no Complexo da Penha, como noticiado pelo jornal O Dia (Redação 2010).

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Sol, “aparato incendiário ou explosivo” (Sansão 2013). Complicações adicionais advêm do fato de alguns cantores estabelecerem distinções tácitas ou explícitas entre a persona artística do MC e o indivíduo que a encarna. A esse respeito, assim se exprime Wallace Ferreira da Motta, o MC Smith, na entrevista citada. Se você me mandar cantar aqui não será o mesmo que eu no palco. Você pega o Smith, tira do armário, bota e vai. Eu não consigo fazer aqui o mesmo que faço no palco. É uma coisa muito diferente. [...] Eu tenho que andar no meio do povo. Eu paro no cara que vende tapioca, no coroa ali que é nordestino, que vende as bugigangas dele, no cara que vende alface, que vende pipoca. Eu vivo a vida do Wallace. De segunda a sexta eu vivo o Wallace, porque se um dia a casa cair para mim, já vou ter o pé no chão: não vou me matar, não vou me frustrar. Meu maior prazer na vida, meu maior sonho, é sempre viver do funk, não ficar desempregado.

O MC Orelha racionaliza essa clivagem em entrevista de 10 de maio de 2012 no Estúdio dos Loucos, no Largo da Batalha, em Niterói: O MC Orelha é o Gustavo, uma versão para os outros. Porque o Gustavo é uma versão para mim. Eu tenho que me fazer duas pessoas, não é? Às vezes mesmo não sou quem eu sou, quem estou parecendo ser, como o Orelha. Já que você tocou no Facebook, ali acontece muito isso: eu tenho que mostrar às vezes uma coisa que não sou. E às vezes eu mostro uma coisa que sou, disfarçadamente. O Gustavo é um cara de praticamente vinte e seis anos, completando agora, em setembro, às vezes com cabeça de trinta, às vezes com cabeça de doze. Um cara que já teve muito sofrimento, porém não o suficiente para me mostrar que posso conseguir muito mais. Sempre acho que posso querer algo mais, mas esse meu jeito acomodado de ser não deixa. O Orelha está entre uma personagem e a realidade do Gustavo. E o Gustavo é isso, o que vivo todo o dia. O Orelha talvez não seja. (Lopes e Palombini 2013: 13–14)

IV. Narrar o caos Ao tensionar a validade da categoria proibidão, os artistas reiteram o elo entre estética narrativa e vivência de favelado. Discurso “da favela sobre a favela para a favela” (Caceres, Ferrari e Palombini 2014: 178), o proibidão suscita a irrupção narrativa de sujeitos apagados por meios hegemônicos de produção discursiva. Nos jornais da mídia corporativa e nos inquéritos policiais que abarrotam o sistema judiciário brasileiro, o traficante transita no limiar da humanidade — existência menor, morte sem luto. A população favelada vivencia o cotidiano da guerra e é diariamente confrontada com o fato de que, para os agentes estatais de repressão e controle, suas vidas valem menos. Sabem-no da forma mais cruel as mães de jovens executados por policiais. Operadores de direito e de mídia acionam uma zona de incerteza que transforma vítimas em réus e leva as mães a buscarem provas da inocência dos filhos (cf. Farias e Vianna 2011). Tal hierarquização de vidas explicita corpos sem valor e escancara a agência de processos de criminalização da pobreza. O proibidão subverte essa lógica ao colocar o bandido no epicentro da narrativa, com família, amigos, nome, desejos, dores, prazeres e códigos de conduta. As personagens proibidas podem arrepender-se da vida no crime (“Vida bandida 2”), enaltecer-lhe as benesses (“A Penha é o Poder”) e produzir reflexões politicamente elaboradas sobre seus lugares numa guerra às drogas que não escolheram (“Vida bandida”, “Sistema”, “Na Copa do Mundo quem 6

vai vencer é o CV”, “Faixa de Gaza 2”). “Na guerra não existe lado certo porque a guerra em si já é um erro”, diz Orelha. Praga discorre sobre o assunto em “A guerra”, texto escrito a 21 de junho, no calor das Jornadas de 2013, quando milhões de manifestantes se viram às voltas com o terror de Estado. Na guerra somos igualmente vulneráveis, na guerra não existe justiça, nem direito, não existe lado certo, não existem escrúpulos, na guerra afloram todos os sentimentos, principalmente o medo, que por sua vez é o pai de todos os erros, a guerra só é suportável quando nos apegamos à fé, fé muitas vezes compartilhada entre inimigos, inimigos que se parecem, inimigos da mesma cor, da mesma classe social, inimigos que creem nas mesmas coisas, inimigos que lutam por algo que desconhecem, que buscam um alvo que não tem forma, não tem rosto, inimigos que nem sequer acreditam na causa que defendem. O fogo consome ambos os lados, propagando um ódio bilateral. Numa sociedade movida pelo caos surgem hinos que são entoados por milhões de pessoas que se reconhecem na crônica do dia a dia: a crônica do caos. Não existe violência mais cruel que a miséria, e tudo isso é reflexo de uma política malconduzida. Diante dessa negligência admite-se uma grande possibilidade de crimes, e em contrapartida uma polícia que é treinada para ser violenta e letal, mal remunerada e de fuzil na mão, pronta pra abater qualquer um que infrinja a lei que ela própria não respeita ou sequer conhece, numa democracia em que não se tem liberdade para fazer escolhas, onde as drogas lícitas são as que mais destroem famílias (alcoolismo), onde os tabus estão acima das prioridades, e as autoridades, acima das leis. O medo de que essa realidade seja exposta faz com que se imponha o silêncio. Por outro lado, a guerra nos deixa uma importante lição. A paz só é negociada diante do caos. (Batista 2013: 11–12)

Narrar o caos, os seres nele engendrados por ele, requer do artista deslocamentos constantes entre sentidos que, em seu conjunto, não propõem juízo monolítico de valor. O eu lírico pode advertir um amigo sobre os perigos da vida no crime (“Amigo da antiga”), anunciar a batalha com uma facção rival ou com a polícia (“Gil do Andaraí ao vivo na Nova Holanda”), lamentar a morte de amigos (“MC Cidinho a cappella ao vivo na Nossa Roda de Funk”), descrever um assalto a banco (“Missão extraordinária”, “Terror dos bacanas”), ansiar pela liberdade (“Vida na cadeia”) etc. A potência da realidade artística, já o dissemos, reside justamente em não ser o real e muito menos ter tenção de sê-lo. Colocamos o texto de Praga em relação com as reflexões de Veena Das e Deborah Poole sobre o Estado em suas margens, não para refletir sobre o ente monolítico apresentado pela teoria política moderna, mas para conceber um conjunto de práticas disciplinares e coercitivas constituintes desta coisa à qual denominamos Estado. Dizer margem não é dizer que o Estado seja fraco ou esteja ausente ali. Este redimensionamento contextual pode clarificar o sentido de suas atuações (Das e Poole 2004). A polícia de Praga é a mesma dos moradores. Ela não permite separações nítidas entre legalidade e ilegalidade. A leniência do sistema judiciário com os crimes de policiais e o enfoque dado pela mídia corporativa às mortes de jovens favelados mostram que a corrupção e a letalidade da polícia são políticas de

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Estado11 com sentido bem definido: exterminar ou encarcerar em massa jovens pretos, pobres e favelados a fim de dar prosseguimento ao processo de penalização da miséria exposto por Loïc Wacquant.12 O rap “Sistema (Querô13 de São Gonçalo)”, do MC Orelha, formula essa realidade em termos poético-musicais. Eles não entendem o sistema. Eu vou explicar o sistema pra eles. Aí! Disciplina nessa porra, aguarda o bloco passar. Pra tu ver que o bonde é foda, tem coleção de AK. Fuzil de tudo que é gosto, fuzil de tudo que é jeito, Colete à prova de bala escrito CV no peito. Não é só dia de baile que nós brota pesadão, Dia a dia é nós na luta, irmão defendendo irmão. Pode até tentar subir, mas entra na bala primeiro, Que a luneta tá alinhada e o AR canta certeiro. Bope faz operação tendo que contar com a sorte, Oprimindo morador, trazendo cheiro de morte. TH já deu o papo: traz logo os pentes de cem, Deixa eles passar do trilho que nós vai ver quem é quem. Polícia contra bandido, bandido contra polícia, Clima de tensão no morro registrado pela mídia. Acertaram um morador, falaram que era bandido, No jornal até confirmou, mas nós sabe que não é isso. Polícia chega com medo, largando tiro a esmo, Acertando inocente e fica por isso mesmo. Nunca vão pacificar oprimindo e agredindo, Por isso que um-nove-zero, no Querô, não é bem vindo. Nós não tem medo dos homens, nós é homem também, Nós só quer fazer o nosso sem ter que ferir ninguém. Deixa os morador tranquilo dentro da comunidade, Assinado, RL: Paz, Justiça e Liberdade. E os amigos que lá dentro da cadeia conquistei, Aqui fora o coro come, você sabe, eu também sei. Liberdade vai chegar, nós se esbarra pela rua, Enquanto isso, no Querô, nossa luta continua.

Aproximamo-nos da noção de Estado ampliado, de Gramsci (cf. Thwaites Rey 2007), para situar a mídia corporativa na sociedade civil no papel de difusora dos valores da classe dirigente a fornecedora do conteúdo ético do Estado. 12 “A ‘mão invisível’ do mercado de trabalho precarizado conseguiu seu complemento institucional no ‘punho de ferro’ do Estado, que tem sido empregado para controlar desordens geradas pela difusão da insegurança social” (Wacquant 2008: 93–94). 13 Morro do Querosene. 11

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Quem fecha com o Asa Delta, quem fecha com o TH, Quem é Comando Vermelho levanta a mão, levanta a mão, porra! Quem pode acabar com a guerra não quer que a guerra acabe, Enquanto isso nós trafica à vontade. Tá tudo vigiado, o sistema tá sorrindo: Quer pegar o bonde? Cai pra dentro do labirinto! Tá tudo vigiado, o sistema tá sorrindo: Quer pegar o bonde? Cai pra dentro do labirinto! Quer entregar mandado, filha da puta? Cai pra dentro! Sabe por que?

Ao assumir o eu lírico do bandido o MC Orelha questiona a violência policial, a incoerência da guerra às drogas, e um projeto de pacificação cujos mediadores são os agentes estatais de repressão e controle. Os textos de Orelha e Praga convergem. Ambos colocam em evidência a especificidade de uma estética narrativa gestada na experiência do cotidiano militarizado. O MC Frank relata essa vivência no documentário Sou feia mas tô na moda, de Denise Garcia, em 2005. A maioria das minhas músicas, elas são verídicas. São coisas que acontecem mesmo. Por exemplo: “Uma hora da manhã, o bonde todo se apronta, Desce pelas vielas no estilo tipo Colômbia”, “Quando eu tava subindo não deu para acreditar: tiro pá caramba no estilo de Bagdá.” Eu estava subindo pra curtir o baile e policiais estavam entrando na favela. E ao mesmo tempo que os policiais subiam, os caras desciam lá de cima. Então rolou um confronto armado: tiro pra lá e tiro pra cá. Eu fiquei naquele meio, e o motorista: “Caraca, cara!” Eu falei: “Maluco, tá tipo Bagdá, mané!”

Dez anos depois, em entrevista de 25 de março de 2015, ele rememora. No meio do baile, às vezes na metade do baile, a polícia insistia em subir, o tiro comia, eu corria pra lá e pra cá. Agora vamos lá, se eu morasse na Barra da Tijuca eu falaria do surfista, da gatinha que passava com o biquíni rosa, da caipirinha maravilhosa. Mas nasci no Complexo do Alemão e o que via, o que vivia ali naquele momento era tiro porrada e bomba, meu irmão! O que ia escrever nas minhas letras era isso. Então acho que não existe proibidão: existe o que você vive, a maneira que você vive e sobre o que vai querer falar. Eu vivia sob tiro, polícia sequestrando e pedindo dinheiro pra liberar, o bandido dando tiro em cima da polícia, a polícia dando tiro em cima do bandido. E acertando morador.

Narrada por Praga em mensagem de 25 de junho de 2013, a gênese de “Terror dos bacanas” reitera a associação entre criação musical e realidade da favela. Essa música foi construída de modo interessante. Estávamos, eu e um MC renomado, à espera do general no QG da Penha, e conversávamos com alguns traficantes da quadrilha de um de seus aliados. O Tatá e o Marlon começaram a descrever o assalto que haviam feito na Barra, retratado fielmente na música. Ri muito porque Tatá entrou em pânico quando, para confundir o refém no carro em fuga, Marlon disse que seguiriam para o morro do Dendê, do TCP, facção rival. Tatá começou a falar que pularia do carro em movimento, enquanto Marlon o cutucava e dizia: “pega a fita, meu parceiro!” Ambos seguiram até o acesso do Dendê, onde abandonaram a vítima, e chegaram à Vila Cruzeiro para constatar um faturamento de 240 mil Reais, livre de impostos e livres de processo criminal, pois o depoimento

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da vítima certamente apontaria os bandidos do Dendê como principais suspeitos.

Michael Pollak (1989) indica a diferença entre, de um lado, as memórias subterrâneas das minorias e grupos subalternizados, e de outro, a memória oficial construída pelos grupos que almejam a própria hegemonia. A memória coletiva é fruto de processos de dominação, imposição ou violência, e palco de uma disputa constante pelo direito à narrativa. Melhor que ninguém, os artistas do proibidão reconhecem que narrar, experiência eminentemente coletiva, integra relações de poder. Ao apagarem identidades coletivas pelo silêncio ou pelo esquecimento, os grupos que lutam pela hegemonia retiram do espaço social a existência mesma de certos sujeitos. Nossos artistas inscrevem poeticamente aqueles que não tem voz em canais privilegiados de construção narrativa. O proibidão reitera lamentoso a saudade dos mortos da guerra às drogas e coloca em xeque assim o discurso oficial pretensamente hegemônico. Sujeitos colocados à margem por demarcações normativas estatais resistem à imposição do silêncio e sua mensagem ecoa pela cidade. Poetas, compositores, intérpretes e produtores musicais se contrapõem ao aparato de repressão do Estado e a veículos bilionários de comunicação com paredões de som e canais de Internet. Sobrevivência e revivência, seguir a viver e retornar dos mortos; seguir a viver vai além tanto de viver quanto de morrer, suplementando cada um com uma irrupção e certo alívio, parando a vida e a morte, terminando-as numa parada definitiva, a parada que dá fim a algo e a parada que condena com uma sentença, uma declaração, uma palavra falada ou uma palavra que segue a falar. (Derrida 1979: 108)

É o que faz o proibidão quando canta e dança nos entrelugares do cotidiano militarizado.

V. Perguntas frequentes Do mesmo modo que Pascal Ory em seu livro sobre fascismo, concluímos este trabalho com um conjunto de perguntas frequentes (FAQ). O proibidão é crime? Não, o delito de apologia ao crime é inconstitucional. O proibidão faz apologia ao crime? Não, ele protesta contra a criminalização. O proibidão faz apologia ao criminoso? No papel de herói épico ou trágico, sim. O proibidão faz apologia ao tráfico? Não, ele mostra o resultado da criminalização. O que o bandido representa no proibidão? A possibilidade de uma nova ordem jurídica. Qual a causa do proibidão? O terror de Estado. 10

Qual a forma de acabar com o proibidão? Acabar com o proibicionismo. Qual o motivo condutor do proibidão? A ética. Qual seu modelo de narrativa? A fábula, com moral tácita. Por que o proibidão floresce sobretudo sob o Comando Vermelho? Porque é deste o patrimônio simbólico da Falange Vermelha. O proibidão faz propaganda do Comando Vermelho? Não, ele faz a contrapropaganda do Estado. O Comando Vermelho financia os artistas? Não, ele fornece as condições para se tornarem o que são: o baile de favela. Os artistas do proibidão são bandidos? A grande maioria, não. As carreiras de MC e bandido são compatíveis? De diferentes modos em diferentes graus das hierarquias do canto e do crime, dificilmente. As carreiras de compositor de proibidão e bandido são compatíveis? Sim. Os artistas do proibidão cometeram infrações quando menores de idade? Alguns, sim. De que vivem os MCs do proibidão? Do cachê de suas apresentações, principalmente em outros estados. De que vivem os compositores do proibidão? Da venda de suas composições. O que desejam os artistas do proibidão? Ser reconhecidos como tal. Os artistas do proibidão gostariam que seu trabalho fosse reconhecido pelo Estado? Alguns, sim; outros, não. O proibidão tem partido político? Não. 11

O proibidão é político? Eminentemente. O proibidão é música popular brasileira? Sim. Qual a posição do proibidão na MPB? A contra-hegemônica. O proibidão descende do samba? Ele é o samba não cordial. De onde o MC do proibidão deriva sua vocalidade? Do palhaço da folia de Reis, da capoeira, do repente, do samba de morro, das macumbas, de outras manifestações afro-brasileiras e de seu próprio âmago. O proibidão acabou? Não, ele está em transformação. Quando surgiu o proibidão? Quando o primeiro negro se manifestou em música contra a escravidão. O proibidão é feito por encomenda de traficantes? Às vezes, do mesmo modo que compositores acadêmicos escrevem sinfonias por encomenda do Estado. O proibidão causa crimes? Tanto quanto a música romântica causa o amor. O proibidão incita ao crime? Não, ele efetua sua catarse. Qual a função do proibidão? Manter acesas as chamas da revolta e da justiça. O que Deus representa no proibidão? O último recurso, diante do qual todos são iguais.

Referências bibliográficas Araújo, Adriano. 2015. Juiz compara funks “proibidões” a músicas de Chico Buarque e polemiza. O Dia, Rio de Janeiro, 8 jul. Disponível em: http://goo.gl/3ignoS. Acesso em: 13 nov. 2015. Batista, Carlos Bruce (org.) 2013. Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan. 12

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