O Livro Branco de Austrália: Estrategias Contra Terrorismo

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A. Pereira – Impacto do terrorismo; fevereiro de 2015 2











Livro Branco do combate australiano ao terrorismo

Impacte atual e futuro em ocorrências de terrorismo interno na Austrália


Agio Pereira



Livro Branco do combate australiano ao terrorismo e impacte atual e futuro em ocorrências de terrorismo interno na Austrália


Resumo
Reconhecendo que nenhum Governo pode garantir que as suas populações, bens e territórios estejam totalmente protegidos de ataques terroristas, é da competência do Governo em funções dar o seu melhor para assegurar que, dentro do possível, são evitados ataques contra a população e os bens do país, internamente e não só, e que é posta em ação a melhor proteção possível da nação.
A estrutura geral e a base lógica da estratégia antiterrorista preconizada no recente "Livro Branco do combate australiano ao terrorismo" (adiante referido, abreviadamente, como Livro Branco) apresenta meios eficientes para combater o terrorismo. O objetivo é a prevenção efetiva. A ênfase é, pois, colocada na coordenação dentro e fora das fronteiras australianas, bem como na partilha intensiva de informações. Isso porque se reconhece que o terrorismo "interno" tem interligações com redes internacionais e que o ambiente operacional dos vários tipos de terrorismo pode extravasar o controlo da Australian Intelligence Community (AIC). De uma maneira geral, esta estratégia é promissora quanto a proporcionar uma proteção eficaz.
Falta ainda delinear claramente como lidar com o terrorismo dos lobos-solitários. O ataque terrorista na maratona de Boston aponta mais uma vez a complexidade da luta contra o terrorismo, devido à interligação de forças que se movem fora de fronteiras.
No ano passado, o mundo foi confrontado com a ameaça do Estado Islâmico do Iraque e da Síria, abreviadamente conhecido como Estado Islâmico e pelo acrónimo EI. Para a Austrália, o ano passado terminou com a terrível prova de que não está livre do terrorismo de lobos-solitários. O país precisa de rever os seus conceitos de combate ao terrorismo e adquirir uma melhor compreensão sobre a forma de lidar com casos de extrema dificuldade, como o do atentado do café de Martin Place por Man Haron Monis, em 16 de dezembro de 2014, envolvendo tomada de reféns e homicídios.
O Estado Islâmico e Monis alertaram os dirigentes australianos para o facto de a interligação das manifestações de terrorismo não ser apenas uma teoria: é real e problemática e exige um conhecimento profundo do que realmente une esta rede, já há tanto tempo e provavelmente por muito mais anos ainda. Não basta culpar o sistema legal isoladamente; nem a escassez de recursos financeiros. A resposta encontra-se na compreensão do que leva realmente estes jovens – que, noutras circunstâncias, seriam pessoas normais, a tentar singrar numa carreira e a lutar por serem felizes – a desistir de tudo, incluindo da própria vida.

Termos-chave: terrorismo, coordenação, trabalho em rede, combate ao terrorismo, eficiência, lobos-solitários, ASIO e ASIS, terrorismo e o Ocidente


Introdução
O mais poderoso "ethos", a mais forte convicção identitária dos Estados Unidos da América é "o sonho americano", que levou ao histórico e imortal discurso de Martin Luther King Jr. em que destacava o facto de também ele ter um sonho. Não viveu para ver as consequências desse seu poderoso sonho. Com o 11 de Setembro (2001), muitos outros norte-americanos morreram sem assistir à concretização dos seus sonhos americanos. E como eles, muitos na meta da maratona de Boston.

Como a maioria dos grandes jornais de todo o mundo, na pequena cidade de Darwin, no Território do Norte da Austrália – onde 250 fuzileiros norte-americanos foram reforçar a cooperação em matéria de segurança internacional, como prometido pelo Presidente Obama em 2011 –, o "NT News" refletiu sobre o sonho que se transforma em pesadelo: "A violência fratricida de Boston é difícil de entender". A icónica maratona de Boston terminar em tragédia é terrível em si. É o tipo de tragédia que faz reviver a dor da destruição por dois aviões das Torres Gémeas da OMC em Nova Iorque, em relação à qual, apesar de intermináveis investigações, ainda pairam no ar dúvidas válidas ansiando pela verdade. E isso torna os dispositivos explosivos improvisados da linha de chegada da maratona de Boston um poderoso episódio terrorista que exige profunda reflexão, se se pretender que o cenário do "nunca mais" sirva realmente a busca coletiva de paz e segurança. Consequentemente, refletir sobre as estratégias da melhor forma possível de combate ao terrorismo é de suma importância.

O "Livro Branco do combate australiano ao terrorismo" pode ser um bom começo. A estratégia de luta nele descrito é uma ferramenta importante.

Esta dissertação versa sobre questões de terrorismo, integrada num trabalho de investigação mais vasto, com ênfase no impacte atual e futuro do "Livro Branco do combate australiano ao terrorismo" sobre questões de terrorismo interno. Analisam-se os elementos e a estrutura da estratégia de luta contra o terrorismo, sua fundamentação e objetivos, nomeadamente as avaliações de ameaças, a dimensão internacional desta estratégia e as críticas pertinentes, bem como o impacte, direto ou indireto, dos negócios estrangeiros sobre o nível das ameaças.

Este trabalho destaca também as ameaças e as respostas de combate ao terrorismo, a partir de uma perspetiva australiana, e lança argumentos sobre os desafios que o terrorismo contemporâneo coloca à sociedade e à política australianas. Quando o primeiro-ministro Tony Abbott torna publica uma "Review of Australia's Counter-Terrorism Machinery" [Perspetiva dos mecanismos de combate ao terrorismo na Austrália], vale a pena recuar um pouco e tentar entender a origem da estrutura da estratégia australiana de combate ao terrorismo – o seu Livro Branco.

Terrorismo contemporâneo: preparação e desafios para a Austrália
O cerne da estratégia do "Livro Branco do combate ao terrorismo" é a prevenção. A comunidade australiana tem sido bem sucedida, até agora, na antecipação ao terrorismo, porque "inúmeros ataques terroristas foram frustrados na Austrália". Mas persistem ameaças reais, nomeadamente em cenários de "lobo-solitário" – o terrorista sem ligações, que pode "surgir a qualquer momento". Para prevenir eficazmente o terrorismo, são fundamentais meios de previsão de possíveis ataques. Isso requer uma efetiva partilha de informações político-militares, tal como se prevê na "National Security Vision for 2020": "Precisamos de ter a certeza de que as pessoas certas podem aceder rapidamente às informações certas, de forma segura, e das fontes certas". Acima de tudo, o "empenho duradouro" de todas as partes interessadas é um fator estratégico fundamental, como foi afirmado pelo Conselheiro para a Segurança Nacional Australiana, Duncan Lewis.

Os elementos centrais da luta contra o terrorismo
O Livro Branco apresenta quatro elementos estratégicos fundamentais para aumentar a capacidade da comunidade australiana no combate ao terrorismo.

Uma vez que a prevenção é o principal objetivo, a análise torna-se a fase determinante. Diz-se que o combate da Austrália ao terrorismo tem por base a informação político-militar e por foco a prevenção. A recolha, processamento e análise da informação são cruciais para transformar os dados político-militares em produtos em que os decisores se possam basear para agir, de modo a disponibilizarem condições efetivas para o combate ao terrorismo. Talvez refletindo sobre lições passadas, o documento salienta a importância fundamental de ligações eficazes, de partilha de informações eficiente e de efetivo entrosamento a nível internacional. Reconhece-se que é necessária "uma abordagem abrangente e estruturada" e que as medidas tomadas para combater o terrorismo devem ser informadas pela natureza da ameaça e vulnerabilidade da Austrália em relação a ela.

Proteção, outro elemento-chave, é definido como a necessidade de tomar todas as medidas necessárias e práticas para proteger a Austrália e os australianos no país e no estrangeiro. Para a proteção ser eficaz, defende-se um controlo mais apertado das fronteiras, bem como o impedimento de pessoas suspeitas de envolvimento com o terrorismo saírem da Austrália. A ênfase é novamente colocada nas parcerias, não só com os homólogos internacionais, mas também a nível nacional, com a comunidade empresarial, para proteger infraestruturas decisivas, como as tecnologias da informação e comunicação.

Talvez mais estratégica do que qualquer dos outros elementos é a necessidade de a comunidade australiana se tornar resistente ao "desenvolvimento de qualquer forma de terrorismo ou extremismo violento na frente interna." Insiste-se aqui no que foi reiterado na "National Security Statement" [Comunicação sobre Segurança Nacional], apresentada ao Parlamento em dezembro de 2008: "o terrorismo parece estar para durar, como uma séria e tenaz ameaça no futuro que podemos antever. O extremismo que conduz à violência ou ao terrorismo continua a representar uma ameaça direta para a Austrália e para os objetivos securitários australianos."

Nessa comunicação do primeiro-ministro, de 4 de dezembro de 2008, foram destacados cinco objetivos securitários nacionais: proteger a soberania política e territorial do país; proteger a coesão e resistência da sociedade australiana; proteger os interesses dos australianos e da Austrália, internamente e no estrangeiro; promover um ambiente internacional estável, próspero e pacífico, particularmente na região da Ásia-Pacífico; e combinar estes vetores com "uma ordem mundial regulada, que potencia os objetivos nacionais da Austrália".

A coesão é um elemento importante, porque, como postula Bill Calcutt, a abordagem de "guerra ao terrorismo" levou â "alienação de determinadas minorias religiosas e étnicas dentro da comunidade australiana e ao surgimento de uma xenofobia latente". Neste âmbito, é preciso também contrariar possíveis "pirotecnias políticas": manipulação de aspetos do terrorismo para fins políticos, como nos recentes casos do referendo suíço sobre os minaretes e da proibição do véu islâmico nas escolas públicas francesas.

A resistência está intimamente associada com a coesão da comunidade. O sentido de unidade é vital na luta contra o terrorismo, para garantir um empenho efetivo e uma partilha eficaz de informações.

É objetivo nacional da Austrália não só interagir, mas também liderar as prioridades regionais. Assim, o "Livro Branco do combate ao terrorismo" reafirma a necessidade de promover "internacionalmente uma série de medidas de combate ao terrorismo, para conter as ameaças aos nossos interesses, tanto no exterior como internamente". Além disso, os objetivos da Austrália devem incluir a prossecução das metas da globalização, demonstrando a sua capacidade de reforço da segurança internacional e prestando apoio efetivo aos países em desenvolvimento na redução dos riscos de terrorismo emergente provocados por extremos de pobreza.

Críticas: combate da Austrália ao terrorismo e política externa
Afirma-se frequentemente que uma das principais causas do terrorismo é a política externa ocidental. Diz-se que a estreita parceria da Austrália com os Estados Unidos e o seu papel na "guerra ao terrorismo" contribui para o problema.

Khan considera que o "Livro Branco do combate ao terrorismo" omite um ponto fundamental – a política externa da Austrália e a sua relação com as recentes "ameaças terroristas", porque a origem delas se insere num fenómeno novo, que se tornou muito mais claro desde o envolvimento australiano na "guerra ao terrorismo". Uma perspetiva apoiada por Ungerer, que salienta que, "antes dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, o combate ao terrorismo não era considerado uma prioridade vital da segurança nacional, na Austrália". Khan alega ainda que "as medidas de combate ao terrorismo da Austrália ignoram completamente o contexto político" do "terrorismo" e assentam na noção, vulgar se não mesmo ingénua, de que "o terrorismo", especialmente o chamado "terrorismo islâmico", não passa de um "flagelo insano, movido pelo ódio, que gira sobre o seu próprio eixo, na sua própria órbita e não tem nada a ver com o mundo à sua volta, nem com a história, a geografia ou a economia. Trata-se de um raciocínio paralelo, não apenas infeliz, mas ameaçadoramente contraproducente."

Jenny Hocking também vê a "guerra ao terrorismo" como uma fuga à complexidade, uma negação da razão, uma espécie de conversa "infantilizada" de adulto norte-americano.

Ernie Davitt, apesar de apoiar o Livro Branco, preocupa-se com a dotação do envolvimento, ressaltando que faltam especificações e uma ideia dos níveis de gastos futuros previstos.

Culpar a política externa do Ocidente pode ignorar um ponto fundamental. A questão está em saber, no contexto do terrorismo além-fronteiras, o que deve ser considerado como Ocidente. O Presidente Obama, quando refletiu sobre o ataque bombista de Boston, questionou-se sobre os reais motivos que podem levar dois jovens, que vivem nos Estados Unidos, que dizem ser eles a sua terra e beneficiam do que o país tem para oferecer, a fazer uma matança tão hedionda, envolvendo pessoas inocentes, em solo norte-americano. Trata-se de um tema central para uma investigação académica aprofundada. Terá a política externa do Ocidente – os Estados Unidos e o Reino Unido – perdido o foco?

Um estudo afirma que, "embora a política externa britânica tenha desempenhado um papel significativo na alienação dos muçulmanos britânicos, isso não foi de forma alguma determinante". Cita uma entrevista reveladora com o terrorista Hassan Butt, detido, em que ele dizia: "Lembro-me de como costumávamos rir, sempre que alguém na televisão afirmava que a única causa para atos terroristas islâmicos, como o 11 de Setembro, os atentados de Madrid ou os atentados de Londres de 7 de julho de 2005, era a política externa ocidental. Ao culpar o governo pelas nossas ações, aqueles que se atiraram à política do Blair fizeram o trabalho de propaganda por nós. Mais importante, ajudaram a afastar qualquer análise crítica sobre o verdadeiro motor da nossa violência: a teologia islâmica". Isto levanta a questão de saber se transformar a política externa ocidental num fator de terrorismo não alimentará efetivamente a propaganda terrorista, confundindo o público e minimizando o papel da teologia islâmica no fomento da radicalização islâmica.

Dentro do espectro jurídico interno, a Comissão australiana de Direitos Humanos manifesta preocupação em que as medidas de combate ao terrorismo infrinjam os direitos a um julgamento justo, à liberdade contra a detenção e prisão arbitrárias e a não ser sujeito a tortura. Estas preocupações centram-se no princípio de presunção de inocência até prova da culpa. O catedrático australiano Carl Ungerer vai mais longe e diz que, embora "os nossos esforços de combate ao terrorismo estejam a melhorar, continua a faltar flexibilidade para evitar novos ataques terroristas em solo nacional", e a inflexibilidade pode levar a erros de diagnóstico sobre as ameaças emergentes e futuras. Reconhecendo isso a partir das novas leis, nomeadamente o Anti-Terrorism Act (No.2), de 2005, e citando Peter Clark, Ungerer reitera que as disposições legais "tornam o moderno combate ao terrorismo cada vez mais político" e que isso "torna-se mais problemático quando o uso da violência e subversão serve uma ideologia que difunde perceções globais e locais de discriminação étnica e religiosa, de subalternização das minorias e de escalada identitária".

Um diagnóstico correto das ameaças terroristas é parte vital de estratégias eficientes; mas o recurso a perfis étnicos e religiosos e a exagerada ênfase no radicalismo islâmico pode desviar a atenção de ameaças reais. Para Sauter e Carafano, nem todos os terroristas provêm de grupos extremistas islâmicos, já que muitos dos extremistas mais perigosos dos Estados Unidos são membros de grupos internos.

Estrutura organizativa da estratégia de combate ao terrorismo
A nova estrutura foi projetada para aumentar efetivamente a capacidade de operar com informação político-militar, bem como dar margem para evoluir no sentido de superar aquilo a que Ungerer chama insuficiente flexibilidade. Assim, espera-se agora que os organismos sejam bem coordenados, com partilha efetiva de informações, e capazes de se adaptarem às solicitações emergentes. Espera-se, pois, que a Australian Intelligence Community (AIC) forneça respostas imediatas e com alvos definidos de combate ao terrorismo.

Foi criado um Centro de Controlo de Combate ao Terrorismo (Counter-Terrorism Control Centre - CTCC), sob a égide da ASIO (Australian Security Intelligence Organisation). A sua principal tarefa é harmonizar a partilha de informações em todo o espectro da AIC, de modo a prevenir ataques terroristas. Está também encarregado de "avaliar e integrar as informações político-militares de combate ao terrorismo (...) para melhorar a capacidade dos organismos de combate ao terrorismo e para prevenir ameaças terroristas contra a Austrália e interesses australianos".

Para superar a fragmentação de informações, foi criada a National Intelligence Coordination Committee (NICC), chefiada pelo Conselheiro de Segurança Nacional. Esta Comissão abrange todos os organismos de segurança nacional da AIC, ou seja, o Office of National Assessments (ONA), o Australian Secret Intelligence Service (ASIS), a Australian Security Intelligence Organisation (ASIO), a Defence Imagery and Geospatial Organisation (DIGO), a Defence Intelligence Organisation (DIO), a Defence Signals Directorate (DSD), a Australian Federal Police (AFP), a Australian Crime Commission (ACC) e a Customs and Border Protection (CBP). Os departamentos de Defesa, Negócios Estrangeiros e Comércio, Imigração e Cidadania, e do Procurador-Geral estão também representados ao nível do Secretariado Adjunto. Para garantir um eficiente fluxo de informações em todo o espectro da AIC, dá-se ênfase à necessidade de uma forte relação com o público. Espera-se que essa relação aumente a vigilância e contribua para uma investigação bem sucedida. No entanto, há que ter cuidado, porque o envolvimento do público ou uma maior participação da comunidade em questões político-militares podem ser entendidos como "um eufemismo para comunhão de tipo comunista baseada em espionagem mútua". Informações não divulgáveis e falta de tempo para uma análise adequada podem tornar-se um problema, mas que pode ser superado tendo a ASIO e a ASIS a trabalhar juntas, sob um mesmo edifício nacional de coordenação geral.

Complementam a estrutura o National Threat Assessment Centre (NTAC) e o Financial Intelligence (FI). O NTAC é um organismo múltiplo, também sob a égide da ASIO. Prepara avaliações de ameaças "em relação a determinadas pessoas, lugares e acontecimentos" para "informar as decisões de gestão de risco por parte dos órgãos operacionais, a adoção de medidas de segurança de proteção e alertas de viagem relativos a potenciais ameaças" no estrangeiro. O serviço de Financial Intelligence inclui o Australian Transaction Reports and Analysis Centre (AUSTRAC) e destina-se a seguir o rasto de transações financeiras ilegais ou relacionadas com o terrorismo. O organismo tem como responsabilidade fornecer informações relevantes a 34 organizações australianas relacionadas com a aplicação da lei, segurança nacional, finanças e justiça social.

Armado com esta estrutura integrada, a AIC pode trabalhar eficientemente com uma ampla rede de parceiros internacionais, tornando mais fácil juntar os pontos dispersos de peças cruciais de informação, para obstar aos planos dos terroristas. Esta rede, bem coordenada, pode ajudar a abortar ataques terroristas planeados contra a Austrália e os interesses australianos, tanto dentro como fora do país.

O serviço de Financial Intelligence tem um trabalho difícil, porque os grupos terroristas também se adaptam para evitar serem detetados. Por exemplo, argumenta-se que "o atual apoio financeiro da Al-Qaeda já não é predominantemente de fundos pessoais de Bin Laden. Em vez disso, provém agora de ricos apoiantes, que doam fundos para instituições islâmicas de caridade e de ajuda humanitária, que são depois passados aos terroristas".

E vai resultar?
Em maio de 2009, o Governo australiano anunciou um financiamento de aproximadamente 100 milhões de dólares, para reforçar a estrutura da segurança nacional. Este fundo, a ser utilizado em quatro anos, foi apresentado como fazendo parte do investimento de 685 milhões dólares em segurança nacional. Para além desse financiamento global, havia 82 milhões atribuídos à Polícia Federal Australiana (AFP), "para reforçar a cooperação com os seus homólogos no Sul e no Sudeste da Ásia e para combater a ameaça do terrorismo" na região, incluindo ameaças aos australianos e aos interesses australianos. Este financiamento permitiria "tratar de forma eficiente e responder a incidentes de segurança fora do território, em cooperação com a polícia local". Trata-se de um indicador da vontade política para combater o terrorismo, garantindo que os organismos relevantes têm meios para atuar. No entanto, o financiamento e a vontade política, só por si, não bastam para dar essa garantia.

Coordenação, reunião de informação político-militar e análise são determinantes para saber se a nova estrutura funciona ou se a Austrália criou uma burocracia absurda.
Coordenação requer recursos e uma clara distribuição de tarefas a cada um dos organismos da AIC. É imperioso que cada unidade compreenda as tarefas que lhe estão atribuídas e como as desempenhar com êxito. Também é vital uma clara cadeia de comando, porque, por melhor que seja a recolha e análise dos dados, alguém tem que tomar as decisões finais. Estar preparado não resulta de uma decisão isolada. É preciso sensibilidade às ameaças emergentes e a todas as fontes possíveis de terrorismo. Isso pode significar que o esforço dos serviços de segurança no combate ao terrorismo não retira drasticamente recursos às metas e tarefas tradicionais.

A eficiência também depende da integração regional. As complexidades da região devem ser enfrentadas, para qualquer estratégia de combate ao terrorismo funcionar. A estratégia australiana de combate ao terrorismo reconhece isso e criou o cargo de Embaixador para Combate ao Terrorismo, que trabalhará em negociações com outros países, bem como no estabelecimento de ligações internacionais e na garantia de coerência dos vários esforços internacionais de combate ao terrorismo. Mas a integração regional exige que os países da região tenham uma perceção idêntica das ameaças. Um dos problemas é o combate ao terrorismo ser visto como utilização de força excessiva. Ora, como argumenta o ministro da Defesa da Malásia, Najib Razak, "o terrorismo não pode ser vencido à bomba (...) isso legitima queixas, que permitem aos extremistas ganhar apoios". A Austrália tem de gerir estas discrepâncias, inclusivamente levando em conta que o público indonésio não concorda que os Estados mantenham tropas no Afeganistão, ainda que apoie o esforço de combate ao terrorismo liderado pelos Estados Unidos.

Outras tensões regionais, que o Ocidente pode enquadrar como "questões relacionadas com o terrorismo", também exigem um trabalho árduo da parte da Austrália. A Índia democrática, também ela envolvida com problemas de radicalização islâmica, enfrenta também uma situação de "mais pobres em 8 dos seus Estados do que em 26 dos países africanos mais pobres". A região autónoma de Uighur, na China, defronta-se com o radicalismo muçulmano do Movimento Islâmico do Turquistão Oriental, ligado à rede da Al-Qaeda. As Filipinas enfrentam exigências de controlo regional da Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN) e da Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI) em Mindanau, no sul das Filipinas. O êxito destas duas organizações islâmicas no estabelecimento de uma região autónoma islâmica no sul das Filipinas pode alimentar a esperança da Al-Qaeda e da rede indonésio-filipina Jemaah Islamiyah num "khilafah" (califado, Estado Islâmico internacional), à semelhança do Estado Islâmico do Iraque e Síria (vulgo Estado Islâmico ou EI). A Malásia enfrenta ameaças de terrorismo vindo do mar, no Estreito de Malaca, e o indonésio Jemaah Islamiyah tem uma rede resistente a espalhar-se para lá das fronteiras. No caso da Indonésia, pode ser necessário mergulhar profundamente na história.

Voltando à questão do Presidente Obama para os motivos dos dois irmãos bombistas de Boston, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, a dúvida razoável tem a ver com saber se circunstâncias familiares disfuncionais, crescer sozinho e isolado, num ambiente dominado por uma guerra dura e incertezas, num percurso longo de dor e sofrimento podem acumular sentimentos doentios; que servirão de detonador para ações frequentemente caracterizadas como terrorismo. Como escreveu McBeth, "depois de os irmãos indonésios Amrozi Nurhasyim e Ali Ghufron terem sido executados pelos atentados de Bali de 2002, um investigador disse-me que achava que eles não podiam ter acabado de outra maneira, dado o apoio de toda a vida do pai ao movimento Darul Islam, já com dezenas de anos". Tudo isto pode não representar preocupações regionais reais, se for verdade que o terrorismo é apenas "fantasia e miopia".

Descontando um saudável grau de ceticismo, a realidade atual determina que o trabalho da Australian Intelligence Community seja muito complexo. Mas as dificuldades inerentes à natureza do terrorismo contemporâneo podem ser superadas através do uso eficiente da nova estrutura, bem como da coordenação com os órgãos de combate ao terrorismo da região mais próxima e para além dela.

Se não é possível conter o terrorismo de lobo-solitário (ou de vários), o fator decisivo é assegurar que as instituições de aplicação da lei sejam capazes de responder de forma determinada e com resultados visíveis, se e quando os ataques terroristas tiverem lugar dentro da Austrália, tal como aconteceu no episódio terrorista de Boston com as instituições de lei e ordem dos Estados Unidos, e especialmente de Boston, Massachusetts.

Isto é vital, porque, numa era em que a capacidade para destruir está amplamente ao alcance de atores não-estatais, garantir a confiança dos cidadãos no Estado tem de se tornar a maior preocupação de todas as instituições oficiais. Ao fazê-lo, essas mesmas instituições devem também salvaguardar intransigentemente valores universais; assim se evitará a alienação de setores da sociedade, que cedam à possibilidade de ser recrutados por atores não-estatais com vista a pôr em prática ataques terroristas dentro ou fora das fronteiras nacionais.

Conclusão
Apesar das críticas, a estratégia australiana de combate ao terrorismo está concebida e estruturada para responder às exigências da realidade nacional. Trata-se de uma democracia multicultural e liberal, num país com a dimensão de toda a Europa Ocidental, numa região com problemas diversificados, que podem alimentar os motivos e os meios para o terrorismo. É também um dos países com mais altos níveis de sensibilidade ao terrorismo, na primeira década do século XXI. Donde a urgência de ter uma estratégia bem planeada contra o terrorismo. A Austrália é também um país com grande prestígio a nível mundial e isso acarreta altas expectativas da comunidade internacional. A luta contra a ameaça do terrorismo tem, pois, de ser equacionada em conjunto com a salvaguarda de valores universais. Assim, os desafios enfrentados pela Australian Intelligence Community são complexos.

Para proteger os interesses da Austrália e dos australianos no país e no exterior, a AIC não pode violar os direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão e a existência de um sistema jurídico transparente, a delicada coesão da sua sociedade multicultural e as prioridades regionais. A estratégia de combate ao terrorismo delineada no Livro Branco é sensível a todos esses desafios. Se vai funcionar no sentido de responder efetivamente às expectativas, sem prejudicar os valores nacionais, é o que se vai ver. A flexibilidade para evoluir e adaptar-se, prevista na estratégia, dá margem suficiente para garantir os resultados desejados. Em maio de 1986, os dirigentes dos sete principais países industrializados, preocupados com a proteção da ordem mundial, reuniram-se em Tóquio e declararam que "o terrorismo tem de ser combatido infatigavelmente e sem compromisso". A Austrália está a tentar fazer isso mesmo. Se a análise e coordenação dos serviços de informação funcionar eficazmente, a Austrália pode até liderar o mundo na abordagem estratégica de combate ao terrorismo, sem ferir os direitos humanos e a coesão social. No entanto, como o atentado da Martin Place revelou, a resposta à ameaça de lobos-solitários continua a não ter uma solução clara.




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