O MAL ENTRE CONCEITOS E PERSONAGENS: UMA ANÁLISE DO NACIONAL-SOCIALISMO ATRAVÉS DA BIOGRAFIA

June 12, 2017 | Autor: Fernando Garcia | Categoria: Biography, Weimar Republic, The Third Reich, Adolf Hitler, Holocaust Memory, Guilt, Shame, and Trauma
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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

O MAL ENTRE CONCEITOS E PERSONAGENS: UMA ANÁLISE DO NACIONAL-SOCIALISMO ATRAVÉS DA BIOGRAFIA Fernando Gomes Garcia∗

I Que a história é feita por indivíduos, mas que transcende sua vontade, isso já se sabe e há muito tempo. Mas quais são as interações entre indivíduos e sociedades? Estariam os primeiros dominados por um coletivo, ou gozariam de liberdade irrestrita para moldar a sociedade, bem como lhes apetecem? Pode um homem apenas, uma biografia, alterar o mundo radicalmente? Que obscuras ligações podem ser reveladas, quando se trata de descobrir os elos entre homem e sociedade? Norbert Elias, em O Processo Civilizador sugere algumas chaves de ligação entre indivíduo e sociedade. Para ele, a sociedade nada mais é do que um composto de indivíduos, o que, de longe poderia significar a proeminência do indivíduo sobre o social. As ações, na medida que são desencadeadas, passam a ser ações sociais – terreno onde o indivíduo perde por completo seu poder. Nessa argumentação que Elias desenvolve, podemos perceber influências ambas de Max Weber e de Freud; para o primeiro, as ações sociais são desencadeadas pelos indivíduos, mas nada mais comum do que um interesse de uma ação ter um resultado indesejado. A influência freudiana faz-se sentir na maneira como o indivíduo é incorporado pela sociedade. A sociedade de indivíduos é uma sociedade vigiada, donde nascem os princípios, a coerção, o medo de ser expulso de uma determinada sociedade por transgredir seus princípios, a incorporação por parte do ego do jogo de regras prevalecentes, onde o próprio indivíduo se censura para não cometer nada que ofenda o coletivo. O processo civilizador, pois, para Elias, é um processo onde o indivíduo cada vez mais volta suas pulsões para si, impõe-se o auto controle e satisfaz suas vontades de maneiras subliminares ao invés de diretas. A relação entre a sociedade e indivíduo não é sempre a mesma, no entanto, e Agnes Heller nos permite uma fecunda interpretação ao adicionar em na discussão o conceito de comunidade. Há um capítulo em seu livro, "Indivíduo e Comunidade: uma contraposição real ou aparente" que nos interpela com a seguinte questão, a qual busca∗

Aluno concluinte de graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Orientador: José Carlos Reis

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

se uma resposta ao longo de todo o capítulo: "Existe uma contraposição real entre indivíduo e comunidade, ou trata-se de uma contraposição aparente" (Heller, 1929: 89). Como nosso objeto de interesses aqui é a relação dos indivíduos com as comunidades, resumiremos o argumento da autora a eles. Para a autora, o máximo nível de integração entre indivíduo e comunidade foram nas sociedades clãnicas, tribais ou mesmo nas pólis gregas. Os imperativos axiológicos morais dos indivíduos eram determinados pelas comunidades naturais, ou seja, aquelas que já existiam anteriormente ao nascimento do indivíduo. Sendo educado dentro dessa comunidade, que possui seus próprios fundamentos axiológicos, o indivíduo e a comunidade estão plenamente integrados. Não é preciso dizer que a identificação entre indivíduo e comunidade começa a se desintegrar com o surgimento das sociedades liberais e avanço do capitalismo. Com o fim dos estamentos existente nas sociedades, o indivíduo burguês se via livre para executar sua liberdade individual. Este parecia ser seu ideal. Sem as comunidades naturais que subsumiam o indivíduo em sua esfera, que hoje, anacronicamente, podemos dizer tirânicas, as relações sociais se dão em torno de grupos que se organizavam ao acaso, por interesses comuns mas não determinantes, ou então por uma sociedade de massas manobrável.1 Na sociedade burguesa há a inevitabilidade da busca da comunhão entre indivíduo e comunidade – tais, como a princípio, seriam as classes de trabalhadores. O homem liberal burguês, começou a sentir a carência e a solidão deste mundo moderno criado pela falta de comunidades. A liberdade do homem, previamente glorificada, viuse desmoronada. O argumento de Heller, discípula de Lukács, aproxima-se do de Elias é que o homem é possuído por duas faces. Ela fala-nos de que o homem é tanto um indivíduo-particular e humano-genérico. É a partir dessa comunhão ontológica que podemos observar o fenômeno biográfico dentro de uma sociedade de massas, pois, para poder se sentir humano, a solidão precisa ser abandonada e uma comunidade precisa ser criada. Uma comunidade positiva, onde os anseios desse indivíduo-particular comunguem-se com a axiologia de uma comunidade. Pois o ser humano nunca é o

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A palavra "massa", com efeito, tem nesse contexto um sentido bastante lato. (...) a estruturação interna na qual não se podem desenvolver nem a individualidade, nem a comunidade; a sociedade dos homens, então, passa a expressar-se desde o primeiro momento como se formassem uma multidão manipulada e como se por todos os lados dominasse uma atitude de dispersão (HELLER, 1929: 96)

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

indivíduo individual, interesseiro e egoísta, mas sim um indivíduo que alcança sua plenitude num grupo.2 Mas não lhe escapa que esses fenômenos de carência, típico dos sistemas capitalistas e das sociedades altamente modernas podem desenvolver tipos diferentes de comunidades. Comunidades onde os princípios axiológicos, em vez de ser positivos, seriam negativos, e seus membros, igualmente, em vez de desenvolver a personalidade positivamente, desintegram-se, na negatividade. A sociedade liberal, não se deu por satisfeita com a elevação ao extremo do indivíduo em sua esfera. Trata-se, mesmo, de uma incapacidade ontológica do homem em não reunir-se em comunidades. E as comunidades modernas devem ser feitas de laços que ligam os imperativos axiológicos do indivíduo aos imperativos axiológicos das comunidades. Heller nos instiga a pensar3 Portanto, comunidades cujo conteúdo axiológico sejam negativos, uma individualidade não será construída, mas sim destruída, pulverizada. O indivíduo deixará de existir enquanto ser. Esta condição é a condição do fascismo, do nazismo, do totalitarismo. E é sobre ela que nos debruçaremos em seguida.

II François Dosse nos fala sobre a desconfiança dos historiadores em relação as biografias em seu O desafio biográfico: Escrever uma vida. O autor diagnostica ainda nos anos 80 uma dificuldade dos historiadores escreverem biografias – muito desse preconceito é originário do estruturalismo nefasto da Escola dos Annales, de finais da década de 60. Mas justamente um herdeiro dessa tradição, Marc Ferro critica essa tendência. Comentando sobre seminários organizados sobre a Revolução Russa, em 1950 e sobre o governo de Vichy, estranha que em nenhum momento Nicolau II ou Pétain tenham sido citados.4 2

Dado que a atitude livre com relação à comunidade (ou, em outras palavras, a escolha da comunidade) faz parte da essencialidade do indivíduo, o próprio conteúdo axiológico desse indivíduo manifestar-se-á antes de mais nada no conteúdo axiológico da comunidade por ele escolhida. (HELLER, 1929: 109). 3 Decerto, três fenômenos históricos que se diferenciam em seu caráter e em seu tipo influíram de tal modo em nossa época que a busca da comunidade voltou a sofrer um retrocesso. São eles: o culto da personalidade no socialismo; o fascismo; a manipulação de grupo no mundo burguês contemporâneo. (HELLER, 1929:105) 4 ...a radicalização democrática, que combate a evocação dos grandes homens, e a abordagem historicista que tende a preservar a separação estanque entre os domínios da carreira pública e da vida privada. Ante o interesse pela vida cotidianam ele se espanta, porém, que isso não beneficie em nada o gênero biográfico (DOSSE, 2009: 104)

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

Às dificuldades ao gênero biográfico, considere-se seu gênero híbrido, mais longe da História e mais perto da ficção. Pese sobre isso, também, que a sobrelevação de personagens em alguns casos, torna-os "mestre da vida", ao estilo clássico da escrita da História, baseada em grandes nomes e em grandes homens. A historiografia da década de 70 e 80 pareceu rejeitar esse modelo ao privilegiar o social, as estruturas, o que é imóvel e o que todos compartilham – a mentalidade. Ainda sobre as biografias, mesmo hoje quando o interesse por elas é maior e são elas que mais crescem no mercado editorial, elas parecem uma ocupação menos importante por parte do historiador, tanto por, como muitas vezes mal julgam alguns, ocultar o pano de fundo que é o social, e por privilegiar uma pessoa. Temos apenas mais uma consideração deve ser feita, seguindo os elementos que Dosse oferece. Ele distingue alguns topois em que o historiador se baliza ao escrever a biografia de alguém. Em vez de citá-las aqui e discuti-las, direi as únicas duas que me convidam a esta empresa e a emprestam um quê de surpresa. O primeiro topos que me traz a escrever sobre uma biografia de Hitler é a historicização da personagem histórica. Por pior que fosse seu caráter, podemos julgá-lo como o demônio da Alemanha e responsabilizá-lo por todo mal causado entre 1933-1945, pela guerra, pela perseguição dos anti-sociais, pela eliminação dos judeus? Faço ainda outras duas perguntas que tem relação direta com minha monografia.5 Como foi possível a ascenção de Hitler na Alemanha? Como foi possível que conseguisse tamanho número de seguidores e poder? Preocupa-me, também, algo que chamou a atenção de John Lukács.6 E outra questão, importantíssima, que retiro de Karl Jaspers, gênio alemão que teve que abandonar seu

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Meu trabalho é sobre a crise da representação histórica na modernidade, contrapondo a teoria moderna da história, tal como se constituiu, e seus paradoxos ao se tratar de temas limites, tais como o Holocausto. O ponto que procuro investigar é como foi possível o Holocausto, ou, mais ainda, como é possível narrar o Holocausto. 6 Peter Geyl, escreveu um livro sobre Napoleão, entitulado Napoleon: For and Against. Sobre seu livro, o autor diz: "Quero dizer, com fidelidade à minha própria palavra, que encontrei muito mais do que um paralelo para me atrair. Napoleão tinha um fascínio próprio e a historiografia francesa, um encanto só seu. Nem mesmo o artigo de 1940, para começar, me foi sugerido pelo problema da semelhança ou contraste entre Napoleão e Hitler, mas, sim pelo problema historiográfico da interminável variedade de interpretações de Napoleão, sua trajetória, objetivos e realizações (...)". Para John Lukács, assim como para Geyl, Napoleão e Hitler preocupavam o número de seguidores que ambos megalomaníacos conseguiam, com o passar do tempo. Compartilhamos dessa preocupação.

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

país pela porta dos fundos. Qual é a culpabilidade da sociedade alemã, como um todo, no genocídio inteiro de um povo e na auto-destruição da própria nacionalidade.7

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Caracterizo este trabalho especialmente como uma aventura. Os motivos citados relativos à temática já atestam isso, nem mesmo a personagem histórica em questão. Ainda explicando a surpresa desta empresa, devo evidenciar duas questões que pesam para a modesta contribuição deste trabalho. A primeira delas é a escassez da bibliografia consultada.8 Algo, no entanto, de positivo, tenho a dizer sobre esta empresa, que talvez enalteça suas intenções, se não seus alcances. Na Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha, nos anos 80 e 90, houve o que John Lukács chamou de Hitler-Welle. Como a bibliografia que procuramos sugeriu, mesmo que tenha significativamente aumentado os trabalhos sobre o período nazista no Brasil, ainda é escassa a bibliografia sobre o tema. Espero, então, com este trabalho, trazer algumas questões ainda não tenham sido colocadas em relevo e tornar mais acessível os trabalhos a respeito do Nazismo. 4 Trataremos aqui a questão de como o nazismo e a exterminação em massa dos judeus foi possível na Alemanha entre 1890 e 1945, além de ver como, por trás de uma biografia, é possível analisar não apenas o indivíduo, mas sua interação constante com a

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Almost the entire world indicts Germans and the Germans. Our guilt is discussed in terms of outrage, horror, hatred and scorn. Punishmend and retribution are disired, not by victors alone but also by some of the German emigrés and even citzens of neutral countries. In Germany there are some who admit guilt, including their own, and many hold themselves guiltless but pronounce others guilty. The temptation to evade this question is obvious; we live in distress-large parte of our population are in so great, such acute distress that they seem to have become insensitive to such discussions. Their interest in anything relies (...) that would give them work and bread. (...) In the end, what we call guilt has one allembracing source. But this can be clarify only by what is gained by means of thistinctions. (JASPERS, 2000:21-23). Este tratamento da culpa invocado por Jaspers também no recoloca a questão do silêncio. Perguntamo-nos mais s do que "como é possível cometer tanto horror", mais "como lidar com a? Como justificá-la? Como falar sobre ela?". 8 Por exemplo, a mais famosa biografia escrita sobre Hitler de Joachim Fest, nos anos 1970. A própria auto-biografia de Hitler não foi lida. De Ian Kershaw também não lemos Hitler. Dispensamos também a leitura de Hitler, Interpretationen 1923-1983 do historiador Gerhard Schreiber. As obras de Martin Brozsat, um dos mais influentes e corajosos estudiosos alemão do nacional-socialismo e dos tempo de terror de Hitler também foram ignoradas. Como vemos, são várias lacunas bibliográficas, que tanto o tempo, a erudição e, as limitações linguísticas nos impuseram.

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

sociedade. Dessa forma, procuraremos responder como o nazismo foi possível.9 Ernst Jünger, literato e guerreiro alemão da Primeira Guerra, escreveu um romance em 1922, baseado em seus relatórios de guerra chamado A Tempestade de Aço. Seu livro foi um valorozo inspirador, na aristocracia e na alta burguesia alemã do valor e do ethos guerreiro durante a República de Weimar. Mais do que um relato da guerra onde o valor, a honra e a disciplina são exaltadas, enquanto obra literária, o autor põem seu talento para defender entre a sociedade alemã os valores guerreiros da era guilhermina julgados perdidos na revolução traidora de Weimar. Jünger valoriza a guerra como um prazer, como uma diversão, onde o soldado comum obedece seu superior, onde a hierarquia é valorizada, todos sabem seu lugar mesmo que não venha ordem de cima orientando-os e o prazer de matar o inimigo é adocicado como uma aventura que todos devem experimentar. Bloem, outro autor alemão da época, escreve Nação contra nação, onde o horror da guerra, o medo, a inglória de matar outro ser humano é substituída, por um sentimento que transtorna o indivíduo, transforma-o em outra coisa, tira-lhe sua humanidade e acontece uma estranha modificação de face e de caráter. É o momento em que as tropas precisam se organizar para enfrentar o inimigo, matá-los, furar a defesa e "já não se tratava de uma pessoa oposta a uma outra...regimentos e divisões contra regimentos e divisões... Ali era nação contra nação" (ELIAS, 1997: 190). A guerra era vista por esses autores que a glorificavam não apenas como uma tarefa agradável, um esporte prazeroso, mas como um gerador de código moral próprio que dispensava o humanismo, a civilização e os altos valores conquistados pelo pensamento como "sentimentalismo piegas" e "sermões" (ELIAS, 1997: 189). Contra a República de Weimar que se sustentava numa democracia, num aparato de estado

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Walter Benjamin diz que não existe tragédia maior do que deixar que as coisas tomem seu rumo natural. Hannah Arendt com quem divido a preocupação já expressa "de como o nazismo foi possível", alicerça como fundamento do regime a extinção sistemática e burocrática dos judeus da Europa. Ela peca em seus estudos um aparelho estatal desenvolvido para isso. Tudo o que pode ser encontrado a respeito do genocídio das minorias e do aprisionamento nos campos de concentração, deve-se à autonomia da SS e dos Einsatzengruppen, responsáveis pelos aniquilamentos, – mas jamais houve um aparelho de estado burocraticamente formado para isso. Quanto a Benjamin, seu pessimismo se dá em relação aos partidos social democratas, que acreditavam no destino da história, onde o comunismo seria alcançado sem a efetiva luta do proletariado, com o desenvolvimento da burguesia capitalista, que, consequentemente, traria o fortalecimento do operariado alemão. O jogo de xadrez sem o autômato messiânico movendo as peças.

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

complexo, no pluripartidarismo, cada vez mais crescia na burguesia e na aristocracia um sentimento revanchista contra o tormento de Versalhes e a República de Weimar. A disciplina, o brio, a vontade de ferro e um desejo de refazer uma "comunidade alemã" prevaleciam sobre esses homens. E essa geração da burguesia de 1890 (Hitler nasceu um ano antes), compartilhava desse sentimento. Culpavam os judeus pela derrota na guerra, alimentando um antissemitismo já secular.

5 Como (supostamente) uma pessoa destruiu um Estado burocrático e racional, complexo e bem organizado, assumindo-se como líder supremo de um povo? A explicação para isto, econtramo-la, com Ian Kershaw, que nos fornece um aparato teórico weberiano para sustentar seu argumento.10 Em uma narrativa clara, fluente e seguindo as temáticas apresentadas, acredito que Kershaw tenha conseguido demonstrar isso com sucesso.11 De acordo com nossa argumentação até agora, há certo entre Elias e Kershaw. Segundo Kershaw, todo o processo de chegada de Hitler ao poder foram frutos do acaso que pouco ou nada dependeram de sua força pessoal ou mesmo carisma. Enquanto Elias nos coloca um palco alemão do pós guerra, pronto para figurar um líder genocida. Se é verdade que havia um palco montado para o nazismo, não é verdade que apenas este poderia ser o único autor da peça.12

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Estou interessado, franca e exclusivamente, na natureza, no mecanismo, no caráter e no exercício do poder ditatorial de Hitler. Ao adotar o conceito de "dominação carismática", de Max Weber, tentei encontrar respostas (...) a perguntas sobre por que, dentre todos os fanáticos nacional-racistas de opiniões aproximadamente iguais, na Alemanha do pós-I Guerra Mundial, foi Hitler que exerceu tamanha atração; de que modo um candidato tão improvável conseguiu obter o controle do funcionamento de um complexo Estado moderno; por que – contrariando todas as expectativas [grifo meu] seu poder não foi cerceado pelas classes dominantes tradicionais, mas rompeu com todas as limitações; qual foi o peso de seu papel pessoal na formulação da diretriz política; e se, de fato, ele imprimiu pessoalmente o comando político e tomou as principais decisões até o fim. 11 O primeiro capítulo do livro de Kershaw, na verdade, debate entre as diferentes interpretações e biografias que fizeram sobre Hitler, opondo, principalmente, as da Alemanha Oriental com a Alemanha Ocidental. Uma enforça o poder das estruturas e classes dominantes em seu aval dado a Hitler. Outros preferiam versões onde o poder de Hitler era exaltado como inquestionável e supremo. Ambas as interpretações são criticadas, buscando-se, entretanto, virtudes tanto em umas e outras, conseguindo com isso, Kershaw, ao que parece, um perfil do poder de Hitler bastante esquilibrado, dando as devidas atenções à personalidade em questão, à sociedade onde ele conseguiu mover-se para se tornar líder, ao mesmo tempo que discute a legitimidade desse poder. 12 Em seus primeiros trinta anos de vida, [Hitler] foi um joão-ninguém. Nos vinte e seis anos restantes de sua existência, deixou uma marca indelével na história, como ditador da Alemanha e instigador de uma guerra genocida ... a vida infantil de Adolf Hitler não forneceu um único indício do personagem que iria

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

A carreira política de Hitler começou com o cumprimento uma função do exército de fiscalizar os partidos que agitavam a região da Bavária, colocando-o em contato com o Partido dos Trabalhadores Alemães. Lá saiu do anonimato, descobrindo seu talento como orador, colocando as coisas de maneira simples, preto no branco, preconceituosamente, de maneira a agitar o público. Conquistou assim seu espaço no partido, participando da criação de seu programa em 1920. Em 1923, ele e outros líderes do partido tentaram Putsch, fiasco militar, que tornou-se instrumento de poder e glória pessoal para Hitler. Na prisão escreveu a primeira parte de Mein Kampf e fez vários seminários nazistas para os muitos que o visitavam. Sua ausência no partido até 1924, mostrou a fragilidade endêmica dos partidos völkisch de estabelecer uma liderança, deixando um vácuo no poder, com vários candidatos mostrando-se ineficientes no comando do partido. Sem Hitler, seria certa uma divisão ou mesmo desaparecimento do Movimento Nazista. A liderança de Hitler no partido, além da fragilidade das outras peças, era seu poder de oratória e liderança. Após contato com antissemitas de importante alcance, tanto em Linz, como em Viena e Munique, desde a década de 1920-1930, Hitler vinha gestando sua idéia, em muito parecida com outros grupos völkish e mesmo com a aristocracia. Mas foi seu contato com Alfred Rosenberg (Feder, Lueger, Shönerer e outros também exerceram influência) que o fez remodelar seu pensamento, que continuou o mesmo até o final de sua vida: a cosmovisão de que o desenvolvimento do mundo é uma luta entre raças, as superiores e as inferiores, ambas com grande forças de autoconservação, e que a raça mais elevada era a Ariana, e a mais inferior, a Judaica. E com o bolchevismo judaico que havia conquistado o forte povo russo, era uma tarefa do povo alemão derrotar o inimigo judeu, que estaria prestes a iniciar uma nova guerra. Essa era sua idéia messiânica, que o colocava como líder de toda a direita, por seu poder de idealizador e realizador. Em sua "idéia" constava também uma mudança de política externa, onde o Lebensraum seria conquistado na Rússia, onde a economia alemã floresceria, ao invés de reconquistar as antigas colônias. É preciso dizer, entretanto, que seu público primário era uma clientela völkisch já existente e que esperava já esse messias. O papel de Hitler foi se expandindo na medida que a República de Weimar foi fazer o mundo prender a respiração. Ao contrário, parecia apontar para um futuro de insignificância e mediocridade. (KERSHAW, 1993: 9)

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se ruindo. O Plano Young para renegociar as dívidas de guerra, a hiperinflação e a crise de 1929 fizeram o partido crescer. Conseguiu, nas eleições (desnecessariamente) convocadas em 30, cerca de 13 milhões de votos, e em 32, o sucesso foi maior, contando também com o crescimento do partido. Esse sucesso era atribuido a Hitler, o que provocou uma união da direita populista em torno dele, tornando ainda mais evidente as aclamações de que era objeto.13 O poder público de articulava-se em torno da "idéia". Nela ainda constava o avanço da civilização alemã ariana internamente, com a destruição dos seus agentes nocivos. Vejamos como a "idéia" e o "messianismo" de Hitler conseguiu alcançar as massas e as elites tradicionais, por onde ele não tinha circulação. Sua intuida missão histórica de salvar a Alemanha fez com que díspares correntes völkish caissem sob seu comando (além do sucesso nas eleições). Aqui levantamos novamente a questão de Kershaw: "como pôde um candidato tão improvável chegar ao poder".14 Em 1930, com o crescimento do partido para mais de 100 mil partidários e com o crescimento expressivo da SA, conseguiram apenas um terço dos votantes. Pleiteando a chancelaria, Hindeburg, Presidente do Reich, o negaria diversas vezes desde 13 de agosto de 1930.15 Até 1933 ainda predominava no partido a tendência geral dos partidos völkisch, de extrema volatibilidade entre os membros e ameaças de rupturas constantes. A não obtenção da chancelaria causava reboliço entre os partidários, temendo que todo o crescimento de então se esvanescesse e o partido perdesse a força.16 Assim, mesmo com a liderança consolidada, mas sob o risco de desaparecer o partido, as lideranças incentivavam cada vez mais o culto a Hitler, posto que este era o principal angariador de 13

Tomemos como exemplo este discurso: "É minha convicção sólida, como a rocha, que Hitler não se afastará um milímetro de seu pensamento nacional-socialista. ... É que ele combina em si o idealizador e o político [grifo meu]. Conhece seu objetivo, mas também enxerga os meios de atingi-lo. ". (KERSHAW, 1993: 39) 14 Mesmo com esse "carisma" e essa comunidade que se juntava em seu entorno, Hitler continuava como uma alternativa improvável ao poder alemão. Nas eleições de 1928, antes da crise, não conseguiram mais que 2,6% dos votos. 15 Embora a democracia àquela altura não tivesse um futuro muito promissor, uma ditadura nazista parecia muito menos provável do que alguma outra forma de governo autoritário, como uma ditadura militar ou até o retorno a um estilo de governo bismarckiano, possivelmente sob uma monarquia restaurada. Na guindagem ao poder de Hitler, os acontecimentos fortuitos e os erros de avaliação dos conservadores desempenharam um papel maior do que qualquer ato do líder nazista em si (KERSHAW, 1993: 44) 16 Em si, portanto, a "liderança" não era garantia de unidade interna. Mas há boas razões para imaginarmos que, sem a acentuação da autoridade suprema de Hitler no Movimento, ampliada pelo culto da personalidade incomumente vigoroso que passou a se ligar a ele, o partido seria dilacerado pelo faccionarismo (KERSHAW, 1993: 45)

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votos do partido, o mais apto a reunir todas as lideranças, capaz de manipular as massas - watimulando o "fica ou racha17. Seu o poder carismático foi ganhando autonomia de seu círculo interno e, com sua "idéia", tornou-se a "liderança carismática" esperada pelos alemães, em uma "comunidade nacional". Essa ascenção extra-partidária, de reconhecimento de Hitler com uma "aura" de grandeza e capacidade única de liderar a Alemanha, fez com que todos no partido tornassem-se leal a ele. Ele seria a alternativa a Weimar. Sua participação no partido, desde seu ingresso em 1919, como quinquiagésimo quinto membro, só o fez crescer.18 Nesse mesmo programa foi estabelecida a lealdade ao líder como autoridade do movimento. O Movimento Nazista, assim, ficou conhecido como Movimento do Führer. Enquanto isso, sua influência se influia na massa, com seus interesses materiais, do "arroz com feijão", inclusive com a criação no partido de diversas entidades representativas das mais variadas profissões. E a própria Juventude Hitlerista. Mesmo isso não garantia a Hitler uma aceitação completa entre o povo. Fora do círculo völkisch, Hitler era mal visto como "a de um biruta com aquele cabelo e bigodinho" (KERSHAW, 1993: 58) e as posições a seu respeito era a de que "Ninguém votará nele; aquele palavrório não consegue convencer ninguém" (KERSHAW, 1993: 58) Nos corredores do poder tradicional e do Reischwher, Ernst Röhm foi o primeiro a garantir o acesso a Hitler aos que futuramente lhe garantiriam a chancelaria. Esses foram os membros da elite, que financiariam o partido, e o dos militares do Reichwehr.19 Com esse acesso e a simpatia de alguns de seus programas, a direita 17

Para mostrar o poder da oratória de Hitler àqueles que já estavam dispostos a aceitar um messias para salvar a Alemanha, citamos aqui alguns exemplos de reações a seus discursos: Kurt Lüdecke, um de seus admiradores recordou ter ficado "hipnotizado pela simples força de sua convicção (...) a vontade intensa do homem, a paixão de sua sinceridade [que] pareciam fluir dele para dentro de mim" (KERSHAW, 1993: 48). 18 Em agosto de 1921 o partido já contava com mais de três mil membros, afora um episódio que lhe garantiu mais poder. Sob a ameaça de juntar o partido com outro movimento völkisch, cioso de perder a, Hitler demitiu-se do partido. Mas sua indispensabilidade como propagandista foi reconhecida e ele retornou ao partido, com uma posição fortalecida. Em 1929 o partido contava com 100 mil membros. Foi nesse momento que a saudação "Heil Hitler" passou a ser utilizada entre os membros do partido como sinal de obediência ao líder. Aliado ainda a Hitler, estava a reforma partidária de 1926, que colocava como missão do partido colocava a "missão" e a "idéia" de Hitler como principais objetivos a serem alcançados, mas enquanto plataforma, permaneciam vagos, tais como em objetivos e práticas após assumir o poder. 19 Para além das doações financeiras da elite tradicional (Dietrisch Eckhart, Lüdecke, Putzi Hanfstaengl, Julius Lehman, Hugo Bruckman e Carl Bechstein, além do marechal-de-campo Ludendorff) e colaborações do Reichwehr (que distribuiram milhares de exemplares do Tratado de Versalhes). Com essas primeiras arrecadações, o partido adquiriu seu próprio jornal, o Völkishcer Beobacter.

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

elitista dispôs-se a associar ao Nazismo para dar cabo aos diferentes tipos de marxismo e impor, novamente ao governo a hierarquia que tanto sentiam falta. Com Brüning se tornando primeiro-ministro, o Reichstag foi perdendo sua importância e, através do artigo 48 da Constituição, o governo era feito através de "decretos emergenciais" assinados pelo Presidente. O poder do partido nazista era minado, concomitantemente os partidos de esquerda ganhavam mais eleitores e as elites ficavam mais temerosas. Mais do que o apoio popular, precisavam do acesso ao Presidente do Reich que sistematicamente se negava dar a chancelaria a Hitler, desde 13 de agosto de 1932, quando os nazistas obtiveram um terço da votação. Após esse fracasso em obter a Chancelaria, o partido entrou em crise e seus membros mais ilustres declaravam que se não houvesse um episódio rápido de renovação do poder do partido, ele decairia. A elite queria um estado autoritário, principalmente os juizes, onde pudessem gozar de sua autonomia. Reclamavam da ingerência de Weimar em assuntos particulares. Hitler, neste cenário, parecia uma figura, apesar de um tanto grotesca, confiável para assumir o poder. O próprio presidente do Reich sendo um latifundiário, e a elite temendo as esquerdas, além de simpatizar com alguns ideais nazistas, conseguiram convencer que Hitler, em 30 de janeiro de 1933 assumisse a Chancelaria. Dessa maneira a elite tradicional alemã pensava ter derrubado a odiosa República de Weimar e colocado uma marionete no poder para resolver os problemas que julgavam urgente.20 Logo foram extirpados os partidos políticos, os antissociais foram colocados em campos de trabalho, tribunais especiais foram sendo criados para julgar casos rápidos de crimes políticos. Aproveitando-se da fragilidade das democracias da Liga das Nações, na base da aposta foi conquistando vitórias militares e diplomáticas. Seus crimes, posteriormente, foram legalizados com base na autoridade da "vontade do Führer". Tudo com a posterior anuência dos juízes que, pensando ter recuperado o poder, legitimavam a crueza do Führer. Hitler se tornou o homem mais poderoso da Europa, mesmo que por alguns anos. O poder burocrático foi totalmente destabilizado, sendo que a figura de Hitler não era obedecida por seu cargo estatal, mas sim por sua 20

O erro fatal de avaliação da direita conservadora foi imaginar que Hitler seria domado pela participação no governo, d etal modo que a bolha nazista estouraria. Quando se verbalizaram preocupações a respeito das intenções de Hitler, elas foram mitigadas pela afirmação de Hugenberg de que nada poderia acoantecer, porque "estamos encurralanado Hitler", e pelo comentário lacônico de von Papen [vicechanceler] de que "nós o contratamos" (KERSHAW, 1993: 65).

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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

liderança carismática. E como toda liderança carismática não pode cair na rotina, nem perder o poder áureo que o circunda, Hitler evitava participar dos jogos de poder e das decisões governamentais. Mas todo poder carismático em algum momento decai, seja por sua própria incapacidade de gerar fatos novos para animar o povo, seja por insucessos na política externa, mostrando que a missão do líder tinha falido. A culpa da população alemã deve ser distribuida diferentemente entre seus merecedores, como Jaspers propõe. Ao círculo carismático völkisch deve-se a maior parte da culpa, posto que pela sua ação foi forjado o Movimento do Führer. Às elites tradicionais, embora não desejassem um governo sangnolento, por valorizarem a disciplina e dispensarem a moralidade, também são culpados. O exército, a única ameaça real a Hitler, por conveniência de opiniões, tornou seu aliado até, por fim, subjugar-se a em 1938. Às massas, embora não houvesse quase nenhuma, podem ser vistas como inocentes. Mas isto seria um erro. Não cederam seu apoio, mesmo que por questões materiais, cedendo o voto? Não colaboraram com o regime de terror com denúncias? Não se tornaram menos homens, participando de uma comunidade carismática axiologicamente negativa? Não preferiram viver a resistir e defender os assolados pelos crimes? Todos foram inocentes, para não dizer ingênuos quanto à ascenção de Hitler ao poder. Todos, inclusive Hitler. Mas por essa mesma inocência, recai a todos uma culpa metafísica. Tal como numa tragédia, onde o herói busca agir corretamente moralmente, mas por imprevistos e influência dos deuses – os alemães são culpados pela tragédia nazista e pelo holocausto. E, talvez, o menos culpado de tudo isso seja Hitler. Quantos racistas há no mundo? Mas a eles faltam o poder que o acaso deu a Hitler.

Referências Bibliográficas HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. São Paulo: Paz e Terra, 2000. LUKÁCS, John. O Hitler da História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1998. ELIAS, Norbert. Os Alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1997. DOSSE, François. O Desafio biográfico: escrever uma vida. São Paulo: Edusp, 2009. 12

Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP, 2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)

KERSHAW, Ian. Hitler: um perfil do poder. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1993. JASPERS, Karl. The Question of German Guilt. New York: Fordham University Press, 2000.

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