O médico

June 3, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Leiria
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EstóriasdanossaHistória Ricardo Charters dÁzevedo

0 médico | O pediatra era considerado não necessário, pois não havia clientela para ele, já que as crianças eram incapazes de dizer o que sentiam! Oftalmologista? Mas para que serve consultar um oftalmologista se em todas as feiras se podiam encontrar vendedores ambulantes que nos proponham uma panóplia de lentes? Os cuidados dentários estavaril a cargo do ferreiro da aldeia, pois com ajuda das suas pinças e alicates arrancava os dentes que doíam. A escova de dentes era naturalmente desconhecida. Como se comiamúíta batata, pão e pouca carne (pois esta era cara), não ter dentes não fazia muita diferença... Tal não significa que não existissem médicos. Em Leiria, segundo o Prof. Saul Gomes, houve sempre cirurgiões e físicos. Um deles foi Gil de Leiria com testamento em 1257. A este juntam-se Martinho, tio de Marfim Esteves, clérigo raçoeiro de Leiria (1338), Estêvão (c. 1341), João e Afonso de Leiria (antes de 1374) ou ainda Moisés de Leiria, físico do rei e rabi-mor do reino (c. 1391). Em meados do século XV, o Prof Saul Gomes indica-nos Freire, Abraão, Belhamim, Rodrigo, Samuel Alva, entre outros. Era de Leiria o cirurgião Rodrigo do infante D. Henrique e Martinho foi 0 físico da Duquesa de Bragança. Não sendo de Leiria mencionamos João Rodrigues de Castelo Branco mais conhecido por Amato Lusitano, que viveu em Lisboa, Antuérpia, Itália onde foi professor na Universidade e em Salónica. Outro, António Nunes Ribeiro Sanches, médico, filósofo e pedagogo nasceu em Penamacor em 1699 publicou várias obras e exerceu em vários locais tendo sido médico na Rússia. A estes devemos juntar Garcia da Horta (1501 -1568) que foi professor em Lisboa. Juntamos a estes, Cristóvão da Costa (c.1525 - 1593), Francisco Sanches (c. 1550 -1623), Rodrigues de Castro (1550 -1630), o que confirma a existência de médicos

Jornal de Leiria 25 de Fevereiro de 2016

de origem judaica que prestigiaram a medicina, mas que pelo ambiente persecutório da Contrarreforma tiveram de se refugiar no estrangeiro. Antes dos anos 1850-70 o cirurgião ignora a anestesia ou os antissépticos. Deixando os problemas "interiores” ao médico, .0 cirurgião dedica-se às partes externas como tumores, úlceras, feridas, fraturas, etc., que ele cura lancetando. Durante muito tempo ele era o barbeiro, pois durante muitos anos estas profissões foram confundidas. Lembremo-nos que quer 0 barbeiro quer o cirurgião trabalhavam com lâminas cortantes... A única obrigação instituída ao longo dos anos era de ter uma insígnia que mostrasse que tinha _frequentado uma formação. Assim os cirurgiões que tinham passado por uma escola tinham uma bata longa e os vulgares cirurgiões-barbeiros uma curta. Para estes, como de resto para os dentistas, não era necessário qualquer diploma ou estudos.

Os farma­ cêuticos acumulavam as profissões dedroguistae de ervanário

Ainda em 1914,0 Corpo Expedicionário Português escolhia para maqueiros (ou enfermeiros) nas ambulâncias os soldados que eram barbeiros na vida civil. Assim o Torres, proprietário mais tarde da barbearia Torres na Rua do Ouro em Lisboa, era 0 maqueiro da ambulância chefiada pelo meu avô, o Dr. Luís Carlos Charters d’Azevedo, na Flandres, durante a Ia Grande Guerra. Os farmacêuticos acumulavam as profissões de droguista e de ervanário. Eram eles que preparavam as “cataplasmas” ou ainda forneciam as sanguessugas tão usadas para sangrar um doente com febre. No entanto, quem dava as injeções e prescrevia medicamentos, chás e mezinhas era sempre uma velha prima, irmã de outra igualmente velha, solteironas conhecidas normalmente como "As Santinhas". Por último, o veterinário era inexistente. Haviam uns “artistas” , que em concorrência com alguns “feiticeiros”, faziam tratamentos aos animais, nomeadamente a castração. Em condUsão, era Deus, a naturezaê os seus milagres que eram, em última análise os que podiam vir a curar um doente no témpo dos nossos antepassados.

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