O Mito e a Mitologia Humana em Diane Arbus
Descrição do Produto
O Mito e a Mitologia Humana em Diane Arbus Rogério Paulo da Silva Resumo: Este trabalho incide numa reflexão à volta do mito, construído com base num discurso social que, segundo Roland Barthes, inclui uma imposição de limites temporais e históricos dentro dos princípios da oralidade e da visualidade, tal como foi realizado ao longo da história. Assim como a pintura, a fotografia procurou estabelecer discursos visuais de acordo com aquilo que representava. Nesta condição, foram retratados personagens como mitos, falados e visualizados em contextos sociais transformando-os em ícones ou símbolos de uma história criada através do tempo. A fotógrafa americana Diane Arbus é um exemplo dessa construção do mito, através do registo fotográfico de pessoas estranhas ao contexto dos meios sociais.
Introdução O mito refere-‐se a um paradigma incluído num discurso, numa fala como veículo transportador de mensagens, não só através da oralidade, como era uso na Grécia antiga através dos aedos, mas também através da linguagem visual. Tornam-‐se exemplos desse discurso os temas desenvolvidos pelos grandes pintores e mais tarde por fotógrafos que, através do retrato, transformava indivíduos em ícones que estando incluídos num discurso social, ficariam a pertencer ao imaginário colectivo. Estas personalidades marcadas e faladas dentro do sistema dos mass media nos nossos dias, tal como foi Hippolyte Bayard na sua época quando se simulou fotograficamente como “afogado”, foram eternizadas na sua própria história e na história da vida de muitas pessoas. A fotografia de retrato faz parte do discurso colectivo como uma imagem inerente a um código visual próprio, aliada a um reconhecimento do retratado enquanto representação falada e comunicada por todos e para todos, reunindo características que, tal como refere Walter Benjamin, os primeiros indivíduos a serem reproduzidos colocavam-‐se no espaço da fotografia em estado virgem. Fotógrafos como a americana Diane Arbus, marcam a dimensão do discurso autoral e da critica social através da fotografia. Os seus retratos de indivíduos
marginalizadas e desprotegidos da sua própria natureza física, abrem caminhos para a reflexão acerca da condição humana, estando ligados a uma espécie de mitologia, falada e marcada socialmente pela sua exclusão aos padrões estabelecidos, os quais poderíamos definir-‐se como personalidades com uma existência exterior à “normalidade” do mundo, fora dos grupos estabelecidos socialmente. É relativamente ao trabalho de Arbus, que Szarkowski, director do Museu de Arte Moderna, revelaria que a honestidade do seu olhar é de uma ordem que pertence somente aos possuidores de verdadeiro espírito generoso. É neste contexto que Arbus nos dá a conhecer Miss Cora Pratt, the Counterfeit Lady, personagem inventada por Polly Bushong, que, transformando-‐se com vários adereços, enganara dezenas de pessoa que com ela conviveram durante doze anos. Mais recentemente e dentro do mesmo discurso, também a fotógrafa americana Cindy Sherman (1954) interessar-‐se-‐ia pela representação artística e crítica de personalidades relativas à sociedade americana, transformando-‐se ela própria em figuras inventadas. O Mito e o seu Discurso Quando Roland Barthes refere que o mito é uma fala mas que são necessárias condições especiais para que a linguagem se transforme em mito ele revela-‐nos que a fala é um veículo que transporta mensagens de sujeito para sujeito, sendo necessário impor a esses significados limites históricos, condições de funcionamento e integrá-‐las na sociedade (Barthes, 2001). O mito não se limita a ser transportado na fala como um corpo isolado da mensagem, ele requer que essa passagem seja feita por um sistema de acreditação temporal dentro da oralidade, através do próprio significado e do discurso do real a que o mito se refere. Na Grécia antiga as histórias de grandes feitos eram transmitidas oralmente em discursos ou narrativas e também passadas de geração por geração pelos aedos (Fig.1), artistas que existiam no séc. IX a.C. e que percorriam a Grécia cantando as epopeias Homéricas da Odisseia, transmitindo oralmente as lendas e tradições populares gregas.
Figura 1. Representação de um Aedo
A par desta tradição, que deu voz à representação da história dos mitos através dos grandes feitos, heróis e das divindades da mitologia grega, também Barthes considera o mito como uma fala apontada pela matriz da história e não estar contida na “natureza” das coisas (Barthes, 2001), não se limitando a enquadrá-‐la no sistema da oralidade. Sendo mensagem, o mito poderá também ser sintomático da linguagem visual e encontrar-‐se em variadas formas de representação dentro da visualidade do objecto, como os grandes pintores que materializaram os mitos na pintura ao longo da história da arte como Sandro Botticelli (1445-‐1510) Jacques-‐Louis David (1748-‐1825) ou mesmo Pablo Picasso (1881-‐1973) (Fig. 2).
Figura 2. Picasso. Minotauro e cena báquica, 1933
Mais recentemente, também a fotografia teve declaradamente a sua marca na representação do mito como ícone da sociedade actual – o sujeito que é
pensado como imagem e falado como discurso, dentro do significado da mensagem que é passada, torna-‐se uma figura pública retida temporariamente na consciência histórica de cada individuo. Essas figuras, marcas de um discurso que se propaga socialmente sob a forma de ícone fotográfico (fig. 3), figuras fazendo parte de realidades criadas pelo colectivo, é mitificada pelo sistema dos mass media nos nossos dias, em que a preferência do público decai na «nova era da descrença» em «realidades compreendidas como imagens, como ilusões» (Sontag, 2012: 149), em que a preferência da imagem à coisa ou a cópia ao original é uma constante da sociedade actual, também criticada em 1843 por Feuerbach em relação à época que ele próprio vivia (ibidem, 2012).
Figura 3. Elizabeth Taylor, 1953.
A função do mito é compor um discurso à sua volta de forma a mantê-‐lo como objecto de oralidade e, desta forma, ser falado durante o seu tempo de existência fundamentando-‐o enquanto coisa discursiva «em natureza e em eternidade» (Barthes, 2001: 163). Quantos mitos do cinema e da música foram criados e divulgados em ecrãs de cinema, em espectáculos e representações fotográficas, os quais foram eternizados apenas por se tornarem um discurso e objecto da visualidade, transformando-‐se em significados iconográficos
convivendo diariamente com o público, como parte da sua família? Esses personagens tornaram-‐se mitos por lhes terem criado palavras que fizeram perpetuar o discurso da sua história. Tal como Hippolyte Bayard quando se simulou fotograficamente como “afogado” (Fig. 4), também eles foram incluídos numa corrente de fala social que os eternizou, congelando a sua imagem nas memórias de cada sujeito como numa fotografia impressa.
Figura 4. Auto-‐retrato afogado de Hyppolite Bayard
«O que o mundo fornece ao mito é um real histórico, definido, por mais longe que se recue no tempo, pela maneira como os homens o produziram ou utilizaram; e o que o mito restitui é uma imagem natural deste real» (Barthes, 2001: 163)
Ao se integrar o mito como representação de um significado associado a uma imagem marcada por um discurso, cria-‐se automaticamente um mecanismo de relações de informação que passa pela dimensão crítica e da permanência temporal daquilo que é falado. Segundo Allan Sekula, um discurso pode revelar-‐ se como fazendo parte de uma zona de troca de informação -‐ uma relação entre as duas partes contidas numa comunicação (Sekula, 2013). Neste contexto, se assentarmos a representação fotográfica num diálogo entre quem olha a imagem e a imagem que é olhada, segundo a história que é
contada e eternizada diante o colectivo, o fenómeno do mito surge como resultado dessa comunicação e da necessidade em se transformar a imagem numa espécie de “palavra visual”, passada através da oralidade, em que o tempo específico do seu significado marca a dimensão da consciência colectiva da sociedade. A mitologia Humana na Fotografia «Todo o mito um pouco generalizado é efectivamente ambíguo, porque representa a própria humanidade daqueles que, não tendo nada, o “pediram emprestado”» (Barthes, 2001: 176)
O mito pode ser usado como inspiração por muitos. O mito social enquadra-‐se numa mitologia humana, na forma de sujeitos divinizados que se apoderam da história do cidadão normal, alienando-‐o à sua natureza, o qual vive e fala do mito como se fosse da sua própria vida. Ao mostrarmos a fotografia de alguém conhecido como um ícone da sociedade, fazendo parte de um discurso colectivo, não será necessário mencioná-‐la ou explicá-‐la como sendo uma mensagem que terá de ser descodificada. A própria imagem já é uma descodificação em si própria pois está enquadrada num reconhecimento automático do retratado enquanto representação falada e comunicada por todos e para todos. O género da fotografia de retrato reúne características humanas com a finalidade de mostrar as qualidades físicas, intelectuais ou sociais do individuo em que, no seu início, «os primeiros seres humanos reproduzidos entravam no espaço da fotografia em estado virgem, ou melhor, anónimo» (Benjamin, 2013: 223), estabelecendo-‐se esse registo como um acontecimento misterioso. Desde o início da fotografia, mais concretamente com a democratização dos retratos de Louis Daguerre, acessíveis a um público que, da representação humana, só reconhecia a pintura de retrato dos grandes artistas, que a imagem humana impressa em papel pelo olhar de artistas fotógrafos como Nadar, Walker
Evans ou August Sander entre outros, marca a dimensão do discurso autoral e da critica social através da fotografia. A fotógrafa americana Diane Arbus (1923-‐1971) (Fig. 5), cujo trabalho fotográfico é reconhecido através de retratos de indivíduos marginalizadas, desprotegidos da sua própria natureza física e de não se enquadrarem socialmente dentro dos padrões e das regras estabelecidas, oferece-nos através destes “seres” excêntricos de aspecto estranho, um caminho aberto para a reflexão acerca da beleza e da condição humana: «Sentir que uma coisa é bela significa senti-la necessariamente de uma forma errada» (Nietzsche).
Figura 5. Diane Arbus 1968 | © Roz Kelly/Michael Ochs Archives
Arbus inicia ainda jovem a sua carreira como fotógrafa. Ela aprende fotografia com o seu marido Allan Arbus formando com ele uma equipa de sucesso através da fotografia publicitária e da fotografia de moda para revistas como a Vogue. A partir dos anos 50 Arbus inicia um percurso solitário, cujos interesses apontam para fotografias a partir de pessoas que vai encontrando pelas ruas de Nova York. Em 1959 começa a publicar o seu trabalho nas revistas Esquire, Harper's Bazaar, e a The Sunday Times Magazine, cujos registos documentam uma forte relação entre o seu olhar fotográfico e os sujeitos fotografados. Em 1967, Arbus apresenta numa exposição realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York juntamente com os
fotógrafos Garry Winogrand and Lee Friedlander uma série de trabalhos que o curador John Szarkowski descreve como obras que realçam os conflitos da vida moderna, não ligadas a qualquer tipo de sentimentalismos, mas com olhar atento e crítico. Os retratos de Arbus estão directamente ligados a uma espécie de processo mitológico humano, que poderíamos definir como personalidades com uma existência exterior à “normalidade” do mundo, contrárias aqueles que se encontram edificados em regras sociais ligadas aos padrões pré-‐estabelecidos, enquadrando-‐se socialmente sem se subjugarem a críticas e a processos de integração nos meios da sociedade e das instituições. Os personagens retratados de Arbus adquirem a sua existência somente no seu olhar. Eles estabelecem um diálogo com o observador insinuando uma rendição ao momento de captação da máquina, sabendo que estão a ser observados, sentindo a nossa presença como um reflexo de si próprios. Para além dos retratos que Diane Arbus realizou durante os anos 60, segundo Thomas W. Southall, eram relacionados com trabalhos para artigos de revistas – escritores, estrelas de cinema, artistas, figuras da sociedade e outras figuras públicas – e que formam o eixo da cultura popular Americana, Arbus adicionou uma perspectiva mais ampla para a série de sujeitos anónimos com quem se cruzava nas ruas e parque de Nova York e também nudistas, travestis e performers carnavalescos (1984: 152) (Figs. 6, 7 e 8). Estes personagens, marginalizados e esquecidos pela sociedade e que a artista captava na sua lente com compaixão e carinho, identificavam o verdadeiro projecto de trabalho autoral que interessava a Arbus desenvolver, tornando-‐se o trabalho das revistas apenas a sua fonte de rendimento.
Figura 6. Diane Arbus, Jovem Patriótico com bandeira, NYC, 1967
Figura 7. Diane Arbus, Sem Título, 1970-‐71
Figura 8. Diane Arbus, Anão Mexicano no seu quarto de hotel em N.Y.C., 1970
Diane Arbus e a Reinvenção do Mito Diane Arbus concebe uma galeria de personagens estranhas que, nas palavras de Szarkowski, director do Museu de Arte Moderna de Nova York, revelam o mais exótico e o mais comum que existe em nós. «A honestidade do seu olhar é de uma ordem que pertence somente aos possuidores de verdadeiro espírito generoso» (Southall apud Szarkowski, 1984: 165). É nessa generosidade que assenta o verdadeiro impacto da obra da artista, quando nos convida a entrar no seu “gabinete de curiosidades” e a olhar a estranheza hipnótica que estes personagens, mitos do universo mitológico humano de Arbus, reflectem. As suas representações fotográficas parecem sair da zona grotesca da vida, como uma forma de catarse interior necessária a Arbus que, através desse processo de purificação dos sentimentos, se revelará na importância que ela atribui a estas pessoas ao fotografá-‐las. Elas renascem na acção da vida que estava esquecida e que lhes escapou. Nestes retratos (Fig. 9), como na tragédia grega, ao colocar-‐se a acção dramática no interior da dimensão da mimesis, obtém-‐se uma relação directa entre o sujeito que observa e a representação do real pelo estímulo das emoções. Como refere Aristóteles, ‘a tragédia não é a imitação dos homens mas das acções da vida’ (2011, p.49). É desta maneira que os fotografados de Arbus surgem nos seus registos fotográficos: representados na imagem com a atenção que a vida não lhes proporcionara. Eles são o resultado dessa acção, desse desenrolar de circunstâncias da sua existência no mundo: «Se eu fosse apenas curiosa, ser-me-ia muito difícil dizer a alguém: «Quero ir para sua casa, quero que fale comigo e me conte a história da sua vida.» Suponho que as pessoas diriam: «Você está maluca.» Mais ainda, ficariam de sobreaviso. Mas a camera é uma espécie salvo-conduto. Muitas pessoas querem que se lhes dê toda a atenção, e esta é uma forma aceitável de prestar atenção.» (Diane Arbus)
Figura 9. Diane Arbus, Jovem com rolos de cabelo em casa na West 20th Street, N.Y.C., 1966
Um dos trabalhos de Diane Arbus que poderá exemplificar claramente a ideia do mito criado entre um personagem e a sua história -‐ relativamente ao discurso da imagem, falada e comunicada através do colectivo social -‐ é a fotografia e a história de Miss Cora Pratt, the Counterfeit Lady (fig. 10), artigo que Arbus publicara na revista Harper's Bazaar.
Figura 10. Diane Arbus, Miss Cora Pratt, 1961
Arbus fotografa aqui a falsa personagem inventada por Polly Bushong (fig.11). Esta falsa personalidade que Polly criara, levou dezenas de pessoas a acreditar na sua existência tendo gerado a imagem de um mito e a criação de um discurso à volta da invenção de uma mulher que interferia nos meios sociais. Polly Bushong criara esta figura influenciada pelo seu pai que, na sua infância, usava brincadeiras de falsear usando cascas de batata debaixo do lábio como se fossem grandes dentes. A par destas memórias e adoptando as mesmas diversões e as imitação de seu pai, Polly criara Miss Cora, personagem inventada, enganando várias pessoas ao longo de doze anos. Esta «Counterfeit Lady era caracterizada por um conjunto de grandes dentes, uma peruca velha, contas, broches, penas e cordões retirados do sótão, lápis, almofadas, e com uma inclinação para atitudes lunáticas» (Arbus, 1984: 23). Tal como em O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Polly assume duas identidades: «se Polly transmite um estilo encantador, inteligente e talentoso em Dr. Jekyll, Cora é inocente, arrebatadora e absurda, que comete os erros mais infalíveis e, alegremente pisa onde os anjos têm medo em Mr. Hyde» (ibidem: 1984).
Figura 11. Diane Arbus, Polly Bushong, 1961
Segundo Arbus, numa dessas encenações, Cora surge numa elegante festa em Nova York, em pré-‐acordo com o anfitrião, onde não faltou a presença de uma grande variedade de deslumbrantes magnatas. Cora anuncia docemente que
está apenas a ajudar a amiga, a empregada real, que se tinha ausentado. Perante os convidados ela assumia as piores atitudes para chocar os presentes: bebia-‐ lhes as bebidas conforme os servia, soprava a cinza dos cinzeiros à vista dos convidados e estendia pedaços de queijo com a sua mão nua a cavalheiros, adormecendo por fim a um canto da sala (ibidem: 1984).. A vontade de Polly era mimetizar uma personagem que, em atitudes provocadoras desestabilizaria com uma atitude critica o ambiente social instituído de altas individualidades. Com brincadeiras infantis e ingénuas, pelo prazer da imitação e do discurso que isso gerava, Polly inventava, desta forma, uma vida à volta de Cora, de alguém que era falada como testemunho da extravagância e que expressava ideias erradas a homens com posições sociais estáveis. Muitas vezes Cora era falada como sendo uma mulher extremamente rica, sendo muitas vezes cortejada por correctores ansiosos pela sua fortuna. Cora tornara-‐se uma fonte de controvérsias e de histórias dentro do meio social em que Polly se inseria. As conversas iam-‐se construindo à sua volta, como se se tratasse de um mito, inserido na matriz que um colectivo estivesse a criar. Para além de uma certa repugnância e excentricidade no aspecto que Cora pudesse transmitir, ela tornara-‐se ao mesmo tempo uma personagem querida e simpática que aparecia e desaparecia conforme Polly desejava. Este discurso idêntico ao de Polly, também Cindy Sherman viria a doptar artisticamente nas suas auto-‐encenações fotográficas, assumindo-‐se em personalidades irreais numa critica à sociedade americana (fig.12).
Figura 12. Cindy Sherman. Untitled #359 (2000)
Conclusão Como conclusão poderemos afirmar que, tanto na Grécia antiga através dos aedos como na actualidade através da imagem e dos mass media, que o mito é apontado através de discursos que permanecem na dimensão histórica e temporal do colectivo social. O mito é a coisa falada e visualizada pelo colectivo tornando-‐se uma marca da eternidade, através da sua divinização icónica. Para que o mito permaneça é imprescindível que seja objecto de oralidade, seja pela palavra seja pela imagem fotográfica, e que esse discurso perdure através da história. Diane Arbus congelou vários personagens nos seus retratos. Personagens que pela sua excentricidade e estranheza, foram falados figurando na dimensão eterna da palavra. O retrato de Miss Cora registado por Arbus, é um exemplo claro de como uma figura inventada se pôde tornar em objecto da oralidade e ser falada nos meios sociais e posteriormente na história da fotografia. Polly Bushong criara desta forma uma mulher irreal que Arbus mitificara através da sua câmera fotográfica. Sem o registo da sua imagem como prova do discurso exercido nessa época, Miss Cora nunca teria sido eternizada.
Referências ARBUS, Diane, (1984) Diane Arbus: The Full Circle in Magazine Work. New York: Aperture ARBUS, Doon ISRAEL, Marvin, (1984) Diane Arbus: Magazine Work. New York: Aperture ARISTÓTELES (2011) Poética. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian BARTHES, Roland, (2001) Mitologias, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil BENJAMIM, Walter, (2013) Pequena História da Fotografia in Ensaios Sobre Fotografiade Niépce a Krauss. Lisboa: Orfeu Negro SEKULA, Allan, (2013) Sobre a Invenção do Significado da Fotografia in Ensaios Sobre Fotografiade Niépce a Krauss. Lisboa: Orfeu Negro SONTAG, Susan, (2012) Ensaios sobre fotografia, Lisboa: Quetzal SOUTHALL, Thomas W., (1984) The Magazine Years, 1960-1971 in Diane Arbus: Magazine Work. New York: Aperture [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: http://www.biography.com/people/diane-‐arbus-‐9187461#unique-‐photography [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: https://planodeleitura.wordpress.com/tag/homero/ [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: http://www.photography-‐news.com/2011/03/in-‐photos-‐remembering-‐diane-‐arbus-‐and.html [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: http://shooterfiles.com/2015/05/master-‐profiles-‐diane-‐arbus/ [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: http://ffffound.com/image/69b7802482e7dbbe175ff4f2149c6d063e5d2b6b [Consult. 2016-06-26] Disponível em URL: http://abcnews.go.com/blogs/headlines/2012/03/the-‐many-‐faces-‐of-‐artist-‐cindy-‐sherman-‐ reflecting-‐on-‐gender-‐roles/
Lihat lebih banyak...
Comentários