O MODELO DOS HERÓIS DE PAZ PARA OS JOVENS

May 20, 2017 | Autor: Marcella Meireles | Categoria: Feminism, Educação, Religious Intolerance
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O MODELO DOS HERÓIS DE PAZ PARA OS JOVENS Marcella Meireles de Andrade Email: [email protected]

Resumo: Muitas discussões são feitas atualmente no meio acadêmico, na imprensa e no cenário político nacional e internacional a respeito dos direitos sociais e políticos. E a educação ocupa papel central nesse cenário, servindo como ponte para outros direitos. Para isso, a partir de posições e oposições entre alguns autores, relacionarei os efeitos de ações de indivíduos e os seus valores culturais na construção dessas relações. Assim será utilizado o método comparativo, procurando identificar relações de causa e efeito para esta situação. Palavras-chave: direitos; educação; religião; intolerância. Introdução Uma análise comparativa ocupa um lugar central nas discussões sobre relações interpessoais, pois é através dela que se apresentam soluções para problemas fundamentais das Ciências Sociais. Assim pode-se investigar as causas e efeitos de questões chaves, ou seja, analisar as conexões que mantêm as características do funcionamento das sociedades como tais (explicação sociológica). Através do Método Causal Comparativo, procura-se determinar a causa ou a razão da existência de diferenças no comportamento de grupos e/ou indivíduos. Nesse método, é preciso interpretar os fatos, também utilizando o estudo de casos para assim entender a forma e os motivos que levaram a realidade encontrada na sociedade, dando ênfase a uma situação específica, que no caso, o objeto de estudo será a luta que a jovem Malala Yousafzai propõe meninas tendo cesso à educação, sem que a religião seja uma barreira.

Malala: um exemplo Malala Yousafzai é reconhecida mundialmente por defender o livre acesso de mulheres à educação. Ela desde muito cedo (influenciada pela família, especialmente seu pai que é professor), sabe como é de suma importância para a sociedade, lutar por direitos. Ela foi corajosa denunciando que os religiosos extremistas de seu país (Paquistão) não permitem que as meninas estudem, pois segundo eles (Talibã), somente os homens podem ter acesso.

Também para eles, as mulheres ficam restritas ao ambiente doméstico e se já consideram o acesso à educação um absurdo, quanto mais a possibilidade de participação feminina na política! É justamente o que Malala defende veementemente: "Quero mudar o futuro do meu país e quero que a educação seja obrigatória". Após se deparar com a morte, ela se viu diante da única opção: de ter que deixara seu país por causa das constantes ameaças. Mas não ficou restrita a isso: ela aproveita todo o conhecimento, liberdade e projeção internacional que está tendo para ajudar em relação a realidade que seu país e muitos outros se encontram. É o que ela diz: "Para mim, o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa simples: educar a próxima geração". É nessa voz que muitas outras se unem, para lutar contra o silêncio imposto por aqueles que temem em dar o principal instrumento da democracia, que é a educação! Malala Yousafzai se sacrifica por acreditar num mundo onde todos e todas possam ser ouvidos, mas enquanto isso não acontece, é ela quem reproduz as vozes de milhões que são obrigados a se calar.

Políticas Públicas Glória Diógenes (2009), defende que antes da implementação das políticas públicas, é necessário definir o que é a juventude (e suas práticas e modo de sociabilidade, como por exemplo, classe, gênero e etnia), para então contar com a participação desse grupo social. Também deve ser levado em conta as prioridades e interesses, permitindo que se representem politicamente. É por isso, que é necessário "[...] apontar alguns elementos capazes de fomentar e melhor qualificar os debates no campo das políticas públicas de juventude. Afinal de contas, esse é um desafio que precisa, cada vez mais, ser partilhado e assumido publicamente." (2009, p. 273) A autora acrescenta que "[...] modos de participação da juventude deve nascer da indagação do que significa fazer política para a juventude e de quais são seus referentes mais significativos." (2009, p. 276) Arretche (2015) mostra que as políticas públicas reduzem desigualdades, mas não é a única solução para o problema. Deslocamento nas distâncias entre categorias sociais estão associadas a democracia, mas não é

suficiente para afetar padrões, por isso é necessário políticas públicas implementadas por um longo tempo destinados a grupos distintos. Essas políticas podem ser resultado de competições políticas e da desigualdade em relação a participação política. Há grande chance de ascensão social, independentemente da posição social, raça e, isso ocorre principalmente em democracias. O fenômeno da globalização e suas consequências como a maior possibilidade de comunicação (internet e imprensa), vem permitindo que ideias sejam compartilhadas, criando assim identidades e mobilização de grupos marginalizados. Por isso que: "A exposição a forças ideacionais, por via da escola e da educação, tem estimulado o debate sobre costumes, hábitos e conformismo, o que tem influência sobre a forma como as mulheres enfrentam as restrições legais e tradicionais a seus direitos. " (MONSHIPOURI, 2004, p.195) "A luta por discursos alternativos está precisamente na tensão entre a necessidade de ser relevante diante de condições locais, nacionais ou regionais, por um lado, e o desejo de produzir ideias universais, por outro. " (ALATAS, 2010)

Conclusão É importante e essencial que as mulheres se organizem para darem voz às outras milhões que não podem fazer o mesmo. A omissão e o descaso também ajudam a perpetuar essa realidade. Essas mulheres muitas vezes querem se manter ligadas a fé, mas não querem ser pressionadas por ela ou pelas regras que a religião impõe. Elas desejam mostrar que as interpretações dos livros sagrados em relação às mulheres, são equivocadas e usadas para perpetuar as injustiças e opressões que são convenientes aos homens (garantem a submissão de esposas e filhas). E Malala deixa isso claro: "Acredito que alcançarei este objetivo porque Alá está comigo, Deus está comigo e salvou a minha vida". "O desenvolvimento socioeconômico e a ação coletiva das mulheres são as ferramentas mais efetivas para a reforma de tradições e leis arcaicas." (MONSHIPOURI, 2004, p.211) É preciso levar em conta os princípios democráticos (e é na democracia que os grupos discriminados buscam a mobilidade política para melhorar sua posição) e para isso, esses princípios devem fazer parte do consciente dos cidadãos (e não somente de políticos e acadêmicos).

A solução pode ocorrer através de programas de assistência e proteção realizados por meio do Estado. Evidentemente, essa realidade deve ser alvo de estudos para que as causas e efeitos sejam transformados em políticas-chaves específicas para esses fatos, o que contribuirá em uma sociedade mais justa e igualitária. Em suma, em longo prazo os países devem partilhar a implementação de estratégias relevantes para que seus cidadãos possam usufruir de todos os direitos humanos, políticos, sociais, culturais. O Estado tem a responsabilidade de regulamentar as relações sociais (é uma centralização política em nome do bem-estar social). E é exatamente por isso que: "À medida que um grupo tenta impor suas regras a outros na sociedade, somos apresentados a uma segunda questão: quem, de fato, obriga outros a aceitar suas regras e quais são as causas de seu sucesso? Esta é claro, uma questão de poder político e econômico." (BECKER, 1963, p.29)

Referências Bibliográficas ALATAS, Sauyed Faride.A definição e os tipos de discursos alternativos. Est. Hist., Rio de Janeiro, vol. 23, n. 46, p. 225-245, julho-dezembro de 2010.

ARRETCHE, Marta (org.), Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, São Paulo, Editora da Unesp, 2015.

BECKER, Howard. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. "Outsiders". Zahar, 2009 (1963). MENDONÇA FILHO, M., and NOBRE, MT., orgs. Política e afetividade: narrativas e trajetórias de pesquisa [online]. Salvador: EDUFBA; São Cristóvão: EDUFES, 2009. 368 p. ISBN 978-85232- 0624-6. Available from SciELO Books . MONSHIPOURI, Mahmood. O mundo muçulmano em uma era global: a proteção dos direitos das mulheres. Contexto int., Rio de Janeiro , v. 26, n. 1, p. 187-217, June 2004 . Available from . Acesso em 03 Out. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-85292004000100005.

SITE OFICIAL DE TODOS PELA EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO NA MÍDIA: SAIBA QUEM É MALALA YOUSAFZAI, A PAQUISTANESA QUE DESAFIOU OS TALIBÃS> http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/31560/saiba-quem-e-malalayousafzai-a-paquistanesa-que-desafiou-os-talibas/

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