O navio do Belinho: relatório da avaliação preliminar efectuada pelo CHAM em Junho de 2014

June 13, 2017 | Autor: José Bettencourt | Categoria: Archaeology, Maritime Archaeology, Shipbuilding
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O navio do Belinho: relatório da avaliação preliminar efectuada pelo CHAM em Junho de 2014

Estudo apoiado pela Câmara Municipal de Esposende

Lisboa, Junho de 2015

O navio do Belinho: relatório da avaliação preliminar efectuada pelo CHAM em Junho de 2014 José Bettencourt, Cristóvão Fonseca, Inês Coelho, Patrícia Carvalho, Tiago Silva e Gonçalo Lopes

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Avenida de Berna, 26-C 1069-061 Lisboa

Versão 1: Junho de 2015 - entregue à Câmara Municipal de Esposende e disponibilizada em linha. Lisboa, Junho de 2015 ©

Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar

Índice Índice de figuras ................................................................................................................ 2 1. Introdução ...................................................................................................................... 4 2. Objectivos ...................................................................................................................... 6 3. Equipa ........................................................................................................................... 7 4. Metodologia ................................................................................................................... 7 4.1 Catálogo descritivo................................................................................................... 7 4.2 Desenho .................................................................................................................. 8 4.3 Registo fotográfico ................................................................................................. 10 4.4 Acondicionamento de peças .................................................................................. 10 4.5 Divulgação ............................................................................................................. 11 5. Os elementos do navio ................................................................................................ 12 5.1 A quilha (PB14-007) ............................................................................................... 12 5.2 O cadaste (PB14-001) ........................................................................................... 12 5.3 O coral (PB14-009) ................................................................................................ 13 5.4 As balizas .............................................................................................................. 13 5.5 A carlinga do mastro principal (PB14-008) ............................................................. 14 5.6 O forro exterior ....................................................................................................... 15 5.7 A pregadura ........................................................................................................... 15 5.8 O forro em chumbo ................................................................................................ 15 6. Considerações finais.................................................................................................... 15 Bibliografia ....................................................................................................................... 17 Catálogo .......................................................................................................................... 18 PB14-001......................................................................................................................... 18 PB14-002......................................................................................................................... 21 PB14-003......................................................................................................................... 22 PB14-004......................................................................................................................... 25 PB14-005......................................................................................................................... 26 PB14-006......................................................................................................................... 28 PB14-007......................................................................................................................... 30 PB14-008......................................................................................................................... 35 PB14-009......................................................................................................................... 39 PB14-010......................................................................................................................... 41 PB14-011......................................................................................................................... 43 PB14-012......................................................................................................................... 45

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Índice de figuras Fig. 1 – Praia da Carruagem (Belinho, Esposende). .......................................................... 4 Fig. 2 – Materiais arqueológicos arrojados à praia do Belinho. .......................................... 5 Fig. 3 - Vista geral das madeiras depositadas nas oficinas da Câmara Municipal de Esposende......................................................................................................................... 6 Fig. 4 - Descrição de peças. .............................................................................................. 8 Fig. 5 - Desenho através de decalque em contacto directo. ............................................... 9 Fig. 6 – Desenho da secção da quilha. ............................................................................ 10 Fig. 7 – Acondicionamento da quilha, após registo. ......................................................... 11

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Resumo Em Junho de 2014, o Centro de História d’Aquém e d’Além Mar (CHAM) desenvolveu uma missão de avaliação de um conjunto de madeiras arrojadas à Praia da Carruagem (Belinho, Esposende), durante os temporais que afectaram a costa litoral norte no Inverno anterior. Estas fazem parte de um possível contexto de naufrágio existente ao largo, materializado igualmente em vários materiais arqueológicos, entre os quais se destaca uma colecção de pratos e escudelas em estanho e ligas de cobre. Estes materiais foram recolhidos pela Câmara Municipal de Esposende que enviou o espólio móvel para conservação e restauro e mantinha na altura as madeiras envoltas em película aderente em edifício municipal. A missão, durante uma semana, pretendia avaliar a importância do achado através de um estudo sumário das madeiras. Dado o pouco tempo disponível para efectuar o trabalho, este foi baseado no registo de uma amostra constituída pelas peças mais relevantes, através de descrição, desenho e fotografia, que permitissem obter conclusões quanto à cronologia ou tipo de construção, por um lado, e que possibilitassem uma apreciação do potencial destas peças enquanto objecto de valor cientifico, patrimonial e museológico, por outro. O estudo baseou-se no registo da quilha, do coral, de algumas cavernas e braços em melhor estado de conservação, e de uma amostra das tábuas do forro exterior. Verificou-se que estas peças apresentam algumas características que normalmente aparecem em navios ibéricos de época moderna, o que sugere que as madeiras poderão corresponder a parte de um navio construído no século XVI ou inícios do século XVII. Tem por isso um valor científico e patrimonial muito elevado, permitindo aumentar o conhecimento sobre a navegação europeia e a construção de tradição ibero-atlântica. No que diz respeito à conservação, verificou-se que algumas madeiras começavam a apresentar algumas fissuras devido à secagem. Tendo em consideração o elevado potencial científico e o estado de conservação das madeiras, aconselhou-se que as mesmas fossem colocadas em tanques com água doce até que se termine o seu registo exaustivo.

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1. Introdução Entre Janeiro e Fevereiro de 2014 deram à costa diversos materiais arqueológicos na Praia da Carruagem (Fig. 1) (Belinho, Esposende), o que levou à adopção de uma campanha de arqueologia de emergência, pelo Serviço de Património Cultural da Autarquia de Esposende, que procedeu à recolha e inventariação de diversas peças náuticas e outros objectos eventualmente relacionados com um naufrágio de época moderna.

Fig. 1 – Praia da Carruagem (Belinho, Esposende).

Entre estes destacam-se pratos e escudelas em estanho e em ligas de cobre, entre outros materiais metálicos e líticos, que foram entregues para conservação no Laboratório de Conservação e Restauro do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila do Conde e o no Laboratório do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa (Braga). Estes materiais não foram ainda alvo de estudo e não tivemos acesso a dados que nos permitam fazer uma análise pormenorizada (Fig. 2). É no entanto evidente que os pratos em estanho, com as abas largas, encontram sobretudo paralelos em tipologias dos séculos XVI e XVII, embora uma escudela com asas trilobadas corresponda a modelo do século XVI, com paralelos por exemplo entre os materiais do naufrágio de

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Oranjemund (Namíbia)1 ou no navio Arade 1 (Loureiro e Alves, 2005: 57). Embora a colecção permita abordar a cronologia do sítio, os dados que nos foram disponibilizados não têm qualquer utilidade.

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Fig. 2 – Materiais arqueológicos arrojados à praia do Belinho .

As madeiras, por seu lado, foram armazenadas em depósito da Câmara Municipal de Esposende, onde o CHAM efectuou a missão de registo entre 2 e 7 de Junho de 2014, com o apoio logístico (transporte, alojamento e alimentação) daquele município (Fig. 3).

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Através de foto publicada em http://toensing.photoshelter.com/image/I0000OqRIGnAQTBE [consultado em Junho de 2015]. 2 Fotos do jornal Público, em http://www.publico.pt/ciencia/noticia/o-inverno-deixou-uma-prendaaos-arqueologos-numa-praia-de-esposende-1636792

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Fig. 3 - Vista geral das madeiras depositadas nas oficinas da Câmara Municipal de Esposende.

Foram estudadas um total de 12 peças náuticas, cuja abordagem consistiu na avaliação do seu estado de conservação, descrição, interpretação preliminar, registo fotográfico, desenho e acondicionamento. O presente relatório pretende compilar os registos efectuados e apresentar os resultados obtidos, nomeadamente algumas propostas interpretativas preliminares do navio da praia do Belinho.

2. Objectivos  Selecção das peças náuticas de madeira mais relevantes e em melhor estado de conservação, de modo a obter uma amostragem das características do navio;  Elaboração de um catálogo descritivo das peças náuticas seleccionadas;  Registo arqueográfico selectivo (desenho e fotografia) das madeiras consideradas

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importantes para a análise preliminar do navio;  Identificação das principais técnicas de construção naval e análise comparativa;  Sensibilização da comunidade local para as temáticas da arqueologia náutica e subaquática.

3. Equipa Na fase de camo, a equipa foi constituída por cinco arqueólogos com experiência em arqueologia náutica. A redução dos desenhos foi assegurada sobretudo por Gonçalo Lopes (Quadro 1). José Bettencourt

Arqueólogo; responsável pelos trabalhos de registo e tratamento dos resultados

Cristóvão Fonseca

Arqueólogo; registo e tratamento dos resultados

Inês Pinto Coelho

Arqueóloga; registo e tratamento dos resultados

Patrícia Carvalho

Arqueóloga; registo e tratamento dos resultados

Tiago Silva

Arqueólogo; registo e tratamento dos resultados

Gonçalo Lopes

Arqueólogo; redução e vectorização dos desenhos Quadro 1 - Equipa técnica.

4. Metodologia 4.1 Catálogo descritivo O catálogo pretende compilar os dados descritivos das peças seleccionadas, onde se incluem os seguintes campos mínimos:  Identificação – o código atribuído corresponde ao acrónimo do sítio arqueológico (Praia do Belinho - PB), seguido do ano em que foi feita a inventariação e finalmente do número sequencial atribuído (por ex: PB14-001);  Tipologia – identificação do tipo de peça da estrutura do navio (quilha, cadaste, caverna, braço, tábua, etc.);

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 Dimensões – apresentam-se valores gerais da peça (comprimento, largura, altura, espessura, etc.) e de pormenores específicos (pregadura, diâmetro das cavilhas, escarvas, etc.);  Estado de conservação – referência ao nível de preservação da peça, nomeadamente se está completa/incompleta, o seu grau de erosão e degradação por biorganismos;  Descrição das características e pormenores mais relevantes – padrão de pregadura e de ligação entre peças, escarvas, alefriz, alburno, etc. São ainda incluídos no catálogo os esboços, desenhos e fotografias das madeiras.

Fig. 4 - Descrição de peças.

4.2 Desenho As peças seleccionadas foram desenhadas de acordo com metodologias tradicionais, depois de previamente limpas e assinaladas com espetos nos orifícios dos

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pregos. Os desenhos do cadaste, balizas e quilha foram efectuados à escala 1:1, sobre um acrílico nivelado sobre a peça, depois de previamente orientada. Os pontos eram obtidos com um ponteiro laser colocado na vertical, fixo a um pequeno suporte que garantia um ângulo de 90º. As tábuas do forro foram desenhadas à escala 1:1 através de decalque em contacto directo. Neste caso, após a limpeza, a manga plástica era colocada sobre a superfície, sendo registados directamente todos os pormenores considerados relevantes (Fig. 5).

Fig. 5 - Desenho através de decalque em contacto directo.

O desenho e o registo base das peças consideradas mais importantes incluíram ainda a obtenção de ângulos, do alefriz da quilha, por exemplo, o desenho de várias secções ao longo de cada peça (Fig. 6), a descrição geral das características da pregadura ou dos entalhes. O desenho era depois transferido para manga plástica, para posterior redução, vectorização e arquivo, trabalho efectuado em Lisboa, nas instalações do CHAM.

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Fig. 6 – Desenho da secção da quilha.

4.3 Registo fotográfico O registo fotográfico incluiu fotos de pormenor e em fotomosaico das peças seleccionadas. A selecção das faces a fotografar em mosaico foi feita em função da quantidade de informação disponível em cada vista. As fotografias para o fotomosaico foram obtidas após orientação da peça, com uma máquina digital nivelada num tripé colocado paralelo ao plano a fotografar. Estas fotos, em número variável dependendo da dimensão da peça, foram depois montados com software específico, dando origem a mosaicos que permitem observar todos os pormenores das superfícies, da pregadura ou dos entalhes. Escalas apresentadas nos mosaicos tiveram como base a medida do comprimento das peças. No entanto, estes mosaicos não foram rectificados, não podendo por isso ser utilizados para uma representação em plano das diversas faces de cada peça e apresentando apenas medidas aproximadas das outras características. 4.4 Acondicionamento de peças Após os trabalhos de registo arqueográfico e descritivo, as madeiras foram devidamente protegidas em película aderente, procurando-se minimizar a sua secagem (Fig. 7). No entanto, tendo em consideração o elevado potencial científico e o estado de

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conservação das madeiras, em informação enviada à Câmara Municipal de Esposende aconselhou-se que as mesmas fossem colocadas em tanques com água doce, até que se terminasse o seu registo exaustivo.

Fig. 7 – Acondicionamento da quilha, após registo.

4.5 Divulgação Durante a missão, a divulgação do trabalho foi assegurada através de um Workshop

de

Arqueologia

Subaquática,

promovido

pela

Associação

Forum

Esposendense, em colaboração com o Centro Interpretativo de S. Lourenço e o Museu Municipal de Esposende, efectuado no dia 6 de Junho no Museu Marítimo (antiga Casa do Salva-Vidas de Esposende). Foi ainda proposta e aceite a sua apresentação em poster no International Symposium on Boat and Ship Archaeology 14 (ISBSA 14), que se em Gdańsk (Polónia) entre 21 e 25 de Setembro 2015.

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5. Os elementos do navio Os vestígios incluem 63 madeiras, a maior parte de pequena dimensão e de difícil colocação no casco original. No entanto, uma análise preliminar revelou um elemento da quilha, um fragmento do cadaste e outro do coral, várias cavernas centrais e da extremidade de popa, braços, tábuas do forro e parte da carlinga do mastro principal. 5.1 A quilha (PB14-007) Uma das peças mais interessantes é um troço da quilha, incompleto em ambas as extremidades e com as superfícies muito erodidas, que mede cerca de 8,84 m de comprimento máximo, 23 cm de largura no topo e 24,5/25 cm de largura máxima. A sua construção Incorpora a forma original do tronco da árvore na base, onde se observa o alburno, tendo apenas sido talhada nas faces laterais para o alefriz e no topo para assentamento das cavernas. Mostra um alefriz ao longo da peça, em mau estado de conservação, onde não se conseguem observar alterações significativas no ângulo em relação ao topo, o que sugere que as formas do navio seriam obtidas a partir do talhe da tábua de resbordo. Não existem vestígios da fixação específica das cavernas à quilha, com excepção de várias cavilhas em ferro com aproximadamente 2,7 cm, que atravessam do topo para a base, onde embutidas em cavidades circulares com cerca de 7 cm de diâmetro. No entanto, no alefriz aparece uma malha densa de pregos em ferro, com secção quadrangular com cerca de 1 cm, que serviam para a fixação das tábuas de resbordo, onde as cavernas estariam fixas. 5.2 O cadaste (PB14-001) A peça PB14-001 é provavelmente parte do cadaste, conservado ao longo de 2,90 m e com secção quadrangular de 20 cm. Na face exterior da peça, ou seja à popa, observam-se pequenas depressões que deverão estar associadas às ferragens do leme, com 7 cm de largura. Apresenta cavilhas anilhadas circulares em ferro com 2,8 cm de diâmetro,

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relacionadas com a sua fixação às balizas, embutidas em cavidade circular com 7,5 cm de diâmetro. No alefriz observam-se orifícios de secção quadrangular e cavilhas de madeira da fixação das tábuas do forro exterior. Na face exterior aparecem pregos de secção quadrangular, com cerca de 1 cm, associados à fixação de uma peça de enchimento. Essa face apresenta ainda pequenos orifícios, muito provavelmente pregos de fixação de chapas de forro em chumbo. 5.3 O coral (PB14-009) A PB14-009 corresponde ao coral. Mede 3,6 m de comprimento e tem secção trapezoidal, mais larga no topo, onde a largura evolui de 21,5 cm na extremidade de proa, para 23,5 cm de largura máxima na curva e 21 na extremidade superior. A largura na face inferior evolui dos 16,5 cm na zona de proa, para os 16 cm na curva e os 17,5 cm na provável zona de ligação ao cadaste. A altura do coral varia entre os 55,5 cm (zona central da peça) e os 15 cm, na extremidade superior. Esta peça ligava em ambas as hastes, possivelmente a um couce e ao cadaste, com cavilhas anilhadas em ferro de secção circular com 2,7 a 2,9 cm, embutidas em cavidades que variam entre os 6,2 e os 4,2 cm de largura. Na aresta entre a face superior e a lateral, junto à extremidade de proa, apresenta um entalhe, possivelmente para encaixe de uma pica, com 26 cm de comprimento, 14 cm de altura e 4,7 cm de profundidade. 5.4 As balizas Os vestígios das balizas correspondem a algumas cavernas e braços, que documentam várias secções do navio. Três cavernas são certamente da secção central do navio (PB14-003, PB14-010 e PB14-011). Todas tinham embornal sobre a quilha, muito erodido, com cerca de 6 cm de largura, por 4 cm de altura e mostram restos de pregadura mista utilizada na fixação aos braços. A caverna completa PB14-003, que mede 3,11 m de comprimento, entre 16,5 e 15,5 cm de largura e entre 18 e 16,5 cm de altura, é particularmente interessante porque apresenta as fêmeas de escarvas em rabo de andorinha na zona de ligação ao braço,

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muito boleadas, com larguras que variam entre os 16 e os 24 cm, mais largas na base. Esta ligação era reforçada com duas cavilhas em madeira e dois ou três pregos em ferro, que entravam na horizontal. O mesmo padrão de fixação foi registado num pequeno fragmento de braço (PB14-006), incompleto, com 1,19 m de comprimento, 16 cm de largura na zona da escarva e uma altura que varia entre 17,5 e 13,5 cm. Este estava ligado à caverna com uma escarva em rabo de andorinha com cerca de 1,5 cm de profundidade. Esta ligação à caverna era reforçada com um prego em ferro de secção quadrangular e uma cavilha em madeira de secção circular, com 3 cm de diâmetro. A última caverna registada durante a missão (PB14-012) documenta as balizas da extremidade de popa, correspondendo a uma pica com 1,765 m de comprimento (altura) e 17,5/16 cm de espessura. Esta peça não apresenta fixação ao coral do topo para a base, embora o embutido na base permita segurar a peça até ao reforço com as fixações do forro exterior. 5.5 A carlinga do mastro principal (PB14-008) A madeira PB14-008 corresponde a uma carlinga muito erodida com 2 m de comprimento, mas incompleta nas extremidades. A largura máxima varia entre 27, antes da expansão para a carlinga, e os 42 cm de largura. A altura é de 21 cm, à qual se pode adicionar 6,5 cm do denteado do espaço entre cavernas. Na face inferior apresenta um denteado para encaixe sobre as cavernas, onde era fixo com cavilhas de ferro de secção circular com 2,9 cm de diâmetro, semelhantes às registadas na quilha. A pia, também muito erodida, tem 83 cm de comprimento, por 21 cm de largura e 11 cm de profundidade. Apresenta um orifício circular aberto, com um diâmetro de 3,5 a 4 cm, que não parece corresponder a uma cavilha em ferro, como acontece com as outras cavilhas, que poderá servir para escoamento da água.

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5.6 O forro exterior Preservam-se várias tábuas do forro exterior (por exemplo PB14-002, PB14-004 e PB14-005). A largura varia entre 24 e 37 cm, para uma espessura com entre 4,5 e 5,5 cm. A fixação às balizas fazia-se com pregadura mista, com duas cavilhas em madeira com entre 2,7 e 2,8 cm de secção circular e dois ou três pregos de ferro de secção quadrangular, com cerca de 1 a 1,2 cm. Os pregos entram em cavidade circular na face exterior com c. 3,5 cm de diâmetro. Muitas cavilhas estavam calafetadas na face exterior, método que foi igualmente utilizado na reparação de várias fissuras longitudinais que apareciam na face exterior das tábuas do forro. 5.7 A pregadura A pegadura é mista. O ferro aparece sob a forma de pregos de secção quadrangular, com 1 cm, utilizados na fixação entre os braços e as cavernas e das tábuas e das escoas às balizas. Em ferro foram também produzidas cavilhas com c. 2,8 e 3 cm de diâmetro, possivelmente todas anilhadas, que ligariam a sobrequilha à quilha, atravessando as cavernas, ou o cadaste às balizas. De referir também pequenos pregos que fixavam as chapas de chumbo, que protegiam as obras vivas do navio, ao forro exterior. A pregadura em madeira, constituída por cavilhas com entre 2,7 e 2,8 cm diâmetro, foi utilizada apenas na fixação das tábuas do forro exterior às balizas e entre os braços e as cavernas. 5.8 O forro em chumbo Todas as tábuas do forro e o cadaste apresentam na face externa orifícios quadrangulares relacionados com a fixação de chapas em chumbo com pregos de ferro que protegiam as obras mortas.

6. Considerações finais Não é fácil interpretar vestígios de navios dispersos e parcelares como os encontrados no Belinho. No entanto, as observações agora efectuadas parecem confirmar que a totalidade das madeiras, partilhando características normalmente associadas aos

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navios de época moderna utlizados no Atlântico construídos nos países ibéricos, entre os séculos XVI e o início do século do século XVII, como definido por Thomas Oertling, (Oertling, 2005). A mais evidente corresponde à utilização de escarvas em rabo de andorinha na ligação das cavernas aos braços, relacionada com a utilização de balizas centrais armadas antes da colocação sobre a quilha. Outras características são igualmente comuns, como a possível utilização de um coral a reforçar a ligação entre o cadaste e a quilha, as picas embebidas no coral, a utilização de um pé do mastro num alargamento da sobrequilha ou de um forro exterior liso, fixo com uma combinação de pregos em ferro ou cavilhas em madeira. Estas características surgem em vários exemplos escavados na América e na Europa, nomeadamente em Portugal3. O revestimento das obras vivas com chapas de chumbo é também uma característica que, em maior ou menor extensão, foi adoptada por portugueses e espanhóis ainda nas primeiras décadas de quinhentos e está documentada em vários navios ibéricos dos séculos XVI e XVII, que operavam no Atlântico (Molasses Reef, Emanuel Point, San Esteban, Angra D e Angra B) (Smith et al., 1995; Garcia et al., 1999; Bettencourt, 2013) ou Índico (Boudeuse Cay e Nossa Senhora dos Mártires) (Blake e Green, 1986; Castro, 2005). Em conclusão, como hipótese de trabalho, os restos do navio arrojado à praia do Belinho correspondem provavelmente a um navio ibérico que naufragou entre o século XVI e o início do XVII, tendo um potencial científico elevado, que poderá permitir aumentar o nosso conhecimento sobre a construção naval e navegação de época moderna. O seu estudo deverá por isso ser continuado, incluindo o registo sistemático das madeiras e dos materiais arrojados à praia, mas também a prospecção da área em frente à zona onde estes vestígios foram localizados, que deverá preservar restos do naufrágio ainda imperturbados. José António Bettencourt (Arqueólogo responsável)

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Para uma listagem a análise, ver Oertling, 2005.

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Bibliografia Bettencourt, J. (2013) - “Angra B, un probable naufrágio español del siglo XVI en la baia de Angra (Terceira, Açores): resultados de una investigacion en curso, in I Congreso de Arqueología Náutica y Subacuática Española, Cartagena: Secretaría General Técnica, pp. 244-255 Blake, W. e Green, J. (1986) – A mid-XVI Century Portuguese Wreck Found in the Seychelles”, International Journal of Nautical Archaeology, 15.1, pp. 1-23. Castro, F. (2005) - The Pepper Wreck, College Station, Texas A&M University Press. Garcia, C.; Monteiro, P. e Phaneuf, E. (1999) – “Os destroços dos navios Angra C e D descobertos durante a intervenção arqueológica subaquática realizada no quadro do projecto de construção de uma marina na baía de Angra do Heroísmo (Terceira, Açores)”. Revista Portuguesa de Arqueologia, 2.2., pp. 211-232. Loureiro, V. e Alves, J. (2005) - O navio Arade 1. Relatório da campanha arqueológica de 2004, Trabalhos do CNANS 28. Oertling, T. J. (2005) - Characteristics of Fifteenth- and Sixteenth-Century Iberian Ships. In Hocker, F. M. e Ward, C. A. (eds.), The Philosophy of Shipbuilding, Texas A&M University Press, College Station, pp. 129-136. Smith, R.; Spirek, J.; Bratten, J. e Scott-Ireton, D. (1995) - The Emanuel Point Ship: Archaeological

Investigations,

1992-1995,

Preliminary

Report.

Bureau

of

Archaeological Research.

Agradecimentos Os autores agradecem a Ivone Magalhães Godinho e a Ana Paula Brochado de Almeida, arqueólogas da Câmara Municipal de Esposende, o apoio durante o trabalho de campo.

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Catálogo PB14-001  Troço do cadaste incompleto, seccionado em ambas as extremidades. Mede 2,90 m de comprimento, cerca de 21 cm de altura e 20 cm de largura, na base, e 18,5 cm no topo.

 Apresenta cavilhas circulares em ferro com 2,8 cm de diâmetro, que atravessam o cadaste, relacionadas com a sua fixação a peça de reforço e/ ou às balizas. Na face exterior estas seriam fixas com uma anilha embutida em cavidade circular com 7,5

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cm de diâmetro;

Pormenor da face exterior do cadaste PB14-001: cavilha anilhada de ferro que atravessa toda a estrutura e entalhe da ferragem do leme.

 Na face exterior da peça, ou seja à popa, observam-se ainda pequenas depressões que deverão estar associadas às ferragens do leme, com 7 cm de largura. Estes entalhes distam entre si cerca de 1,10 m.  No alefriz observam-se orifícios de secção quadrangular, com c. 1 cm, dos pregos em ferro que fixavam as tábuas do forro exterior; aparecem também cavilhas de madeira com cerca de 2,5 e 2,7 cm de diâmetro utilizados com a mesma função;

Pormenor da face estibordo ou bombordo do cadaste PB14-001: alefriz e padrão da pregadura de fixação do forro.

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 Na face exterior aparecem pregos de secção quadrangular, com cerca de 1 cm, possivelmente associados à fixação de uma peça de enchimento. Essa face apresenta ainda pequenos orifícios, muito provavelmente pregos de fixação de chapas de forro em chumbo.

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PB14-002  Tábua do forro exterior, com resbordo para encaixe na popa/proa, incompleta numa das extremidades. Mede 3,01 m de comprimento, entre 24 e 37 cm de largura e 5,5/5 cm de espessura;

 A fixação às balizas fazia-se com pregadura mista, com duas cavilhas em madeira com entre 2,7 e 2,8 cm de secção circular, e com dois ou três pregos de ferro de secção quadrangular, com cerca de 1 a 1,2 cm.  Os pregos entram em cavidade circular na face exterior com c. 3,5 cm de diâmetro. A face

exterior

apresenta

ainda

pequenos

orifícios,

correspondendo

muito

provavelmente a pregos de fixação de chapas de forro em chumbo.

Pormenor da face exterior da tábua PB14-002 - padrão da pregadura.

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PB14-003  Caverna completa, eventualmente da zona central do navio, com sinais de erosão em todas as faces. Comprimento de 3,11 m, largura entre 16,5 e 15,5 cm e altura entre 18 e 16,5 cm. A altura sobre a quilha é de cerca de 18 cm.

 Apresenta as fêmeas de escarvas em rabo de andorinha na zona de ligação ao braço, muito boleadas, com larguras que variam entre os 16 e os 24 cm, mais largas na base;

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Pormenor da face de proa ou popa da caverna PB14-003: escarva muito boleada.

 Tinha embornal sobre a quilha, muito erodido, com cerca de 6 cm de largura, por 4 cm de altura;

Pormenor da face inferior/exterior da caverna PB14-003: boeira e cavilha de ferro da ligação sobrequilha-caverna-quilha.

 Estava ligada ao braço por duas cavilhas em madeira e dois ou três pregos em ferro,

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que entravam na horizontal, mas a erosão não permite caracterizar em pormenor;  É atravessada por uma cavilha em ferro circular, com 2,9 cm de diâmetro, junto à boeira, que corresponderia possivelmente à ligação sobrequilha-caverna-quilha, uma vez que não apresenta cabeça na face superior.  A ligação do forro exterior à caverna era assegurada com cavilhas em madeira, que também a atravessam do topo até à base na maior parte dos casos, e pregos em ferro. As cavilhas de madeira têm cerca de 2,5 cm de diâmetro e os pregos em ferro cerca de 0,6/1 cm de lado.  As escoas estariam ligadas à caverna por pregos de ferro localizados na face superior, na zona da escarva.

Pormenor da face superior/interior da caverna PB14-003: padrão de pregadura de ligação às escoas.

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PB14-004  Tábua do forro exterior incompleta, com resbordo numa das extremidades para encaixe na proa ou popa. Mede 3,30 m de comprimento, 37,5 cm de largura e entre 4,5 e 5,5 cm de espessura;

 A fixação às balizas é mista, com um padrão de duas cavilhas de madeira e dois ou três pregos em ferro;

Pormenor da face exterior da tábua PB14-004: sistema de pregadura.

 A face exterior apresenta ainda pequenos orifícios, correspondendo muito provavelmente a pregos de fixação de chapas de forro de chumbo.

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PB14-005  Tábua do forro exterior, incompleta numa das extremidades. Apresenta resbordo para encaixe na proa ou popa, com marcas de desbaste com instrumento de gume. Tem 2,81 m de comprimento, a largura varia entre 32, 29,5 e 25,5 cm e tem 5 cm de espessura;

 A fixação às balizas é mista, com duas cavilhas em madeira e dois a quatro pregos

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em ferro. A secção das cavilhas em madeira é de 2,5 cm - algumas apresentam uma cunha na face exterior. Os pregos em ferro apresentam secção quadrada, com c. 1,5 cm, embutidos em cavidades circulares com 4 cm de diâmetro;

Pormenor da face exterior da tábua PB14-005: sistema de pregadura e utilização de breu.

 Na face exterior da peça observam-se vários rasgos profundos onde se subentende a utilização de breu para preenchimento de antigas fissuras.  A mesma face mostra os orifícios quadrangulares dos pregos de fixação das chapas em chumbo de protecção do casco.

Orifícios de pequenos pregos correspondentes à fixação do forro de chumbo nas tábuas do forro exterior e cadaste.

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PB14-006 

Braço incompleto, com 1,19 m de comprimento, 16 cm de largura na zona da

escarva e uma altura que varia entre 17,5 e 13,5 cm. A peça encontra-se muito erodida.

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 Estava ligado à caverna com uma escarva em rabo de andorinha, apresentando um macho muito boleado. A escarva apresenta uma profundidade de cerca de 1,5 cm.  A ligação à caverna era reforçada com um prego em ferro de secção quadrangular e uma cavilha em madeira de secção circular, com 3 cm de diâmetro.

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Pormenor da face proa ou popa do braço PB14-006: sistema de ligação à baliza com escarva.

 Observam-se vários pregos na face inferior de ligação do forro exterior. A secção dos pregos é quadrangular, com 1,2 a 1,3 cm de lado.

Pormenor da face inferior/exterior do braço PB14-006: pregadura de fixação do forro exterior.

PB14-007  Troço da quilha incompleto em ambas as extremidades e com as superfícies muito erodidas. Mede cerca de 8,835 m de comprimento máximo, 23 cm de largura no topo

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nas zonas melhor preservadas e aproximadamente 24,5/25 cm de largura máxima;

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Pormenor da face estibordo ou bombordo da quilha PB14-007: erosão da peça e pregadura das tábuas de resbordo que acompanha o alefriz.

 Incorpora as formas originais do tronco da árvore na base, onde se observa o alburno, tendo apenas sido talhada nas faces laterais para o alefriz e no topo para assentamento das cavernas. Observam-se vários nós ao longo da peça;  O alefriz encontra-se em mau estado de conservação. Não se conseguem observar alterações significativas no ângulo em relação ao topo, que também não é plano. Os ângulos do alefriz são os seguintes (posição do topo A para o topo B – ver desenho):  80/78º - a 30cm da 3ª cavilha;  70/74º - a 26cm da 4ª cavilha;  75º - a 46cm da 6ª cavilha;  70/78 - junto à 9ª cavilha;  70º - A 44,5cm da 11ª cavilha.

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Pormenor da face superior e estibordo ou bombordo da quilha PB14-007: alefriz e cavilha ferro da ligação sobrequilha-caverna-quilha.

 Não existem vestígios da fixação das cavernas à quilha, com excepção de várias cavilhas em ferro com aproximadamente 2,7 cm, que atravessam do topo para a base. Estas cavilhas eram anilhadas, embutidas em cavidades circulares, visíveis na base, com cerca de 7 cm de diâmetro;

Pormenor da face inferior/exterior da quilha PB14-007: cavilha anilhada de ferro.

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 No alefriz aparece uma malha densa de pregos em ferro, com secção quadrangular com cerca de 1 cm de lado, que serviam para a fixação das tábuas de resbordo.

Quilha PB14-007: orientação da pregadura de ligação às tábuas de resbordo.

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PB14-008  Carlinga, incompleta em ambas as extremidades. Tem 2 m de comprimento. A largura máxima varia entre 27, antes da expansão para a carlinga, e os 42 cm de largura. A altura é de 21 cm, à qual se pode adicionar 6,5 cm do denteado do espaço entre cavernas.

 Encontra-se em mau estado de conservação, profundamente colonizada por taredo e biorganismos e com as superfícies erodidas. A madeira é também aparentemente mais branda que o cavername;  Tem cavilhas de ferro de ligação às cavernas com secção circular com 2,9 cm de diâmetro e apresenta um denteado na face inferior para encaixe sobre as cavernas. As medidas originais entre encaixes não podem ser obtidas devido ao mau estado de conservação das superfícies da face inferior da carlinga. Os valores obtidos são por isso interpretativos, tendo em conta a curvatura, e variam entre 24 e 22 cm;

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Face inferior/exterior da carlinga PB14-008: mau estado de conservação.

 A pia, também muito erodida, tem 83 cm de comprimento, por 21 cm de largura e 11 cm de profundidade;

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Face superior/interior da carlinga PB14-008: mau estado de conservação.

 Apresenta um orifício circular aberto (A), com um diâmetro de 3,5 a 4 cm, que não parece corresponder a uma cavilha em ferro, como acontece com as outras cavilhas. Tem também uma cavidade semicircular/em meia cana (B), que poderá ser da passagem de uma cavilha do forro exterior.

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Pormenor da face superior/interior da carlinga PB14-008.

Pormenor da face inferior/exterior da carlinga PB14-008.

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PB14-009  Coral.

Encontra-se

pouco

degradada,

mas

está

incompleta

nas

duas

extremidades, medindo 3,6 m de comprimento. A haste inferior tem um comprimento de 2,81 m e a superior de 1,79 m. Tem secção trapezoidal, mais larga no topo onde a largura evolui de 21,5 cm na extremidade de proa, para 23,5 cm de largura máxima na curva e 21 na extremidade superior. A largura na face inferior evolui dos 16,5 cm na zona de proa, para os 16 cm na curva e os 17,5 cm na provável zona de ligação ao cadaste. Esta diferença corresponde a ângulos que variam entre 84º e 86º. A altura do coral varia entre os 55,5 cm (zona central da peça) e os 15 cm, na extremidade superior.

 Esta peça ligava, em ambas as hastes, possivelmente a um couce e ao cadaste, com cavilhas anilhadas em ferro de secção circular com 2,7 a 2,9 cm, embutidas em cavidades que variam entre os 6,2 e os 4,2 cm de largura. Além das cavilhas em ferro, não apresenta pregadura na face superior;  Na aresta entre a face superior e a lateral, junto à extremidade de proa, apresenta um entalhe, possivelmente para encaixe de uma pica, com 26 cm de comprimento, 14 cm de altura e 4,7 cm de profundidade;

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Pormenor da face estibordo do coral PB14-009: entalhe de assentamento de uma pica.

 Nas laterais apresenta um padrão denso de cavilhas em madeira (com diâmetros variando entre 2,3 e 2,7 cm) e pregos em ferro de secção quadrangular (com 0,8 e 0,9 cm de lado) utilizados na ligação do forro exterior;

Pormenor da face estibordo do coral PB14-009: padrão da pregadura de fixação do forro.

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PB14-010



Caverna, incompleta numa das hastes, com as superfícies muito erodidas. Tem

um comprimento de 2,82 m, 16,5/15,5 cm de largura e uma altura sobre a quilha de 24 a 25 cm;

 Apenas se preserva uma eventual escarva numa das hastes, pois encontra-se muito erodida. Nessa haste, a ligação dos braços à caverna fazia-se ainda com três cavilhas no centro (que atravessam) e dois pregos em cada extremidade (que não atravessam). As cavilhas de madeira têm secção circular com 2,4 cm e os pregos de ferro quadrangulares medem 0,9/1 cm de lado.

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 A face inferior também tem cavilhas de madeira e pregos de ferro, utilizados na fixação das tábuas do forro interior. Apresenta ainda uma cavilha em ferro com 2,6 a 2,8 cm de secção junto à boeira.  A boeira, rectangular, mede 15 cm de largura e 4 cm de altura.

Pormenor da faces inferior/exterior e proa ou popa da caverna PB14-010: boeira e cavilha de ferro da ligação sobrequilha-caverna-quilha.

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PB14-011  Caverna erodida, rolada e incompleta nas duas extremidades. Tem um comprimento de 2,95 m, 14/11cm de largura e uma altura que varia entre 19 e 14 cm, apresentando 15,5 cm sobre a quilha (encontra-se erodida);

 Apresenta uma boeira sobre a quilha, com 14 cm de largura e 4,5 cm de altura;  Embora pouco visíveis, existem vestígios das fêmeas de escarvas (1/1,7 cm de espessura preservada) na ligação aos braços nas duas hastes; 

Aparentemente, em ambas as hastes, esta ligação era reforçada com três ou quatro cavilhas de madeira e quatro pregos em ferro;

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Pormenor da face proa ou popa da caverna PB14-011: ligação ao braço com escarva.

 Tem cavilha de ferro de secção circular com 3 cm, localizada na zona central ao nível da boeira, que atravessa desde o topo até à base, e que deveria assegurar a ligação sobrequilha-caverna-quilha.  A ligação do forro exterior era obtida com cavilhas de madeira com diâmetros entre 2,4 e 2,7 cm e pregos em ferro, com secção quadrangular, entre 0,9 e 1 cm de lado.

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PB14-012  Pica, muito rolada e erodida. A altura preservada é de 1,765 m e tem 17,5/16 cm de espessura;

 Não apresenta fixação ao coral do topo para a base, embora o embutido na base

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permita segurar a peça até ao reforço com as fixações do forro exterior.  As ligações do forro exterior eram asseguradas por cavilhas em madeira com 2,6 a 2,3 cm de diâmetro e pregos em ferro com 1,1/0,9 cm de lado. Algumas cavilhas aparentam ser de ponta perdida.

Pormenor das faces proa ou popa e inferior/exterior da pica PB14-012: base de assentamento e cavilhas de madeira.

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