O Novo Oriente Médio

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fevereiro 24

12:26 2017

 por vozdaturquia

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O  Oriente  Médio,  palco  de  muitas  batalhas  e  cenário  geoestratégico  para  muitos  atores  internacionais,  na sequência da Primavera Árabe foi sacudido por mudanças que, ao contrário de muitas análises da época, não significaram a democratização da região nem, sequer, melhores condições de vida. As mazelas sociais, fruto da alienação de regimes políticos autoritários e corruptos resultou, em dezembro de 2010, na morte de Mohamed Bouazizi, um jovem tunisino desempregado que, impedido pelas autoridades de seu país de vender legumes para garantir  a  sobrevivência,  ateou  fogo  ao  próprio  corpo.  O  ato  desencadeou  uma  onda  de  protestos  em  vários países do Oriente Médio e culminou na queda de Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia, Hosni Mubarak, no Egito, e Muammar al­Gaddafi, na Líbia. Na Síria, as contestações ao regime de Bashar al­Assad levaram à guerra. As consequências  que,  desde  então,  têm  atingido  a  região  contrariam  as  perspectivas  ocidentais  feitas  naquele momento, de um mundo mais alinhado ao modelo de democracia ocidental. No auge dos acontecimentos, muitos analistas  ignoraram  o  fato  de  que  essas  sociedades,  após  anos  de  submissão  e  desemprego,  poderiam  tomar uma  direção  diferente  daquela  esperada  por  quantos  se  encontravam  no  comando  dos  centros  de  decisões globais. As revoltas que, para o Irã, foram denominadas de  despertar islâmico, tomando como base a própria revolução iraniana de 1979, talvez, nos dias de hoje, tenham mais sentido se, partindo do pressuposto de que, paralelamente a um Oriente Médio desestabilizado, pode­se dizer que há sinais de um poder iraniano ascendente na região bem como a ascensão do extremismo religioso. A expressão  Novo Oriente Médio foi usada pela primeira vez em 2006, por Condoleezza Rice, Secretária de Estado  dos  EUA,  em  “substituição  ao  termo  mais  antigo  e  mais  imponente,  Grande  Oriente  Médio”,  que coincidiu com a inauguração do Terminal Petrolífero Baku­Tbilissi­Ceyhan (BTC) no Mediterrâneo Ocidental e, também, com a guerra entre Israel e o Líbano. Os elementos que justificaram o propósito daquela designação para  a  região,  não  assumiram  os  contornos  esperados  pelos  EUA  e  a  Grã­Bretanha,  cuja  intenção  era redesenhar as fronteiras regionais sob a alegação de resolver os problemas do Oriente Médio atual. Porém, os acontecimentos  que  se  sucederam  ao  longo  dos  últimos  anos  não  permitiram  a  concretização  dos  objetivos anglo­americanos e se opondo aos interesses dessas duas potências ocidentais hoje, as antigas e as novas forças políticas tentam definir áreas de influência que poderão resultar numa nova ordem regional. A presença do Irã, da  Rússia  e  da  Turquia  na  guerra  na  Síria,  por  exemplo,  somada  aos  episódios  dos  últimos  seis  anos, provocados  por  aquele  conflito,  no  rescaldo  da  Primavera  Árabe,  aponta  um  novo  direcionamento  das lideranças mundiais para questões mais recentes. Demandas tradicionais, como a criação do Estado palestino, não saíram da agenda, mas estão em segundo plano. De acordo com as informações recentemente veiculadas, o Presidente  norte­americano,  Donald  Trump,  anunciou  o  rompimento  de  uma  relação  histórica  dos  EUA relativamente ao conflito israelo­palestino.

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A Palestina que, por muitas décadas, foi o epicentro de várias contendas envolvendo Israel, o mundo árabe e o Ocidente, parece que deixou de o ser. Esta é uma das evidências que dividem o antigo Oriente Médio e o novo. Ao  longo  dos  anos,  a  região  tem  sido  remodelada  e,  para  o  bem  ou  para  o  mal,  os  EUA  estiveram  sempre presentes. Quando o Presidente Trump afirmou: “Olho para a solução com dois estados e com um estado e http://vozdaturquia.com/mundo/oriente­medio/2017/02/24/o­novo­oriente­medio/

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24/02/2017

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gosto do que israelenses e palestinos gostarem. Aceito as duas opções”, de fato a sua administração não tem interesse  no  problema.  No  entanto,  ele  não  cogitou,  até  hoje,  a  saída  das  tropas  norte­americanas  da  Síria. Segundo  informações,  o  Oriente  Médio  continua  a  ser  relevante  para  os  norte­americanos.  Os  Oficiais aposentados dos Serviços Estrangeiros afirmam que áreas da “Turquia ao Irã, através da Península Arábica – que definem o novo panorama da política externa americana no Oriente Médio”. Neste contexto, os EUA não estão  deixando  a  região  mas,  se  o  fizerem,  quem  será  o  líder  do  novo  Oriente  Médio?  Muitas  coisas  serão definidas no futuro, mas as alterações já são perceptíveis no presente. Foi noticiada, pela BBC, no início deste mês, a possibilidade de uma guerra que envolva Israel no novo Oriente Médio, a partir da Síria, que alterou o mapa estratégico da região. Em conformidade com uma notícia recente, o que mais assusta Israel são as vitórias no  Norte  da  Síria  pelas  forças  de  Bashar  al­Assad  e  de  seus  aliados,  o  Irã  e  o  Hezbollah.  Para  o  Professor Asher Susser, do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade de Tel Aviv,  “as mudanças na Síria, trouxeram  o  Irã  para  mais  perto  das  fronteiras  de  Israel  do  que  nunca”,  situação  que  origina  “a possibilidade  da  cooperação  entre  o  Irã  e  o  Hezbollah  não  apenas  ao  longo  da  fronteira  entre  Israel  e Líbano, mas também ao longo da fronteira entre Israel e a Síria”. Para o Professor, isto corresponde a “um potencial  perigoso  para  uma  longa  fronteira  do  Mediterrâneo,  através  do  Líbano  e  da  Síria,  com  o Hezbollah  e  o  Irã  muito  perto  de  Israel  que,  nunca  enfrentou  esse  tipo  de  situação  em  sua  fronteira norte”.

 

Band faz clipe de Li Martins na Turquia para Sila Leia o artigo com pleto

Vários  aspectos  vêm  sendo  alterados  na  parte  mais  conturbada  do  planeta.  Uma  nova  configuração geoestratégica começa a tomar forma. O antigo Oriente Médio está a ser substituído gradativamente pelo novo, no qual a Palestina passou a ocupar o segundo plano na agenda internacional, enquanto que a Síria é a pauta do momento. Isto porque  este  país  árabe  concentra  as  mais  variadas  forças  regionais  e estrangeiras jamais vistas num  conflito  de  mesma  natureza,  o  que  modifica  as  estruturas  do  passado.  Este  status  quo  já  está  sendo alterado  nos  Montes  Golã,  cuja  fronteira  foi,  em  tempos,  considerada  a  mais  pacífica  de  Israel.  Praticamente todos os acontecimentos e notícias sobre o cotidiano da Síria convergem para a construção de um novo Oriente Médio e de novas políticas para a região, que ainda estão por definir, mas já estão em curso. Marli Barros Dias ——————–

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Mapa do Oriente Médio. (Fonte): https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Middle_east.jpg ——————–

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