O oceano como elemento visual determinante da paisagem litoral na confluência do Tejo com o Atlântico.

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Congresso O Mar como Património Cultural e Natural – Almada, 9 de Outubro de 2015 Título da comunicação O oceano como elemento visual determinante da paisagem litoral na confluência do Tejo com o Atlântico. Autor Pedro Fidalgo (IHC - FCSH - UNL)

Palavras chave: Mar; Oceano; Atlântico; Paisagem Litoral; Valoração Visual. Para averiguar a importância do oceano na paisagem litoral que envolve a foz do Tejo começou-se por inventariar os elementos visuais determinantes dessa paisagem, a partir da construção de um modelo estável que representa-se esse território sujeito a constantes transformações. Para a construção deste modelo foi definida uma metodologia estruturada numa sequência de etapas, suportadas por conjuntos de premissas, que estabelecem condições ideais ou medianas de registo, de modo a minimizar o grau de subjetividade da apreciação, devendo os resultados obtidos refletir a visão de um individuo em posição vertical, que, a partir de uma amostragem de Pontos de Estudo da Paisagem (PEP), observe frontalmente a envolvente girando 360º sobre si. As etapas desta metodologia foram definidas do seguinte modo: I – Estabelecimento de uma amostra de PEP; 1 - Recolha e organização da cartografia e ortofotomapas. 2 - Delimitação da área de estudo; 3 - Determinação do percurso de análise; 4 - Implantação dos PEP; II – Registo da envolvente dos PEP; 5 - Mecânica do registo fotográfico; 6 – Realização do trabalho de campo; III – Construção de um modelo de análise; 8 - Definição de uma matriz para a ficha de caracterização dos PEP; 9 - Preenchimento da ficha de caracterização de cada PEP; 10 - Elaboração de elementos complementares de apreciação para cada PEP, em cada ficha; 11 - Associação das diferentes fichas numa base de dados. Para a inventariação dos Elementos Visuais Determinantes da Paisagem (EVDP) analisou-se o conteúdo de cada ficha, referenciando elementos isolados que se destacam da envolvente, e elementos agrupados por similitude de forma ou uso que se destacam devido à extensão da área que ocupam, visíveis desde pelo menos dois PEP.

Este inventário permitiu estabelecer, a partir de uma amostra de 81 PEP, um conjunto de 44 EVDP. Seguidamente procedeu-se à determinação dos PEP mais relevantes, considerando os que apresentam os dez valores inferiores e os dez valores superiores. Para esta análise, classificaram-se os registos da envolvente de cada PEP, valorando o seu caracter a partir das variáveis “unidade”, “singularidade”, e “diversidade”, consideradas como as mais significativas na apreciação de uma paisagem, numa escala de 1 a 5, correspondendo 1 à preferência visual mais baixa. A partir dos valores atribuídos somaram-se as pontuações dadas a cada variável, e determinou-se o valor total e o valor médio das três variáveis para todos os PEP. Para analisar o contributo de cada EVDP para a qualidade da paisagem em estudo, estes elementos foram valorados e hierarquizados considerando o número de PEP em que foram referenciados e a área que ocupavam dentro de cada PEP. Procedeu-se também ao estudo das relações de intervisibilidade entre PEP. Estas análises permitiram considerar o Atlântico como o EVDP mais relevante para a valoração da paisagem porque: 1.

A sua presença é constante nos 10 PEP mais relevantes;

2.

A comparação dos valores atribuídos ao conjunto das variáveis “unidade”, “diversidade”, e “singularidade”, mostra um incremento de cerca de 1/3 no valor médio dos PEP onde se verifica a presença do oceano relativamente aqueles onde se verifica a sua ausência.

3.

É o EVDP que mais interfere nas relações de intervisibilidade, apresentando particular importância para relações visuais existentes entre PEP muito afastados, pois não se apresenta como barreira visual para o campo de visão, e contribui para acentuar a identidade e unidade espacial do território.

Esta relevância vê-se potenciada se ao modelo de análise condicionado, desde logo, pelas limitações impostas pelo registo de imagens tridimensionais num suporte bidimensional, se juntarem outras variáveis. Será o caso, por exemplo, da quarta dimensão, ou seja, a passagem do tempo cósmico que permite a perceção do movimento ou a transformação dos corpos, produzindo mudanças na sua posição e carater que alteram a composição do enquadramento. Tendo o tempo suficiente, um observador dispõe também de uma infinidade de enquadramentos possíveis para analisar um mesmo motivo. Assim, a passagem do tempo, por si só, potencia a relevância do Atlântico, aumentando substancialmente o seu grau de vitalidade, interesse, e contributo para a valoração da paisagem que lhe está associada.

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