O Papa é Comunista?

July 4, 2017 | Autor: L. Urbieta Rego | Categoria: Jesuits, Comunism, Pope Francis
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http://en.wikipedia.org/wiki/Blue_Labour
Tradução do programa de rádio da BBC News 4 publicado em 4 de Junho de 2015
http://www.bbc.co.uk/programmes/b05xd5s1( Acessado em 20/08/2015)
A crítica do Papa Francisco sobre a economia moderna o tornou um ícone para a Esquerda e levou rapidamente a assunção de que ele é comunista. O líder de 1.2 bilhões de Católicos tem chamado o capitalismo, na melhor das hipóteses, de fonte de inequidade, e na pior, de assassino.
Edward Stunton pergunta: O Papa é comunista?
Edward Stourton:
Vamos começar o caso com a acusação. Ela é feita aqui pelo polêmico comentarista de rádio norte americano de direita Rush Limbaugh:
" Eu me encontrei com um pessoal fazendo seus últimos comentários sobre o Papa Francisco. E até aquele momento eu o admirava. Mas o Papa agora foi para além do Catolicismo e se tornou puramente político. Alguém escreveu isso para ele e isso é puro Marxismo."
Neste programa eu irei perguntar se ele está certo. O papa é comunista? Voce irá ouvir mais sobre isso quando o Papa for aos Estados Unidos neste Outono . E isto não virá apenas de comentaristas nos rádios.
"Eu acho que esse é um Papa que claramente tem uma leniência marxista. Inquestionável que ele é cético muito vocal com relação ao Capitalismo e da Mercado Livre . Ele acredita que o sistema de Mercado Livre como o Ganso dos ovos de ouro que cria a riqueza que temos nos EUA e que torna as pessoas ricas ao redor do mundo mais ricas. Eu acho isso muito preocupante."-Stephen Moore
Stephen Moore é Economista Chefe da Heritage Foudation ( uma organização que estuda o livre mercado sediada em Washington).Ele costuma escrever sobre Economia para o Wall Street Journal.
Francisco é o líder de um bilhão de católicos e sua influência se estende para muito além da Igreja. Ele é massivamente popular. E um dos poucos líderes da Esquerda de estatura global. Então seus pensamentos realmente são importantes. E eis aqui um conto de aviso para aqueles que não acham que papas não fazem mais a diferença no mundo: durante a Segunda Guerra Mundial Stálin perguntou quantas divisões (de infantaria) tinha o Papa. E meio século depois João Paulo II forneceu uma resposta robusta: ele disse que Polônia foi a primeira a criar as brechas que acabariam por minar as fundações da União Soviética. Este nosso Papa estaria tentando nos levar na direção oposta? Eis uma amostra da tônica de seus discursos:
" Assim como o Mandamento: "Não matarás" estabelece um limite claro para resguardar a vida humana, hoje nós também devemos dizer "Não faras uma economia de exclusão e inequidade". Este tipo de economia mata. Como pode ser que não seja uma reportagem de noticiário que um idoso sem teto morra de frio, mas sim que a Bolsa de Valores caia em dois pontos? Isto é um caso de exclusão. Devemos permanecer imóveis quando comida é jogada fora enquanto pessoas passam fome? Isto é um caso de inequidade."

Philip Booth,um economista que trata sobre o mercado Livre no Institute for Economic Afairs em Londres, também um católico, coloca Francisco dentro da tradição de Thomas Pikety, o economista francês de esquerda cujo livro sobre inequidade( O capital) se tornou um best-seller no ano passado:
"O Papa parece passar essa impressão reforçando uma visão dos ganhos da maioria da população se reduzindo enquanto que os ganhos dos ricos aumentam exponencialmente. Nenhum dos casos é de fato, verdadeiro. Ele se coloca então ao lado de Pikety, para citar um nome acadêmico, Paul Tonybee, para citar um nome jornalístico e eu acredito que isso pode potencialmente nos levar a um debate perigoso por que pode nos levar para uma má política."
Uma distribuição desigual de bens persiste criando situação de pecado social que clama aos céus e impede muitos de nossos irmãos de viver uma vida plena. O problema do desemprego não é apenas um problema da Itália e alguns países europeus é o resultado de uma escolha mundial. De um sistema econômica que tem em seu centro um falso deus. Um falso deus chamado: dinheiro.
O Papa como todo bom pastor tenta pregar a conscientização. Jesus, é claro, também fez isso. Mas quando você faz isso em termos econômicos você pode mudar o clima das opiniões de maneira que você torne mais difícil desenvolver uma boa política econômica que eleve a posição dos pobres. Então, por exemplo, quando Papa diz que rejeita a economia da globalização e que a economia mata. Bom, essas são mensagens importantes. Mas ao fazer essas afirmações, ele na verdade torna mais difícil criar o ambiente político adequado de bom governo, livre comercio, mercado livre, mercado inclusivo e então o Papa não estará fazendo aos pobres um bom serviço a longo prazo.
As ideias econômicas tanto do Papa Francisco como do Papa João Paulo derivam pesadamente do que é conhecido como a Doutrina Social da Igreja. Iremos explicar isso mais a frente. Mas o contraste com que ambos os Papas interpretaram essa doutrina tem raízes muito diferentes.
Maurice Glassman, o economista britânico que cunhou o termo Blue Labour, estudou a Doutrina Social da Igreja em seu Doutorado:
"É uma diferença entre a Polônia comunista de Joao Paulo II, onde ele foi Bispo e onde um tipo de materialismo exclusivista iria enfatizar o materialismo secular, levou a degradação do ser humano e o comunismo conforme visto, pelo meu ponto de vista, como a degradação da vida humana: era antidemocrático, contra a propriedade particular, e certamente contra a Igreja. Mas esta Papa veio da Argentina em uma época de um programa de austeridade que remonta a vintes anos atrás e eleve viu como o capitalismo corporativo também afetou a vida familiar e promoveu a sexualização de crianças e tornou o ser humano uma mercadoria. Então para ele o verdadeiro perigo para integridade e uma boa vida, de uma fiel vida familiar são as degradações do capitalismo. Então o que temos não é que o comunismo se oponha a isso, é que não é a mesma ameaça existencial como era quando a União Soviética era poderosa.
"La política argentina asi és y siempre será trasifista y generosa!"
Jorge Mario Bergoglio, o nome de batismo de Francisco, viveu durante o governo de Juan Péron, o pai de uma ideologia política que se provou durável na Argentina, mas achou poucos entusiastas em outros lugares.
"O grande movimento político que predominou na juventude de Francisco foi o Peronismo, é muito difícil de explica-lo mesmo para outros latino americanos. "—afirma Austen Ivereigh, autor de The Great Reformer-Francis and the Making of a Radical Pope. " Não é uma política de esquerda ou direita mas surge como um revivamento nacionalista dos anos 30 e 40 muito associado com a classe trabalhadora acima de tudo, em particular coma s cooperativas formadas por Péron. Então quando Jorge Bergoglio era adolescente foi durante as duas vezes que o Perón foi presidente 1946 até 1955 e a Argentina foi completamente transformada pela experiência. E o marcou profundamente pois ele tinha um profundo respeito pelo Peronismo e sua relação com a classe trabalhadora, com padre da paroquia em rejeição a política liberal da época. E foi uma época de industrialização e enormes transformações. E o Peronismo sempre dominou a política argentina desde então.
Você tem que pensar mais afundo para chegar a outra fonte central do pensamento de Francisco. Ele é um jesuíta. E a ordem teve, às vezes, uma história radical. Eles tiveram uma presença significa na América no início da colonização. E sua história inspirou um famoso filme dos anos 80. E conforme o Cardeal Arcebispo de Westminster Vincent Nichols explica, ela também inspirou o futuro Papa Francisco:
"Um dos seus grandes axiomas para entender a posição da Igreja na sociedade é que a realidade é mais importante que as ideias. Este é um ponto de partida absolutamente fundamental. Então ele (Francisco) não é muito focado no pensamento abstrato. Um dos biógrafos do Papa escreve que a base de suas ações vem das primeiras presenças jesuítas na América do Sul e Argentina onde os indígenas eram explorados e os jesuítas os reuniram e fizeram um grande experimento, uma empreitada fantástica que foi retratada no filme A Missão."
Estas missões forneceram um refúgio para os indígenas contras piores depredações dos colonizadores e causou muito ressentimento entre eles e os jesuítas. A nobre alma destes nativos se inclinava em direção a música e, de fato, muitos dos violinos tocados em Roma forma feitas por suas hábeis mãos.
"Houve uma reunião das culturas cristã e indígena: os jesuítas trouxeram música e arquitetura e essas pequenas cidades existiram por cem anos. Então o pensamento mudou na Corte Espanhola. As ideias mudaram e a realidade foi destruída. E eu acho que foi disto de onde ele tirou várias coisas: seu uso da palavra periferias vem dos primeiros relatos jesuítas que descreviam a si mesmos como trabalhando nas periferias do mundo; seu princípio de que o real é mais importante do que as ideias. "
Como um jovem padre na América Latina, o futuro Papa Francisco fez parte de uma Igreja profundamente e as vezes amargamente dividida sobre o que é chamado de Teologia da Libertação. A ideia de que os Evangelhos sempre colocam os pobres em primeiro lugar, a assim chamada escolha preferência para os pobres, e que a Igreja deveria fazer o mesmo, é essencial para Doutrina Social da Igreja. Nos anos 60 ela emergiu como um fator proeminente na doutrina da Igreja na América Latina e deu origem ao movimento da Teologia da Libertação. Mas no início dos anos 70 ele levou alguns padres e teólogos a um caminho que Joao Paulo atacou como perigosos e herético quando ele se tornou Papa no final da década.
Nós passamos a palavra para Austen Ivereigh que também estudou teologia na Argentina:

" Como um cisma dentro da Teologia da Libertação entre aqueles que perseguiam uma análise marxista da sociedade e que até certo nível admiravam os movimentos de esquerda inspirados por Cuba e por outro lado havia um grupo menor, que só conhecemos agora por causa de Francisco, que era particularmente forte Na Argentina, que tinha uma leitura paralelista da Teologia da Libertação e que ao invés de se dedicar as ciências sociais e ao Estado social, eles se voltavam para a cultura do povo e por isso que é chamado de "Teologia del Pueblo", Teologia do Povo, pois via o povo um sujeito histórico e eles especificamente rejeitavam análises liberalista e marxistas."
Então tanto o Peronismo e a Teologia da Libertação encorajavam Bergoglio a olhar para além das divisões tradicionais entre esquerda e direita. Ele tinha muitos amigos marxistas e reconheceu o fato quando perguntado se ele também era. E sua crença na opção pelos pobres marcou sua liderança na igreja argentina. Ele insistiu que seus padres deveriam entender como era vida dos pobres através de experiência direta. O padre Augusto Zampini Davies era um deles e ele tornou um padre depois de uma carreira de sucesso no setor de negócios e finanças:
" Com um pouco de vergonha eu dizia que era um advogado corporativo internacional então todos os meus clientes eram grandes bancos e de acordo com o meu bispo eu escapei do inferno quando sai da firma de advocacia para me tornar um padre. O que realmente mudou foi quando eu fui enviado para uma favela e vivi lá por quase dois anos. E o que eu senti vivendo com eles foi como a inequidade corre profundamente em suas vidas. É tão, tão injusto. Você sente que deve fazer algo. "
Então foi uma experiência profundamente emocional. Intelectualmente, como você se sentiu?
"Vivendo numa favela me deu a oportunidade de entender que se você não tentar todo o dia ver a realidade através de seus olhos (dos favelados) você não compreende a realidade como um todo. Por exemplo, mesmo coisas simples, eu me lembro de encontrar uma senhora muito pobre que quebrou seus óculos. E levou quatro meses para conserta-los. E a pobre mulher vivia sozinha e ela não podia ver nada. Então eu pensei: Bom Deus, para nós é tão simples. Você vai em uma loja e compra óculos novos. E pronto. Esta mulher levou quatro meses e não apenas para consertar seus óculos, mas para retomar sua vida cotidiana. O que é extraordinário. Então eu tenho milhares de histórias como essa. Quando você começa a entender a realidade através dos olhos deles isso muda completamente a sua compreensão do sistema econômico."
Esta foi a visão de mundo q eu Francisco levou com ele para Roma. E para alguns pensadores católicos se provou ser um verdadeiro choque. Maurice Glassman foi chamado para falar em uma conferência no Vaticano sobre A Doutrina Social Católica e ficou surpreso em ver o Papa e um dos seus cardeais agindo como seus parceiros quando ele recebeu críticas da Direita:
" Eu apresentei este trabalho e resumi o que considerava ser os pontos centrais do pensamento social católico em termos da representação do trabalho vocacional, da economia, do mercado a relação com os bancos e a descentralização antes de eu terminar um cara de Chicago se levantou e disse: "Tem um nome para o que você está dizendo Professor Sei-lá-Quem...( e , eu percebi que isso não estava indo bem) e isso se chama Comunismo. Você tenta interferir com as prerrogativas da Administração, você tente interferir com o Capital, com os preços e isso já foi tentado...na União Soviética. Eu me senti um pouco sobrepujado por aquilo. Mas então, inacreditavelmente, um sujeito chamado Cardeal Marx, porque Deus tem um sublime senso de humor (ele é o Cardeal de Munique), se levantou e disse que esta era uma descrição autêntica e a discussão se expandiu. E no final o Papa disse para o homem de Chicago: "Qual a sua ideia? De que se os bancos caírem isto seria o fim do mundo, mas se os trabalhadores passarem fome este é o preço que você tem de pagar?" E o que foi ótimo é que isso revolveu tudo. "
Então o Papa concordou com você?
"Bem, ele concordou com o fato de que o pensamento social cat lico não é neoliberal."
"Ele vem fazendo comentário após comentário pelos últimos dois anos, desafiando a validade do capitalismo. E dizendo que se for um bom católico, ser um apoiador do capitalismo é contraditório com a teologia católica. Eu não acredito nisso. "- diz o economista americano Philip Moore. " Eu acredito que o Papa tem um desejo muito sincero de ver os pobres fazerem melhor como eu mesmo espero. Mas o que eu diria a ele e todos os espectadores é, com todo o respeito, o jeito de ajudar os pobres é tirar o governo do caminho e deixar que negócios particulares e que o sistema de livre mercado levante o povo. Foi o que aconteceu em Hong Kong, Vietnã, Singapura, EUA e Inglaterra. E estas experiências de grandes governos quer seja na Argentina, Cuba ou União Soviética não foram bem-sucedidas para ninguém. "
Então vemos como a afirmação de Philip Moore em sua rebatida de Glassman quanto a acusação de Francisco de se afastar muito para a esquerda. E o que é exatamente a Doutrina Social da Igreja? Ela foi originalmente articulada em documento de 1881 chamado Rerum Novarum. O Papa Leão XIII se dirigia ao "espirito da mudança revolucionária" que estava varrendo a Europa. Alguns dizem que ele foi claramente criado para rebater os ideais comunistas. Mas também era uma crítica de alguns aspectos do capitalismo. Logo, é uma mistura pouco familiar. Então pedimos a Maurice Glassman que exponha seus princípios da forma mais clara possível para que explique aonde exatamente a Doutrina Social Católica se separa do Marxismo:
" A razão que a Doutrina Social Católica se opõe ao Comunismo é, a princípio, no quesito da propriedade privada. Ela de fato deseja estender a propriedade privada para mais pessoas. E o segundo ponto é que ela é anticoletivista ela acredita em descentralização e diversificação das instituições tais como instituições vocacionais que regulem a economia e de fato , ela espera muito envolvimento e regulação do Estado como inóspita a participação do empresariado e realmente se opõem a essa ideia de que exista um estado justo de mercado. Ela acredita em ativar a sociedade através do que chamamos de solidariedade para que possa resistir a dominação do rico sobre o pobre através de cooperativas e associações vocacionais e do que é chamado subsidiariedade, o que é a descentralização do poder. Então o que a Doutrina Social Católica compreende é que o Capital centraliza tanto quanto o Estado nessa concentração de poder em termos de finanças. E que isso precisa ser descentralizado, e, portanto, é uma teoria de descentralização econômica enquanto que o comunismo é uma teoria de concentração de poder estatal. "
Esta seria então a visão da Esquerda. E quanto a perspectiva da Direita?
Philip Booth, Diretor do Insititute for Economic Afairs argumenta que enquanto a Francisco é fiel ao Ensinamento Social Católico, ela coloca muita ênfase na inequidade como responsabilidade do Estado e não muito sobre o que Igreja tem a dizer em assuntos como propriedade privada:
" Na verdade, todos nós temos uma profunda preocupação com os pobres. E nada do que o Papa Francisco diz pode ser interpretado consistentemente como uma verdadeira ideologia de socialismo estatal ou comunismo, o que se opõe totalmente aos ensinamentos da Igreja. Entretanto, o que ele diz não se opõe a outras filosofias econômicas cooperativas e são filosofias que a Igreja utilizou no passado, nos anos 30. E há de fato sinais disso em documentos assinados no Vaticano, Sínodos relacionados ao desenvolvimento econômico. Não é algo que acredito, mas a Igreja nunca se distanciou inteiramente desses tipos de abordagens. "
Então você está dizendo que ele é um pouco de esquerda, mas não um comunista?
" Ele é um pouco do que nós economistas britânicos do livre mercado liberais chamamos de cooperatista. Alguém que acredita em um Estado relativamente grande e com espaço para regulação de grandes empresas, negócios e sindicatos para guiar e planejar a economia. "
Ambos predecessores de, João Paulo e Bento, Francisco desenvolveram encíclicas para tratar da Doutrina Social Católica. Mas não há dúvida que a interpretação deste Pontífice as vezes soe mais radical. Veja por exemplo sua atitude em relação a caridade. A Igreja norte-americana é rica e para católicos norte-americanos como Philip Moore isso coloca como um dever para coma aqueles menos afortunados:
"É claro que acreditamos como católicos, que nosso papel enquanto seres humanos, que uma das formas de se entrar no Céu, é ser caridoso e ajudar pessoas que precisam de nossa ajuda. E eu acredito que esta é a responsabilidade das Igrejas, e indivíduos e seu rebanho em dar o alívio necessários as pessoas adoentadas, desempregadas, acidentadas ou passando por momentos difíceis. Como católicos é nosso dever dar a melhor ajuda possível. Eu não acredito que o melhor tipo de ajuda necessariamente vem do governo. "
E agora a visão de Francisco sobre a caridade. Este é um discurso para a grande rede católica Caritas:
" A caridade cristã deve mudar radicalmente o seu estilo de vida. Eu tenho vergonha em admitir que alguns anos atrás alguns de nós comparecíamos a jantares de luxo para levantar dinheiro para Caritas. O leilão de joias, coisas caras. Aquilo foi um erro. Aquilo não era caridade cristã. Você deve se tornar amigo dos pobres. E se tornar pobre você mesmo. Viver uma vida austera e modesta. "
"Claramente o Papa, a partir de sua experiência na América Latina não concorda em caridade vindo de cima como uma missão para aqueles que são mais ricos. De fato, esta é uma tônica central de seu discurso "-afirma o Cardeal Vincent Nichols. " Então para que não possamos ir nos relacionar com as periferias, com as pessoas que são pobres com o sentimento de que trazemos presentes, mas nós deveríamos ser apreciadores do fato que recebemos algo que é mutualmente recíproco. E eu acredito que as razões teológicas é que entre os pobres que, ás vezes, é mais fácil encontrar a face de Cristo. Então nenhuma dessas se adequam com a noção popular de caridade de fazer o bem aos outros. O fato de que ao final daquele extraordinário Sínodo do último outubro (2014) uma das tentações as quais estávamos suscetíveis era de ser um " fazedor do bem", "il bonismo" em italiano, conforme eu me lembro. E era como um laissez faire liberal, de atitude de esperar ajudar os pobres e desafortunados pelos quais não temos tempo de nenhum para conviver. "
Esta não é uma mensagem que irá satisfazer o tipo de americano católico rico que gosta de levantar dinheiro em jantares de gala. Mas Francisco parece gostar de ser provocativo. Ele está para publicar uma encíclica sobre mudanças climáticas. Encíclicas são para ser afirmações oficiais do Estado do Vaticano que tendem a ser definitivas. Um homem inteligente disse que essa deve ser radical. O padre Augusto Zampini Davies pode ver seu conteúdo de em uma conferência recente do Vaticano:
"Você me pergunta se o Papa Francisco é marxista. Se alguém acha que ele é marxista espere e veja o que diz sobre o meio ambiente. O que ele irá dizer é que a mesma ideologia que está por trás do sistema de mercado neste momento, que ignora o sofrimento dos pobres, é a mesma ideologia por trás daqueles que ignoram o sofrimento da Terra. E é exatamente a mesma ideologia. E isto é extremamente desafiador. Então esta seria uma oportunidade para nos fazer pensar como tratamos a Terra e a sociedade.
E apenas para sermos claros é que sua mensagem para aqueles que acham que ele é de esquerda, que ele é comunista, é que vocês não viram nada ainda. É que esperem e vejam esta encíclica.
"Exatamente. A razão pela qual as pessoas estão desconfortáveis é que existe um paradoxo em relação a crise ambiental. Os mais pobres já estão sofrendo com as mudanças climáticas. E eles contribuem muito pouco para esse problema. E todos estão dizendo aos pobres o que fazer. Você não pode fazer isso, você não pode desenvolver desta maneira, você não pode gastar energia da maneira como fazemos. E o Papa diz que este é o paradoxo da inequidade. Os menos favorecidos são seriamente afetados e eles não estão contribuindo para o problema. Então a solução precisa vir de todos, mas os ricos precisam ter mais responsabilidade. "
Quando o Presidente Obama anunciou a reaproximação de Washington com Cuba ele agradeceu a Francisco em seu papel por torna-lo possível. Em sua viagem para os Estados Unidos em Setembro (2014) ele havia parado em Havana. De acordo com seu biografo, Austen Ivereigh, é nisso que vemos as ideias de Francisco gerarem frutos de maneira prática. O Papa, ele acredita, tem grandes ambições quanto ao que pode ser obtido indo além da velha divisão entre Esquerda e Direita:
" É absolutamente central o fato de Francisco ter ido a Cuba antes de chegar aos Estados Unido, porque ele está envolvido em construir toda uma nova política para as Américas. E a chave para isso é Cuba. Então o primeiro estagio é descongelar as relações entre Cuba e EUA, a restauração dos laços diplomáticos, o fim do embargo. Mas, ainda mais importante, é ter a Igreja de fato supervisionando esta transição para uma cultura democrática que é enraizada na tradição nacionalista e cristã cubana, a qual terá um grande apelo para a América Latina porque não é de Esquerda ou Direita, não liberal ou coletivista. É uma tradição social católica humanista. Então eu acho que as apostas são muito altas e ambição de Francisco é muito grande. "
Então é certo ver, que de certa forma, seu argumento é superar o debate entre EUA contra o comunismo?
Exato. Eu acredito que em sua visão o impasse EUA x Cuba envenenou a política de toda a região pois ela introduziu esta polarização que você está ou ao lado dos EUA ou de Cuba, esta dicotomia Direita x Esquerda. Eu acredito que Francisco esta na verdade tentando construir toda uma geopolítica para as Américas da mesmo forma que João Paulo II fez para os países da Europa que antes eram comunistas. "
Quando Raul Castro encontrou Francisco mês passado ele expressou grande entusiasmo com os pontos de vista do Papa. " Se o Papa continuar assim" ele disse "eu vou voltar a Igreja e voltar a rezar. Eu não estou brincando. "
Não é um endosso que recomendamos ser lembrado por Francisco em seu encontro com a Direita Americana em setembro. Philip Moore:
"Existe um grande ceticismo entre os católicos. E existem muitos católicos que dizem adorar João Paulo II, que foi um dos maiores líderes do último século. Eu acho que este Papa está se desviando um pouco da mensagem (cristã). E estamos preocupados com isso."
Eu achei que o Papa era o encarregado da mensagem!
"(RISOS). Talvez este seja o problema! Mas existem muitos católicos que acreditam com o eu . Quando eu escrevi minha obra este Papa estava deslocado em termos do que ele estava pregando. Raramente eu escrevi algo que fez com que mais pessoas, mais católicos, me respondessem afirmando que finalmente encontraram alguém que dizia que o Catolicismo era consistente com a economia de mercado e que o movimento verde moderno é muito inconsistente com o que acreditamos como católicos. "
A resposta para a pergunta que colocamos no inicio deste programa é: Não. Por mais que haja muito que seja admirado pela Esquerda no Papa Francisco, muito do que ouvimos por parte da Diretia que forma escandalizados por isso, mas ele não é um comunista. Defini-lo é uma tarefa difícil. O Peronismo de sua juventude, sua experiência no debate da Teologia da Libertação e sua compreensão da Doutrina Social Católica o levaram para além das etiquetas políticas que estamos acostumados.
Maurice Glassman:
"A enormidade de sua popularidade que realmente o ajuda. Ainda que seja fortemente oposto por uma neoconservadorismo americano branco que deseja o pensamento católico em termos de sexo, mas não deseja o pensamento católico em termos de economia. Eu acredito que ele fale claramente dos problemas da sociedade americana da qual existe muita inequidade, muito dominação do capital, não existe muita participação do povo na vida cotidiana e acho que isso segue soberbamente. "
Soberbamente? Isso faz parecer que a sociedade americana corra tão suavemente quanto um motor Rolls Royce, o quê pelas evidencias aqui mostradas parece improvável. O Papa Francisco pode ser tão chocante quanto um comentarista polemico de rádio.




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