O Papel da Ecclesia na Legitimação do Rex Visigothorum Recaredo e da desconstrução da imagem de Hermenegildo.

June 14, 2017 | Autor: Cynthia Valente | Categoria: Religion, Late Antiquity, Visigothic Spain
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O Papel da Ecclesia na Legitimação do Rex Visigothorum Recaredo e da
desconstrução da imagem de Hermenegildo.





Cynthia Valente[1]



Córdoba, fevereiro do ano do senhor de 584. Hermenegildo está
refugiado em uma Igreja católica. Ao seu encontro chega seu irmão e
antagonista Recaredo, esse vencedor da guerra civil que assolou o reino
visigodo de Leovigildo entre 579 e 584.
O irmão leva Hermenegildo até seu pai, em Toledo, sede do reino
visigodo, ali, segundo as fontes, o filho derrotado ajoelha-se e perde
perdão ao pai. O rei Leovigildo, então , levanta, beija o filho, mas o
despe de suas vestes reais e o manda em desterro para Valência. Ao que
consta, o pai envia um sacerdote ariano para forçar a conversão de
Hermenegildo, esse recusa e acaba sendo enviado à Tarragona, onde
permanecerá preso , ali, em 585 é decapitado por um godo de nome Sisberto.
Em 587, com a morte de Leovigildo, Recaredo assume o trono
visigodo e buscando o apoio do clero católico, se converte e, durante o III
Concílio de Toledo, em 589, transforma o catolicismo em religião oficial.
Recaredo era agora é um rex visigothrum, apoiado pelo clero
católico.
Essa transformação não seria tão estranha se, há pouco tempo atrás
ele não fosse o antagonista do auto-intitulado rei católico Hermenegildo,
que a essa altura, de mártir já não era mais lembrado, seu epíteto era
agora de um déspota traidor do próprio pai.
A manipulação da imagem dos dois irmãos, teve total participação do
clero católico. Dotados de grande erudição , esses clérigos católicos, e
principalmente os Bispos, tinham papel de destaque na comunidade,
formadores de opinião e propagadores da ideologia vigente, essas idéias
encontravam acolhida em meio a população em grande parte iletrada.
Pretendemos mostrar a participação da ecclesia visigoda nos
âmbitos do poder real visigodo.
Começaremos pelo papel de grande importância que teve o Bispo
Leandro de Sevilha na conversão católica de Hermenegildo.
Em 573, Hermenegildo e seu irmão Recaredo, foram proclamados pelo
pai, consortes régios. O primeiro foi enviado em 579 para as províncias do
sul, recém conquistadas e de forte presença hispano-romanas, para que ás
administrasse. Juntamente com ele, foi sua esposa Ingunda, neta de sua
madastra Gosvintha, e filha de Brunilda, essa esposa do rei austrasiano
Sisberto.
Ingunda era católica, fato que levou primeiramente à uma situação
muito conflituosa com sua avó ariana, o que favoreceu sua aproximação com o
Bispo Leandro de Sevilha, ardoroso católico. A conversão de Hermenegildo ao
catolicismo foi uma questão de tempo.
Várias foram as motivações da guerra civil que se formou. O filho
rebelde teve o apoio da aristocracia hispano-visigoda do sul que estava sob
julgo de Leovigildo. Esse grupo era majoritariamente católico.
A rivalidade entre católicos e arianos, que perdurou por muito
tempo na península ibérica, tinha também relação com uma questão de
identidade. Os godos enxergavam no catolicismo uma questão identitária,
para eles essa fé estava ligada aos hispano-romanos, por isso o marco de
identidade estava no arianismo.
Desde a conversão dos godos pelo Bispo ariano Ufila, essa fé
permanecia uma característica de identidade desses bárbaros, em
diferenciação com a fé católica hispano-romana.
Uma outra questão a ser levada em conta foi a relação que a
rainha Gosvintha, madastra de Hermenegildo , tinha com sua neta Ingunda
que também era a esposa do rebelde. Toda a tentativa de conversão forçada e
agressão física sofrida por parte da princesa austrasiana por sua avó,
podem ter contribuído para uma rede de intrigas que alimentaram o
antagonismo entre pai e filho.
O historiador Santiago Castellanos, ainda levanta a hipótese de
uma conexão austrasiana, onde Gosvintha teria tramado para que Hermenegildo
se rebelasse contra o pai e garantisse o poder para a linhagem de
Atanagildo , nesse caso, a questão religiosa ficaria em segundo plano, a
questão era a sucessão do reino. A guerra teria tido uma motivação
sucessória[2].
O apoio do poderoso Leandro de Sevilha foi fundamental também. A
ligação do bispo e de Ingunda era grande, tanto que ele batizou e converteu
Hermenegildo. Além disso , o grande apoio que esse filho de Leovigildo teve
no sul, foi graças a influência de Leandro de Sevilha nas comunidade
hispano-romana.
Leandro era um grande combatente da heresia ariana, sempre pronto
à batalhar pela conversão de infiéis. Portanto figura politicamente
antagonista do rei ariano. Ao que sugere as fontes ele procurou o apoio do
Império Bizantino.
O fato é que, entre os anos de 579 e 586, o bispo sevilhano
viajou para Constantinopla. Sobre tal viagem muito se especulou. Obviamente
Leandro viajou em busca de apoio militar de Bizâncio para Hermenegildo.
Constantinopla estava envolvida em outras pelejas e não deu bola de
imediato ,mas acabou cedendo e prometeu um apoio logístico.
Esse apoio não chegou, pois Leovigildo soube da intenção de
Leandro e acabou comprando a neutralidade bizantina com ouro.
Interessante levantar aqui o fato de que Isidoro silenciou-se com
relação à viagem do irmão Leandro á Constantinopla.
Tal atitude por parte do grande Isidoro foi intencional. A
situação se invertera, Recaredo tornara-se o rex visigothorum e
transformara a religião católica em oficial do reino em 589 durante o III
Concílio de Toledo, este presidido por Leandro de Sevilha!
Obviamente Isidoro manipulou o registro da ligação do irmão
Leandro com Hermenegildo, inclusive este último tratado por ele como
tirano e traidor
A manipulação da informação por parte do clero, demonstra
claramente a participação do mesmo no fortalecimento da imagem do Reino
Visigodo sob a coroa de Recaredo.
Percebemos portanto, que a revolta liderada por Hermenegildo
visava a usurpação do trono das mãos do rei Leovigildo, e que mesmo
enfrentando essa guerra, esse último consegui ao final do seu reinado
garantir a hegemonia visigoda sobre a Hispania, como nos mostrou o
historiador Renan Frighetto[3].
Essas transformações, que a monarquia visigoda sofreu nas últimas
décadas do século VI, teve total participação de membros influentes do
clero católico.
A ecclesia desse período na Hispania, possuía membros de alta
erudição.
Fora das camadas mais altas da sociedade visigoda, leia-se a aristocracia
e o clero, o resto da população era praticamente iletrada. Isso fez com que
a camada eclesiástica fosse vista como líderes naturais em suas
comunidades. Posição cada vez mais interessante e que passou a ser mais
incentivada pela ecclesia.
Tanto que a preocupação com a instrução do clero, torna-se
presente desde os primeiros Concílios. A construção de monastérios no
território ibérico, funcionaram perfeitamente como centro de formação
desses clérigos. Não seriam mais admitidos sacerdotes analfabetos!
Essas e outra exigências, começam a serem cobradas a partir do IV
Concilio Toledano, celebrado em 633, ficaram proibidos a assumir o cargo de
bispo além dos iletrados, os culpados de algum delito, praticantes de
heresia, batizados ou rebatizados nela, que sofrera algum tipo de desonra
natural ou imposta, os que foram casados duas vezes, os que foram casados
com viúvas, os que tiveram amantes,os escravos, os membros dos serviços
civis e militares e os homens menores de quarenta anos[4].
O candidato deveria também ter passado por todos os cargos
eclesiásticos, teria que ser eleito pelo povo e pelo clero de sua cidade.
Além da consagração que teria que participar três bispos em uma cidade
escolhida pelo metropolitano[5].
Toda essa exigência para nomeação de um bispo, era coerente com o
papel que a ecclesia vinha construindo dentro da comunidade hispano-
visigoda. A melhor formação de clérigos, constituiria em um propagação
eficaz da ortodoxia católica, e sua conseqüente participação ativa no poder
do reino.
A união de forças que provavelmente ocorreu entre o bispo Leandro
de Sevilha e Ingunda, teve como objetivo a conversão e o batismo de
Hermenegildo e a penetração católica no meio da nobreza visigoda.
Com a derrota dessa empreitada, os clérigos católicos, como Juan
de Bíclaro e Isidoro de Sevilha, trataram de manipular a participação de
Leandro e de membros da ecclesia na rebelião frustrada.
Finda a guerra civil,o rei Leovigildo manteve o arianismo como
credo oficial do seu reino, o que ainda propiciaria divisões internas na
aristocracia nobiliárquica. Com sua morte em 586, e a ascensão ao trono do
seu filho Recaredo, essa situação começou a se modificar.
Em 587 o novo rei se converte ao catolicismo, primeiro passo para
unir os segmentos aristocráticos visigodo e hispano-romano. Além de trazer
para perto o apoio do clero católico, que tinha figuras de grande
influência, como Leandro de Sevilha. Por isso a necessidade de construção
de uma nova imagem para o reino e para aqueles que estiveram de alguma
forma envolvidos com a guerra.
Isidoro de Sevilha em sua História dos godos, vândalos e suevos,
trata de minimizar o antagonismo do irmão Leandro com o rei Leovigildo,
dizendo que esse era muito impiedoso, perseguia os católicos e relegou
vários bispos ao desterro, além de confiscar bens da Igreja[6]. Ao mesmo
tempo, qualificou Hermenegildo como usurpador[7].
Havia um projeto em construção que começou com Leovigildo, e que
Recaredo afinou as arestas, que seria a união hispano-visigoda sob o Reino
Toledano, com o auxílio de uma única fé.
A conversão de Recaredo foi ao encontro dessa proposta de reino.
Sua conversão teve como objetivo um reino unido em uma só religião. O
objetivo do monarca era trazer para o reino o apoio dos clérigos católicos
e da aristocracia hispano-romana que professava essa fé.
A imagem de Recaredo retratada por Isidoro de Sevilha na História
dos godos, suevos e vândalos, é exatamente a de um príncipe da Igreja.
Segundo ele o monarca em nada lembrava o pai Leovigildo, enquanto esse
dominava pela espada, o filho usava a fé. Isidoro ainda afirma que Recaredo
com sua conversão foi responsável por apagar a mancha da história dos
godos, o arianismo[8].
A partir da conversão de Recaredo, o clero católico assume um
posição de muita influência na corte régia. Situação que, apesar da grande
influência dos bispos nas comunidades, esses não eram obviamente vistos com
simpatia pelos monarcas arianos.
Juan de Bíclaro, clérigo católico, contemporâneo dos irmãos
Leandro e Isidoro de Sevilha, bispo de Girona, teve grande influência na
reconfiguração dos irmãos antagonistas. Não podemos esquecer que os bispos
católicos tiveram papel decisivo tanto na conversão de Hermenegido, quanto
da conversão de Recaredo e do próprio reino.
Não nos parece exagerado enxergar nas obras de Juan de Bíclaro e
Isidoro de Sevilha, materiais altamente ideológicos que estavam a serviço
de um propósito.
Na Cronicae , obra escrita pelo bispo de Girona, ele atribuiu á
rainha Gosvintha, o papel de instigadora da guerra sucessória que se
seguiu. Ela teria ficado furiosa com a conversão do enteado ao catolicismo
pelo bispo Leandro de Sevilha, e teria apelado ao rei pela unidade[9].
Podemos supor que dificilmente o rei Leovigildo ficaria inerte
diante da conversão de seu filho Hermenegildo ao catolicismo, mesmo com a
influência da rainha Gosvintha, o rei sentiu que seu reinado poderia ruir ,
devido ao apoio que os católicos dariam a ele.
Juan de Biclaro, assim como Isidoro de Sevilha, responsáveis pela
transmissão da história oficial goda em época do rex visigothorum Recaredo,
utilizaram os termos tyrannum filium[10], para Hermenegildo.
O termo dá margem à interpretação que Hermengildo assumiu
ilegitimamente o trono, imagem essa que deveria entrar em harmonia com a
história oficial goda escrita for Juan de Biclaro e mais tarde por Isidoro
de Sevilha. Com isso, a conversão ao catolicismo e o martírio de
Hermenegildo serão postos de lado nos trabalhos dos dois Bispos.
A ecclesia inaugurava uma época de entrelaçamento com o poder
régio. Assumindo para si a tarefa de construção de uma unidade católica
régia no trono visigodo.
Em 589, o Bispo Leandro de Sevilha preside o III Concilio
Toledano, que transformará, pelo aval do rex visigothorum Recaredo, o
catolicismo em religião oficial. Os antagonistas agora tinham o mesmo
objetivo e serviam a mesma causa. Hermenegildo era uma lembrança
desagradável tanto para o clero quanto para o poder régio.
Segundo ressalta Thompson, durante o III Concílo de Toledo nada
foi dito de maneira direta ou indireta sobre Hermenegildo e seu
martírio[11]. A manipulação da memória estava em mãos hábeis.
A história dos Concílios Toledanos começaram no século IV. O
primeiro realizou-se em 397, e teve como tema principal a condenação das
heresias e a reafirmação do credo niceísta, já que esse tinha se tornado a
vertente teológica oficial do Império em 380.
Nesse período, os clérigos católicos eram tolerados, dentro da
Hispania ariana, apenas por benevolência do rei. Essa insegurança católica
pode ser percebida nesses primeiros encontros, onde o clero sempre agradece
a benevolência do rei por permitir a realização dos mesmos.
Já o III Concílio Toledano, tem uma natureza totalmente diferente.
O clero católico apresentava já bastante poder. Apesar dos concílios serem
convocados somente pelo rei e com anuência destes, bispos e padres gozavam
de muita autonomia e influência dentro das comunidades, inclusive podemos
arriscar que tanto o poder régio quanto o poder da ecclesia, estavam em
igualdade de forças.
A realidade é que a partir da conversão do reino e da construção
da imagem do rex visigothorum, clero e monarquia dependerão um do outro,
mesmo com rugas entre seus expoentes máximos.
Um bom exemplo sobre medição de forças, é o caso do bispo
metropolitano Ildefonso de Toledo que assume em 657 a sede do bispado, mas
durante o período em que esteve à frente da Igreja Toledana, nenhum
Concílio foi convocado pelo rei Rescesvinto. Somente após o morte do bispo,
em 667, que o monarca convocará uma nova reunião.Provavelmente por
divergência entre ambos.
O bispo Idefonso de Toledo era proveniente do grande Mosteiro de
Agali, famoso centro de saber e formação de grandes nomes da igreja como
Isidoro de Sevilha. O irmão mais novo do bispo Leandro, assumiria a
dianteira nessa tarefa de construção de uma única identidade dentro da
Hispania visigoda.
Em A História dos godos, vândalos e suevos, de Isidoro de Sevilha,
nota-se já no começo a proposta de união dos povos de diferentes origens
que habitavam o reino visigodo. Já no início da obra , Isidoro clama pela
Espanha, terra sagrada e mãe de príncipes e povos[12].
A obra, de clara matiz ideológica, cita Hermenegildo como
usurpador do reino. Apenas uma linha para tratar de uma guerra que durou
alguns anos e que seu irmão estava totalmente envolvido com o "príncipe
usurpador". O nome de Leandro de Sevilha não é ligado a Hermenegildo em
nenhum momento. Assim como também o martírio não é sequer lembrado.
Ao final, há uma comparação entre o rei ariano Leovigildo e o rex
visigothorum Recaredo. Fala-se muito das virtudes do mesmo, e quanto ele é
diferente do pai, para melhor, exaltando sua bondade e fé. Para
Hermenegildo, nenhuma palavra. Os feitos de Recaredo são citados de forma
a que não reste dúvida de como esse monarca católico era valoroso, seu
passado de ariano, e de guerra contra o irmão católico, foi totalmente
suprimido.
Recaredo é ainda tratado como um príncipe religiosíssimo[13] .As
guerras que ele participou são justificadas também por Isidoro, eram contra
povos inimigos do reino, e tinham total apoio da fé.
Segundo o bispo, o rex visigothorum Recaredo era tão
amável,delicado e de notável bondade, seu rosto refletia tanta benevolência
e tinha em sua alma tanta benignidade, que influía no espírito de todos,
inclusive, ganhava o afeto e o carinho dos maus![14]
Diante de tanta perfeição, a história de um mártir não teria
espaço.

Conclusões Parciais

O período histórico em que se situa o Reino Visigodo de Toledo,
pode ser chamado de Antiguidade Tardia. Um período de transição, de ruptura
política dentro do Império Romano. O historiador Renan Frighetto, chama a
atenção para essas transições que ocorreram no mediterrâneo,
cronologicamente entre os séculos III e VIII[15].
Um período onde se formou a monarquia romano-bárbara na península
Ibérica, em que elementos hispano-romanos foram se misturando aos elementos
godos. Onde o catolicismo, como ocorreu em outros lugares da Europa, vinha
ganhando espaço entre pagãos e heréticos.
Mas essas rupturas não foram calmas. No que se refere a conversão
do reino ao catolicismo menos ainda, antes confinados em sua maioria na
província de Bética ao sul, onde hoje é a Andaluzia, a aristocradia hispano-
romana e católica viu no príncipe Hermenegildo uma forma de chegar ao
trono, pois ele, insuflado pela esposa católica Ingunda e pelo bispo
Leandro de Sevilha se converteu e reclamou o trono para si.
Esse apoio dos grupos aristocráticos e nobiliárquicos do sul ao
seu irmão Hermenegildo não passou despercebido a Recaredo. Uma das
motivações de sua conversão e do reino foi angariar apoio desses grupos e
do clero católico.
Além disso interessava a ele a construção de uma imagem real onde
seu poder fosse amparado por algo divino e incontestável. A construção de
um modelo de príncipe serviria para justificar essa realeza divina.
O clero católico viu na aliança com Recaredo a possibilidade de
chegar ao poder e impor o catolicismo aos demais súditos reais, enterrando
de vez o arianismo que tanto os incomodou.
Obviamente seria necessário toda uma construção identitária para o
novo modelo de rei e de reino. Não cabia o novo monarca ser ligado à uma
guerra onde ele lutou contra seu irmão e mártir católico. Portanto a
manipulação da história por parte de Juan de Biclaro e Isidoro de Sevilha.
A mudança de fé no reino, não se deu rapidamente, no interior
cultos pagãos continuaram por muito tempo até que a ecclesia se
fortalecesse e passasse a espalhar monastérios e com eles a sua ortodoxia.
Muitas pessoas continuaram praticando a fé ariana, e passaram a ser
pressionados e suas igrejas convertidas em católicas.
Mas o catolicismo não retrocedeu, aos poucos a ecclesia se
fortaleceu e se constituiu enquanto uma instituição passando de uma
comunidade para uma Igreja Católica de culto niceísta, a ortodoxia oficial.
Quando a rusga teológica entre oriente e ocidente começou a dar
sinais de fortalecimento, o então Papa Gregório Magno, que foi amigo do
bispo Leandro de Sevilha enquanto era Bispo de Roma, e desenrolava a guerra
civil visigoda, escreveu um texto onde sacava uma grande quantidade de
santos e mártires, a cristandade ocidental precisava dos seus para se
comparar à oriental e seus inúmeros santos e mártires.
Nesse ponto a conversão e martírio de Hermenegildo foi resgatada
no texto Diálogos do Papa Gregório magno, dando-nos outra versão dos
acontecimentos, diferenciando-se das fontes oficiais que apagaram da
memória a história de um príncipe e elevaram a rex visigothorum a figura de
outro.

Referências

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[1] Mestranda em História NEMED/UFPR –[email protected].
[2] CASTELLANOS,S. Los godos y la cruz.Recaredo y la unidad de
Spania.Alianza
Editorial.Madrid:2007.
[3] FRIGHETTO,R.Antiguidade Tardia. Roma e as monarquias romano-bárbaras
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Época de transformações.Séculos II-VIII.Juruá: Curitiba, 2012.p.170.
[4] THOMPSON, E.A. Los godos em España.Alianza
Editorial:Madrid,2007.p.349.Livre tradução minha.
[5] Ibid.p.350.Livre tradução minha.
[6] ALONSO,C.R. Las Histórias de los godos, vândalos y suevos de Isidoro de
Sevilla. Estúdio, edicion critica y traduccion. Centro de Estúdios e
Investigación. León,1975.p.257.
[7] Ibid.p.255.Livre tradução minha.
[8] Ibid. p.261.Livre tradução minha.
[9] CAMPOS, J. Juan de Biclaro obispo de Gerona.Su vida y su obra.Consejo
Superior de Investigaciones cintíficas.Madrid:1960.p.132.
[10] Ibid.p.132.
[11] THOMSON,E.A. Los godos en España.Aianza
editora.Madrid;2007.p.120.Livre tradução minha.
[12] ALONSO,C.R. Las Histórias de los godos, vândalos y suevos de Isidoro
de Sevilla.Estudio, edicion critica y traduccion.Centro de Estúdios e
Investigación.León:1975.
[13] Ibid.p.263.Livre tradução minha.
[14] Ibid.p.267.Livre tradução minha.

[15] FRIGHETTO,R.Cultura e Poder na Antiguidade Tardia
Ocidental.Juruá.Curitiba:2005.p.20.
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