O Pe Formigão e a imagem de N S de Fátima

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EstóriasdanossaHistória Ricardo Charters dÁzevedo

o Padre Formigão e a imagem FQTOS:DR

I Este ano comemora-se o centenário das aparições de Fátima. Muitos livros foram publicados sobre o tema e agora que se anuncia a visita do Papa a Fátima mais uns tantos apareceram. Os 15 volumes publicados pelo Santuário de Fátima de 1992 a 2013, com o título Documentação crítica de Fátima, dão-nos uma informação completa do que se relatou durante estes 100 anos. Os apontamentos originais do padre Manuel Marques Ferreira perderam-se, mas o padre José Ferreira de Lacerda copiou, para os seus cadernos, o resultado dos interrogatórios a que o seu colega de Fátima submeteu Lúcia e os primos no final do mês de maio de 1917. É por esse texto que se sabe que Lúcia, de apenas dez anos, diz ter "visto um relâmpago" seguido de um segundo. "Depois viram uma mulher em cima duma carrasqueira, vestida de branco, nos pés meias brancas, saia branca dourada, casaco branco, manto branco, que trazia pela cabeça, o manto não era dourado e a saia era toda dourada a atravessar, trazia um cordão de ouro e umas arrecadas muito pequeninas, tinha as mãos erguidas e quando falava alargava os braços e mãos abertas". Não é fácil encontrar nesta descrição a imagem que, entretanto, ficou perpetuada como sendo a de Nossa Senhora de Fátima Notemos que o padre Manuel Ferreira Marques, inclui, no final dos seus apontamentos, um novo retrato da descrição da "visão" feita por Lúcia em junho, indicando: "O trajo era: um manto 'branco que da cabeça chegava ao fundo da saia, era dourado da cintura para baixo dos cordões a atravessar e de alto a baixo e nas orlas era o ouro mais junto. A saia era branca toda e dourada em cordões ao comprido e a

Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

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atravessar, mas só chegava ao joelho; casaco branco sem ser dourado, tendo nos punhos só dois ou três cordões; não tinha sapatos, tinha meias brancas, sem serem douradas; ao pescoço tinha um cordão de ouro com medalha aos bicos; tinha as mãos erguidas; tinha nas orelhas uns botões muito pequeninos e muito chegados às orelhas; separava as mãos quando falava; tinha olhos pretos; era de meia altura". Consequentemente a Igreja teve de resolver o problema da saia que "só chegava ao joelho", pois era coisa escandalosa para a época. No último interrogatório que o padre Manuel Nunes Formigão (foto ao lado) faz aos três primos (Lúcia, Jacinta e Francisco) a 2 de novembro de 1917, a Lúcia quando questionada sobre o tamanho da saia da "Senhora", dá uma resposta mais animadora para a Igreja, ainda que em contradição com o que dissera ao pároco de Fátima, dias antes: "A saia da última vez parecia mais comprida". Gilberto Fernando dos Santos de Torres Novas, que ofereceu a Capelinha em 1920, andou numa roda viva em busca de um exemplar com uma imagem adequada às "aparições" relatadas pelos pastorinhos. Nada tendo encontrado mandou-a fazer em Fânzeres em Braga a partir do trabalho do escultor José Ferreira Thedim, nas "condições que o padre Formigão lhe tinha comunicado" e de um metro de altura. Assim, a imagem que hoje se venera em Fátima, não é exatamente a dos pastorinhos, mas a do padre Formigão que desceu as saias à "Senhora", retirou todos os adereços que as crianças foram acrescentando ao longo dos anos, arrancando-lhe as "meias" e deixando-a mais humilde, descalça. Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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