O PERCOLAR DO FLUXO DE BAUMAN: A MODERNIDADE LÍQUIDA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

May 30, 2017 | Autor: M. Quaranta Gonça... | Categoria: Educação Ambiental, Modernidade Líquida, Zigmunt Bauman
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O PERCOLAR DO FLUXO DE BAUMAN: A MODERNIDADE LÍQUIDA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL FLUIDA . Márcio Luiz Quaranta-Gonçalves (Floresta Nacional de Ipanema) Maria Lúcia de Amorim Soares (UNISO) RESUMO: Na época pré-moderna, o mundo era uma obra divina e vigorava a tradição. A partir da colocação do Homem no centro do universo, passou a haver o predomínio da razão e uma ordem artificial, baseada apenas no conhecimento humano. Os seres humanos não sabiam quais eram seus verdadeiros interesses: deveriam ser treinados, educados para os comportamentos apropriados. Adquirir uma identidade era uma tarefa ligada ao modelo de sociedade vigente. Essas foram as características do período da modernidade. Mas esse mundo de aparentes certezas carregava suas incertezas e contradições, como a existente em relação à moral, cujas regras eram elaboradas pelos tomadores de decisões, não vinham do interior da própria pessoa. A modernidade contemplava um projeto de universalização, de imposição de padrões culturais aos seres humanos considerados diferentes, que fracassou e gerou regimes totalitários e a prática de crimes hediondos contra a humanidade. O esgotamento da modernidade levou a um mundo onde a razão e as autoridades são vistas com desconfiança; em que os indivíduos estão sempre em movimento; em que predominam as sensações, as aventuras, a sedução, o pluralismo, em que a vida se assemelha a um jogo e não se desprezam oportunidades, mas não se assumem as conseqüências e as responsabilidades: o mundo da pós-modernidade. Tudo flui: laços amorosos, padrões corporais, valores culturais, o êxtase do consumo... Era da modernidade líquida e do capital leve, volátil, a voar livre, sem fronteiras, desarraigado do solo onde ficava preso junto com as pesadas máquinas, as grandes fábricas e os humanos produtores da modernidade pesada. Essa sociedade cedeu lugar a uma sociedade de consumidores, que através da compra incessante de objetos tentam superar sua angústia interior, e se sentem melhor entre eles do que no meio de outras pessoas. A fluida educação ambiental critica o mecanicismo e a padronização da modernidade, mas aceita o conhecimento que ela produziu e o integra à prática de valores como a cooperação e a solidariedade, ausentes na modernidade líquida; respeita e valoriza o pluralismo cultural e os conhecimentos tradicionais; tenta compreender as incertezas e as contradições humanas e também colabora na construção de uma ética pós-moderna. PALAVRAS-CHAVE: Modernidade Líquida, Incerteza, Educação Ambiental. 1

ABSTRACT: At the pre-modern time, the world was a divine creation and invigorated the tradition. When Man put himself in the center of the universe, it has started the predominance of the reason and an artificial order, based only in human knowledge. The human beings did not know which were his true interests: they would have to be trained, to be educated for the appropriate behaviors. To acquire an identity was a task linked to the model of effective society. These were the characteristics of the modern period. But this world of apparent certitudes loaded its uncertainties and contradictions, as the existing one in relation to the moral, whose rules were elaborated by the borrowers of decisions, did not come of the interior of the proper person. Modernity contemplated a universalization project, the imposition of cultural standards to the different people; the project failed and generated totalitarian regimes and the practical one of hideous crimes against the humanity. The exhaustion of modernity led to a world where reason and authorities are seen with diffidence; where individuals are always in movement; where predominate the sensations, the adventures, the seduction, pluralism; where life is similar to a game and chances are not disdained, but do not assume the consequences and the responsibilities: the world of postmodernity. Everything flows: the loving bows, the corporal standards, the cultural values, and the ecstasy of the consumption… It was the liquid modernity; the volatile and light capital flies exempts and without borders, unrooted of the ground where was imprisoned together with the heavy machines, the great factories and the producing human beings of heavy modernity. This society yielded place to a society of consumers, who through the incessant object purchase try to surpass its interior anguish, and if they better feel among them of what in the way of other people. The fluid environmental education criticizes the mecanicism and the standardization of modernity, but accepted the knowledge that it produced and integrates it to the practical one of values as the cooperation and solidarity, absentees in liquid modernity; it respects and it values cultural pluralism and the traditional knowledge; it tries to understand the uncertainties and the contradictions human beings and also it collaborates in the construction of a postmodern ethic. KEYWORDS: Liquid Modernity, Incertitude, Environmental Education. DA PRÉ-MODERNIDADE AO PÓS-MODERNO No período pré-moderno, a criação era uma obra de Deus e as pessoas agiam por hábito. Eram bem delimitados o certo e o errado: estar certo significava seguir o modo 2

tradicional de vida, não questionar, não refletir sobre a sua própria existência, evitar a escolha, que só poderia ser a do mal, do erro, do pecado; escolher o errado significava transgredir os mandamentos, afastar-se do mundo, obra divina. Romper com a tradição acarretava o sofrer. A Igreja recompensava espiritualmente seus fiéis com a promessa de uma recompensa no outro mundo para os bons. E este mundo se dividia em dois blocos irreconciliáveis: os próximos e os estranhos. Com o afrouxamento da tradição e as obras de pensadores como Marcilio Ficino e Pico Della Mirandola, defensores da liberdade do Homem se tornar o que desejasse, começou a imperar uma nova ordem. No Renascimento, o Homem se colocou no centro do universo (de onde depôs Deus) e se propôs a fundar uma ordem inteiramente humana na Terra. Deslegitimada a autoridade eclesiástica, por sua ignorância, a elite intelectual da época passou a estudar e a tentar compreender as massas para prepará-las para as grandes mudanças que viriam. Isso incluía colocar fundamentações firmes e inabaláveis de moralidade para todos os seres humanos: a ética dos filósofos no lugar da Revelação Cristã, a intocável ordem medieval substituída por uma artificial. Nesse grande projeto, o da modernidade, dever-se-ia impedir a conduta humana de seguir suas inclinações espontâneas: o potencial da natureza humana, irrealizável por sua própria conta, sem a ajuda da razão e dos portadores desta, seria treinado para os comportamentos e valores tidos como os mais apropriados. Cada pessoa seria capaz de escolha moral e de ser moralmente responsável por ela. Os tomadores de decisões, com alto grau de liberdade, ditariam às pessoas comuns seus verdadeiros interesses e qual a conduta apropriada a seguir para não cometerem o mal, por meio de um código moral elaborado apenas pelo Homem, as leis, normas escritas em nome da razão, a serem aceitas e obedecidas por todos, se preciso, por meios coercitivos. A sociedade moderna pretendia substituir a diversidade pela uniformidade, evitar a ambivalência moral, abarcar toda conduta humana em regras precisas e em uma ordem transparente e coerente, arranjo racional para a convivência humana. Perseguia-se uma sociedade isenta de contradições, com soluções determinadas pela lógica, para cada homem obter, por mérito, sua liberdade e identidade (BAUMAN, 1997). Propunha-se a modernidade a libertar o indivíduo de sua identidade herdada, pois, para o Estado, detentor dos poderes coercitivos, a identidade era uma realização, não uma atribuição do indivíduo: este procurava escolher e adquirir uma identidade, sua tarefa, missão e responsabilidade, em um projeto de vida vinculado à ordem social vigente. Contudo, as identidades obtidas apresentavam natureza volátil, ilusória e insegura. O nascimento da identidade, a mais 3

essencial invenção moderna, levou os humanos a se assombrarem com as incertezas da identidade individual e da valorizada liberdade, inseparável da ansiedade (BAUMAN, 1998). Poupar-se-iam os indivíduos da angústia, na sociedade organizada pela razão, ao agirem como seu próprio agente moral (apesar das limitadas opções): todavia, apoiar-se em normas, como hábito, leva à incerteza; a dúvida na escolha, à tensão: seguir normas não isenta a pessoa de responsabilidades, pois avaliar os atos faz parte da escolha feita. A moral, por abrigar fenômenos intrinsecamente não-racionais, não é universalizável, impossibilita uma ética universal fundamentada na razão. A modernidade forçou os seres humanos a se tornarem indivíduos, mas lançou-os na incerteza moral, aumentou ainda mais a diversidade e a ambivalência (BAUMAN, 1997). Pautou-se também a modernidade pela limpeza, beleza e ordem, perseguidas pelo esforço individual. Ordem: um meio regular e estável para os atos humanos e cada coisa (ou pessoa) em seu devido lugar. Algo fora do lugar provocaria sujeira, poluição: sem ordem não haveria pureza. Esta, para a modernidade, significava eliminar a sujeira, desde ratos, baratas e aranhas, ácaros, vírus e bactérias, até os seres humanos diferentes, para manter o padrão. A ordem aplicava-se a portadores da diversidade: seres humanos indesejáveis (como os revolucionários), transgressores da ordem ao divergirem de um padrão formal, eram tratados como um tipo de sujeira. O gosto pela perfeição projetada, levado ao extremo, levou ao genocídio e à xenofobia. Assassínios cometidos em nome da verdade única serviram apenas para tentar apagar diferenças em nome de um padrão universal humano (BAUMAN, 1998). A sociedade moderna considerava-se um modelo de cultura ou civilização, então se justificava, com o apoio da idéia de progresso, a legitimação da conquista e da subordinação de outras culturas: era missão das nações-estado culturalmente avançadas da Europa espalhar sua ordem e civilização pelo mundo, invectivar alternativas culturais como anacrônicas; o sonho da universalidade como destino último da espécie humana (BAUMAN, 1997). Promover padrões universais e a intolerância, desenraizar o plural em nome de um padrão único. As cruzadas culturais continuam: comer hambúrguer e tomar coca-cola no Mac Donald’s... Só pode ser universalista um poder que identifique toda a espécie humana como população sujeita ao seu domínio, atual ou em vislumbre... Inadequada para atingir uma universalidade, a modernidade aprofundou a diferença entre ela mesma e o resto do mundo. Entre os seus piores produtos, estão os regimes totalitários: mantidos por estratégias de repressão e sedução, cometeram hediondos crimes contra a humanidade, em nome da razão e da ordem. Para Bauman (1998), 4

regimes como o nazismo e o comunismo primaram por manipular angústias e pela meticulosa limpeza efetuada. Contudo, lançar bombas incendiárias ou nucleares sobre populações civis indefesas, lotar campos de concentração com minorias étnicas, prisioneiros de guerra e dissidentes políticos, praticar o genocídio e a xenofobia contra membros de etnias e religiões diferentes são atos também praticados por nações tidas como democráticas (PORTO-GONÇALVES, 2004). A modernidade também praticou o assalto do profano ao sagrado, da razão contra a paixão; difamou atos feitos com paixão, com inclinações espontâneas por uma causa, depreciou o valor da empatia. Os laços pessoais foram encarados como um solo de resistência e sedição à sua ordem racional. Isso só gerou melancolia, enfado, apatia. No intuito de manter a ordem, a sociedade estruturada, a própria ordem produziu mais desordem. Provocou um rodízio pelos privilégios. Os esforços da modernidade tiveram o intuito de alcançar falsas pretensões; ela demonstrou sua própria impossibilidade, nem aceitou sua própria verdade e associou o sofrimento e os prazeres da vida moderna. Na modernidade, o sofrimento constitui ato com propósito e função; a marcha do progresso consistiu em podar sofrimentos sem função (como podar ramos tortos ou doentes de árvores...) (BAUMAN, 1997). Mas esse “modelo de civilização” continha em seu próprio âmago os germes de sua destruição. A cultura, sem propósitos, que a nada avalia objetivamente, serviu como fator desagregador da modernidade, ao expor suas feridas, por exemplo, nos romances. Que o digam Zola, Dickens... Mas existem culturas, não uma só cultura: pluralismo. O projeto moderno de racionalidade e universalidade fracassou, mas gerou malestares: compulsão, regulação, supressão e renúncia – resultado do excesso de ordem e da falta de liberdade. Quanto mais segurança e ordem, mais mal-estar. Compulsão e renúncia atentam contra a liberdade. Persiste da modernidade apenas a esperança de melhorar as coisas (BAUMAN, 1998). A época atual, da desilusão com a modernidade, de seu autodesmantelamento e autocrítica, permeada pela descrença, desconfiança com as autoridades e ambigüidade moral, sem princípios fixos para observar, aprender e obter um bom resultado em todas as situações, em que se evitam as conseqüências de decisões tomadas ou realizadas, recebeu, de vários autores, o nome de pós-modernidade. O mundo reencantou-se: a moral, em sua aporia, readmitida ao convívio humano, foi restaurada em seu direito; as emoções recuperaram sua dignidade; as simpatias, lealdades e ações sem aparente utilidade e propósito legitimaram-se; a razão desperta desconfiança; as pessoas agem 5

sem propósito calculado ou racional; eventos acontecem sem causas aparentes e com eles se convive; voltou o pluralismo; diminuiu (não cessou) o medo do vazio; o eu recebe aprovação das pessoas comuns, não das autoridades; vive-se como num jogo, assumem-se os prazeres, valoriza-se o estético (BAUMAN, 1997). Normal e anormal, comum e bizarro se aproximam; tudo se diversifica; vários estilos e modelos estão disponíveis, em livre concorrência; sobejam o humor e o fascínio; a tradição se revigora; a irredutível incerteza se eterniza como única certeza, só a impermanência é permanente; esvaecem a família e as amizades; buscam-se novas experiências e aventuras, sem compromissos; cada qual procura livrar-se da interferência coletiva no individual; todos são altamente selecionadores; não há identidade sólida e duradoura; nenhum cenário é estável, tudo flutua à deriva; esquecer é mais importante que memorizar; com as opções sempre abertas, a aposta toma o lugar da certeza e não há estratégia infalível (BAUMAN, 1998). O fim das certezas, de um mundo regido por causa e efeito, à semelhança do que ocorreu na Ciência (PRIGOGINE, 1996). Erráticos, o mundo pós-moderno e seus habitantes sempre se movimentam, nada se congela; as pessoas têm liberdade de escolher suas identidades, que não se mantêm; proliferam especialistas em construí-las e restaurar personalidades: para evitar o perigo de se perder uma oportunidade, parte-se para o aconselhamento. A sociedade investe na formação do consumidor perfeito, seduzido a procurar prazeres reais ou imaginários e o acúmulo de sensações, inclusive nas drogas, legais ou não, sucedâneos dos instrumentos de um êxtase consumista (em especial dos ricos), que substitui o êxtase místico. O mercado excita o consumidor, contudo não satisfaz a sua procura, o que, de fato, nega a sua liberdade. Quem não se mostra capaz de ser seduzido pelas infinitas possibilidades e constante renovação no mercado de consumo, quem não despe e troca constantemente identidades, quem não caça interminavelmente sensações e novas experiências, constitui a sujeira pós-moderna. A sociedade se racha em dois pólos: os alegres seduzidos e os despojados. O Estado esvaziado perdeu sua liderança espiritual na desordem mundial, onde impera a difusão global de informação e tecnologia, a interdependência (globalização). A fragmentação política, a privatização e a desregulamentação separam o refugo do consumismo, favorecem o mercado: com a liberdade do capital, somem outras liberdades. Se a ambigüidade adquire a conotação de sujeira, quem faz as leis por suas próprias mãos, os assaltantes, os exterminadores e os terroristas, que querem levar a pós-modernidade ao radicalismo (como tentaram fazer os revolucionários na modernidade) constituem a pior sujeira pós-moderna. Exigem os 6

mais ricos que o Estado aumente a liberdade do consumidor e gaste menos dinheiro com as vítimas da desregulamentação e privatização; na pureza pós-moderna, punem-se os pobres, os habitantes de áreas urbanas proibidas e os indolentes; os mais ricos se protegem ao extremo nas cidades, na aflição pós-moderna do ter cada vez mais liberdade, com menos segurança. A desigualdade atingiu proporções nunca imaginadas. Não se inclui o estranho: valoriza-se a diferença, preserva-se e protege-se a estranheza. A ambivalência continua (o bem sempre ligado ao mal): reconhecem-se e toleram-se diferenças, recusa-se a solidariedade (BAUMAN, 1998). A aceitação sem inclusão da diferença provoca o fechamento na própria classe, o tribalismo: cada tribo se especializa em um só tipo de assunto, em um só tipo de idéias. Numa inversão do que ocorria na modernidade, as culturas definem a razão: a multidão de pequenas certezas oferece mais sabedoria e torna mais difícil com ela agir, mas cria a oportunidade de substituir extermínio mútuo por convivência pacífica. A tolerância, em que toda escolha vale, toda ordem é boa se não excluir outras, surge como opção à autoafirmação neotribal, suas verdades caseiras, violência e intolerância (BAUMAN, 1997). Nascidos das alegrias e tormentos pós-modernos, fundamentalismos religiosos proliferam: solução totalitária, herdeiros de inquietações, irracionais como os mercados, que agregam os pobres, os consumidores falhos da pós-modernidade, e constituem um remédio contra a liberdade contaminada pelo risco (BAUMAN, 1998). Descrédito, escárnio, desistência das pretensões da modernidade, cujo monólogo substituiu por diversos solilóquios, escassez em sentido e indeterminação nos limites, a causar rápido enriquecimento ou empobrecimento das pessoas, devoradora de suas energias psíquicas pela incerteza angustiante, a pós-modernidade não se apresenta como fórmula salvadora, mas propicia a crítica que a modernidade não fez a si mesma. A fluidez irremediável da vida e do mundo na época contemporânea propiciou a Bauman (2001) elaborar o conceito de modernidade líquida: era do capitalismo leve, da modernidade líquida, do software, a suceder a modernidade sólida, do hardware e do capitalismo pesado, quando autoridades e administradores das empresas capitalistas dirigiam homens e mulheres produtores com modos e para fins determinados. Modelo de industrialização e controle, a fábrica fordista aplicava os princípios racionalizadores do taylorismo (separação dos aspectos intelectuais e manuais do trabalhador). O capital, a administração e o trabalho permaneciam unidos e combinados em fábricas enormes, maquinaria pesada, maciça força de trabalho (obsessão com volume e tamanho, firmes e impenetráveis fronteiras). Nas fábricas com longos muros, volumosas instalações, 7

máquinas pesadas e enormes equipes de trabalho, a modernidade associava o maior ao melhor, o tamanho ao poder, o volume ao sucesso. O controle e a posse do espaço dependiam da uniformidade e da coordenação do tempo, que, reduzido à rotina, fixava o trabalho e o capital ao solo. Quem iniciava a carreira em uma empresa a encerraria provavelmente na mesma. No atual capitalismo de software, da modernidade leve, o capital viaja apenas com uma bagagem de mão, pasta, telefone celular e computador portátil. O mundo simula um jogador a blefar. O capitalismo leve desdenha as regras fixas, tem destino incerto, volátil (permite optar entre vários e sedutores fins), não se liga a valores éticos. O trabalho permanece imobilizado como antes, mas o solo onde se fixava fluidificou-se. Quem começa uma carreira não sabe quando, onde e se a terminará. Predomina a sensação de incerteza, o estado de ansiedade. Povoa o mundo uma infinita coleção de possibilidades para serem exploradas ou perdidas. Tudo corre por conta do indivíduo, a quem cabe descobrir o que é capaz de fazer, esticar tal capacidade ao máximo e escolher os fins a que ela pode servir melhor e com a maior satisfação possível. Busca-se a gratificação, evitam-se conseqüências e responsabilidades. Diversão: as oportunidades plenas no mundo, as poucas coisas predeterminadas ou irrevogáveis. Não há derrota definitiva ou vitória final, e poucos contratempos irreversíveis. As fluidas possibilidades não se petrificam em duradouras realidades. Oportunidades e aventuras se aproveitam, o jogo nunca termina. Sobram riscos, faltam itinerários seguros. Cessa a durabilidade, manipula-se a transitoriedade. Atravessa-se o espaço em tempo nenhum, findou-se a diferença entre o longe e o aqui. O espaço não mais limita as ações e seus efeitos. Distâncias são percorridas na velocidade dos sinais eletrônicos, o tempo perdeu sentido como referência, comunicação quase instantânea; espaço desvalorizado, irrelevante. Capitalismo leve, amigável com o consumidor: coexistem inúmeras autoridades que não se mantém por longo tempo nem atingem a posição de exclusividade. Eleitas por cortesia, não mais ordenam: agradam, tentam, seduzem quem as escolhe: mandam os mais escapadiços, livres para se mover de modo imperceptível. As pessoas mais ágeis e rápidas mantêm suas ações livres, sem normas, regulam as ações dos protagonistas. Quem tem as mãos livres comanda quem tem as mãos atadas; sua liberdade aumenta se eliminar a do Outro. O trabalho, descorporificado, libera o volátil, inconstante, flutuante e desterritorializado capital, viajante esperançoso, leve e rápido, para participar de aventuras lucrativas e breves; sua mobilidade e leveza geram incertezas a todo o resto, contudo permanece seu domínio sobre o trabalho. Volume, tamanho e durabilidade, de 8

recursos se tornaram riscos. As empresas se fundem, reduzem o tamanho dos escritórios e o número de trabalhadores. A nada se apegam os empresários, sequer às suas próprias criações (BAUMAN, 2001). Na cultura de consumo pós-moderna, as pessoas gastam um dinheiro que não possuem, para comprar coisas de que não necessitam e impressionar pessoas que não conhecem (PENNA, 1999). Aproveita-se toda e qualquer oportunidade para consumir. Ir às compras: ato de significativa liberdade na sociedade de consumo. O consumismo não atende às necessidades pessoais: libera fantasias de desejo; insaciável, torna-se objeto de si mesmo. Mais fluido que a sólida necessidade, porta o vício de comprar. A competência mais necessária atualmente: ir às compras com habilidade e sem se cansar. Comprar não consiste apenas em adquirir os bens, mas em examiná-los, tocá-los, sentilos, manuseá-los, comparar seus preços. Para isso, corre-se aos templos do consumo. Superlotados, esses locais para consumo coletivo e puro divertimento, com segurança e liberdade, estimulam o agir, não o interagir (ser com, não ser para). Realizar uma atividade similar a outros atores no mesmo espaço físico se valida pela aprovação do número. Os consumidores agem como uma comunidade de fundamentalistas crentes, unificados por fins e meios, pelos valores monetários que estimam e pela lógica de conduta seguida; sua alteridade, naquele momento e local, some. Seduzidos por atrações e motivos, ajuntam-se, não para conversar ou se socializar, a não ser superficialmente e por breve tempo. A interação os afastaria do consumo. Este se orienta por sensações e seduções renovadas, por novos desejos: o irresistível desejo de experimentar atinge seu auge no êxtase da escolha. O mundo, depósito abarrotado de mercadorias: não se exaure o volume de objetos sedutores disponíveis para o consumo. Escolher é mais importante que o objeto escolhido; tudo se torna mera questão de escolha na sociedade de consumo, menos a compulsão de escolher. Deseja-se o desejar, não o ficar satisfeito. O excesso, não a falta de escolha, causa a infelicidade dos consumidores. A compulsão de comprar afronta sua incerteza aguda, a insegurança incômoda. Sempre aflitos, não podem errar, mas também nunca sabem se a sua opção foi correta. Ao querer livrar-se do medo de errar, da negligência, da própria incompetência, procuram a segurança, a autoconfiança, e as encontram nos admiráveis e virtuosos objetos encontrados no frenesi das compras. Seduzidos, domados por sensações de todos os tipos, visuais, olfativas, táteis, arrostamse para objetos brilhantes e coloridos, para delícias apetitosas presentes nas prateleiras dos supermercados. O comprar compulsivo exibe adormecidos instintos materialistas e hedonistas, incitamento à procura do princípio do prazer como ideal culminante da vida, 9

revela-se como ritual exorcista contra a incerteza e a insegurança (BAUMAN, 2001). Mas reduz os consumidores a objetos tão descartáveis quanto os que compram... Bem, estes se sentem melhor cercados por uma multidão variada de objetos do que por outras pessoas (BAUDRILLARD, 1995). O ser humano atual envergonha-se ao relaxar os cuidados com o próprio corpo: ligeiras imperfeições acarretam-lhe culpa e vergonha. Ideal: o fitness, a líquida aptidão, não a sólida saúde. Estar apto: ter um corpo flexível e ajustável, pronto para novas sensações. A expansão potencial da capacidade corporal, experiência subjetiva, enfrenta o não-rotineiro, rompe normas, supera padrões. Tal busca, contínua ansiedade, nunca chega ao triunfo definitivo, ao fim natural. Manter a saúde não leva à aptidão, porém, hoje, paradoxalmente, cuidar da saúde assemelha-se a buscar a aptidão. Consomem-se alimentos especiais, saudáveis, para se perder peso, no entanto as receitas de dietas mudam mais rapidamente que seu tempo de duração; alimentos hoje tidos como benéficos podem causar, em prazos mais longos, efeitos prejudiciais (BAUMAN 2001). As relações íntimas entre as pessoas também passam por uma etapa de fluidez e fragilidade, de laços frouxos. Os relacionamentos, impregnados por forte ambivalência, tornaram-se descartáveis, oscilam entre a atração e a repulsão, esperanças e temores. Desfrutar das delícias e evitar a amargura; satisfazer sem oprimir. Não assumir nem exigir compromisso. Fluidificou-se o significado da palavra amor; acredita-se que pode ser aprendido, reduzido a episódios momentâneos, intensos, frágeis, todavia altamente impactantes. Procura-se satisfazer os impulsos, separar sexo e amor e evitar os vínculos. Parceiros e filhos adquirem o caráter de objetos de consumo emocional, escolhidos da mesma forma que uma roupa da moda. A pessoa se reduz às conexões efetuadas pela internet ou telefone celular; deprecia os vínculos com amigos, vizinhos e familiares. Solidariedade, compaixão, trocas, ajuda e simpatia mútuas: uma abominação. Contudo, a solidariedade sobrevive... (BAUMAN, 2004). A cultura, na modernidade uma forma de domesticação para tornar humanos os seres humanos pela educação e treinamento, processo guiado por quem foi preparado e treinado para exercer essa tarefa, provocava uma assimetria social: agir ou sofrer o impacto de uma ação, ser seu ator ou receptor, um indivíduo instruído ou ignorante, refinado ou grosseiro. Hoje, assume dois aspectos: pode representar a reivindicação do particular contra a pressão homogeneizante do geral, uma postura crítica, ao valorizar o transcendente, o belo, o que ultrapassa a atualidade, o produto não consumido e nem esvaziado instantaneamente, que sobrevive ao uso motivador de sua criação e resiste aos 10

critérios do mercado de consumo. No outro lado da moeda, situa-se a imposição de um padrão pelo mercado, como na cultura de massa: a cada modismo, a pessoa muda os seus padrões culturais efêmeros, para trocar de identidade (BAUMAN, 2007). Afundado no incessante sonho do consumo, obsessivo com seu corpo, o ser humano narcisista moderno-líquido sente uma difusa infelicidade ao não afirmar sua identidade. Tenta, em desespero, individualizar-se, destacar-se dos demais e, ao mesmo tempo, ser incluído na sociedade que o incita a adquirir sua individualidade, tarefa individual a ser realizada com os recursos individuais. Não faltam especialistas para ajudar uma pessoa aflita a se tornar um indivíduo, que participará de interações, do contato face a face com outros indivíduos, pelo qual deverá assumir as conseqüências. Constituir uma individualidade é uma longa tarefa, permeada de desafios e incerteza, dura toda a vida... O mercado aposta em valorizar o consumidor, relega o indivíduo, o cidadão, a um segundo plano... Quem pode, financeiramente, recorre à “hibridização”: uma constante troca de identidades efêmeras, voláteis, mutáveis, descartáveis, autoafirmação para a individualidade. Para quem não pode... Obter a identidade requer ir à luta entre o desejo de liberdade e a necessidade de segurança, entre o medo da solidão e o pavor da incapacidade. Ao procurar insígnias para montar e remontar sua identidade, nos templos de consumo, o consumidor garante o futuro do mercado e da sociedade de consumo, não o seu. DA ESCOLA RÍGIDA À FLUIDEZ DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A escola ainda exibe um notório paralelo com o sistema de produção moderno: pratica o taylorismo, com seu currículo, objetivos, conteúdos, métodos, em que o aluno passa por um processo semelhante ao da montagem de um veículo (D’AMBROSIO, 2001). Produz um objeto, não um sujeito. A educação, na modernidade líquida, para ter alguma utilidade, deve durar toda a vida e não se reduzir a um treinamento para atender às necessidades imediatas do mercado. Os conhecimentos caducam e renovam-se sem parar: aprendê-los rapidamente e esquecê-los instantaneamente, jogar fora no momento certo o inútil, mudar de idéia, revogar sem hesitação decisões prévias tornou-se uma necessidade. No mundo pósmoderno, em que se produz incerteza como instrumento de dominação, planejar para a vida está em contradição com o mercado. No entanto, a pessoa deve ser educada não para ser um mero consumidor de mercadorias, e sim um cidadão, elemento não-passivo da sociedade, capaz de influenciar escolhas e ambientes sociais. Deve saber cooperar 11

com os outros, em uma interação enriquecedora, reforçar a coesão social, agir com a necessária autoconfiança para perseguir seus objetivos com esperança de êxito e não cair na ignorância. Esta cresce em grande escala com o envelhecimento de conceitos prévios e o crescimento de novos conhecimentos. Num cenário em que a ignorância predomina, as pessoas sentem-se perdidas e infelizes: ela paralisa suas vontades, permite a sua dominação e manipulação (BAUMAN, 2007). D’Ambrosio (2001) concorda com Bauman: a educação não pode se reduzir a um treinamento, ela deve possibilitar a cada indivíduo desenvolver o seu potencial criativo e exercer a cidadania, que depende de uma postura ética. Não se deve ensinar a ética, mas sugeri-la no discurso e praticá-la no comportamento, o que começa com o reconhecimento do outro, para transcender relações de domínio, a arrogância, a inveja, a prepotência, a ganância e a agressividade. Segundo Levinas (2000), a ética só pode nascer a partir da responsabilidade de uma pessoa pelo Outro, a segunda pessoa do discurso, sem que se espere nenhuma reciprocidade: o eu, primeira pessoa, deve responder por todos os outros e mesmo por tudo nos outros, inclusive a responsabilidade deles. O Outro deve ser readmitido como próximo (não apenas fisicamente, mas afetivamente), deve ser a prioritário na relação a dois, no estar face a face, que se torna mais rico através do carinho. Ou seja, a proposta é a de ser para o Outro, interação que propicia também a construção do eu, e não a de ser com o Outro, o que pode ocorrer até em um grupo de consumidores a fazer compras. Uma pessoa só é livre se, de certa forma, for refém do Outro. A fragilidade deste suscita o eu moral de uma pessoa. Tal ética, no entender de Bauman (1997), é pós-moderna: resgata o significado moral autônomo da proximidade, admite o outro como próximo, coloca-o como fator decisivo na construção do eu moral. O ser moral precede o eu que pensa. A moralidade, transcendência do ser, enraíza-se nas qualidades de uma pessoa como ser humano, no seu ser moral, não pode ser imposta pelas regras de uma sociedade. A responsabilidade pode não ter propósito ou razão, e trazer insegurança, mas só se pode agir como sujeito moral, com responsabilidade moral: esta deve vir de dentro do ser humano, não de fora, fornecer a matéria para construir a convivência humana. Um ato tido como irracional pode ser moral; outro, racional, pode ser imoral. A famosa desculpa “Eu não sabia”, moralmente inaceitável, mostra que na pós-modernidade continua a não aceitação do eu moral. Quanto tudo vale, tudo pode, chega-se ao niilismo, incapacidade do ser moral. Em todo esse contexto, como fica a educação ambiental? Desde seus primórdios, 12

ou de seu início oficial, na conferência de Estocolmo, em 1972, ela se preocupa com várias das questões mencionadas por Bauman (1997; 1998; 2001; 2004; 2007). A Carta de Belgrado, documento produzido em 1975, como um dos resultados do Encontro Internacional de Educação Ambiental, cita a necessidade de uma nova ética global e de uma reformulação de processos e sistemas educacionais. Nos princípios da Educação Ambiental arrolados na Resolução n° 2 da Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em 1977 em Tbilisi, constam: a necessidade de considerar o meio ambiente em sua totalidade, ao incluir os aspectos criados pelo homem (econômico, político, técnico, histórico-cultural, moral e estético); o aspecto de educação contínua; o exame de questões ambientais em todas as dimensões espaciais, do local até o internacional; a necessidade de cooperação local, nacional e internacional para se prevenir e solucionar problemas ambientais; a participação de estudantes na organização de suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas conseqüências; a aquisição de conhecimentos, a aptidão para resolver problemas e o esclarecimento de valores, com ênfase na sensibilização dos mais jovens para os problemas do meio ambiente em suas próprias comunidades; a necessidade de desenvolver um sentido crítico e aptidões necessárias para a solução dos problemas ambientais (UNESCO, 1998). No documento Carta da Terra constam os deveres de preservar conhecimentos tradicionais, de proteger e restaurar lugares com notável significado espiritual e cultural, de promover a justiça econômica e a paz, e a diversidade e beleza da Terra. Concluído e lançado durante o Fórum Internacional de ONGs e Movimentos Sociais, no Rio de Janeiro em 1992, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global traz princípios como o direito de todos à educação; a necessidade de promover a transformação e construção da sociedade; a formação de cidadãos com consciência local e planetária; o respeito à autodeterminação dos povos; o estímulo à solidariedade; a interação entre as culturas; a abordagem do tema da paz; o estímulo à cooperação em todos os processos de decisão; a promoção da diversidade cultural e lingüística; a valorização das diversas formas de conhecimento; a criação de novos modos de vida para atender às necessidades básicas de todos; o desenvolvimento de uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais a humanidade compartilha o planeta, para impor limites à sua exploração. Se todos os educadores ambientais o praticassem... Na acepção de Ab’Saber (1991), a educação ambiental constitui uma ação para 13

criar valores novos e recriar os perdidos ou ainda não atingidos, uma reflexão sobre o destino humano, um processo educativo compromissado com o futuro, um novo ideal para o comportamento individual e coletivo; requer uma sensibilidade especial com a melhora da estrutura social, envolve todas as escalas (da casa à rua, à praça, ao bairro, à cidade, até ao planeta inteiro); tenta garantir um ambiente sadio para a humanidade, defende um conjunto de sanidades (do ar, da água, do solo e subsolo, da natureza, do ambiente de trabalho, do transporte público, da sociedade); exige o conhecimento de diferentes realidades, religa saberes científicos e tradicionais, aperfeiçoa o processo educativo e conquista ou reconquista a cidadania. Na Educação Ambiental, uma atenção especial deve se dar à presença do Outro e à subjetividade. Um exemplo dessa prática se encontra na dissertação de Mestrado de Quaranta-Gonçalves (2005). Ao trabalhar com alunos uma aquisição de conhecimentos em ambientes extra-escolares inseparável da valorização do contato pessoal e do uso dos vários órgãos dos sentidos para a percepção do meio ambiente, o autor integrou a fenomenologia de Merleau-Ponty, e Yi-Fu Tuan, com a empiria de Michel Serres. Um exemplo de educação ambiental fluida, a dissolver os limites físicos da escola como local de aprendizado, ultrapassando-a como instituição da modernidade pesada. Para Reigota (1999), quem trabalha com a educação em geral e com a educação ambiental em particular está sempre sendo desafiado pela barbárie, pelo cinismo, pela estupidez e pela ignorância; se tal trabalho não existir, as possibilidades de se conquistar uma vida digna neste planeta serão reduzidas; portanto, ele precisa ser conduzido com coragem e perseverança, com base na pertinência, na qualidade, na profundidade, no profissionalismo e no compromisso ético, para crescer e ser reconhecido. A Educação Ambiental critica o processo da modernidade, a sua ordem artificial, o monopólio da razão, as normas éticas impostas de cima para baixo, o mecanicismo, o uniformismo cultural, a padronização de valores e da cultura, o mito do ilimitado e contínuo progresso, o projeto universal, os comportamentos condicionados, as certezas absolutas e os donos da verdade (de qualquer ideologia). Também rejeita o modelo consumista de mercado, da modernidade líquida, que deprecia o cidadão e hipertrofia o consumidor: questiona a segunda postura ao valorizar a construção da cidadania. Não cabe à educação ambiental desprezar por desprezar o variado cabedal de conhecimentos arrolado pela ciência moderna, mas utilizá-lo dentro de princípios morais, e praticar as conquistas da pós-modernidade criticamente: ser fascinante, bem-humorada, sedutora, espontânea; valorizar o estético, sem descuidar do ético; abrir o leque de identidades 14

(não estimular sua troca constante pelo simples fato de trocar); praticar o convívio com o diferente, seja este um ser humano ou um ser vivo de outra espécie; desmistificar projetos políticos e partidários de exercício totalitário do poder; cultivar a solidariedade e a cooperação, esquecidas no pós-moderno. Precisa respeitar e valorizar os pluralismos culturais e os conhecimentos tradicionais; compreender as incertezas e contradições humanas, e trabalhar para torná-las uma fonte de criatividade; dedicar-se à construção do eu moral, através da prática da ética de Levinas, e da intersubjetividade, na tradição fenomenológica. Tais sementes, bem cultivadas, promoverão o desabrochar de novos modelos de sociedade, mais justos, abertos e plurais. A esperança permanece... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AB’SABER, A. N. (Re)conceituando educação ambiental. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins, 1991. (Folheto). BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1995. BAUMAN, Z. Amor líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. ______. Ética pós-moderna. São Paulo: Paulus, 1997. ______. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ______. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. ______. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. D’AMBROSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. LEVINAS, E. Ética e Infinito: diálogos com Philippe Nemo. Lisboa: Edições 70, 2000. PENNA, C. G. O estado do planeta: sociedade de consumo e degradação ambiental. Rio de Janeiro: Record, 1999. PORTO-GONÇALVES, C. W. Os (des)caminhos do meio ambiente. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2004. (Temas atuais). PRIGOGINE, Y. O fim das certezas: tempo, caos e as leis da natureza. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 1996. (Biblioteca básica). QUARANTA-GONÇALVES, M. L. Educação ambiental e fenomenologia: a importância da excursão para as percepções de meio ambiente em estudantes de ensino médio. 2005. 232p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Sorocaba, Sorocaba, 2005. REIGOTA, M. Apresentação. In: _____ (org.). Verde cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. p. 7-16. 15

UNESCO. As grandes orientações da Conferência de Tbilisi. Brasília: IBAMA, 1998.

Márcio Luiz Quaranta-Gonçalves [email protected] Maria Lúcia de Amorim Soares [email protected]

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