O PLURALISMO E O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO DESDE AMÉRICA LATINA

July 24, 2017 | Autor: Cristiano Tavares | Categoria: Religious Pluralism, Latin America, Dialogue Between Cultures and Religions
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O PLURALISMO E O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO DESDE AMÉRICA LATINA Introdução O pluralismo religioso emerge como um „novo paradigma‟ hermenêutico e impulsiona a retomar e reavaliar os tradicionais conceitos, tratados e doutrinas religiosas. Torna-se, portanto, uma oportunidade para novas reflexões sobre este fenômeno religioso. Se o pluralismo religioso é destino irreversível do mundo contemporâneo, o diálogo interreligioso é desafio irrenunciável. O objetivo deste tema é pensar sobre o pluralismo religioso atual e sobre a necessidade do diálogo inter-religioso para a construção de uma unidade na diversidade das reflexões que deste fenômeno emergem. A diversidade de abordagens deste fenômeno enriquece e propicia maior compreensão desta realidade. O essencial é refletir, compartilhar e avançar no entendimento e nas disposições para dialogar1. 1 Pluralismo Religioso

A Congregação para a Evangelização dos Povos, sempre discutiu o tema da Evangelização no contexto do pluralismo religioso. De fato, a Igreja “desde o seu início, teve que enfrentar o desafio de pregar a Boa Nova de Jesus Cristo em meio a uma variedade de tradições religiosas, começando pela religião hebraica, na qual o cristianismo nasceu, e, depois, em meio às confissões existentes nas nações para onde os cristãos se dirigiram. Todavia, a evangelização põe um desafio particular nos tempos modernos, já que vivemos em uma época em que as pessoas de diversas religiões se encontram e interagem mais do que em qualquer outro período da história humana”. Evocando o ensinamento do Concílio sobre as relações entre a Igreja e as religiões nãocristãs, o Cardeal Ivan Dias destacou que, diante da vasta gama de tradições religiosas presentes no mundo, “os cristãos devem buscar descobrir a ação do Espírito Santo - ou seja, as sementes de verdade como as quis chamar o Concílio Vaticano II - e conduzilas, sem algum complexo de superioridade, ao pleno conhecimento da verdade em Jesus Cristo”2. Também os cristãos podem encontrar nas religiões não-cristãs alguns valores de sua fé que, talvez, esqueceram ou ignoraram como o jejum rigoroso, a oração 1

Cf. PANASIEWICZ, Roberlei e BAPTISTA, Paulo Agostinho Nogueira. Fenomenologia e hermenêutica do Religioso: 2° Congresso ANPTCRE. Belo Horizonte, Agosto de 2009. 2 Cf. Agência Fides, dia 09 de Março de 2007.

freqüente, o ascetismo… Todavia, é preciso estar atentos: “Com o pretexto de não obstaculizar o diálogo inter-religioso, algumas pessoas até mesmo colocam Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, no mesmo plano dos fundadores, às vezes mitológicos, de outras religiões. Tal atitude contradiz o mandato do Nosso Senhor de pregar o Evangelho e de fazer discípulos em todo o mundo (cf. Mt 28,19s; Mc 16,15). É nossa tarefa fazer amadurecer as sementes do Verbo por meio do testemunho da vida e dialogo para que as outras religiões encontrem sua plenitude em Cristo3. "A Igreja católica nada rejeita do que é verdadeiro e santo nessas religiões. Olha com sincero respeito aos sistemas de conduta e de vida, esses preceitos e doutrinas que, embora diferentes em muitos aspectos do que ele pensa e propõe, no entanto, muitas vezes refletem um raio daquela Verdade que ilumina todos os homens"4. Muito antes do Concilio Vaticano II, os Padres da Igreja viam nas diversas religiões tantos reflexos de uma única verdade "as sementes do Verbo", que mostram que, embora por caminhos diferentes, há apenas uma única direção a aspiração mais profunda do espírito humano, que se expressa na busca de Deus e também em pesquisa, mediante a tensão em direção a Deus, a plena dimensão da humanidade, isto é, o sentido pleno da vida humana5. 2 Luzes e sobras Não é fácil reconhecer o valor do pluralismo religioso e a dignidade da diferença religiosa. Mas só sob estas condições é que pode acontecer uma abertura autêntica ao diálogo inter-religioso. Como bem sublinhou o teólogo Paul Tillich, um dos pressupostos essenciais para o diálogo é o reconhecimento do valor da convicção religiosa do outro e de que esta convicção se funda numa experiência de revelação 6. Mas para que haja uma tal abertura requer-se uma especial cortesia espiritual, e isto nem sempre acontece. Na realidade, o pluralismo religioso provoca ainda muita resistência e oposição, sobretudo em razão de concepções teológicas exclusivistas ou absolutistas, que não conseguem perceber a presença da luz e do mistério a não ser nos estreitos limites do domínio religioso particular. Como bem mostrou o sociólogo Peter Berger, o 3

Cf. Ad Gentes, n. 11; cf. Lumen Gentium, n. 17. Nostra Aetate, n. 2. 5 Cf. Redemptor Hominis, n. 11. 6 Cf. TILLICH, Paul. Le christianisme et le religions. Paris: Aubier, 1968, p. 133. 4

pluralismo cria uma condição de incerteza permanente com respeito ao que se deveria crer e ao modo como se deveria viver; mas a mente humana abomina a incerteza, sobretudo no que diz respeito ao que conta verdadeiramente na vida. Quando o relativismo alcança uma certa intensidade, o absolutismo volta a exercitar um grande fascínio7. 3 Todo o debate sobre o pluralismo religioso gira em torno de: O eclesiocentrismo exclusivista, fruto de determinado sistema teológico, ou de uma compreensão errada da frase "extra Ecclesiam nulla salus", já não é defendido pelos teólogos católicos depois das claras afirmações de Pio XII e do concílio Vaticano II sobre a possibilidade de salvação para os que não pertencem visivelmente à Igreja8. O cristocentrismo aceita que a salvação possa acontecer nas diversas religiões, porém nega-lhes uma autonomia salvífica devido à unicidade e universalidade da salvação de Jesus Cristo. Essa posição é sem dúvida a mais comum entre os teólogos católicos, embora haja diferenças entre eles. Procura conciliar a vontade salvífíca universal de Deus com o fato de que todo homem se realiza como tal dentro de uma tradição cultural, que tem na respectiva religião sua expressão mais elevada e sua fundamentação última. O teocentrismo pretende ser uma superação do cristocentrismo, uma mudança de paradigma, uma revolução copernicana. Tal posição brota, entre outras razões, de certa má consciência devida à união da ação missionária do passado com a política colonial, embora olvidando às vezes o heroísmo que acompanhou a ação evangelizadora. Trata de reconhecer as riquezas das religiões e o testemunho moral de seus membros e, em última instância, pretende facilitar a união de todas as religiões para um trabalho conjunto pela paz e pela justiça no mundo. Podemos distinguir um teocentrismo em que Jesus Cristo, sem ser constitutivo, se considera normativo da salvação, e outro em que nem sequer se reconhece a Jesus Cristo tal valor normativo. No primeiro caso, sem negar que outros possam também mediar a salvação, reconhece-se em Jesus Cristo o mediador que melhor a exprime; o amor de Deus revela-se mais claramente em sua pessoa e em sua obra, e assim ele é o paradigma para os outros mediadores. Porém, sem 7

Cf. BERGER, Peter. Una gloria remota. Avere fede nell´epoca del pluralismo. Bologna: Il Mulino, 1994, p. 18. 8 Cf. LG 16; GS 22.

ele não ficaríamos sem salvação, mas tão-só sem sua manifestação mais perfeita. No segundo caso, Jesus Cristo não é considerado nem como constitutivo nem como normativo para a salvação do homem. Deus é transcendente e incompreensível, de modo que não podemos julgar seus desígnios por nossos padrões humanos. Tampouco podemos avaliar ou comparar os diversos sistemas religiosos. O soteriocentrismo9 radicaliza ainda mais a posição teocêntrica, pois tem menos interesse na questão sobre Jesus Cristo (ortodoxia) e mais no compromisso efetivo de cada religião com a humanidade que sofre (ortopráxis). Desse modo, o valor das religiões está em promover o Reino, a salvação, o bem-estar da humanidade. Tal posição pode caracterizar-se, assim, como pragmática e imanentista. 4 O diálogo inter-religioso A humanidade é marcada pela vivência religiosa. Desde tempos imemoriais o sentimento religioso está presente. Enquanto os homens se agrupavam em clãs houve certa homogeneidade de sentimentos e objetivos religiosos. Com a complexificação das relações sociais e comerciais ocorreu um entrelaçamento de culturas e paradigmas religiosos. Diante de um emaranhado de opções religiosas o diálogo é “conditio sine qua non” para a harmonia num mundo cada vez mais interdependente. Muitas religiões não possuem viés proselitista. Não é o caso de algumas tradições religiosas à semelhança do cristianismo e islamismo, ou religiões do Livro. De modo particular, o cristianismo por razões de princípio possuía um senso missionário apurado e como não podia ser diferente entrou prematuramente em tensão com culturas e religiões. Diante dessa constatação faz-se necessário observar de perto a importância do diálogo inter-religioso para a busca adequada das relações sociais. “Entende-se por diálogo inter-religioso as relações estabelecidas entre tradições religiosas diferentes em doutrinas, história, rituais, visões de mundo e práticas sociais comuns”.10 Essa definição contempla a compreensão gera do termo. Por sua vez, o teólogo Francisco de Aquino Júnior elucida que “na América Latina tem-se falado muitas vezes de macroecumenismo em vez de diálogo inter-religioso”.11 No que tange

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A soteriologia é o estudo da salvação humana. Dicionário Brasileiro de Teologia. 2008, 292 11 AQUINO Jr., F. Diálogo Inter-religioso por uma cultura de paz. Teocomunicação, Porto Alegre: Edipucrs, p,368, jul-dez 2012. 10

ao cristianismo sabe-se que demonstrou diversas posturas quanto às demais religiões. Como advogava para sim a exclusividade da verdade e da salvação nem sempre respeitou as práticas religiosas dos demais. Oscilou entre o proselitismo agressivo até a condenação explícita por meios jurídicos quando da cristandade. É digno de nota o fato que no início da religião cristã os primeiros adeptos dessa matriz religiosa estiveram em contato com a sinagoga e com o choque interno foi necessário a ruptura. A partir disso houve uma crescente animosidade em relação aos judeus que perdurou até muito recentemente. Por sua vez, em relação aos muçulmanos o ruído no diálogo fraturou-se quando das expedições militares entre cristãos e islamitas entre os séculos XI a XIII. Tal acontecimento lançou suspeitas recíprocas que repercutem até o presente momento. “As manifestações fundamentalistas entre cristãos, judeus e muçulmanos prejudicam o diálogo inter-religioso”.12 Por sua vez, a partir do século XVI com a quebra do monolito católico por parte de Martinho Lutero, houve uma reviravolta emblemática. A Europa ao se bifurcar religiosamente iniciou um processo de revisão de paradigmas religiosos que após um período de guerras religiosas iria desembocar no consenso da paz religiosa. Fruto disso, tendo por plataforma a teologia do protestantismo liberal começou-se a trabalhar o tema do diálogo inter-religioso. O cristianismo com todos os seus movimentos missionários, correntes teológicas, decisões conciliares, liturgias e formas de espiritualidade deveriam iniciar um esforço de diálogo. Mesmo assim isso foi um processo incipiente, pois ambas as vertentes, católica e protestante, ainda viviam sob a bandeira do proselitismo ainda mais quanto a novas terras, mormente o Novo Mundo. Nesse contexto ideia, por sua vez, ao evangelizar o novo mundo entrou em contato com práticas estranhas ao missionário europeu. A resposta a esse estranhamento nem sempre foi tranquilo. Contudo, havia a necessidade de transpor barreiras que ia desde o esforço em transmitir a fé nas línguas nativas quanto a uma compreensão antropológica diferenciada. O movimento ecumênico teve sua origem entre os protestantes dos séculos XIX e XX.13 O Marco foi a Conferência de Edimburgo 1910 O século XX foi um divisor de águas no que diz respeito a esse esforço. A maioria das denominações cristãs desenvolvessem novas posturas teológica, bíblica e pastoral. Motivado por esse esforço em 1948 surge o Conselho Mundial de Igrejas influenciado pela teologia liberal. Tripé: unidade entre os cristãos, luta por justiça e diálogo com

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Dicionário Brasileiro de teologia. 2008, 292 Cf. Dicionário Brasileiro de Teologia. 2008, 295

outras religiões. “A prática atual do Conselho Mundial de Igrejas é a de promover modalidades diferentes de diálogo, tanto bilaterais e multilaterais e multilaterais entre religiões”.14 4.1 Diálogo Inter-religioso no Brasil O Brasil enquanto Colônia e Império esteve sob a oficialidade católica. Isso imprimiu culturalmente um modo de agir quando o assunto é religião. As religiões de matriz africana e indígena foram sistematicamente combatidas e até discriminadas. Também a relação entre católicos e protestantes até recentemente foram conflituosas. Contudo, o movimento pró-diálogo inter-religioso no meio cristão têm duas instituições à frente: a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que implementou as inovações teológicopastorais do Concílio Vaticano II e Aliança Evangélica do Brasil que implementou as diretrizes do Conselho Mundial de Igrejas. A ideia central é de que o que nos une é mais importante do que o que nos separa. Não obstante, mesmo com os avanços não cessou de todo a tensão entre neopentecostais e as religiões de matriz africana. A cultura do diálogo deve ser alimentada cada vez mais tendo em vista a paz entre as religiões e consequentemente a paz mundial. 4.2 O Vaticano II e o diálogo inter-religioso Para a Igreja católica a década de 60 do século passado foi decisiva devido o marco de mudança eclesial proporcionado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). O Concílio foi marcado por um clima de abertura, favorecendo a instância ecumênica e inter-religiosa, imperativo da comunhão. Deve-se dizer ainda que a Igreja Católica teve dificuldade em elaborar uma nova proposta, pois estava arraigada à noção de exclusivismo eclesiológico deixando antever uma polaridade entre desejo de abertura e resistência ao novo. A resistência de alguns se devia ao medo do arrefecimento do mandato missionário e consequentemente à diminuição das conversões. Uma das premissas em destaque é o reconhecimento do que é positivo nas demais religiões. Os nomes preeminentes dessa época foram: Jean Daniélou, Henri de Lubac, Ives Congar. Quanto aos documentos conciliares pode-se dizer que “ o tema das outras tradições religiosas está presente de forma explícita em dez documentos do concílio,

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Dicionário Brasileiro de teologia. 2008, 295

com cerca de 34 referências”.15 Destacam-se a Ad Gentes, Apostolicam Actuositatem e Nostra Aetate. O tema é mais detidamente trabalhado na Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs (Nostra Aetate). Tais documentos tomaram a proporção de um verdadeiro divisor de águas. De modo geral pode-se dizer que os documentos estão permeados de um amplo otimismo. Quanto ao tema em questão o Concílio se centra na perspectiva de que os fiéis podem chegar a salvação de maneira que somente Deus conhece os meios. O documento conciliar Lumen Gentium nos números 16 e 17 enfatizam o caráter dialogal da Igreja referente a outras denominações religiosas. Por sua vez, a Constituição Apostólica Ad Gentes entende que o papel das religiões consiste numa preparação evangélica ou pedagogia para se chegar ao Deus verdadeiro. Deve-se levar em conta que “a perspectiva do concílio é nitidamente cristocêntrica”.16 O diálogo interreligioso deve-se centrar no amor e na prática da justiça. Sem dúvida que o grande desafio é se desfazer dos direitos exclusivos. Como se percebe, para mudar a mentalidade é necessário buscar novos paradigmas que valorizem os direitos das pessoas e um deles é a clareza de que a a liberdade religiosa reside em benefício do sujeito.A Igreja abandonou o rivalismo e o proselitismo optando por um compromisso relacional entre as religiões. 4.4 Perspectivas e desafios O pluralismo e o diálogo-inter-religioso se impõem cada vez mais e para tal é preciso aprofundar os graus de tolerância e colaboração. Num contexto plural e democrático as religiões que objetivam a paz e o compromisso social devem ser menos individualistas. Para o sucesso do diálogo é preciso reconhecer a verdade contida nos diversos segmentos religiosos, assim como também, a pluralidade. Dentro desse cenário muito se tem a desenvolver de modo especial quanto a uma autêntica teologia das religiões.

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TEIXEIRA, Faustino. O Concílio Vaticano II e o diálogo inter-religioso. Disponível em . Acesso em: 10/10/2013 16 TEIXEIRA, Faustino. O Concílio Vaticano II e o diálogo inter-religioso. Disponível em . Acesso em: 10/10/2013

5 Referências BERGER, Peter. Una gloria remota. Avere fede nell´epoca del pluralismo. Bologna: Il Mulino, 1994. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 1962-1965, Cidade do Vaticano. Ad Gentes. In: VIER, Frederico (Coord. Geral). Compêndio do Concílio Vaticano II. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 1962-1965, Cidade do Vaticano. Lumen Gentium. In: VIER, Frederico (Coord. Geral). Compêndio do Concílio Vaticano II. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 1962-1965, Cidade do Vaticano. Nostra Aetate. In: VIER, Frederico (Coord. Geral). Compêndio do Concílio Vaticano II. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. Dicionário Brasileiro de Teologia. Fernando Bortoletto Filho (Org). São Paulo: ASTE, 2008. JOÃO PAULO II. Redemptor Homini. Roma, 1979. Disponível Acesso em: 20 de nov. de 2002.

em:

PANASIEWICZ, Roberlei e BAPTISTA, Paulo Agostinho Nogueira. Fenomenologia e hermenêutica do Religioso: 2° Congresso ANPTCRE. Belo Horizonte, Agosto de 2009.

TEIXEIRA, Faustino. O Concílio Vaticano II e o diálogo inter-religioso. Disponível em . Acesso em: 10/10/2013. TILLICH, Paul. Le christianisme et le religions. Paris: Aubier, 1968. Teocomunicação. A Igreja e a Teologia. Porto Alegre: EDIPUCRS. Vol 42, n 2. Jul-dez 2012.

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