O poder do subconsciente

June 15, 2017 | Autor: Peter Roman | Categoria: Neuroscience, Neuroeconomics, Neuroleadership, Neurobusiness
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COACHING

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Vol 19

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Num 5 ||

May 2013

Peter Roman

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www.JornalBB.com * Peter Roman é jornalista e professor. Conferencista internacional, ministra conferências nas áreas de Business & Coaching. Também é produtor de TV (com mais de 20 anos de experiência), fotógrafo e músico nas horas vagas. [email protected]

As Respostas do Inconsciente

or que um homem é triste e outro alegre? Por que um é feliz e próspero e outro pobre e desgraçado? Por que um homem é tímido e inseguro e o outro cheio de fé e confiança? Por que um mora em uma casa bela e luxuosa e o outro leva uma existência miserável numa favela? Por que um é um sucesso espetacular e o outro um pobre fracassado? Por que um é um notável orador e imensamente popular e outro apenas medíocre e impopular? Por que um homem é um gênio em seu trabalho ou profissão e o outro moureja a vida inteira sem nada fazer ou conseguir de valor? Por que um homem fica curado de uma moléstia considerada incurável e o outro não? Por que tantas pessoas boas e religiosas sofrem as torturas dos condenados em sua mente e corpo? Por que tantas pessoas sem moral obtêm sucesso, prosperam e gozam de excelente saúde? Por que uma mulher é feliz no casamento e sua irmã frustrada e infeliz? Haverá respostas para essas perguntas na mente consciente e subconsciente de tais pessoas? É mais que certo que sim.

Assim como na física, química  e outras ciências existem leis que regem os seus funcionamentos, a mente humana também tem a sua legislação. Cientificamente é preciso que se entenda que a mente humana é dividida em quatro níveis: consciente, subconsciente, inconsciente e supraconsciente. No consciente estão todas as informações atuais, os critérios de certo ou errado, a noção do tempo, o raciocínio lógico. No subconsciente, as informações morais e os conceitos adquiridos na vida atual, através dos ensinamentos familiares, religiosos, sociais e tantos outros, além dos egos e chamados desejos inconscientes. Na mente inconsciente, estão registrados todos os fatos vividos nas diversas existências, fatos estes que permitem ao inconsciente gerenciar a vida atual, conforme os padrões estabelecidos no agrupamento destas informações. Ou seja: com base em todas as informações obtidas em diversas existências, o inconsciente dita a existência atual. Ele atua no comando da vida, independente da atuação do consciente ou subconsciente. Já na mente suprainconsciente estão as informações universais. Anos atrás, um cientista austríaco defendeu a tese de que na mente humana estão armazenadas todas as informações contidas no universo, tanto física, química, matemática, quanto acontecimentos históricos. Para não fugir à regra, foi ridicularizado pelos companheiros e toda a sociedade. Se hoje, tal afirmativa é vista como absurda, imagine dez anos atrás. A mente oculta, inexplorada e não compreendida, com sua parte superficial que foi “educada”, entra em contato com os desafios e exigências do presente imediato. A superficial pode reagir adequadamente ao desafio; mas, por haver uma contradição entre a mente superficial e a oculta, qualquer experiência da mente superficial só fará aumentar o conflito entre ambas. De fato muitas descobertas feitas no campo da Parapsicologia caem no anonimato em função da discriminação que a humanidade faz em torno do assunto. Não se trata de repúdio. É apenas a limitação da mente humana em aceitar algo que foge por completo à sua compreensão. O homem, em toda a história da humanidade, sempre condenou tudo aquilo que sua mente consciente não pudesse dimensionar. A história está cheia de exemplos: Galileu Galilei, físico, matemático e astrônomo italiano, sob ameaça de excomunhão e morte pela Igreja Católica, renegou suas descobertas em que defendia o sistema heliocêntrico, na obra “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”. Ou

Santos Dumont, que só conquistou a glória depois de provar que algo mais pesado que o ar poderia voar. Antes disto foi taxado de lunático. Você já teve a sensação de estar sendo enganado pela sua própria mente? De ter certeza de lembrar de uma situação e depois descobrir que ela não aconteceu? A horrível descoberta de que você não tem controle sobre as suas escolhas mais pessoais, que muitas vezes vão contra o que você mais queria? Então bemvindo à espécie humana. Quase tudo que consideramos certezas sobre nós mesmos e nossa sociedade é falso. O autoengano, que não é necessariamente mentir para nós mesmos, mas simplesmente ter ideias que não combinam muito com a realidade, o autoengano é inevitável.

Somos constantemente bombardeados com mensagens sobre diferentes etnias, diferentes religiões, e é muito difícil não assimilar isso em nível inconsciente, ainda que nosso inconsciente queira ser justo. O físico e escritor Leonard Mlodinow, autor de vários best-sellers como “O andar do bêbado” e “Subliminar” afirma que: “se você não entende o aleatório, interpreta errado vários acontecimentos que ocorrem ao seu redor. Assim, o sucesso... O sucesso requer trabalho, requer habilidade, claro, mas também tem o elemento “acaso”. Quanto de acaso há nele? Se você compara duas pessoas igualmente bem-sucedidas, ou uma pessoa mais bem-sucedida que outra, a primeira não precisa ser mais talentosa, pode ter tido mais sorte. Então, é muito importante entender o papel do aleatório na vida, para não julgar as pessoas apenas pelos resultados, mas fazer uma análise mais a fundo e julgá-las pelo que são. Mas o que importa nesse assunto, é que a ideia é a mesma, só que, em vez de olhar o mundo exterior, você olha para o mundo interior, para a vida interior de cada um. Assim, o mundo social que você vê não é o que você pensa que é se você não entende o inconsciente. O que acontece é que seu inconsciente pega esses dados limitados e os processa. Ele usa então vários truques, como o contexto, suas crenças, suas expectativas, seus desejos e todo tipo de coisa, e, instantaneamente e automaticamente, sem qualquer esforço seu, sem você sequer perceber, ele lhe apresenta uma imagem que você acha que é real. “Tudo no mundo é uma construção do nosso cérebro baseada em

dados limitados e confusos, mas que parece real. E nós fazemos muitas suposições injustificáveis sobre as coisas. Então, se não entendermos isso, interpretamos errado as imagens da nossa realidade social.” Mlodinow. Esse insconsciente que Mlodinow nos fala não tem nada a ver com o inconsciente definido por Freud. O novo inconsciente está escondido de você porque acontece em uma parte do cérebro que é inacessível. O inconsciente freudiano está escondido de você por razões emocionais ou motivacionais. Você consegue acessá-lo com técnicas de introspecção, pensando na sua vida, falando com um terapeuta. Mas não há muita comprovação do fenômeno que Freud descobriu além de o cérebro ser uma fábrica de comportamento. O que a psicologia e a neurociência descobriram nos últimos 20 anos é um inconsciente muito diferente. Vou lhe dar um exemplo ligado ao comportamento dos consumidores. Você entra numa loja e vê um vinho na prateleira. No estudo feito, havia vinho francês e vinho alemão. Estavam misturados, mas tinham preço e qualidade semelhantes. Você entra no corredor do mercado e absorve estes dados: o preço do vinho, a procedência, que tipo de vinho é, se é tinto, branco, Cabernet, o que for, o que vai ter para jantar. Você junta isso tudo e decide o que comprar. Mas seu inconsciente completa a imagem com outros dados, como emoções e humor. O estudo então colocou música para tocar na loja, música francesa e alemã em dias alternados. No dia da música francesa, 2/3 das pessoas compraram vinho francês, e, no dia da música alemã, 2/3 das pessoas compraram vinho alemão. O cérebro delas claramente usava outras coisas, mas, quando as entrevistamos depois da compra, eles não se lembravam da música, algumas nem perceberam aquela música suave de fundo e não acharam que aquilo as influenciaria. Então, você não sabe que essas coisas afetam suas decisões, mas, se estiver ciente delas, pode pensar:“Estou ouvindo música. Estou comprando o vinho alemão por causa da música, e vou me arrepender quando chegar em casa e vir que não gosto dele?” Essa capacidade de categorizar as coisas é um verdadeiro dom. Mas deixa de ser benéfico quando caracterizamos pessoas por causa de sua religião, de sua cor. E isso vem da mídia e da nossa cultura. Somos constantemente bombardeados com mensagens sobre diferentes etnias, diferentes religiões, e é muito difícil não assimilar isso em nível inconsciente, ainda que nosso inconsciente queira ser justo. Mais de 50% das pessoas ten-

dem a se achar acima da média, mas é claro que apenas 50% delas podem estar acima da média. Mas a mente inconsciente nos ajuda a ver o mundo assim, porque nós encontramos várias barreiras na vida. Quando vivíamos na natureza, havia falta de comida, frio, predadores nos caçando. Se tivéssemos uma visão muito sóbria e objetiva da vida, em alguns momentos, provavelmente, nos encolheríamos e desistiríamos. Em nosso mundo civilizado, estamos protegidos desses problemas, mas isso ainda é válido. Podemos ter um grande problema de saúde, como câncer, e ter que fazer quimioterapia, ou podemos abrir uma nova empresa e ter que trabalhar 100 horas por semana, sem qualquer garantia de sucesso. Qualquer que seja seu campo de atuação, há desafios. Mas o bom é que nossa mente inconsciente nos ajuda a manter uma atitude positiva com relação a isso e a nós mesmos. Ela nos ajuda a derrubar barreiras e realizar coisas que não realizaríamos sem esse otimismo. Seu consciente toma decisões. Mas está sendo alimentado pelo inconsciente. Só que você, frequentemente, não está ciente das impressões. Ele é pura sobrevivência, uma questão evolutiva. Desviar de obstáculos, sentir fome, vontade de reproduzir, medo de situações ou barulhos estranhos são instintos de sobrevivência. E todo animal precisa disso para sobreviver, mesmo que de maneira inconsciente. Pensamentos conscientes, como escrever um romance ou investir dinheiro não têm propósito evolutivo. O poder de decisão da sua mente consciente, aquela que associamos a nós mesmos, é apenas parte do caminho. Outra parte são nossos instintos animais, nossas emoções e mente inconsciente, que todos nós, seres humanos, temos e que está presente em nossa mente inconsciente. Ela é a base a partir da qual nós agimos e afeta nossa personalidade e nosso comportamento de uma maneira que não entendemos. Isso é realmente um dom, pois não precisamos parar a cada 3 segundos e posicionar conscientemente os dados que recebemos. Nosso cérebro faz isso automaticamente e instantaneamente. Por isso, na próxima vez que você se deparar com questões como as que iniciei o texto diminua o ritmo frenético do seu dia-a-dia e perceba o que está realmente por traz da dúvida ou indignação que te aflige. Pode ser que no final seja tudo uma questão de falta de atenção a todos os detalhes que compõem a sua vida. Escolha ser feliz e ver o lado positivo de tudo e depois nos escreva para contar o resultado.

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