O potencial do turismo cultural e o desenvolvimento de roteiro histórico-cultural nas terras do Carioca

May 26, 2017 | Autor: Gustavo Lizcano | Categoria: Turismo Cultural, criação de roteiro
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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE TURISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O POTENCIAL DO TURISMO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO DE ROTEIRO HISTÓRICO-CULTURAL NA REGIÃO DO LARGO DO MACHADO, LARANJEIRAS E COSME VELHO
GUSTAVO ELIAS ANDOLPHI LIZCANO
Rio de Janeiro
2016.1
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE TURISMO






O POTENCIAL DO TURISMO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO DE ROTEIRO HISTÓRICO-CULTURAL NA REGIÃO DO LARGO DE MACHADO, LARANJEIRAS E COSME VELHO






Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a devida formação no Curso de Turismo da Universidade Veiga de Almeida, orientado pelo professor Ivan Fernandes.Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a devida formação no Curso de Turismo da Universidade Veiga de Almeida, orientado pelo professor Ivan Fernandes.
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a devida formação no Curso de Turismo da Universidade Veiga de Almeida, orientado pelo professor Ivan Fernandes.

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a devida formação no Curso de Turismo da Universidade Veiga de Almeida, orientado pelo professor Ivan Fernandes.









GUSTAVO ELIAS ANOLPHI LIZCANO
Rio de Janeiro
2016.1
AGRADECIMENTO
Gostaria de agradecer a muitas pessoas que me apoiaram neste retorno a faculdade e finalmente na entrega desta monografia. Meus pais José e Fátima Lizcano, minha avó Maria Trinidad e meus amigos e professores que foram essenciais para a realização deste trabalho feito com muito carinho.



















RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo acerca do turismo cultural na cidade do Rio de Janeiro, para isso foi utilizado um inventário dos atrativos turísticos dos bairros de Laranjeiras, Largo do Machado e Cosme Velho, valorizando principalmente o Patrimônio Cultural. Com o levantamento realizado, buscou-se a conveniência para a montagem de um roteiro que explorasse diversos períodos da história, porém não tornando-se cansativo, nem percorrendo um longo percurso e nem contendo exagero de informações.

















ABSTRACT
This paper presents a study of the cultural tourism in the city of Rio de Janeiro, it used the inventory of touristic attractions of the neighborhoods of Laranjeiras, Largo do Machado and Cosme Velho, valuing the Cultural Heritage. With the inventory already done, sought the convenience for assembling a script that explore different periods of history, but not if it becomes tiring, not by a long way, nor exaggerated information.


















SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO 7
2. TURISMO CULTURAL E SEUS PRINCIPAIS AGENTES 10
2.1. Turismo Cultural 10
2.2. Patrimônio Histórico-cultural 12
2.3. Perfil do turista cultural 14
3. POTENCIALIDADES TURÍSTICAS 15
3.1. Histórico das "Terras do Carioca" 15
3.2. Atrativos Culturais 16
3.2.1. Bens Culturais Materiais 17
3.2.2. Bens Culturais Imateriais 37
4. ROTEIRO 40
5. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
6. REFERÊNCIAS TEÓRICAS: 46












1.INTRODUÇÃO
O Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
O Rio de Janeiro, cidade conhecida pelas suas lindas praias e paisagens naturais e a mais procurada pelos turistas estrangeiros em busca de lazer e a segunda quando se trata de negócios, possui uma quantidade grandiosa de patrimônios históricos e culturais em seu território, mais do que isso, eventos culturais são vistos em toda parte, promovidos com muito entusiasmo por pessoas simples ou mais refinadas, como as rodas de samba. Dentre essas áreas, em que pode-se encontrar tudo isso, existe a região que um dia foi chamada de "As Terras do Carioca", pois eram banhadas pelo rio assim denominado. Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho, Flamengo e Catete, devem o início de sua ocupação a este rio, passando por diversos períodos históricos de grande importância para o seu desenvolvimento e da cidade.
Os bairros citados, no passado cortados na superfície pelo Rio Carioca, possuem grande interesse histórico e cultural, pois já viveram aí figuras extremamente importantes da nossa história, como: Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, Ruy Barbosa, Pereira Passos, Cartola e frequentado por tantos outros. Porém, quando se trata de oferecer o Rio de Janeiro histórico, apenas se oferece constantemente o centro da cidade, esquecendo outras áreas de imenso valor.
A região possui diversos edifícios e bares tombados em função do seu valor histórico, rodas de choro e samba conectando o passado ao presente, e ainda tem o privilégio de abrigar a principal e mais tradicional forma de se chegar a uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor.
Em função dos altos preços praticados em Copacabana, Ipanema, Leblon e outros bairros mais caros, muitos turistas têm se hospedado em bairros da "Zona Sul B" (Botafogo, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, etc.), porém este público não conhece tantas opções culturais nesses bairros, pois não vieram em busca disso especificamente, cabe então aqueles que trabalham com turismo, mostrar alguma opção importante que fuja do convencional explorado.
O Rio de Janeiro, como diversas outras cidades litorâneas do Brasil e do mundo, destaca-se pelo segmento do Turismo de Sol e Praia, surgido na Europa durante o século XVIII e que no século XX, no embalo do aparecimento do turismo de massa, atingiu a grande população sedenta por algum tipo de lazer, não direcionado apenas as pessoas de maior poder aquisitivo, como era de costume.
Esse tipo de turismo define-se atualmente como algo que constituiu-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou lazer em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor.
Porém, o estudo apresentado tem a finalidade de explorar outra opção de turismo na cidade do Rio. Nos dias de hoje, muitas pesquisas apontam para a diversificação das possíveis ofertas de uma localidade, permitindo que não sofra com fenômenos inerentes a área de atuação como a sazonalidade, além disso reflete-se no aumento do número de empregos oferecidos, ou mesmo a manutenção em períodos de suposta baixa; aumento do número de turistas frequentadores da região, consequentemente trazendo mais capital, desenvolvendo novos recursos e trazendo uma possível melhora qualidade de vida as comunidades locais envolvidas.
O caso do turismo cultural, desenvolvido através da exploração do patrimônio histórico e cultural encontrado na denominada Cidade Maravilhosa, mostra-se de fato como uma enorme possibilidade, que só será aproveitada com o aumento da sua divulgação pelos órgãos competentes e também da ordenação e caracterização da sua oferta. A intenção deste capítulo é mostrar brevemente, o quão plausível essa ideia pode ser.
O capítulo dois faz uma abordagem mais técnica, desenvolvendo conceitos e definições de Turismo Cultural e Patrimônio Histórico e Cultural, com o intuito de dar uma base teórica fundamentada.
O capítulo três deste trabalho faz um levantamento do potencial turístico dos bairros abordados, mostrando seus pontos de interesse histórico e cultural, devidamente fundamentados por uma breve explicação histórica e imagens, conseguidas através de pesquisa de gabinete e visitas aos bairros, do ponto específico abordado. Neste mesmo capítulo também se desenvolveu uma diferenciação entre aqueles que pertencem ao conjunto dos bens matérias e aqueles que fazem parte do conjunto dos bens imateriais encontrados na região.
O capítulo quatro por sua vez agrupa os atrativos estudados em um roteiro cultural pela área, utilizando-se do bom senso, levando em consideração a distância a ser percorrida, já que este é um roteiro que será percorrido em caminhada. Um longo trajeto o tornaria demasiado cansativo e pouco atrativo, não atingindo um grande número de pessoas.
No capítulo cinco encontram-se as conclusões finais, considerando-se tudo aquilo que foi desenvolvido durante o projeto.


2. TURISMO CULTURAL E SEUS PRINCIPAIS AGENTES
Levando em consideração o potencial que existe no turismo cultural e sua importância como um todo, aqui serão tratados temas cruciais para o seu desenvolvimento. Sua própria conceituação, a importância e a definição de Patrimônio histórico-cultural e o perfil do turista que o procura.
2.1. Turismo Cultural
Quando inicia-se uma discussão sobre a História do Turismo mundial, alguns marcos históricos invariavelmente são levados em consideração, e para chegar-se até o turismo cultural, tema base do trabalho, é necessário que entenda-se, de que forma se deu a construção do que hoje entende-se como turismo. Os destaques entre esses marcos seriam: as peregrinações durante a Idade Média, O Grand Tour e a inestimável figura de Thomas Cook.
As peregrinações na Idade Média tinham um conceito muito diferente das viagens por lazer, pois o peregrino não escolhia seu itinerário, nem o tempo de viagem, ficando exposto a qualquer dificuldade que se apresentasse no caminho. Eram migrações coletivas não provocadas por qualquer tipo de temor ou lucro, e sim pela busca de atingir um lugar sagrado, onde a dificuldade existente no caminho, teria um valor redentor. A redução do fluxo era constante, pois as vias de acesso e estradas de maneira geral possuíam péssimo estado, além da grande insegurança.
O Grand Tour por sua vez, é considerado marco maior para o surgimento da palavra turismo. Inserindo-se num conceito totalmente distinto do supracitado, ocorre no contexto da Renascença Italiana, que auxiliou de maneira determinante a divulga-la, impulsionando o crescente interesse das viagens em busca do conhecimento, aprendizagem e aquisição de cultura, porém também teria motivado as viagens mercantis. Surgindo em meio a classe abastada de jovens ingleses pertencentes a nobreza, que viajavam por dois anos, com o intuito de completar sua educação e ganhar experiência pessoal.
No século XIX dá-se início a comercialização do turismo pelo inglês Thomas Cook, quando em 1841 este organizou uma viagem de trem com o objetivo de levar um grupo para participar de um encontro antialcoólicos, entre as cidades inglesas Leicester e Loughborough. É nesse momento que acontece a primeira excursão em todo o mundo, desse modo Cook intensifica progressivamente suas relações comerciais com a implantação da pioneira agência de viagens, a "Thomas Cook & Son" e outras empresas do ramo, tomando o turismo um novo rumo em consequência dessa revolução. A partir daí surgem as ideias de criar oportunidades de viagens através de eventos que chamassem atenção das pessoas, despertando o desejo de viajem para participarem de eventos de um importante expositor, já que eram organizadas feiras e exposições de âmbito universal.
O turismo cultural começou a ganhar importância a partir do final da década de 1980, principalmente na Europa, com a ampliação da oferta de recursos culturais estruturados para atrair e receber visitantes, disponibilizando para um grande público de massa por meio de uma profusão de pacotes turísticos, e um crescente corpo de literatura dedicado ao assunto. Como ocorreu com diversas tipologias turísticas então emergentes, o turismo cultural é atualmente caracterizado por uma ampla gama de conceitos e definições, assim sendo, o assunto ainda é bastante problematizado pelos estudiosos, que o veem de diferentes formas, agrupando em diferentes grupos temáticos, considerando-o como apenas visitação a recursos de origem cultural, como ferramenta para o aprendizado cultural ou mesmo sendo a própria ferramenta de aprendizagem. (COSTA, Flávia Roberta. Turismo e Patrimônio Cultural: interpretação e qualificação. São Paulo: Senac, 2009)
Para o Ministério do Turismo, o "turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas a vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura". Essa definição ressalta a abrangência do conceito, portanto interessados no segmento, muitas vezes afirmam que toda forma de turismo é uma experiência cultural, por mais breve que seja.
Pode-se dizer que o objeto do turismo cultural é o patrimônio cultural em si, formado pelos elementos resultantes dos recursos culturais, materiais e imateriais do local ou grupo visitado. Assim, aquilo que desencadearia a visitação do turismo cultural seriam os bens originários da cultura e formadores do patrimônio cultural do local visitado, em todos os seus níveis. (http: / /www.turismo.gov.br /sites /default /turismo_ministerio /publicacoes /downloads_publicacoes /Livro__Cultural.pdf)
Os benefícios que o turismo cultural pode causar a uma comunidade são incalculáveis, dentre eles, podemos citar: o enorme intercâmbio cultural entre turistas e comunidade; a valorização da identidade cultural das comunidades; o resgate e dinamização cultural; a preservação do patrimônio histórico e cultural; a geração de oportunidades de negócios e empregos.
Portanto, o potencial desse tipo de turismo pode inclusive mudar as perspectivas de uma região.
2.2. Patrimônio Histórico-cultural
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), na Conferência Geral que determinou a Convenção sobre a Salvaguarda do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, em 1972, define o patrimônio cultural como sendo formado por "monumentos (obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos ou estruturas de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos de elementos ou estruturas que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência), conjuntos (grupos de construções isoladas ou reunidas que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem, tenham um valor universal do ponto de vista da história, da arte ou da ciência) e lugares (obras do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como as áreas que incluam sítios arqueológicos, de valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico)". (COSTA Flávia Roberta. Turismo e Patrimônio Cultural: interpretação e qualificação. São Paulo: Senac, 2009),
Apesar desta convenção de 1972 e de apenas ter sido promulgada em muitos dos países signatários anos mais tarde, que a partir da década de 1970, o conceito de patrimônio cultural passou a ser visto de maneira mais abrangente, incluindo por fim, manifestações de natureza imaterial, que se relacionam a identidade, a memória e a ação dos grupos sociais. Porém, apenas em 1985, a Conferência Mundial do México sobre Políticas Culturais, organizada pela Unesco, passou a agregar os elementos da cultura imaterial ao conceito de patrimônio cultural. Em 1988, a Constituição Federal brasileira já incluía esta abordagem sobre patrimônio cultural nacional; os bens de natureza imaterial, levando em consideração, as formas de expressão, modos de criar, fazer e viver, criações artísticas e outros. (COSTA Flávia Roberta. Turismo e Patrimônio Cultural: interpretação e qualificação. São Paulo: Senac, 2009)
No Brasil, o desenvolvimento do Turismo Cultural está relacionado às questões patrimoniais. Pode-se afirmar que durante o século XIX não há, em geral, qualquer noção de patrimônio no país. Essas questões surgiram nos anos 30 do século XX. Em 1924, artistas modernistas, muitos deles participantes da semana de arte moderna em São Paulo, entre eles Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, dirigem-se à Ouro Preto, na denominada "Viagem de Redescoberta do Brasil", considerada a primeira viagem na qual o patrimônio foi considerado atrativo para o turismo.
Nessa época, Mario de Andrade altera e amplia o conceito de cultura, anteriormente ligado apenas as civilizações de cultura clássica, aumentando desta maneira o número de atrativos culturais brasileiros. Em 1933, ocorre a primeira medida oficial de reconhecimento do patrimônio cultural e da necessidade de sua preservação, sendo Ouro Preto considerada Monumento Nacional. Em 1938, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) é constituído. Suas ações iniciais foram dirigidas sobretudo aos bens culturais materiais, e apenas a partir dos anos 80 houve preocupação com o patrimônio imaterial.
Para o Ministério do Turismo, considera-se patrimônio histórico e cultural:
Os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memória e a identidade das populações e comunidades. São bens culturais de valor histórico, artístico, científico, simbólico, passíveis de se tornarem atrações turísticas: arquivos, edificações, conjuntos urbanísticos, sítios arqueológicos, ruínas, museus e outros espaços destinados à apresentação ou contemplação de bens materiais e imateriais, manifestações como música, gastronomia, artes visuais e cênicas, festas e celebrações. Os eventos culturais englobam as manifestações temporárias, enquadradas ou não na definição de patrimônio, incluindo-se nessa categoria os eventos gastronômicos, religiosos, musicais, de dança, de teatro, de cinema, exposições de arte, de artesanato e outros. (Ministério do Turismo, 2010)

Portanto, todos os elementos de natureza material ou simbólica que compõem o patrimônio cultural de determinada população devem ser tomados como recursos que poderão ser utilizados como fonte de atração do turismo cultural.
Faz-se a referência a recursos culturais, como elementos que apresentam potencialidade para se tornarem atrativos turísticos culturais, entretanto, nem todo recurso está capacitado para efetivamente atrair turistas, e ser um atrativo turístico. Machín, afirma em seu livro, Turismo Cultural em Tiradentes: estudo de metodologia aplicada, que três características determinam as possibilidades de exploração de um recurso turístico: sua singularidade, sua atratividade e o seu grau de conservação. (FILHO, Américo Pelegrino. Turismo Cultural em Tiradentes: estudo de metodologia aplicada. São Paulo: Manole, 2000.)
2.3. Perfil do turista cultural
O turista interessado neste tipo de turismo, também foi sujeito deste estudo, já que este será o agente que permitirá a sobrevivência do atrativo, e muitas vezes da comunidade local indiretamente, através do consumo de transporte, alimentação, hospedagem e outros.
Ter uma compreensão mais exata sobre o perfil do turista cultural é um dos pontos mais importantes, pois saber qual é o público alvo, traz uma grande vantagem, principalmente quando se trata de desenvolver um produto compatível com o nível de exigência e expectativa deste viajante.
O turismo feito por esse tipo de viajante é considerado o "novo turismo", pois é feito por pessoas que têm o intuito de fugir do famoso "turismo de massa", que ganhou tanta força entre as décadas de 70 e 80. Esse turista busca uma interação verdadeira com a comunidade local, descobrindo as facetas do cotidiano da população.
Utilizando uma definição bastante simplista, o turista cultural é aquele que consome o produto turístico cultural. As características deste indivíduo, tem sido traçadas de forma muito ampla, levando a suposição da existência de um perfil padronizado para este tipo de turista. Quando comparado com o público em geral, ele revela possuir maior poder aquisitivo, maior gasto médio em viagens, maior tempo de permanência em uma só localidade (superior a uma semana em cada lugar visitado), níveis culturais e de escolaridade mais altos, predominância de mulheres, faixas de idade mais elevada e possuem perfil mais exigente, os aspectos econômicos da viagem são secundários, mas não a relação qualidade-preço.
Segundo o Ministério do Turismo, as principais características deste público são:
Alto índice de escolaridade; utilizam principalmente os meios de hospedagem convencional; viajam acompanhados de amigos, familiares, etc; a cultura é o fator de motivação da viagem; se reconhecem como turistas culturais, com hábitos de consumo próprios do segmento.
Assim sendo, aqueles que possuem a pretensão de trabalhar com turismo cultural, precisam focar seus esforços e se prepararem para um público bastante exigente e instruído.
3. POTENCIALIDADES TURÍSTICAS
O potencial existente nas terras onde passava o rio Carioca são enormes, além dos atrativos históricos e culturais, existem diversos eventos que elevam ainda mais as possibilidades de usufruir da área dia e noite. Grande parte deles será abordada neste trabalho.
3.1. Histórico das "Terras do Carioca"
Para que se entenda a importância desta área da Cidade Maravilhosa é necessário compreender como se deu o desenvolvimento da sua ocupação, levando em consideração aspectos sociais e culturais, inclusive a visão de seus moradores ilustres.
A região que hoje engloba os bairros da Glória, Catete, Flamengo, Laranjeiras e Cosme Velho, era chamada de "Terras da Carioca". Área essa que foi dividida em sesmarias e distribuída entre os fidalgos que expulsaram os franceses da região.
Os sesmeiros abriram a mata, rochas e caminhos, drenaram alguns dos brejos que eram abundantes, e como precisavam produzir para não perder seu direito as terras, começaram a cultivar a cana; mais tarde, em função das abundantes águas do Rio Carioca, o café, além do milho, da mandioca, da batata e outras plantas nativas. Também mantinham currais de gado e porco.
A ocupação mais sistemática do vale, apenas ocorreu no inicio do século XIX, com a transferência da lavoura de café para o Vale do Paraíba, e principalmente com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, na sua famosa fuga de Napoleão.
O Rio de Janeiro se tornando capital do império, trouxe muita evolução a cidade: diversos comerciantes estrangeiros, principalmente pela abertura dos portos da cidade, se instalaram pela área, precisando assim de moradias mais confortáveis. A grande demanda fez com que as fazendas fossem desmembradas e transformadas em sítios de menor porte, compradas e construídas para o lazer das famílias dos ricos comerciantes e membros da corte, numa imitação do estilo de vida das sociedades palacianas europeias. A própria rainha de Portugal, Carlota Joaquina, residia em uma belíssima chácara, que incluía a Praça São Salvador e parte do Largo do Machado.
Esta grande ocupação se intensificou com os surtos de febre amarela na década de 1840, levando mais famílias a procurarem residências em áreas mais afastadas do centro, local de concentração da doença, havendo assim um processo de expansão urbana. Nasceram os primeiros serviços de transporte coletivo e foram abertas as primeiras ruas do bairro.
Nas duas primeiras décadas do século XX, no rastro do ritmo de uma modernização europeizante, imposta a toda cidade pelo prefeito Pereira Passos, que morava em frente ao Instituto Nacional de Educação para Surdos, na Rua das Laranjeiras, o rio Carioca foi extensamente canalizado, a maioria das ruas asfaltadas e arborizadas, ocorrendo ampla reforma em praças e a implantação da energia elétrica.
A população de baixa renda continuava a se fixar no bairro, principalmente em decorrência ao crescimento da fábrica Aliança. Na década de 1930, com o seu fechamento, o desemprego de seus 2000 funcionários, surgem os primeiros embriões das favelas que sobrevivem até hoje na região, como as do Cerro Corá (Serro Coral) e Guararapes. Outras surgiram no morro Mundo Novo, posteriormente desmanteladas pelo serviço público. No entanto, com a crescente popularização do bairro e os primeiros túneis quebrando seu isolamento, a população abastada se viu compelida a vender suas propriedades e comprar em áreas mais nobres, como a recém "descoberta" Copacabana.
O caminho se abriu para a verticalização e total ocupação do vale, impulsionada pelo advento do concreto armado.
Alguns fatos contribuíram ainda mais para a popularização da vizinhança, no início do século XX: a abertura do Morro da Graça ligando Laranjeiras a Botafogo, e ligando o Catumbi a Laranjeiras, o túnel Santa Bárbara.
No final da década de 1960 e a década de 1970, foi um período marcado pelos abusos das construtoras, levantando edifícios de forma indiscriminada, alturas livres e sem checagem da área, causando até mesmo acidentes, como a grande tragédia do prédio que desabou ao ser atingido por partes de rochas que se desprenderam do morro Santa Marta, no final da rua Ortiz Monteiro e início da rua Cristovão Barcelos.
Nos dias atuais a área é considerada uma espécie de "Zona Sul B" do Rio de Janeiro, ainda com uma tradição de vizinhança, onde as pessoas encontram-se pelos bares, praças e feiras públicas e desfrutam de um final de semana sem estresse, próximo a edificações históricas e manifestações culturais empolgantes em pontos específicos.
3.2. Atrativos Culturais
Os atrativos culturais são elementos da cultura que, ao serem utilizados para fins turísticos, passam a atrair fluxos turísticos.
São os bens e valores culturais de natureza material e imaterial produzidos pelo homem e apropriados pelo turismo, da pré-história à época atual, como testemunhos de uma cultura, representados por suas formas de expressão; modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, os objetos, os documentos, as edificações e demais espaços para destinos diversos; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. As manifestações culturais são criações culturais de natureza imaterial que, ao serem apropriadas pelo turismo, passam a ser chamadas "atrativos", como festas, celebrações, rituais, folguedos, jogos, saberes e fazeres e seus produtos, música, dança, práticas culturais coletivas concentradas em determinados espaços, fundadas na tradição e manifestadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, como expressão de sua identidade cultural e social.
Porém, apenas são contabilizados, aqueles que permitam a visitação ou pública, ou que possam ser apreciados de alguma maneira pelo turista interessado.
3.2.1. Bens Culturais Materiais
Os Bens Culturais Materiais estão ligados àquilo que é palpável, ou seja, que podemos tocar. Estes estão classificados segundo sua natureza: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como: núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens móveis como: coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
3.2.1.1 Largo do Machado
Originalmente, a região ocupada pelo largo era uma lagoa, a Lagoa do Suruí, também chamada Lagoa da Carioca ou de Sacopiranha, que era alimentada pelo Rio Carioca. Por sua vez, a lagoa alimentava o Rio Catete. Posteriormente, a lagoa foi aterrada, dando lugar ao Campo das Pitangueiras. Num dado momento, sua denominação mudou para Campo das Laranjeiras, provavelmente em função destas árvores frutíferas na região. No século XVII, era conhecido como Campo das Boitangas ("boitanga" era um tipo de cobra). No início do século XVIII, passou a ser chamado Campo ou Largo do Machado, em referência ao oleiro André Nogueira Machado, proprietário de terras no local. Por volta de 1810, um açougueiro também de sobrenome Machado instalou-se no largo e ilustrou a fachada de seu estabelecimento com um grande machado. Também em 1810, o Largo do Machado passou a constar como logradouro oficial na cidade.
A partir de 1843, passou a chamar-se Largo da Glória, por causa do início da construção da Igreja de Nossa Senhora da Glória (não confundir com a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro), que viria a ser inaugurada em 1872 em frente ao largo. A partir de 1865, o largo passou a ser iluminado por luz elétrica. Em 1868, foi inaugurada, no largo, a estação central da primeira linha de bondes da cidade, que ia do Largo do Machado até a rua dos Latoeiros (atual rua Gonçalves Dias, no Centro).
Em 1869, o largo foi renomeado Praça Duque de Caxias, em homenagem ao famoso militar brasileiro. Em 1899, foi instalada, na praça, uma estátua em homenagem ao duque. Em 1953, porém, a estátua foi transferida para seu endereço atual, o Panteão Duque de Caxias, na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias. Com isso, o nome oficial da praça voltou a ser "Largo do Machado". Em 8 de dezembro de 1954, foi instalada, no centro do largo, a estátua de Nossa Senhora da Conceição, comemorando o centenário do dogma católico da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A estátua, em mármore e de autoria do escultor genovês Giuseppe Navone (?-1917), fora comprada na Europa por Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti e estava instalada no Palácio São Joaquim, na Glória. Por ocasião do centenário do dogma, foi doada à cidade por dom Jaime Câmara. Nessa década, o largo foi reformado segundo projeto paisagístico de Roberto Burle Marx.
Na década de 1970, a construção da Estação Largo do Machado do Metrô do Rio de Janeiro obrigou a transferência do tradicional Café Lamas, que se localizava ao lado do largo, no local atualmente ocupado pela Galeria São Luís, para seu endereço atual, na Rua Marquês de Abrantes. Em 2005, a estátua de Nossa Senhora da Conceição na praça foi tombada.
Atualmente a praça possui grande importância na cidade, por ser um ponto de referência do transporte público carioca. Além de contar com equipamentos de ginástica, restaurantes, lojas, cinema, feira livre, ponto de vans para o Corcovado e diversos eventos que ocorrem esporadicamente no local.
Figura 1: Largo do Machado

Fonte: Site Wikirio
3.2.1.2 Igreja Nossa Senhora do Outeiro da Glória
O Outeiro da Glória, outrora chamada "Morro do Leripe" ou "Uruçumirim", apresentava-se abrupto sobre o mar e era o local, descrito por Mem de Sá, onde se encontrava a "fortaleza de Uruçumirim com muitos franceses e artilharia."
Conquistado pelos portugueses em 20 de janeiro de 1567, sob o comando do fundador da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, é local dos mais importantes na historiografia carioca. Primeiro, porque foi aí com a vitória dos portugueses, que se firmou o domínio luso na cidade; depois, porque foi deste solo que saiu ferido mortalmente seu fundador.
A devoção a Nossa Senhora da Glória surgiu no início do século XVII, alguns anos após a fundação da cidade, quando no ano de 1608, um certo Ayres colocou uma pequena imagem da Virgem numa gruta natural existente no morro. Mas as origens históricas remontam a 1671. O ermitão Antônio Caminha, natural do Aveiro, esculpiu a imagem da Virgem em madeira e ergueu uma pequena ermida no "Morro do Leripe", onde já existia a gruta, formando-se em torno um círculo de devotos. Diz a lenda que para presentear o rei D. João V, Caminha fez uma réplica da imagem embarcando-a para Portugal. O navio que a transportava naufragou e as ondas a levaram para uma praia na cidade de Lagos, no Algarve. Aí frades capuchinhos a recolheram, levando-a para o convento onde é cultuada até os dias atuais, na Igreja de São Sebastião.
A Igreja da Glória tem origem numa pequena ermida do século XVII construída em um terreno doado à Irmandade da Glória em 1699 por Cláudio do Amaral Gurgel. Não se sabe exatamente quando começou a construção da igreja, sabendo-se com certeza que foi inaugurada em 1739. Considera-se provável que a obra inicial tenha acontecido sido nos anos 1730, ainda que alguns acreditem que as obras começaram ainda em 1714. A tradição oral atribui o projeto ao tenente-coronel e engenheiro-militar português José Cardoso Ramalho, mas não há documentos que confirmem a autoria. A pedra utilizada na construção da igreja proveio da Pedreira da Glória, no Morro da Nova Sintra, no bairro do Catete. A planta da igreja é composta por dois octógonos, o que lhe dá a forma de um "8". Os espaços curvos - especialmente elípticos - são uma forma típica do barroco e estreiam na arquitetura do Rio nesta igreja. Um dos octógonos é ocupado pela nave curva da igreja, enquanto o outro é ocupado pela sacristia. O interior da nave transmite uma sensação de monumentalidade, graças às pilastras de cantaria e ao teto abobadado.
As partes baixas da nave estão cobertas com magníficos painéis de azulejos brancos-azuis lisboetas, feitos entre 1735 e 1740 na oficina de Mestre Valentim de Almeida, com temas bíblicos, recentemente restaurados. A sacristia também está forrada de azulejos, mas com temas profanos (cenas de caça). A igreja tem três bons altares de feição rococó, datados da transição entre o século XVIII e o XIX. Sobre o arco-cruzeiro da capela-mor se encontra o escudo da Família Imperial Brasileira.
O exterior da Igreja da Glória tem um perfil característico, com os dois corpos octogonais precedidos por uma torre quadrangular coroada com uma cúpula de forma "acebolada". O primeiro piso da torre tem uma galilé - espaço abobadado - por onde se entra na igreja através de um portal com um medalhão representando a Virgem e o Menino. Este portal e dois outros estão esculpidos em pedra de lioz e foram trazidos de Lisboa na segunda metade do século XVIII.
Após sua chegada ao Rio de Janeiro em 1808, a Família Real Portuguesa tomou especial predileção pela Igrejinha da Glória. Na igreja, foi batizada, em 1819, a primeira filha de dom Pedro I e dona Leopoldina, a princesa Maria da Glória, futura rainha dona Maria II de Portugal. A partir daí, todos os membros da Família Imperial foram batizados na Igreja da Glória, incluindo dom Pedro II e a princesa Isabel. Em 1839, dom Pedro II outorgou o título de "imperial" à irmandade, a qual se tornou conhecida, a partir de então, como "Imperial Irmandade da Nossa Senhora da Glória do Outeiro".
Encontra-se tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Figura 2: Nossa Senhora do Outeiro da Glória

Fonte: Site do Instituto Pinheiro
3.2.1.3. Mercadinho São José
Este é um local para todos aqueles que buscam arte, cultura e gastronomia reunidas em um mesmo ambiente, e encontram no Mercado São José das Artes, mais conhecido como Mercadinho São José, opções que vão desde feira de artesanato e exposições a restaurantes com comidas típicas brasileiras e internacionais.
Com capacidade para quase 600 pessoas, o Mercado situado na Rua das Laranjeiras, nº 90, abriga 16 boxes, onde funcionam seis bares-restaurantes; duas lojas (uma de artesanato e outra de artigos de capoeira), um estúdio musical e o atelier da artista plástica Luzia Mariana.
Outrora antiga senzala e celeiro de uma fazenda localizada no Parque Guinle, na época do império, o local teve suas baias adaptadas para boxes em 1942, quando Getúlio Vargas decidiu transformá-lo em um mercado de hortifrutigranjeiros para abastecer a população com produtos mais baratos durante a guerra. Estando abandonado desde a década de 60, foi revitalizado e transformado em centro cultural no ano de 1988. Mas, seu tombamento definitivo só ocorreu em 1994, após longa batalha.
Atração turística e histórica do bairro, o Mercado costumava receber ilustres frequentadores, como Tom Jobim, que foi homenageado no local, em 06/06/94, quando recebeu a medalha Pedro Ernesto. Também se deu ali, em 1995, a fundação do bloco carnavalesco carioca "Imprensa Que Eu Gamo", que até hoje costuma se concentrar no local.
Todo sábado é realizada uma feira de artesanato, das 10 h às 17 h, que conta com a participação de senhoras da terceira idade. No último sábado de cada mês as artesãs promovem um espetáculo de música ao vivo e aproveitam a ocasião para comemorar os aniversários do mês. Para expor na feira é necessário pagar uma taxa simbólica de R$ 10,00 e a exigência é que o artesanato seja fabricado pela própria pessoa que se propor a expor.
Durante a semana, o Mercado tem ensaios de capoeira do grupo Abadarte e a presença da banca do seu Luís, onde é possível encontrar frutas, ovos, legumes e verduras fresquinhas.
Figura 3: Mercadinho São José

Fonte: Site Wordpress
3.2.1.4. Parque Guinle
O (atual) Parque Guinle, situado em Laranjeiras, foi projetado pelo paisagista francês Gérard Cochet nos anos 20 do século passado como os jardins da residência de Eduardo Guinle (falecido em 1912), um palacete neoclássico. Já nos anos 40 o parque passou para o governo federal e, em 1943, foi remodelado por Lúcio Costa, na época diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), com intervenções de Burle Marx.
Lúcio Costa propôs a construção de um conjunto de seis edifícios residenciais, dos quais somente três foram erguidos, o primeiro dando para a Rua Gago Coutinho e possuindo no térreo galerias comerciais. Os outros dois ficaram perpendiculares ao primeiro, já dentro do parque, tendo o último sido finalizado em 1954. Do ponto de vista arquitetônico é interessante notar nos prédios e no parque os traços modernos que mais tarde iriam caracterizar a obra urbanística de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer na construção de Brasília. Os edifícios mantêm entre si uma identidade comum através de elementos como pilotis, um pavimento recuado de cobertura, e também o uso muito acentuado de cobogós de cerâmica e brises verticais de madeira, marcando um visual bem singular na sua fachada, embora esta se justifique pela funcionalidade como proteção solar e térmica.
A presença de materiais e cores naturais confere uma atmosfera agradável e harmoniosa às construções, cercadas pelo verde do parque. A mansão dos Guinle é hoje o Palácio Laranjeiras, atual residência oficial do governador do estado do Rio de Janeiro.
Em 2001, o palácio foi objeto de ampla campanha de restauração envolvendo restauradores, historiadores, museólogos e pesquisadores, que fizeram a recuperação de pinturas, pisos e móveis. Ao final dessa intervenção, o governo do estado abriu as portas do palácio para visitas guiadas por estudantes de história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, porém, o palácio não está aberto à visitação.
O acesso ao parque, que fica no sopé do Morro Nova Cintra em Laranjeiras, é feito por um pórtico de granito, situado na Rua Gago Coutinho, que dá suporte a um portão de ferro fundido ladeado por duas estátuas de leão alado. O visitante que transpuser essa entrada terá à sua disposição uma área de 24.750m², que inclui um pequeno lago, alamedas, gramados, árvores e plantas tropicais.
Figura 4: Parque Guinle

Fonte: Site Diário do Rio
3.2.1.5. Palácio da Guanabara
O Palácio Guanabara está localizado na Rua Pinheiro Machado (antiga Rua Guanabara), no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, capital do estado homônimo, no Brasil. Seu estilo é neoclássico.
Construção iniciada pelo português José Machado Coelho em 1853, tendo sido utilizado como residência particular até a década de 1860.
Reformado, tornou-se a residência da Princesa Isabel e seu esposo, o Conde d'Eu em 1865, sendo conhecido a partir de então como Paço Isabel. À época, o acesso ao palácio era feito pela Rua Paissandu, que, por essa razão, foi ornada com uma centena de palmeiras imperiais (Roystonea oleracea). Pertenceu aos príncipes até à proclamação da República em 1889, quando foi confiscado pelo governo militar e transferido ao patrimônio da União (foi decretado bem do Governo Federal em 1891). Até hoje a Família Imperial, que nunca recebeu indenização pela desapropriação, tenta retomar sua posse (sendo um dos processos jurídicos mais antigos do país).
O palácio foi utilizado pelo presidente Getúlio Vargas como residência oficial durante o Estado Novo (1937-1945). Foi atacado durante o Putsch da Ação Integralista Brasileira em 1938, sendo repelidos pela Polícia Especial (da Polícia Civil do Rio de Janeiro), reação reforçada, posteriormente, pelo Exército. A partir de 1946, passou a sediar a Prefeitura do Distrito Federal até 1960, ano da criação do Estado da Guanabara.
Deixou de ser a residência oficial da presidência, quando esta retornou para o Palácio do Catete foi, mais tarde, transferida para o Palácio Laranjeiras, a dois quarteirões de distância.
Foi doado ao governo do antigo Estado da Guanabara pelo presidente Ernesto Geisel.
Atualmente, a partir da fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, é utilizado como sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, que foi transferida do Palácio do Ingá em Niterói. A residência oficial do governador do Rio de Janeiro é o Palácio Laranjeiras, no mesmo bairro.
Figura 5: Palácio da Guanabara

Fonte: Site UOL

3.2.1.6. Clube do Fluminense
Em seu estádio o clube Tricolor realizou a maioria de seus jogos durante cerca de 40 anos, usando-o eventualmente depois da inauguração do Maracanã, o que, por motivo de segurança, não faz mais desde 2003.
O Estádio das Laranjeiras, todavia, continua como sede oficial do clube e onde se localiza o campo no qual o time de futebol do Fluminense realiza os seus treinamentos e eventos comemorativos de pequeno porte.
Nesse estádio foram decididos quatorze títulos de campeonatos cariocas, além de dois títulos da Copa América, entre outros títulos importantes, inclusive tendo sido realizado em seu complexo esportivo, os Jogos Olímpicos Latino-Americanos em 1922.
Em 14 de agosto de 1904, foi realizado o primeiro jogo interestadual no Campo da Rua Guanabara, que ficava no mesmo local do Estádio das Laranjeiras, apenas com o gramado em posição diferente, contra o Paulistano.
Este foi o jogo inaugural da nova praça de esportes no Rio de Janeiro e a diretoria do Fluminense mandou construir uma pequena arquibancada de madeira para acomodar o público, cobrando os primeiros ingressos para um jogo de futebol.
Além dos sócios do Fluminense e convidados presentes, foram 806 cartões passados pelos sócios e 190 entradas vendidas a não-sócios na bilheteria, com o ingresso custando $2000.
Em 1905, Eduardo Guinle construiu, por sua conta, a primeira arquibancada em campos de futebol do Rio de Janeiro. Concluído este melhoramento, o aluguel triplicou.
Neste mesmo ano, mediante empréstimo feito entre os sócios, foi demolida a primeira sede e construída a segunda.
A inauguração da terceira sede, em 27 de julho de 1915, foi muito comemorada, culminando com um baile no rink de patinação, quando foi entoado o primeiro hino do Fluminense, de autoria de Paulo Coelho Netto.
Ainda em 1915, o presidente Cunha Freire construiu arquibancada privativa para os sócios e suas famílias. O plano de expansão foi completado com a construção de um novo rink, aquisição de mobiliários, instalação elétrica, aumento das arquibancadas e construção das gerais.
Em 1918, começam as reformas que vão dar origem à quarta sede do Fluminense. As obras terminam em 1920, sob presidência de Arnaldo Guinle, que contratou o arquiteto Hipolyto Pujol para projetar as dependências. Com vitrais franceses e lustre de cristal, o Salão Nobre se tornou palco de muitos shows, bailes, desfiles, óperas e balé.
Ainda hoje é muito utilizado para festas, reuniões e gravação de filmes como Anos Dourados, Dona Flor e seus dois maridos, Villa Lobos, telenovelas e comerciais. A sede é própria e hoje é tombada pelo patrimônio histórico.
Em 11 de maio de 1919, o Estádio das Laranjeiras, propriedade do Fluminense Football Club, era inaugurado com a partida entre Brasil e Chile. Este foi o primeiro estádio construído no Brasil para grandes espetáculos, com capacidade para 18 000 espectadores. O Brasil venceu a partida por 6 a 0 e, ao final do Campeonato Sul Americano de Seleções, em decisão contra o Uruguai, a Seleção Brasileira conquistava seu primeiro título internacional relevante.
A primeira partida do Fluminense no Estádio das Laranjeiras, foi na vitória por 4 a 1 sobre o Vila Isabel em 13 de julho de 1919, em partida válida pelo returno do Campeonato Carioca, com os gols tricolores tendo sido marcados por Welfare e Machado.
Em 1922, o Estádio das Laranjeiras teve a sua capacidade aumentada para 25.000 espectadores, para sediar dois eventos de grande porte comemorativos do Centenário da Independência do Brasil, os Jogos Olímpicos Latino-Americanos (precursor dos Jogos Pan-Americanos) e o Campeonato Sul Americano de Seleções Nacionais, daquele ano, também conquistado pela Seleção Brasileira, sendo este, o segundo título internacional relevante da seleção canarinho.
Em duas das partidas, contra Chile e contra o Uruguai, o público foi calculado em 30 000 pessoas. Na final, o Brasil venceu o Paraguai por 3 a 0.
Em alguns jogos este estádio teve públicos estimados maiores que a sua capacidade, mas aparentemente o recorde de público pagante deste estádio foi na partida Fluminense 3 a 1 Flamengo, em 14 de junho de 1925, quando 25.718 espectadores pagaram ingressos, embora nos dias de hoje se desconheça o público da partida do Fluminense contra o Sporting Clube de Portugal, realizado em 15 de julho de 1928 na disputa da Taça Vulcain, com o estádio lotado e mais 2.000 cadeiras sendo colocadas na pista de atletismo para comportar o público presente .
A Seleção Brasileira jogou 18 jogos nesta sua primeira casa, ganhando 13 e empatando 5, entre 11 de maio de 1919 e 6 de setembro de1931 e incluindo o primeiro jogo da história da Seleção Brasileira contra o Exeter City, antes da construção das novas arquibancadas. Assim como o jogador do Fluminense e capitão da Seleção, Preguinho, viria a fazer o primeiro gol do Brasil em Copas do Mundo, o também jogador tricolor Oswaldo Gomes, veio a fazer neste estádio o primeiro gol da História da Seleção Brasileira, na vitória por 2 a 0 sobre o Exeter City F. C. da Inglaterra aos 28 minutos de jogo, em 21 de julho de 1914, aniversário de 12 anos do Fluminense Football Club.
O Estádio de Laranjeiras recebeu iluminação artificial já em 21 de junho de 1928, tendo sido ela inaugurada na partida disputada entre a Seleção Carioca de Futebol e o Motherwell Football Club, da Escócia.
Ao Estádio das Laranjeiras foi concedido em 2004 o nome de Manoel Schwartz[7] , vitorioso ex-presidente do Fluminense na década de 1980, cujo maior título foi o campeonato brasileiro de 1984 .
Hoje em dia, a capacidade do estádio apresenta-se reduzida para 4 300 torcedores e o campo mede 70 x 104 metros. Tal redução deveu-se a uma desapropriação para a duplicação da Rua Pinheiro Machado, necessária para o escoamento do trânsito do Túnel Santa Bárbara e o crescimento do bairro de Laranjeiras, além de momentâneas questões de segurança, pois algumas áreas do estádio requerem reformas para que ele possa comportar cerca de 8 000 pessoas.
O Estádio é anexo ao Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro e antiga sede da República Federativa do Brasil. Apesar de toda a tradição de Laranjeiras, entretanto, foi no Maracanã que o Fluminense conquistou suas maiores glórias nas últimas décadas, dada a diferença de capacidade entre os dois estádios e a redução ocorrida em Laranjeiras a partir de 1961.
Em 2014, a equipe de segundos quadros do Fluminense empatou por 0 a 0 com o Exeter City em comemoração ao centenário da Seleção Brasileira, com o clube inglês vindo a receber a Taça Marcos Carneiro de Mendonça.
Figura 6: Clube das Laranjeiras

Fonte: Site Jornal do Brasil
3.1.2.7. Instituto Nacional de Educação de Surdos
O INES atende em torno de 600 alunos, da Educação Infantil até o Ensino Médio. A arte e o esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos. O ensino profissionalizante e os estágios remunerados ajudam a inserir o surdo no mercado de trabalho. O Instituto também apoia o ensino e a pesquisa de novas metodologias para serem aplicadas no ensino da pessoa surda e ainda atende a comunidade e os alunos nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social.
O atual Instituto Nacional de Educação de Surdos foi criado em meados do século XIX por iniciativa do surdo francês E. Huet, tendo como primeira denominação Colégio Nacional para Surdos-Mudos, de ambos os sexos.
Em junho de 1855, E. Huet apresentou ao Imperador D. Pedro II um relatório cujo conteúdo revelava a intenção de fundar uma escola para surdos no Brasil. Neste documento, também informou sobre a sua experiência anterior como diretor de uma instituição para surdos na França: o Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges.
Era comum que surdos formados pelos institutos especializados europeus fossem contratados a fim de ajudar a fundar estabelecimentos para a educação de seus semelhantes. Em 1815, por exemplo, o norte-americano Thomas Hopkins Gallaudet (1781-1851) realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de Paris. Ao concluí-los, convidou o ex-aluno Laurent Clérc, surdo, que já atuava como professor, para fundar o que seria a primeira escola para surdos na América. A proposta de Huet correspondia a essa tendência. O governo imperial apoiou a iniciativa de Huet e destacou o Marquês de Abrantes para acompanhar de perto o processo de criação da primeira escola para surdos no Brasil.
O novo estabelecimento começou a funcionar em 1º de janeiro de 1856, mesma data em que foi publicada a proposta de ensino apresentada por Huet. Essa proposta continha as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios.
No seu percurso de quase dois séculos, o Instituto respondeu por outras denominações, sendo que a mudança mais significativa deu-se no ano de 1957, que foi a substituição da palavra "Mudo" pela palavra "Educação". Essa mudança refletia o ideário de modernização da década de 1950, no Brasil, no qual o Instituto, e suas discussões sobre educação de surdos, também estava inscrito.
Em razão de ser a única instituição de educação de surdos em território brasileiro e mesmo em países vizinhos, por muito tempo o INES recebeu alunos de todo o Brasil e do exterior, tornando-se referência para os assuntos de educação, profissionalização e socialização de surdos.
A língua de sinais praticada pelos surdos no Instituto – de forte influência francesa, em função da nacionalidade de Huet – foi espalhada por todo Brasil pelos alunos que regressavam aos seus Estados ao término do curso. Nas décadas iniciais do século XX, o Instituto oferecia, além da instrução literária, o ensino profissionalizante. A conclusão dos estudos estava condicionada à aprendizagem de um ofício. Os alunos frequentavam, de acordo com suas aptidões, oficinas de sapataria, alfaiataria, gráfica, marcenaria e artes plásticas. As oficinas de bordado eram oferecidas às meninas que frequentavam a instituição em regime de externato.
Nos dias de hoje o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) é um centro nacional de referência na área da surdez, no Brasil, sendo um órgão do Ministério da Educação.
Figura 7: Instituto Nacional de Educação de Surdos

Fonte: Site mapio
3.2.1.8. Casas Casadas
As Casas Casadas, patrimônio arquitetônico do Rio tombado em 1979, são uma das construções do século XIX mais representativas e originais da cidade. Localizado em Laranjeiras, o imóvel é o único remanescente do tipo de residência multifamiliar que antecedeu os edifícios residenciais atuais. Hoje, abriga a sede da Riofilme, empresa criada em 1992 pela Prefeitura do Rio, que desempenha papel fundamental na revitalização do cinema nacional, através da produção e distribuição de filmes brasileiros, principalmente no mercado nacional.
Embora o Centro Cultural Casas Casadas tenha sido inaugurado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em setembro de 2004, ele continua sem nenhuma programação cultural, servindo apenas de sede para a Rio Filme.
Figura 8: Casas Casadas

Fonte: site skyscrapercity
3.2.1.9. Praça Ben Gurion
A praça Ben Gurion está situada na esquina da Rua das Laranjeiras e Rua Cardoso Júnior, porém é mais conhecida como a "praça do chafariz", na verdade trata-se de uma homenagem a um grande político, fundador de Israel, chamado Ben Gurion.
David Ben Gurion nasceu na Polônia em 1886, quando o país ainda era parte do Império Russo. Sofreu com os movimentos antissemitas que cresciam na região. Defendeu o sionismo, movimento de reação ao antissemitismo que pregava a necessidade de reunir os judeus dispersos pelo mundo em um estado independente.
Foi líder de Israel na guerra da independência, como também ministro por duas vezes. Sua importância histórica é tão grande que foi escolhido pela revista americana Times como uma das cem pessoas que deram forma ao século XX.
O chafariz em formato de concha, símbolo da praça, foi instalado em 1965, obra do arquiteto Bolonha, que também assina chafarizes de outras praças do Rio, como os das Praças Edmundo Bittencourt, em Copacabana, e Varnhagem, na Tijuca.
Laranjeiras possui uma grande comunidade hebraica, que se demonstra em homenagens a certas personalidades pelo bairro, colégios e clubes.
Figura 9:

Fonte: blog histórias dos monumentos do rio
3.2.1.10. Vila Pires de Almeida
A Companhia Sul América realizou no bairro o primeiro empreendimento imobiliário de grande porte, abrindo uma rua (a Pires de Almeida) e construindo 23 edifícios. O projeto é de 1927, e as obras foram concluídas três anos depois. Para a empresa, o empreendimento foi compensador, pois todos os apartamentos foram alugados para os funcionários da própria companhia.
A praça Múcio Leão, no centro da vila, foi reformada na década de 90 pela rede Globo, que me troca utilizou a vila como cenário para uma de suas novelas. A praça faz a alegria da criançada do Alto Laranjeiras, que se diverte em um ambiente tranquilo e seguro da região.
Figura 10:

Fonte: Site skyscrapercit
3.2.1.11. Casa de Machado de Assis
 Machado de Assis e Carolina já moravam há alguns anos na rua do Catete, quando o proprietário do imóvel pediu a casa. De uma hora para outra, o casal viu-se novamente obrigado a mudar de residência. Já estavam acostumados àquela moradia pequena, mas aconchegante, com grandes janelas na parte da frente, através das quais os transeuntes podiam ver o escritor e sua esposa conversando na sala. 
Com a morte de Rodrigo Pereira Felício, a Condessa de São Mamede, Joana Maria, herdara uma bela chácara nas Laranjeiras. Decidiu lotear sua propriedade e mandou construir no terreno quatro chalés, que ela resolveu alugar. Ao saber que Machado de Assis e Carolina estavam procurando uma nova casa, a condessa ofereceu-lhes o seu imóvel. A princípio, o escritor esteve para recusar a proposta, pois imaginava que não teria condições de arcar com o custo do aluguel naquele bairro elegante, mas Joana Maria afirmou que lhes cobraria a mesma importância que eles pagavam em sua residência anterior. Assim sendo, no início de 1884, o casal mudou-se para a rua do Cosme Velho, 18, onde permaneceria até o final da vida.

Figura 11: Casa de Machado de Assis no Cosme Velho

Fonte: Site vejario

3.2.1.12. Bica da Rainha
A primeira fonte de águas ferruginosas utilizada no Brasil ganhou o nome de Águas Férreas e ficou conhecida como Bica da Rainha. A fonte, que está no Cosme Velho, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, era conhecida dos índios locais, que lhe atribuíam poderes curativos e qualidades fantásticas.
O nome "Bica da Rainha" vem do período em que Carlota Joaquina, mulher do príncipe regente Dom João VI, visitava com frequência o lugar. Ela sofria de um problema de pele, e por este motivo, procurava fontes alternativas para aliviá-lo. Carlota Joaquina lavava consigo Dona Maria, a louca, mãe de Dom João, acreditando que tais poderes poderiam também auxiliar na cura de sua sogra. Por ser destinada a visitantes da realeza, a fonte acabou por receber o nome de Bica da Rainha, após as primeiras obras feitas no local.
Em suas idas à fonte, a rainha e sua nora eram acompanhadas por suas damas da corte e escravas, dando origem a expressão popular "Maria vai com as outras", usada como critica as pessoas sem opinião própria, acompanhando os passos de outros.
Em 1938, a Bica da Rainha foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Figura 12: Bica da Rainha

Fonte: Site oficial do Jornal do Brasil

3.2.1.13. Trem do Corcovado
A Estrada de Ferro do Corcovado foi a primeira ferrovia eletrificada do Brasil. Inaugurada em 1884 por D. Pedro II, é mais antiga do que o próprio monumento do Cristo Redentor. Aliás, foi o trem que, durante quatro anos consecutivos, transportou as peças do monumento.
Na época o trem a vapor foi considerado um milagre da engenharia por percorrer 3.824 metros de linha férrea, em terreno totalmente íngreme. Mas, em 1910, os trens foram substituídos por máquinas elétricas e mais recentemente, em 1979, quando a Esfeco assumiu o controle da ferrovia, foram trazidos da suíça modelos mais modernos e seguros.
Figura 13: Trem do Corcovado

Fonte: site suacidade
3.2.1.14. Museu de Arte Naïf
O único museu do país do gênero, o Museu Internacional de Arte Naïf dedica-se a divulgação e valorização desse gênero artístico, que como seu nome já diz, valoriza a arte não acadêmica, mais popular. Formado a partir da coleção particular de Lucien Finkelstein, joalheiro de origem francesa radicado no Rio de Janeiro.
Mantido pela fundação Lucien Finkelstein, aberto ao público em 1995, tem hoje sob sua guarda cerca de seis mil obras de artistas naïf nacionais e duas mil de estrangeiros, dentre as quais há peças que datam do século XV, além das duas maiores telas naïf em exposição no mundo.
Figura 14: MIAN

Fonte: Site oficial do jornal O Globo
3.2.1.15 Largo do Boticário
O nome do beco e largo é derivado de Joaquim Luís da Silva Souto, boticário que tinha seu estabelecimento na antiga rua Direita, atualmente rua Primeiro de Março, no centro do Rio. O boticário, muito bem sucedido e que tinha entre seus clientes a família real, comprou terrenos na zona do Cosme Velho e mudou-se por volta de 1831 ao largo. Em 1846 ali viveu o marechal Joaquim Alberto de Souza Silveira, frequentador da corte e padrinho de nascimento de Machado de Assis.
A definitiva feição do largo começou a ser dada nos anos 1920, quando Edmundo Bittencourt, fundador do jornal Correio da Manhã comprou o terreno e começou a construir casas em estilo neocolonial. A vaga neocolonial foi continuada nas décadas de 30 e 40 pelo diplomata e colecionador de arte Rodolfo da Siqueira, que era arquiteto amador e viveu no largo entre 1928 e 1941, e por Sylvia de Arruda Botelho Bittencourt e seu marido Paulo, herdeiros do Correio da Manhã. Algumas destas casas foram reformadas com a participação dos arquitetos modernistas Lucio Costa e Gregori Warchavchik, utilizando materiais autênticos da época colonial provenientes de demolições realizadas na cidade.
Na sua época áurea, passaram pelos casarões do Largo do Boticário inúmeras personalidades brasileiras e estrangeiras, atraídas pelas festas e reuniões realizadas pelos moradores ilustres.
O espaço caracteriza-se por sua exuberante vegetação de Mata Atlântica e pelos casarões em estilo neocolonial.
Figura 15: Largo do Boticário

Fonte: Site oficial do jornal O Globo
3.2.2. Bens Culturais Imateriais
Os bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.
3.2.2.1. Festivais e Eventos Tradicionais
No dia 28 de março de 2009 de um dia chuvoso, pouquíssimas pessoas na Praça São Salvador, dentro do coreto se abrigavam quatro músicos ou no mínimo grandes admiradores de um batuque. Tentando tocar alguma coisa que se parecesse com samba, Tadzo (tantan), Daniel (pandeiro), Rodolfo (cavaco) e Zé Carlos (cuíca), assim surgiu a ideia da criação do hoje tradicional, Batuque no Coreto, uma grande reunião de artistas de rua que ocorre aos sábados na Praça São Salvador.
O nome Batuque no Coreto foi sugestão de Alter, mais conhecido como Mestre Careca, na segunda roda de samba, ocorrida na praça.
Aos poucos novos integrantes foram surgindo e foi feito investimento em banquinhos e equipamento de som, foram feitos vídeos mostrando a iniciativa e hoje se tornou algo tradicional da região.
Figura 15: Batuque no Coreto, na Praça São Salvador

Fonte: Batuque na cozinha blogspot
Chorinho da General Glicério:
Existe uma tradicional feira livre que ocorre todos os sábados na rua General Glicério com Professor Ortiz Monteiro, nela são encontradas todas as tradicionais verduras e legumes de qualquer feira, porém no meio disso tudo também é possível encontrar uma barraca de drinques e CDs raros, além de uma outra que vende deliciosos bolinhos de bacalhau. Isso ocorre, porque próximo ao meio dia, momento da tão conhecida "xepa", um grupo de músicos, os Pixin-Bodega, reúnem-se para um chorinho que faz os moradores do bairro se juntarem em volta da praça.
Figura 16: Chorinho da General Glicério

Fonte: Site do youtube













4. ROTEIRO
Este capítulo busca fazer uma verdadeira explanação detalhada do trajeto que é percorrida no roteiro e explica os motivos de tal escolha.
Segundo a Professora especializada em turismo, Maria Dias: "um documento com descrição pormenorizada de um plano de viagem, onde o cliente (turista) tem a noção dos locais a serem visitados, principais horários pré-estabelecidos, serviços inclusos e o tipo de equipamento utilizado durante todo o percurso da viagem".
O roteiro em princípio buscou ser cronológico, porém a posição não sequencial dos atrativos de cada período histórico, inviabilizou tal possibilidade.
O tour, batizado como "Redescobrindo as Terras do Carioca", inicia seu trajeto em frente ao Palácio Guanabara, onde por questões de segurança, não pode ser visitado em se tratando da sede do governo do estado de Rio de Janeiro, pelo fato de considerar-se um grande número de pessoas circulando entre a área do palácio e a área do estacionamento, podem significar manifestações, principalmente na atual situação política, econômica e social que o estado se encontra. Apesar destas condições é possível reunir-se nas proximidade do edifício. Neste local é feito o discurso inicial, permitindo que as pessoas situem-se historicamente e entendam a importância da área que se encontram, além disso apresenta-se a intenção do projeto como um todo, que é a apresentação da cidade para próprio habitante da região.
O ponto seguinte é o tradicional clube do Fluminense, ainda chamado pelos moradores de Estádio das Laranjeiras, mas que possui outro nome desde 2004, Estádio Manoel Schwartz. Neste momento trata-se a importância dos gramados deste clube para as primeiras apresentações da seleção brasileira de futebol, história conhecida por poucos, além da linda fachada histórica e os eventos recebidos no salão nobre.
O Instituto Nacional de Educação para Surdos é a próxima parada, local onde começa-se a caminhar pela rua das Laranjeiras, que é a rota considerada principal até o final do percurso.
As Casas Casadas, um dos únicos exemplares de casas multifamiliares de classe média do século XIX existentes no Rio de Janeiro, surgem no mesmo quarteirão mais à frente na esquina da rua Leite Leal, família que construiu o imóvel.
Segue-se até a praça Bem Gurion, onde fala-se da fonte que está ali instalada, a importância do político que dá nome ao logradouro e o mais importante, a comunidade judaica que habita alguns bairros da Zona Sul, como Laranjeiras.
A próxima parada ocorre na rua General Glicério, onde se desenvolve o assunto da evolução desenfreada que acabou causando desabamentos trágicos na década de 1960, em que centenas de pessoas morreram. Porém hoje em dia é um ponto que emana felicidade, local onde moradores do bairro encontram-se para um agradável chorinho, além de tradicionais petiscos de feira. Este é o local, no qual o condutor permite que os clientes tenham alguns minutos livres para a utilização de banheiros, compra de água, um lanchinho ou simplesmente apreciação do ambiente.
A vila que se segue no próximo quarteirão, já no limite do bairro das Laranjeiras com Cosme Velho, chama-se Pires de Almeida, mesmo nome da rua, possui no seu centro um parque muito agradável e calmo para crianças brincarem e amigos conversarem ou lerem o jornal.
O edifício que encontra-se no local onde viveu o imortal, Machado de Assis, já no bairro do Cosme Velho, hoje abriga um pequeno restaurante muito aconchegante e possui uma placa referindo ao período vivido ali por Joaquim Maria Machado de Assis e sua esposa Carolina.
A parada seguinte se dá na Bica da Rainha, este ponto trata mais uma vez, neste momento de maneira mais aprofundada, a importância do rio Carioca, principalmente para as tribos indígenas que habitavam o vale e as lendas deixadas por eles, onde até mesmo Carlota Joaquina, possuidora de uma chácara na região, rendeu-se.
O ponto seguinte faz uma análise de todo o núcleo que se encontra, o trem do Corcovado, o Parque Nacional da Tijuca, A igreja São Judas Tadeu e o Museu de Arte Naïf.
Após este núcleo, caminha-se em torno de 250 metros para chegar ao Largo do Boticário, onde além das edificações e sua história, pode-se ver o rio correndo a céu aberto, este sendo o último assunto tratado, pois a ideia deste tour é justamente redescobrir as terras do Carioca.
Após o encerramento do roteiro é feito um convite para confraternizar em um restaurante local, neste caso escolhido a Casa do Minho, ao lado do tradicional colégio Sion, de freiras.
Para que haja uma maior compreensão do trajeto realizado, apresenta-se a seguir um mapa com a marcação dos pontos visitados:

Figura 17: Pontos escolhidos para a produção do roteiro

Fonte: Criado por Gustavo Lizcano
Figura 18: Complemento da figura 17

Fonte: Criado por Gustavo Lizcano












5. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho, desde o início tem o objetivo de trazer à tona a possibilidade de turismo cultural existentes nos bairros do Largo do Machado, Laranjeiras e Cosme Velho. Entretanto, também busca o incentivo a esse tipo de atividade que vem obtendo um crescimento considerável nos últimos anos, provando que o Rio de Janeiro não é apenas um destino para aqueles que buscam sol e praia, e sim uma cidade "maravilhosa" não somente pelas regiões oceânicas, mas simultaneamente exala cultura por diversos núcleos espalhados pela cidade.
A quantidade de bens tombados pelas instituições com autoridade para o mesmo nas "Terras do Carioca", demonstram um potencial imenso para que se desenvolva não um, mas diversos roteiros culturais pela região. Apenas para constar alguns que entraram no roteiro realizado para o desenvolvimento deste documento, pode-se citar: o Palácio Guanabara, o Estádio Manoel Swartz, o Instituto Nacional de Educação para Surdos, as Casas Casadas, os conjuntos arquitetônicos da rua General Glicério e da Pires de Almeida, entre outros.
Existem alguns outros aspectos que devem ser lembrados, pois não é apenas de bens materiais que vive a região, suas feiras publicas onde pode-se encontrar o famoso chorinho, as feijoadas com samba realizadas no Cosme Velho, as manifestações de cultura popular da Praça São Salvador e diversos outros.
É imprescindível que as autoridades façam melhorias em alguns pontos explorados por este trabalho, pois sua preservação é essencial para manter a atratividade da região.
A vizinhança dos bairros considerados como Zona Sul B, estudados nesta monografia, possuem aspectos bastante diferentes da Zona Sul A (Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, etc), pois mantém-se uma grande ligação entre os moradores que frequentam os populares "pés-sujos", as feiras públicas, as lutas por melhorias no bairro, e os cantinhos que apenas os moradores conhecem.
Portanto, as "Terras do Carioca", o antigo Vale das Laranjeiras, o Vale do Carioca ou simplesmente os bairros de Laranjeiras, Cosme Velho e Largo do Machado, mostram-se prontos para receberem os curiosos, historiadores, turistas e guias de turismo com novos projetos, onde o turismo cultural seria o grande foco da investida.
Em função dos estudos realizados em gabinete, fez-se um diagnóstico, levantando os possíveis atrativos a incorporar neste roteiro. Devido ao grande número encontrado durante a pesquisa, levou-se em consideração também distância para a realização do percurso e o tempo para a realização do roteiro, pois através de experiência empírica de diversos tours realizados em projetos pessoais e trabalhos para agências de turismo receptivo, nota-se que os tours culturais estendem-se por um máximo de três horas, quando os clientes começam a perder a concentração, em função do cansaço e quantidade de informações exploradas pelo condutor.
Nota-se também que ao realizar o tour, os turistas ou simplesmente os interessados pelo roteiro, apreciam um tempo livre disponibilizado pra uso de banheiro, aquisição de água potável, ou mesmo apreciação de um dos núcleos visitados, onde relaxam um pouco sem a pressão feita pelo condutor para seguir o trajeto.
O roteiro criado pelo autor desta monografia, foi realizada também por conveniência, pois será agregado a um projeto em andamento vinculado a sua empresa chamada Subúrbio Chic Turismo, que promove caminhadas culturais todos os meses em diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro.
Este documento servirá como base para futuros projetos almejados pelo autor, onde seu conteúdo poderá ser utilizado em Trabalho de Conclusão de Curso de pós-graduação, ou até mesmo como tese de mestrado.












6. REFERÊNCIAS TEÓRICAS:

COSTA, Flávia Roberta. Turismo e Patrimônio Cultural: interpretação e qualificação. São Paulo: Senac, 2009.
CAMARGO, Haroldo Leitão. Patrimônio Histórico e Cultural; Coleção ABC do Turismo. São Paulo: ALEPH, 2002.
FILHO, Américo Pelegrino. Turismo e cultural em Tiradentes: estudo e metodologia aplicada. São Paulo: Manole, 2000.
REZENDE, Renato. Memórias e Curiosidades do Bairros de Laranjeiras. Rio de Janeiro, João Fortes Engenharia S.A, Amazon, 1999.
Bairro das Laranjeiros (Online 09.11.2015)
http://www.bairrodaslaranjeiras.com.br
Bica do Cosme Velho (Online 08.05.2016)
http://ashistoriasdosmonumentosdorio.blogspot.com.br
Constituição Federal, artigo 216 (Online 09.11.2015)
http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Constituicao_Federal_art_216.pdf
Cristo Redentor (Online 08.05.2016)
http://vejario.abril.com.br/materia/cidade/curiosidades-cristo
História do Rio de Janeiro (Online 08.03.2016)
https://pt.wikipedia.org
Ministério do Turismo (Online 09.11.2015)
http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Livro__Cultural.pdf

Professor MILTON TEIXEIRA - BANDNEWSFM - ANIVERSARIO DO RIO
https://www.youtube.com

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