O Povoado Calcolítico de Oeiras

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POVOADO CALCOLITICO DE OEIRAS o

conce lho de Oeiras possui um dos mais signif icativos povoados fortificados calcol(ticos, dentre os conhecidos em Portugal. Trata-se

da estação de Leceia, remon tando a pedodo situado cronologicamente entre cerca de

2500 anos a.C. e 2000 anos a.C. (Calcolítico inicia l e pleno). ~ conhecido desde 1878, altura em que o General Car los Ribeiro, então

Chefe da "Secção dos Traba· lhos Geológicos", apresentou à Academia das Ciências uma bem documentada me· mória. Mais tarde, outros ilustres investigadores, entre os quais se contam Paula e Oliveira, Leite de Vasconce los, Joaquim Fontes e Álvaro de Brée, interessam-se pela estação. De sua autoria, editaram valiosos estudos em O

Arqueólogo Português, a Revista de Guimarães e noutras. cOntudo, as primeiras escavações ali metodicamente reali· zadas, datam de 1983, altura em que, na sequê ncia do est udo da va liosa co lecção do Escultor Álvaro de Brée, os actuais responsáveis pelos trabalhos submeteram ao Instituto Português do Património Cultural um Projecto de Investigação, com o objectivo de explorar integralmente a estação. F icar-se-á, desta for ma, com elementos indispen sáveis à comp leta compreensão da organização do espaço num povoado calco Hti co e da própria evolução da estratégia de ocupação da zona, num período de cerca de 500 anos, possive lm ente sem interr up ções. Será possível, por o utro lado, estabelecer comparações com um outro povoado forti -

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_ _ _ _ _ _ CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

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C. M. O. (cont i nuação da pági na anterior)

feriar a 5 metros, era defen dida exteriormente por bas-

ficado da mesma época, situado no Baixo Alentejo, no concelho de Alcácer do Sal, em ambiente natura l (e cultural) bem diferenciado, tarefa

da

mais

alta

irhportância,

tendo em vista a compreen são global do povoamento

calcolftico no centro e sul do país. Às quatro campanhas de

escavação já realizadas, com o apoio do Instituto Portu· guês do Património Cultural

e da Câmara Municipal de Oeiras, Que tem prestado

tiões semi-circulares e elipsoidais. Mais tarde, este sistema defensivo foi alargado, através da construção de torres ocas, ligadas à face externa dos citados bastiões por panos de muralha aproximadamente rectiHneos. Nota -se uma menor robustez construtiva, que necessita explicação. Desta forma, a zona envolvente do núcleo defensivo central, ficava di vidida em sectores, dificultando, assim qualquer acção atacante. Mais ta rde , no Galcolítipiano (cerca de

ainda inestimável apoio logís-

2300

tico. corresponde uma área

observam ·se pequenas altera · ções a este dispositivo, pela construção doutros panos de muralha. É provável a exis-

escavada superior a 500 m 2 , sendo já possl'vel avaliar a importância e desenvolvimento

a 2000

anos

a.C.I,

traçados. Por vezes, o chão era revestido de lages, e os postes de suporte da estrutura, sustentados por blocos ao Mvel da fundação . Talvez que as torres ocas pudessem também ter funções habita cionais.

I o Presidente da Câmara de Oeiras, Dr. lsa ltino de Mora is de visita aos trabalhos, aco mpa nhado pelo adjunto autárquico.

da fortificação pré-histórica. O primeiro sistema defensivo, foi edificado sobre o substrato geológico e em parte sobre estrato atribuído ao Neol(tico final, sendo-lhe atriburda cronologia entre 2500 e 2300 anos a.C .. Consistia em uma muralha arqueada, que fechava plataforma isolada do lado meridional por escarpa natural, debruçada sobre o fértil va le da ribeira de Barcarena . Tal muralha, que teria uma altura não in-

Indústria Htica recolhida em 1986 : escopro e machado de pedra polida, lfiminas, elementos de foice, furadores, raspaqeiras e pontas de seta, de s(lex.

tência de mais duas linhas exteriores de defesa , que serão escavadas futurame nte. A fortificação deve ter entrado em decadência e sIdo defmitivamente abandonada por vol ta de 2000 anos a.C., visto os materiais campa· n ifo rmes, característicos deste per lodo, ocorrerem apenas vestigia lm ente. As habitações consistiam em cabanas muito simples, feitas essencia lmente em materiais perecíveis, ramos en-

O estudo exaustivo dos materiais encontrados, d esde as indústrias IItica e cerâmica, até aos restos de alimen tação e materiais vegetais (troncos ardidos e pólenes) , irá permitir datações pelo método do carbono 14, para além de permitir a reconsti tuição do modo de vida, economia e comércio conhecidos pelas antigas populações, bem como reconstituir as relações entre estas e o meio natural envolvente. CÁMARA MUNICIPAL

A imponência das construções já escavadas, justifica desde já a adopção de medidas visando a valorização turistico-c ultural do locai. Estas envolverão a reconstituição parcial das co nstruções, o arranjo de acessos pedonais e a reconstrução de um antigo mo(nho, datado de 1707 e que, testemunho mudo da última ocupação da plataforma, poderá ser aproveitado para pequeno museu de sítio e local de observação, não só da área escavada, mas também da surpreendente paisagem. Entretanto, o IPPC incluiu Leceia no Roteiro dos monumentos arqueológicos dos arredores de Lisboa. Pelo excepcio nal interesse científico e patrimonial, aliado à facil idade do seu aproveitamento turt"stico-cu ltural para o que concorre em grande medida a grande acessibilidade do local - leceia poderá tornar-se, em futuro que se espera próximo, lugar de visita privilegiado do Concelho de Oeiras.

João Luis Cardoso Coordenador científico dos trabalhos

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