O Problema do Belo na Estética Schilleriana

July 15, 2017 | Autor: Alixa Arte | Categoria: Teoria da Arte, Estética y Teoría del arte
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TEORIA DA ARTE

O Problema do Belo na Estética Schilleriana Alexandre Silva dos Santos Filho

A discussão sobre a beleza não considera simplesmente aspectos da individualidade do gosto das pessoas. O belo não é apenas um estado de espírito dos homens ou um elemento materializado que o artista manipula e adiciona à sua obra depois de pronta. Também não existe o belo na natureza sem a presença humana, bem como não é algo que se pode facilmente codificar ou tornar a pele sensível dos objetos construídos pela técnica ou pela mecanização e reprodução das coisas. Então, o que significa a beleza para a sociedade humana? O que ela pode oferecer ao homem, já que tem o poder de mudar o sentido da vida quando esse se submete a uma experiência estética ou dela participa? Pode-se partir da tese de que o belo só existe em função do ser humano, ou seja, a consideração schilleriana indica um caminho necessário a perscrutar: “... existe uma beleza, e o saberemos, tão logo ela nos ensine se existe uma humanidade” (SCHILLER, 2002b, p. 78). Nesse sentido, deve-se, primeiramente, perguntar quando a humanidade é possível? A possibilidade da existência humana surge pela necessidade que o homem tem de transformar o seu meio natural em cultural, ou seja, fazer da sua existência um produto da natureza, evidenciada pela forma de realização da sua atividade, mas sem que a natureza continue a 1 TUCUNDUBA

agir e a comandar a sua vida. Embora a natureza opere no homem, ele não a percebe agindo nele, enquanto ele próprio não agiu sobre a si mesmo. É fato selado que a natureza não desistiu do homem só porque este resolveu exercer sua liberdade. Na verdade, o humano ao se afastar da natureza, apenas tomou consciência de si, mas não do mundo de onde emergiu sua primitividade. Foi necessário que ele criasse artifícios para viver fora do estado selvagem e, desse modo, constituísse: o Estado, a infância, o amor sexual, o idealismo, a beleza e tantas outras coisas (SCHILLER, 2002a). A organização do homem em sociedade formula um significado muito especial, por que representa a criação de comunidades que se organizam em torno de uma malha social urbana ou não, em que muitas coisas passam a ser adotadas mediante a condição de se viver em constante transformação requerida pelo seu processo de libertação da natureza real. Para, então, viver sob uma artificialidade, possível de mudar as coisas que precisa para a satisfação de sua vontade. O que isso quer dizer é da maior relevância para a conduta ética do ser humano, já que precisa adotar a natureza que existe nele como prova de um caráter moral a fim de requisitar a sua liberdade. Em uma palavra pode-se dizer que a sociedade TUCUNDUBA 1

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Friedrich Schiller, retrato de Ludovike Simanoviz (1794)

cria o homem ético e este deve aprender a conviver com a sua falta de animalidade, isto é, a presença contínua de humanidade, desde o momento em que tirou seus pés da escada da natureza (SCHILLER, 2002b). Por outro lado, o homem não pode esperar que a sociedade moral se forme para, então, formar a sociedade física, justamente porque esta deve se formular por causa do seu divórcio com a natureza. Mas é o artista que irá conviver com esta questão a todo instante de sua vida, pois é ele quem está próximo da natureza real e ao mesmo tempo distante dela, num conflito com a sua natureza racional. Então, ter-se-á um homem que convive com a sua interioridade, perto da razão e da moral, e ao lado da natureza, das coisas sensíveis, do mundo físico.

NATUREZA, VIOLÊNCIA E ESTÉTICO Suscita-se que qualquer ação diante da natureza signifique violência, no sentido físico e simbólico, já que o próprio homem se sujeitou a esta quando deflagrou o pensamento sobre o mundo da natureza sensível. Não é à toa que a necessidade primaria do homem é satisfeita por ações de violências. Na opinião de Schiller (2002a) o ato de criação artística também se dar em ato de violência e que por meio da arte o artista descobre a beleza como forma de dizer que a humanidade é o produto exercido por sua liberdade. Determinação esta cultivada pelo homem que faz da natureza o seu modo irrestrito de honrar a sua origem e por meio da forma que cria, afina-se com a natureza da qual emerge a liberdade que respeita. Apesar de todo ato violento a beleza abranda, mas não elimina a solicitude vil, como a que o artista desfaz em golpes sobre um bloco de mármore, por exemplo, com o cinzel apontado sobre a pedra e batidas fortes com o morcete. Porém, esta ação física em um material o artista acaba por instituir e não destituir a autonomia por meio da forma. Será a estética um elo entre o meio físico e o formal? Falar, pois, de natureza e de liberdade sem se referir ao estético é ocultar a possibilidade de ampliação da natureza humana sobre a própria humanidade. O homem quando cria coisas não cria a natureza e sim objetos humanizados, isso significa liberdade. O objeto criado é livre porque o homem lhe atribuiu tal conotação, já que a natureza não pode fazer parte da humanidade (SCHILLER, 2002b). Além do mais, é preciso que

o objeto seja apreendido pelo homem para que alcance um status na sensibilidade e que por meio da sua representação fenomenal possa pertencer a sua interioridade e humanizar-se. Este é o poder da razão. A liberdade na arte tem sua origem na cisão entre o homem e a natureza. A violência desintegra-o da natureza, mas também liberta-o. Antes de tudo, a natureza é um poder que aprisiona o ser vivo em formas da manifestação animal e o seu espaço é unicamente selvagem. O cuidado da natureza requer nutrição, não demandando qualquer espécie de precisão, por isso a selvageria é independente de qualquer lei (KANT, 2006). Nesse sentido, a opção humana pela violência, manifesta-se contra a vontade natural sobre a permanente castidade da natureza, como Baudelaire (1996, p. 31) atinou: “Natureza, feiticeira sem piedade, rival sempre vitoriosa, me deixe! Pare de tentar meu orgulho e meus desejos! O estudo do belo é um duelo em que o artista grita de pavor antes de ser vencido”. Pois, a arte inaugura a liberdade do homem, caracterizando-se como uma instrumentabilidade humana que impõe um grau a mais de consciência naquilo que realiza sob o poder da razão.

A FORMA DA RAZÃO Olhar, ouvir, ver, cheirar e tatear são aplicações sensoriais do corpo que resultam em retirar da realidade externa elementos para nutrir possíveis pensamentos. Conhecer o mundo, então, pode significar tomar consciência dele e, assim, representá-lo na condição manifesta de sua aparência no homem como sensibilidade e entendimento (KANT, 2006). Para Schiller (2002b) haverá dois modos de o homem agir diante da natureza, considerando que as coisas naturais possam se revelar a ele somente por meio do fenômeno, condição esta que lhe possibilita operar de forma passiva ou ativa, como também passiva e ativa ao mesmo tempo. Se a condição é a passividade apenas sente as impressões causadas pelos objetos exteriores, os seus efeitos ou determinações que as interioriza. Por outro lado, se essas interiorizações determinantes, ao mesmo tempo, representam-se a si mesmo, então, haverá um momento em que o sujeito irá responder aos estímulos em resposta a sua contemplação. O significado disso é que ou

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há uma intenção do homem em observar para representar-se, ou ele se deixa representar-se na contemplação: na forma passiva apenas sente as impressões, enquanto na ativa submete-o as impressões à razão, ou seja, há um raciocínio que gera a impressão a partir de uma lógica. Compreensivelmente, o fenômeno conterá a representação necessária que se entrega ao sujeito e se comunica com a matéria do múltiplo, ou seja, a matéria será a representação do fenômeno no sujeito e a ligação desta se efetuará simplesmente pela forma. Essa força de ligação invade o sujeito pela sensibilidade de modo que o objeto fenomenal siga as leis ou regras e possa caracterizar dois modos de compreensão a teórica e a pratica. A razão teórica subordina-se ao conceitual, gera intuição, são representações das formas dadas pela sensibilidade. A razão prática gera ações livres e não-livres, seja diante da concretudo formal, seja por meio da contingência da forma. De qualquer modo, o conceito deverá se conformar à razão e a ação ser análoga à liberdade. Mas quando a representação dada é uma intuição, não há garantias de que a representação concorde com a forma, já que ela tem que emprestar à representação dada para que seja ajuizada segundo a razão. A intuição introduz pelos seus próprios meios um fim no objeto dado e decide se ele é conforme a esse fim. Aliás, o zelo da logicidade está em conformidade com a razão, isto é, deve ser similar ao objeto. Por isso que a beleza não pode ser dependente do conceito e Schiller (2002a) há de concordar com a formulação kantiana de que o belo apraz sem conceito, já que não existe lógica que determine a beleza de um objeto. Somente por meio da razão prática é que se pode procurar a beleza. Esta, porém, não deixa de ter a sua razão, já que é estética e não lógica, quer dizer, a razão prática tem a ver com as determinações da vontade, sendo que a ligação da forma com a vontade em uma representação é subjetiva. Todavia, por ser subjetiva ela não é determinada pelo exterior, mas é determinante do interior para o exterior, implica, então, em considerar a beleza gestada no sujeito e que exteriorize uma identidade. Se o objeto não existia e passou a existir é porque o sujeito o imaginou e o colocou no mundo, como um arquiteto que faz seu projeto e o deposita na casa que constrói. Isso é uma exigência moral, porque exerce uma identidade do sujeito no mundo. Agora o objeto apenas foi encontrado pelo sujeito e este não pode aplicar o

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seu poder moral sobre ele, o que é possível fazer é que se considere a sua vontade de existência como vontade pura e que a razão prática estabeleça com ele uma afinidade por meio da sua forma. Pois o objeto passa a emprestar a sua forma ao sujeito para que este determine a si mesmo a vontade do objeto (no sujeito)., assim como a intuição faz com a forma. Isso estabelece um modo de praticar a autodeterminação do objeto como vontade pura idêntica a forma da razão prática. A razão pertence ao sujeito e a natureza ao objeto, isso quer dizer que, quando o sujeito age solicita a razão para se autodeterminar e quando o objeto age este atua conforme a natureza e se autodetermina (Schiller, 2002b). O objeto só é livre porque o homem lhe atribui tal conotação, pois ele na natureza não pode fazer parte da humanidade e, portanto, ser livre. É preciso que ele seja apreendido pelo homem para que alcance tal status, já que somente através da sua representação como fenômeno é que pode pertence ao homem e humanizar-se. Este é o poder da razão pura.

A FORMA BELA E A LIBERDADE O primeiro momento da tese schilleriana consiste em adotar o seguinte princípio: a beleza não é outra coisa senão a liberdade no fenômeno (SCHILLER, 2002b). Verifica-se que esta proposição sustenta o fato de que a criação de objetos no mundo é ético e moral, enquanto a apreciação deles é estética e exige liberdade, porque a concordância de um conceito com a forma do conhecimento é conforme a razão. Esta analogia entre a intuição com a forma do conhecimento é similaridade à razão, designada por Schiller (2002b) como teleofania ou logofania, que deve ter uma afinidade com o fenômeno na forma da vontade pura ou com a liberdade a isso se chama beleza. Examina-se então a questão designada. Schiller (2002b) admitir que na sua teoria estética possa haver um conceito de beleza que provenha da atividade subjetiva, mas que o belo é também uma qualidade objetiva. O filosofo reúne argumentos para provar tal contestação, por isso, parte da premissa kantiana de que o belo apraz sem conceito. Quer dizer, aprazer por um conceito pressupõe, diz Schiller, a preexistência do conceito perante o sentimento de prazer, isso comumente se verifica na perfeição, verdade, moralidade etc. Por outro lado, é possível não ter

o conceito e vivenciar o belo por meio do prazer. Se Kant (2005) está correto, então, só pode haver beleza no objeto ao qual a consciência se refere, uma forma que existe de validade subjetiva num juízo sintético a priori, ou seja, a experiência estética é produto de uma consciência imediata da existência das coisas exteriores e só ocorre quando o objeto aparece no campo fenomenal. Kant (2005) considera que se um conceito for dado, não envolverá sentimento de prazer, pois consiste no entendimento do objeto, não no ajuizamento subjetivo sobre ele. Para Schiller (2002a) o que está posto, e é concordante com o sistema kantiano do belo, é que o belo que apraz por um conceito permite a sua existência somente na perfeição, verdade, moralidade. Para Kant (2005) isso segue a regra da lógica e não da estética, para Schiller é uma outra forma de o sujeito ser tocado pelo conceito do belo. Porém, Schiller adere à idéia de que a beleza é emanada pelo objeto na forma do fenômeno, isso representa a condição de a liberdade ser dependente da razão prática, pois é por meio dela que a autonomia se destaca e a noção de fenômeno se apresenta por meio da forma. Quando um objeto aparece no campo da sensibilidade do sujeito, este se entrega a sua percepção e isso se dá somente por meio da forma do objeto no fenômeno. Assim, ele será um analogon da pura determinação da vontade que o determina como mera forma e isso se designa pelo fato de ser livre. A forma é a apresentação da liberdade no mundo dos sentidos: “a liberdade no fenômeno é autodeterminação em uma coisa, na medida em que se revela na intuição” (SCHILLER, 2002b, p.68). Isso quer dizer que, a idéia de liberdade está ligada a intuição e não pode ser exterior porque senão seria a representação da forma dada pela matéria. Por conseguinte, a liberdade não é dada pela matéria e sim pela forma. Todavia, se um objeto não parecer livre e sim condicionado a algum aspecto teórico ou material, também não poderá ser tomado como belo, pois está sujeito a ação a partir de um fim, de um aspecto moral. Todavia, se o objeto for visto apenas como reflexo daquilo que se constitui materialmente, não pode ser outra coisa que não seja isso. Então, ele também não pode indicar beleza, já que ele não pode ser o que quer ser, não possui autonomia. Observa-se que toda beleza deve seguir regras, senão como poderá ser tomada como tal? Para isso o objeto tem que está de acordo

com as regras como se fosse livre delas, significa dizer que um objeto fabricado tem que parecer não-fabricado. Para ilustrar, dir-se-á que o som de um riacho é agradável, pois agrada pela sensorialidade do ruído, mas não é belo por isso, será belo o som que em sintonia com um conjunto sonoro pode exprimir harmonia e ser agradável porque segue a regra da sinfonia ou dos acordes musicais. Nada na arte existe por si mesmo, por que todos os elementos que compõe a arte estão conectados um ao outro, por exemplo, na poesia a rima está liga a forma rítmica dos versos, bem como, às regras de composição e harmonia; na xilogravura, desenho comanda a construção técnica da gravação, esta se subordina ao estilo do artista e assim por diante. Todos os elementos estão através um do outro, cada um divide com o outro as partes que devem ser vista no conjunto de uma totalidade harmônica, as partes não podem conter nenhuma autonomia. O fenômeno só pode ser a totalidade e nunca as partes. Belo é a forma que habita o campo dos fenômenos e não é possível cultivar a liberdade no mundo sensível, caso haja apenas como concebê-la no supra-sensível. É promissor pensar então que o objeto para ser belo, não precise ser dado somente aos sentidos do sujeito, ele deve ir mais além. Deve buscar sua liberdade não na contemplação, mas na possibilidade de não pertencer aos sentidos do sujeito, ou seja, deverá ser uma representação negativa da liberdade do sujeito: “[...] aparece como livre tão logo não encontremos seu fundamento fora dela [liberdade] nem sejamos levados a procurálo fora dela”, deve atuar autonomamente (SCHILER, 2002b, p. 70). Isto é, a forma é nãoverbal, porque não precisa de entendimento e basta-se em si própria para se apresentar como bela, a forma explica-se a si mesma, sem o auxilio de nenhum conceito. Eis, a concordância de Schiller com Kant, claro que essa concepção schilleriana refere-se a qualidade objetiva, a propriedade da beleza na forma e não é somente subjetividade. “Bela é a forma que não exige nenhuma explicação ou também que explica sem conceito”, diz Schiller (2002a, p. 70). Sustenta o princípio subjetivo que é transporto para o objetivo. A essência desta proposição consiste em tomar a autonomia do sensível na negatividade conceitual, uma vez que, se isso não puder ocorrer, a forma apenas seguirá o conceito: “todo conceito é algo exterior perante

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o objeto” (SCHILLER, 2002a, p. 71). Significa que tudo que se submete a regras é dado como forma, porque impõe o conceito do qual se originou, tem um papel a realizar, tem uma utilidade, inevitavelmente, acaba destruindo a autonomia no fenômeno. Se o homem pensa que pode atribuir beleza as coisas que gosta simplesmente, essa determinação nada mais é que uma coerção sobre o objeto. Schiller é totalmente defensor de uma beleza que não pode existir sob a condição suprema da subjetividade. Para ele o correto seria que a imitação do objeto coincidisse com a do imitador, tendo em comum a forma e não o conteúdo ou o material. Um dos maiores incômodos detectado por Schiller sobre a manifestação da beleza, diz respeito sobre a conduta moral, já que esta um empecilho no fenômeno de manifestar-se livremente, pois valoriza-se mais o produto, o efeito e não a sua autonomia, depondo com heteronomia. A análise schilleriana identifica uma contradição entre a razão e a sensibilidade: quando a razão se manifesta a sensibilidade recua, pois a sensibilidade requisita os sentidos (com o fenômeno) para se autonomizar, porém quando a razão se manifesta, exerce sua autonomia (sem o fenômeno), “nossos olhos são ofendidos por uma heteronomia no fenômeno” diz Schiller (2002a, p.72), isto é, há um impedimento da sensibilidade de se estabelecer, pois está reprimida pela razão. Por outro lado, se um conceito de beleza é aplicado como moral (não sendo o mais correto), esta aplicação não é vazia, já que “a beleza moral é um conceito ao qual corresponde algo na experiência” (SCHILLER, 2002a, p.72). Portanto, não é possível ignorar uma ação bela quando autonomizada pelo ânimo e pelo fenômeno, coincidentemente, torna-se bela e moral a perfeição do caráter humano, que age espontaneamente porque o dever humano é natureza nele. Todavia, quando a razão prática exerce determinação sobre a vontade, impedindo de se manifestar espontaneamente, há uma violência contra o fenômeno. O que é aconselhável na teorética schilleriana é que a liberdade deve ser preservada como natural e se isso ocorrer é porque há um ajuizamento estético, ou seja, algo não pode ser belo quando a sensibilidade é reprimida, pois o belo é livre não só na natureza, mas também encontra sua efetiva liberdade na interioridade humana, já que tem de naturalizarse para ser espontâneo.

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Schiller (2005b) mostrar que há duas conotações distintas para a espontaneidade: uma é a beleza objetiva, que aparece como livre e está sempre presente, mas se faltar aniquila a forma no fenômeno; a outra é liberdade no fenômeno que traz, necessariamente, consigo um tal efeito sobre o sentimento do belo. Isso irá representar nas coisas as determinações investidas por elas mesmas, ou seja, deverá existir autonomia nas determinações. Desse modo, o que resultará em uma “coisa” será chamada de beleza, como já fora dito antes, é o mesmo que a liberdade no fenômeno. Por sua vez, a liberdade é apenas uma idéia da razão. Se ela no fenômeno se traduz como beleza, é porque deve haver algum fundamento objetivo no qual a representação do objeto se obrigue a produzir a idéia de liberdade e, conseqüentemente, refire-se ao objeto. Em todo caso, a idéia de liberdade é parte da subjetividade e alcança a objetividade pelo fato de que é no fenômeno que a forma se manifesta. Ser livre, então, deverá ser um fim determinado em si mesmo e não há outra possibilidade de não o ser, porque parte-se do principio de que esta determinação deve se mover do interior para o exterior. E quando a determinação acontece do exterior ou do interior, o objeto será um ser-determinado, pensado e o não-ser-determinado-do-exterior será apenas uma idéia do objeto. De qualquer modo, ao ser representado pelo ser-determinado-dointerior, cuja função está na imagem do objeto, o resultado será sempre a liberdade. Essa idéia do objeto no sujeito alegra Schiller, pois tem que ser equivalente ao objeto no fenômeno e é correlativo a forma deste no fenômeno. Sem dúvida, o objeto convida o sujeito a olhá-lo, sabe-se que é mais que uma contingência casual, é uma obrigação de notar nele a qualidade que lhe revela não-serdeterminado-do-exterior. Essa negação do objeto é a afirmação de sua existência, seja lá o que for ao ser representado como serdeterminado-do-interior, o objeto passa a ser a referência do ser-determinado: na verdade, tudo o que pode ser representado por nós é algo de determinado, mas nem tudo é representado como tal, e o que não é representado é para nós tanto quanto algo não existente.

O PROBLEMA DA TÉCNICA A pretensão schilleriana designa que o

objeto não pode ser insignificante. Essa ênfase caracteriza o objeto como representação de algo para o sujeito, pois senão, admite o autor, seria apenas um nada e ser nada é o mesmo que não ter influído na percepção de alguém. Ora, mas só se consegue saber se alguma coisa existe no exterior se o sujeito for tocado por algo que seja capaz de estimulá-lo, no impulso para conhecêlo. De qualquer modo, o objeto ao se apresentar como uma representação de algo determinado leva a simpatia de ser um algo determinante. Isso pode explicar a solicitude do entendimento a partir do estímulo oferecido por meio da sensibilidade, indo se representar na imaginação como algo a ser pensado: “o entendimento tem de ser provocado a refletir sobre a forma do objeto: sobre a forma, pois o entendimento tem a ver apenas com a forma” (SCHILLER, 2002a, p.83). Além de que é a forma que se revela unicamente por meio da sensibilidade ao sujeito, esta, obrigar-se a entregar-se à percepção, a qual pertence somente ao objeto, de tal modo, que s admita uma regra: “o entendimento pode gerir sua atividade apenas segundo regras” (SCHILLER, 2002a, p. 84). É a técnica uma determinação da regra para formar o entendimento, pois é ela que estabelece a regra para arte, isto é, a arte ordena-se por meio da técnica. Aliás, a arte é a forma técnica de ser o objeto, algo fabricado que não parece ser fabricado. Sucede-se que, a liberdade objetiva é dada pela técnica, resultando em uma condição fundamental do belo e sem isso a interação entre sujeito e objeto seria um vazio. E não é à toa que se possa constatar que a negação do serdeterminado-do-exterior leva a representação do ser-determinado-do-interior, implicando assim em liberdade. Nota-se que toda determinação é objetiva, porque o objeto necessita ser determinado para que a forma apareça. E é por meio da liberdade que a forma se apresenta com o auxílio da técnica. O conceito negativo de liberdade (nãoser-determinado-do-exterior) só é possível quando o conceito positivo desta se manifesta por meio do ser-determinado-do-interior. Nesse sentido, a forma só tem significado quando representa algo no pensamento do sujeito, produz imaginação e, por conseguinte, entendimento. Seguindo este raciocínio, a estética schilleriana admite que é preciso existir a representação da técnica (formas de produção material como a xilogravura, pintura de cavalete,

desenho a nankim, modelagem plástica etc.) para efetivar-se como idéia de liberdade no fenômeno mesmo (a forma). Eis, portanto, que a forma só aprece concretizada por meio da forma de produção do fazedor artístico, sem o que será apenas idéia e não apareceria materializada como manifestação da liberdade da vontade. Além do mais, o belo só aparece a posteriori, depois, é claro, que o problema da técnica da representação está resolvido. Por que senão seria tratado como um conceito e, na verdade, é uma condição fundamental para ele se manifestar somente depois que a forma está solucionada. Contudo, se isso nãos funcionasse desse modo a técnica não teria sentido para a conquista da liberdade na forma. Em suma, a forma (liberdade no fenômeno) é o fundamento da beleza e a técnica a condição necessária à sua manifestação (representação da liberdade). Nestas condições, a técnica medeia à forma e revela o belo. O compromisso adjudicado pela estética schilleriana de que “a beleza é natureza em conformidade à arte” (p.85), esclarece-se pelo fato de que o sentido da natureza está compreendido como sendo o campo do sensível e sobre ele o belo se limita (SCHILLER, 2002a, p.85). Todavia, diante da técnica a natureza é a espontaneidade daquilo que a forma deve ser por ela mesma. Um movimento corporal na dança deve ser tão espontâneo ao ponto torná-la natural, o ensaio de uma peça de teatro, de um espetáculo de dança, de uma orquestra sinfônica é a violência necessária (o ensaio) para que o conjunto da elaboração artística encontre a beleza ou a sua natureza. Assim, como é a ação do escultor que desbasta a pedra com seu cinzel, a fim de encontrar a obra no mármore. Esse momento inaugural consiste em provocar os primeiros relacionamentos do sujeito que a fabrica como objeto que se constrói, é um momento préartístico necessário para a plenitude da arte em sua natureza. Esta natureza estética subordinada à natureza natural das coisas, inclina-se em estabelecer regras à formação dos elementos naturalmente constituídos pela técnica de elaboração do objeto. Em vista disso, devese considerar a expressão da forma em sua liberdade, como um componente estrutural da sua natureza. Se um grupo de atores apresentam uma performance, esta deve expressar não a individualidade do ator, mas o conjunto das ações que requisitam a presença expressiva de cada um deles para estabelecer a unidade na

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multiplicidades dos atos individuais, isto é, a naturalidade do conjunto das ações dos atores reflete a massa inteiramente dominada pela forma, pela força viva que estabelece a unidade entre os participantes. A totalidade do ato individual do ator é resultante da afinação dele em uma peça teatral, onde os atores têm que interagirem entre si. Para alcançar a liberdade, os atores precisam se entregar ao ensaio dirigido, devem suportar momentos desagradáveis para que possa afinar seus movimentos, ações, gestos, palavras etc. Esta submissão é necessária e tem um ar de violência contra si mesmo, pois o ator é objeto de uma peça que só se viabiliza pela sua totalidade, isto é, deve haver correspondente da sua parte no outro ator, como um corpo denso que para ser representado precisa da homogeneidade do conjunto como se este fosse um só. Uma espécie de massa em si mesmo, caso contrário, seria apenas um ato de violência contra a própria natureza do representado e não resultaria no belo, sem a conquista da liberdade. A forma fracassaria indubitavelmente. Não obstante, a heteronomia se faz necessária, é um requisito fundamental para que o objeto possa alcançar a sua autonomia: em arte seguir regras é o ponto basilar da constituição do fazer, caso contrário não há beleza. Diga-se de passagem, fabricar algo é submeter o material a uma regra e promover-lhe a uma liberdade, tal que, o objeto fabricado possa ser tomado como natural, ou seja, parecer não-fabricado. Este é um princípio que a estética schilleriana herdou do kantismo e que adota com tanta propriedade que se dedica em desdobrá-lo: A natureza numa coisa técnica, na medida em que a contrapomos e uma coisa não-técnica, é a sua forma técnica mesma, contra a qual tudo o que não pertence a essa economia técnica é considerado algo estranho, e se teve influência sobre ela, como heteronomia e como violência (SCHILLER, 2002b, p.88).

Com isso a estética schilleriana quer propor que aquilo que é fabricado pelo homem deve ter sua natureza instaurada. Pois se isso é produto do fazer técnico, então, deve seguir regras para que a forma possa sustentar a beleza. A conclusão é não existe beleza sem ser fabricada que não expresse a sua natureza própria, bem como não existe beleza sem liberdade, mas esta é sempre atribuída pela liberdade do serdeterminado-do-interior. Desse modo, algo que foi fabricado deverá ser como algo não-

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fabricado e não técnico. Então, aquilo que se diz artístico deve ser produto de uma fabricação humana e, conseqüentemente, ter se submetido à heteronomia e violência, afim de que conquiste a sua liberdade. Schiller é categórico ao dizer que a técnica não poder ser a única determinação da forma, porque se assim fosse resolveria o problema da objetividade do objeto. No entanto, devese considerar que a técnica participa da constituição da natureza do objeto por meio da forma. Adotá-la como exterior ao objeto que trabalha para formar o mesmo é também contingente, já que não pertence à matéria e nem é propriedade do objeto, é algo estranho a ele, capaz de lhe impingir violência externa no ato de sua formação. A forma técnica é autosuficiente e serve à lógica. Por isso o seu caráter heteronômico, porque solicita um conceito e ao mesmo tempo manifesta uma natureza. A forma tem que ser autodeterminante e autodeterminada, ou seja, Schiller denomina isso de heautonômica, a auto-autodeterminação. Além de que é preciso lidar tanto com a lógica quanto com o estético e no fim preservar a sua liberdade e consolidar o belo. Essa é uma exigência que não deve ser relaxada, a fim de encontrar a unidade com a existência e estabelecer condição para a beleza se manifestar, já que além da forma técnica deve subsistir na materialidade do objeto a forma humana. A natureza em conformidade com a arte e a autonomia com a técnica gera a regra para a constituição da força viva que rege o belo na forma. Caso contrário, essa concordância com a forma não poderia estabelecer a coisa em si mesma. Assim, se o belo é um “ser” simbólico, representa o objeto acabado e traduz uma satisfação, é sinal de realização em si mesmo. Se com essa natureza e heautonomia as propriedades objetivas manifesta sustentarem a existência própria do objeto criado deverá assim permanecer sem a dependência com o artista e promover um sentido a si próprio. O seu significado, a sua versão de existência, gestados e construídos pelo fazer humano faz parte desta constituição. A diferença entre a técnica através do entendimento e a técnica através da natureza é a objetividade, já que o conceito de uma natureza na técnica é o que formaliza o estado do objeto na arte e não na natureza. Uma vez que, a técnica deve ser o agente executivo da forma que, de tal modo, tenha uma intenção

sem, no entanto, ter. Uma versão kantiana disso seria: a arte não é natureza, mas tem que parecer natureza – “[...] tem que parecer tão livre de toda coerção de regras arbitrárias, como se ele [produto da arte] fosse um produto da simples natureza” (KANT, 2005, p. 152, §45). Isso inaugura um sentimento de liberdade que para Schiller (2002b) é depositado no objeto pela razão. Em vista disso, a liberdade se encontra por meio da razão e esta tem o papel de revelar a qualidade objetiva através da subjetividade. Ao subjetivar a forma da vontade ela objetiva a forma da liberdade, criando, assim, o fundamento para que a liberdade se encontre na razão. Eis, porque a técnica é essencial para existir o belo natural, e a liberdade é a condição para existir o belo artístico. A beleza, então, deve se naturalizar na técnica e a liberdade na arte (SHILLER, 2002a). Nesse papel a técnica medeia à beleza da forma encontrada no fenômeno, dá um tratamento livre e institui a natureza na arte. Por outro lado, se a coisa é bela quando é natureza, porque tem que se subordinar a técnica? Pelo simples fato de que, quando é apenas natureza ele tem sua própria regra. No entanto, quando é preciso fabricar um objeto a coisa só será bela quando tiver a natureza plantada por um conjunto de regras, estas dadas pela técnica de formação da forma que não parece ser regrada por nada e sim que se forma como se existisse uma força viva que a une por um único modo de ser: “por uma regra que ela deu a si mesma” (SCHILLER, 2002b, p.92). Sem esquecer que a autonomia da técnica e a liberdade do produto artístico pertencem a natureza na arte. A liberdade e a natureza são dois conceitos diferentes que se completam e estão em plataformas distintas, ambas influem uma na outra, de forma indireta e complementar. A técnica está para a natureza, como a forma está para a liberdade. A técnica se objetiva no material e representa na forma e a liberdade se subjetiva na razão e representa como forma. Então, a forma é a ligação entre uma plataforma a outra, nada mais é que a representação da beleza, portanto, sem conceito. É claro que a técnica fundamenta a imediaticidade do belo e a liberdade participativa dessa condição mediata com a beleza. A técnica também contribui para que o belo sirva como meio de representação da liberdade. Todavia, a natureza ao se submeter à regra dada pelo homem, submete-se também a uma agressão.

Assim como, a liberdade tem como sua agressora a violência, o entendimento que se estabelece por meio da regra violenta à beleza antes dela ser livre. Se o objetivo último de uma formação bela fosse à técnica, a forma estaria aprisionada na virtuosidade do fazer artístico, porém ela não se redime ao rigor técnico, como exposição de sua forma no fenômeno, por ser simplesmente a lógica do fazer. É a liberdade que frustra essa dependência e traz para si uma heteronomia e instaura a autonomia do objeto, porque não basta somente seguir regras, mas é preciso admitir também que a forma depende delas, já que não é a logicidade da forma que importa e sim a estética formal. mas como poderíamos atribuir valor estético à técnica e, no entanto, perceber com complacência que o seu oposto é efetivo? Portanto, a representação da técnica seve apenas para evocar no nosso ânimo a não-dependência do produto perante a mesma e tornar sua liberdade tanto mais intuível. (SCHILLER, 2002b, p.93)

Essa indicação schilleriana provoca a indagação: em que consiste a diferença de uma coisa bela, daquela que se considera perfeita? A resposta tem um tom moral na perfeição, inclui-se no conceito da técnica, pois esta é a busca de uma unidade perfeita, Por outro lado, a técnica sendo a mediação da beleza na forma, isso irá torna a liberdade perceptível e sedará como liberdade da técnica. Consistindo, assim, a diferença entre beleza e técnica. É o belo que possui heautonomia, a perfeição zela por autonomia. O perfeito quer liberdade e o belo se aperfeiçoa no perfeito, então, temse uma busca voltada para a conceitualidade e isso só é possível com a natureza: “um objeto é perfeito se todo o múltiplo nele está em concordância com a unidade do seu conceito; ele é belo se sua perfeição aparece como natureza” (SCHILLER, 2002b, p. 94). Se aquilo que se tem como forma da liberdade está em concordância com aquele que existe na forma da técnica, então, há um êxito de uma forma bela para se comemorar e isso parece natureza – porque não há dependência do produto perante a técnica.

A CONCLUSÃO SCHILLERIANA Ordem, proporção e perfeição não são critérios que possam definir o belo, pois a parte constituinte de tudo pertence à natureza. São

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critérios invioláveis, por exemplo: uma pedra encontrada por uma pessoa, enquanto fazia uma caminhada em uma montanha, contém ordem, proporção e perfeição, porque faz parte da montanha; ao ser retirada da montanha, ela perde a relação com a própria montanha, ou seja, ela deixa de ser montanha; passa a ser somente pedra, ai, ordem, proporção e perfeição deixam de fazer parte de sua definição, já que agora é somente pedra. Se essa pedra, digamos um bloco de granito, fosse levado para alguém fazer dele uma imagem, uma forma que concorde com a liberdade e com a técnica, então o êxito da formação pelo entalhador se dará pelo encontro desta figuração com a perfeição. Dir-se-á que a pedra tomou para si a natureza, que não é a mesma da montanha, mas a natureza por meio da liberdade do homem que nela se inscreveu e outra vez a ordem, proporção e perfeição passou a ser parte dela. Pode-se também dizer que a pedra sofreu violência para ter a forma da liberdade. A violência sobre a montanha é o preço da forma bela, isso quer dizer que há uma heteronomia que se presta para fornecer a regra à humanidade: a “violação da natureza indica pois heteronomia” (SCHLLER, 2002b, p.94). A perfeição exitosa acontece se o projeto para o qual lhe foi concebido estiver de acordo com as finalidades que lhe fora atribuída. Todavia, não será belo o projeto, só porque os requisitos técnicos foram bem executados. Para algo ser belo deve “brotar de si mesmo espontaneamente e sem intenção, e todas as partes aparecem se limitar por si mesma” (SCHLLER, 2002b, p.94). Por isso que existem formas que são projetadas com o ideal de perfeição, com um cuidado técnico, porém não é belo, falta-lhe liberdade na forma. Existem formas que são funcionais, pois retiram-se-lhe toda a qualidade possível de beleza, são apenas apropriação da técnica em execução. Dizer que a beleza na arte é pura natureza seria o mesmo que perguntar: quando um jarro é tomado como belo? Responder-seia, primeiramente, quando este deixa de ser funcional, quando não for determinado. Mas se ele foi e sempre será um jarro, haverá algum momento que ele se separe da sua determinação? Essa possibilidade de não ser o que é permite a forma do jarro ser contemplado como algo livre, num jogo do entendimento e imaginação. A primeira instância o jarro está condicionado ao belo aderente, parece fornecer prazer, no entanto, é subordinado a uma função.

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Para Schiller se algo é belo é porque tem uma forma que viver a liberdade, mas nesse caso o jarro está aprisionado totalmente a uma funcionalidade. O mesmo caso se verifica quando alguém se veste tão belamente, poder-se-ia argumentar que nem a roupa e nem o corpo conferem algo à liberdade, uma vez que a roupa se afigura ao corpo como se não dependesse do corpo para existir, precisaria do corpo para alcançar um objetivo, um fim. Porém, não denotaria ser a roupa funcional? Então, não poderia se considerada bela? Certamente, que se poderia retrucar, pois, neste caso, envolve um conceito que se dá por meio de sua funcionalidade. A beleza assim não é livre, no entanto recebe a condição de ser belo aderente, apesar de seu papel funcional. Não há nesse exemplo a identificação de que o belo se manifesta livremente, que se naturabiliza. A conclusão schilleriana é: “no mundo estético, todo ser natural é cidadão livre que tem os mesmos direitos em relação ao mais nobre, e não lhe é permitido ser coagido, nem sequer por causa do todo, tendo simplesmente de consentir com o todo” (SCHILLER, 2002b, p. 95). Assim, todo objeto belo, não importa, seja que dimensão for, e em que habitat estiver, feito de qualquer material ou que aplicação técnica o tenha determinado, sempre terá direito a beleza. Porém, uma coisa deve ser lembrada: deve-se promover a totalidade para ser belo e funcionar de acordo com as partes e não esquecer que as partes não determinam a totalidade. Do ponto de vista artístico dir-seia: a vontade da obra deve seguir a vontade do artista, mal sabe o artista que está a seguir a vontade mesma da obra.

SAIBA MAIS BAUDELAIRE, C. P. Pequenos poemas em prosa. Trad. Dorothée de Bruchard. 2.ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1996. KANT, I. Sobre a pedagogia. Trad. Francisco Cock Fontanella. 5.ed. São Paulo: Ed. Da UNIMEP, 2006. _____. Crítica da faculdade do juízo. Trad. Valério Rohden e António Marques. 2ª.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. SCHILLER, F. A educação estética do homem: numa série de cartas. Trad. Roberto Schwarz e Márcio Suzuki. São Paulo: Iluminurias, 2002a. ___________. Kallias ou sobre a beleza: a correspondência entre Schiller e Körner, janeiro – fevereiro de 1793. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002b.

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